Capítulo 39: Ou Eles Morrem, Ou Nós Morremos
Andrew
Parece que eu não cumpri a minha promessa de deixar todos vivos.
Uma hora eu sou apenas um soldado tentando salvar um dos nossos, e na outra viro uma bomba relógio. Não que seja ruim, pelo contrário, era muito bom saber que você tinha alguma utilidade ali. Eu e Amberly vamos explodir o prédio, isso era muito legal. Por outro lado, o corpo de minha antiga líder estava ali, coberto e jogado no chão. Uma hora ela está salvando nosso povo e outra ela é só mais alguma coisa em decomposição. Estava morta e nós não pudemos fazer nada.
Amberly sentia o peso de tudo isso por nós.
Ela não comentou muito sobre isso, tem estado quieta demais pro meu gosto. Não tinha dado muito tempo para ela chorar, talvez a ficha ainda não tenha caído completamente. Em algum lugar, ela ainda esperava que Janet acordasse como se nada tivesse acontecido. Neste mundo, nada é impossível, talvez até eu esteja com um leve pressentimento de que ela voltaria. Janet era misteriosa o suficiente para causar suspense até mesmo depois de morta. Erik agora era só mais um corpo agora. Voltamos por causa dele, eu voltei por causa dele, e nem tivemos a oportunidade de salva-lo. Quem sabe ele nem tinha mais salvação.
Aquelas criaturas... nunca tinha visto nada igual. Me dava mal estar de pensar que Rebecca teria ficado assim se tivesse dado errado; ela é insuportável, mas não merece nada disso.
Eu e minha irmã estávamos indo para um lugar mais ao centro para realizar nosso plano de destruição. Agora, depois de todos mortos, não precisávamos nos esconder para avançar, apenas andávamos. Corpos de soldados estavam espalhados por todos os corredores, sangue nas paredes, no chão, por todos os lugares. Nós fizemos aquilo, nós matamos todas aquelas pessoas. Não tinha outro jeito de resolver esse problema de um jeito mais civilizado? Essa foi realmente a única saída?
Não pude evitar gostar da matança. Me consolava dizendo que eles mereciam, mas depois de um tempo você sente toda a culpa caindo em cima de você.
─ Andy ─ Amberly me chamava, parando de andar e encarando um ponto fixo: uma roupa diferente no meio dos soldados. Chamando minha atenção, Amberly resolve ir ver quem era. Se fosse quem eu pensava que era, não podíamos destruir esse lugar ainda. Com um pouco de esforço, minha irmã mexeu os corpos e, com a respiração fraca e desestabilizada, a pessoa ia se mostrando aos poucos.
Chegava a ser irreconhecível agora, mas as roupas já revelavam sua identidade: Abigail.
Uma regata branca e um shorts jeans rasgado eram o charme dela. Seu rosto estava irreconhecível, um tiro de espingarda é o suficiente para desconfigurar metade do rosto. A regata que antes era branca agora estava coberta de sangue dela e de outros. Amberly se levantou e deu uns passos para trás, colocando sua mão em frente a boca, como se tivesse sido nocauteada em um ringue emocional. Acho que já tem sido o suficiente para ela, a partir de agora vamos evitar mais pessoas destroçadas pela raiva humana. Pegando Abby no colo pude notar que era mais leve do que eu imaginava, suas roupas disfarçavam sua magreza excessiva. Anoréxica era o que Abigail se tornou com o tempo, e ela conseguia disfarçar tudo isso com sorrisos e crianças. Nunca notaríamos seu problema, ela nunca falaria, e uma hora ou outra acabaria dessa para pior. Mas nunca pensei que seu destino seria um tiro na cabeça.
Pegando um dos poderes de Amberly emprestados por nossa ligação, me teleportei para a van junto ao corpo da irmã de Tiberias, que já estava preocupado sobre ela. Ele ficou em choque, sem acreditar, por alguns segundos até que eu me teleportasse de volta. Não consegui dizer nada muito além de "sinto muito", não podíamos mais interromper a missão assim. Agora a esse ponto, sentia falta de ouvir um de seus apelidos. Acho que nunca vou ouvi-los mais do mesmo jeito que antes.
Levanto Amberly a força, ela andava sem dizer muito, acho que ela não precisava falar muito. Viu a morte da namorada, de um antigo amigo, e ainda uma parceira como Abby. Não queria estar na situação dela, acho que nunca me relacionaria agora. Amberly sabe muito bem como é confiar e perder alguém tão cedo.
Estávamos andando, mas agora teríamos que correr. Comecei a ouvir o mesmo som de gritaria vinda do corredor, estavam vindo. Segurei bem forte a mão de Amberly e corremos até alguma sala segura. Ela era mais lenta que eu, porém num momento assim de desespero conseguia me acompanhar. Os corpos atrasavam as criaturas canibais, deveriam ter umas cem, parecia um tsunami deles caindo sobre nós. Nossa única opção era entrar numa sala com uma porta pesada, custou eu e Amberly para abrir aquilo. Se era reforçado, deveria ser para alguém importante, alguém que não poderia morrer.
"W. Stryker" era o que estava escrito em uma plaquinha em cima da mesa de escritório. Livros e papéis estavam parados na mesa na frente de uma cadeira impermeável preta que dava um ar de superioridade. Aquela era a sala de Stryker, não duvido que ele esteja aqui.
─ Não tão rápido ─ ele aparecia atrás de uma parede com uma espingarda na mão, cheio de sangue. O sangue de Erik e o sangue de Janet encharcava suas roupas e pintava seu rosto com pequenas gotas vermelhas. William não pode assumir que estava errado, ele não consegue, então vai matar todos que o impedirem mesmo já tendo perdido tudo.
Depois do primeiro tiro, no qual eu e Amberly desviamos usando o teletransporte, tentei usar uma adaga para acertar sua perna, mas errei na primeira tentativa. Era difícil acertar com o alvo parado, em movimento é pior ainda. Com uma jogada, Amberly conseguiu acertar sua perna como se fizesse isso sempre. Sorte de principiante.
─ Você vai viver pra ver o que vai acontecer com você e os seus amigos ─ ela se aproximava dele, como se fosse mata-lo. Se estivéssemos em outras circunstâncias, a impediria, mas ela merece isso. ─ Estão todos mortos e logo você também vai estar. Pelo visto é bom mesmo o cheiro da morte já que você matou a pessoa que eu mais amava no mundo todo! ─ parava em frente a ele, encarando-o que estava deitado com a mão na perna. A faca que ela tinha criado já havia sumido, restando apenas um buraco sangrante. ─ Janet era apenas uma pessoa tão humana quanto você, meus amigos eram pessoas melhores que você. O que Abigail Croft fez pra você para que você a odiasse tanto? Você realmente a conhecia? Não, você não conhecia, por que, diferente de você, Abby era humana. Você, seu homem nojento, vai ser o único a experimentar suas entranhas sendo arrancadas para fora, já que todo seu exército já está morto! ─ dava um intervalo. ─ O Erik era um bom homem. Ele nos ajudava, conversava, ensinava, e agora o que resta dele é só um corpo, pois ele já estava morto antes que o matasse. E no fim eu te pergunto: valeu a pena todo esse massacre? ─ William evitava responder, sabia que morreria de todo jeito. ─ Não, não valeu a pena ─ se virou para mim e segurou minha mão tão forte quanto antes, fazendo surgir uma luz tão acesa quanto o Sol. ─ Vamos acabar logo com essa escória.
O que pude me lembrar a partir daqui não era muito vago, mas a sensação era única. De uma hora para outra, nossos olhos brilhavam e sentia que estávamos flutuando. Nossas mentes estavam conectadas, tudo estava conectado, víamos as mesmas coisas, ouvíamos as mesmas coisas. Os gritos das criaturas foram ficando cada vez mais longe, isolando todo tipo de ruído. Só lembro de ter acordado no meio da destruição. A fortaleza que até poucos minutos estava de pé, estava totalmente destruída. Stryker tinha virado apenas pedaço de farelos, os corpos e as criaturas também. Todo aquele território havia sido devastado.
Amberly não tinha acordado quando as vans chegaram para nos buscar, eles tinham que manter uma boa distância se quisessem sobreviver. Mesmo fraco, a peguei no colo e fui levando-a direto para uma das vans que estava Floyd. Wes e Tiberias ficaram cuidando dos corpos que conseguimos recuperar em outras vans.
Ou eles morrem ou nós morremos. Espero ser a última vez que eu repetiria isso para mim mesmo.
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