Capítulo 21: O Vídeo

· Amberly narrando ·

Depois que Mei acordou, umas quatro horas depois, jantamos ali mesmo no quarto mesmo com a comida já fria. Durante essas quatro horas, Andrew tinha saído pra procurar algo para fazer, já que ficar muito tempo ali o deixava entediado. Fiquei no quarto por causa de Mei, que não desgrudava de mim ao longo de seu sono, e eu não conseguia sequer me mexer com ela ali. Durante esse tempo todo pensei na gravidez, em Janet, nos pais da Mei, se todos estavam bem aqui dentro, se Erik estava bem... Por que, diante de todas as pessoas, Erik tinha que ser pego? O que fariam com ele agora? O que estavam planejando fazer conosco? Eu tentava não pensar nisso. Quero minha vida como ela estava antes, com Zayne, com a pessoa que eu amava... 

Como se eu pudesse chamar isso de amor.

nquanto Mei terminava o jantar, ouvi alguém bater na porta do quarto. Me deu preguiça de atender a porta, Mei era baixa demais pra alcançar a maçaneta, que ficava mais alta do que o normal. Tive que levantar, estava com uma dor na perna por ter ficado toda torta na cama, sorte que o quarto não era tão grande, não tenho que andar muito. Um grande ponto fraco meu é a preguiça, que me guia em tudo que faço.

Quando abri a porta era a pessoa que dava pra sentir a presença de longe, Janet Diaz. Ela não estava durante o ataque... por que? O que poderia ser tão importante para ela que poderia nos deixar para morrer? Não sei ela revelaria para mim, mas isso fazia com que eu quisesse conhecer mais ela e seus segredos.

─ Trent esta convocando algumas pessoas para uma reunião de emergência. Andrew estará lá ─ ela convidava ─ acho que deveria ir.

─ Ele quase me expulsou. Por que eu iria? ─ Cruzei os braços.

─ Por que ele quer proteger esse lugar e ele sabe que precisa de você pra fazer isso acontecer. E quer saber se você consegue liderar. ─ Mei apareceu atrás de mim, tímida, no meio da conversa. ─ Quem é?

─ Uma amiga, me ajudou durante o ataque no seu lugar. ─ Mei voltou para dentro do quarto.

─ Saquei. Bom. Te espero na reunião, será daqui uma hora na central de comando, sabe onde é? ─ Ela se virou para ir embora.

─ Sei. Obrigada por me informar. ─ Fechei a porta e senti sua saída.

Mei andava de um lado pro outro, como seu estivesse procurando algo que eu não lembro de estar com ela. A bagunça aqui estava gigantesca, se alguém perdesse algo ali, nunca mais iria achar. Ela revirava as roupas jogadas no chão, papéis amassados de desenhos que Andrew tentara fazer, mas nunca achava algo.

─ Cadê o Kuma? ─ Ela me perguntava enquanto procurava.

─ Quem é Kuma? ─ Perguntei.

─ O ursinho, foi meu pai quem me deu. ─ Ela tentava lembrar seus passos desde que entrou no quarto.

Ajudei-a a procurar e achei o tal do Kuma debaixo da cama. Mei estava quase chorando, dava pra ouvir ela fazendo pequenos grunhidos tentando esconder as lágrimas. Quando dei-a o ursinho, ela deu um abraço apertado e repetia para ele "nunca mais faça isso comigo", como se ele tivesse vivo. Me lembrei da minha infância onde tive um jacaré de pelúcia apelidado de Frost, porque tive um grande crush no Jack Frost na época. Mas Kuma é um nome novo.

Me trocava um pouco antes do horário da reunião, coloquei outro moletom largo, mas bem mais bonito. Ele era preto com uns detalhes em roxo em volta, como risquinhos para enfeitar, pelo menos trocava do branco casual. Mei saiu de mãos dadas comigo ao meu lado segurando Kuma. Deixei ela com umas pessoas que ela tinha intimidade e fui pra sala de comando.

─ Está atrasada. ─ meu pai reclamava.

─ Da próxima vez, vai você mesmo lá me chamar. ─ Sentei em uma das cadeiras em volta de uma mesa redonda. Janet estava a minha esquerda, mas um pouco distante; Andrew estava ao lado do meu pai na minha frente; meu pai em minha frente; Wes estava à minha direita próximo de mim e havia um outro cara, alto e focado, a minha direita do lado do Wes.

─ Pelo menos tenho outras responsabilidades além de deitar e dormir.

─ Chega vocês dois. Viemos falar sobre o que faremos agora, depois da transmissão que o vice-presidente fez ao vivo. ─ Janet se apoiou na mesa e olhou para todos nós, principalmente para Trent, meu pai, tentando se manter calma em meio ao desespero. Não parecia coisa boa. ─ Muitos de vocês não viram, porém... ─ ela fez uma longa pausa e logo se recuperou ─ Perdemos todo tipo de apoio do governo. Polícia, hospital são os principais. Não que a polícia ajudasse muito, mas o que já fazia era importante. Esse novo projeto de lei vai acabar nos matando. ─ por fim concluiu.

Meu pai já parecia estar informado da situação, então não parecia muito impressionado e continuava com aquela cara de bunda que sempre fazia quando precisava fazer uma boa decisão. Janet continuava a contar dados desnecessários como: porcentagem de mutantes vivos ou quantos sextos da população restaria. O que me fez perder o interesse na conversa. Andrew e Wes começaram uma pequena discussão de como reforçariam a proteção da base enquanto o homem que não conhecia ainda, que estava no meio de Andrew e Wes sentado, prestava atenção nas próprias mãos cheias de calos. Aquilo estava um completo caos e só eu parecia estar desconfortável com aquilo.

─ Um dos nossos hackers hackeou o lugar que Andy diz ser uma base purificadora. Não acho que o vídeo foi gravado lá, mas foi encontrado em seus arquivos. Ninguém viu o vídeo ainda. ─ meu pai acessou um computador e colocou o vídeo em uma televisão atrás de mim.

O vídeo demonstrava um homem e uma mulher com um jaleco branco com seringas enormes nas mãos, um cara preso numa cadeira elétrica sem camisa. O homem de jaleco branco pega a seringa e injeta um líquido amarelo no homem, que começa a gritar na hora. Depois de injetar o líquido, eles ligam a cadeira elétrica. Igual a uma sessão de tortura. No final, o homem na cadeira nem se lembra mais de quem ele é, de onde veio ou quantos anos tem.

─ Vocês sabem quem é aquele? ─ Meu pai perguntava, todos negaram. ─ Aquele era Shou Ikazakat, marido de Kirari Ikazakat e pai de uma menininha. Ele, a mulher e a filha eram daqui. Depois do ataque, Shou e Kirari foram capturados tentando salvar a garota.

Não podia ser... Janet me encarou com certa pena, ela já sabia. Eram os pais de Mei Eu não pude fazer nada. Pedi licença pra sair, o clima tinha começado a ficar insuportável. Como o resto das pessoas não tinham se sentido comovidas com o vídeo? Aquilo era horrível. Você conhecendo a pessoa ou não. Será que Mei sabia? Não, ela não sabia, mas uma hora teria que saber.

Saí da sala e sentei no chão com as costas apoiadas na parede de fora, com as mãos sobre os olhos tentando esconder o choro. Ouvi alguém se aproximar, nem queria saber quem era, eu só queria que me deixassem em paz. A pessoa não disse nada. Chegou uma hora que eu fiquei com muita curiosidade e me virei pra ver quem era, era Janet sentada ao meu lado. 

─ Eu sei que está triste, mas precisam de você lá. ─ Ela passou o braço por trás do meu pescoço. Isso foi uma demonstração de afeto?

─ Como ninguém está triste com aquele vídeo? Aquilo é uma sessão de tortura! ─ Encarei-a, mas o vídeo não saia da minha cabeça.

─ Já estamos acostumados com esse tipo de coisa, você se acostuma também ─ ela olhou pra baixo e depois pra mim. ─ Ele era o pai da menininha com quem você está andando, não é?

─ Para de citar ele, você não sabe de nada. ─ Me levantei e entrei na sala de novo, ela entrou logo atrás de mim.

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