XVIII


"If I share my secret, secret, ah ah
Promise you'll keep it, keep it down
If I share my secret, ah ah
No one gets to know 'bout you
No one gets to know 'bout, shh".
-Secret, Charli XCX.

22:40 pm. 

Soluço parou a Lamborghini e ele e Astrid desceram do carro, ele a pegou pela mão outra vez e a puxou para dentro da Catedral. Os dois passaram pelas faixas amarelas da polícia e entraram sem problemas. 

-Por que me trouxe aqui? - Ela perguntou com a testa franzida. Ele sorriu. 

-Eu achei que fosse a hora de você ver a sua primeira cena de crime. - Ele respondeu,  abrindo a porta para uma sala. 

Os dois entraram e ela olhou em volta, sangue seco estava espalhado pelo chão e pelo altar, ela podia ver que a perícia ainda avaliava o local. Astrid balançou a cabeça. 

-Você fala como se eu tivesse matado o Eret.

Ele riu. 

-Mas você matou, Princesa. - Ela soltou a mão dele e balançou a cabeça com mais força, não querendo que o que ele dissesse entrasse em sua mente. 

-Eu estava sendo irônica!  

Ele riu outra vez.

-É isso o que você diz para si mesma para que consiga dormir?

-Eu nunca quis que você o matasse. - Ela sussurrou, o olhando com olhos lacrimejantes e ele sorriu para si mesmo, sabendo que estava conseguindo destruir o resto de sanidade que ela tinha.

Ela era louca e ele sabia, ela era mais louca do que ele, ela tinha um monstro, um belo monstro dentro dela gritando para ser libertado. Ela seria seu monstrinho, sua amante, sua Rainha, mas tudo na hora certa, agora ele se contentava com confundi-la.

-Não? - Ele perguntou e ela balançou a cabeça, incapaz de falar. - Então me diga: quantas vezes você perdeu o sono pela morte dele? 

Astrid engoliu a seco e ele sabia a resposta. 

-O que você quer? - Ela perguntou com a voz trêmula e ele sabia que as vozes gritavam na cabeça dela. 

-Quero saber por que você queria o Eret morto. 

A arrogância voltou aos olhos dela e um meio sorriso apareceu em seus lábios. 

-Eu não te devo explicações. - Ela respondeu e ele riu, acariciando levemente o braço dela. 

-Deve sim, fui eu quem fez o trabalho sujo, Princesa, e eu não gosto de matar sem motivos. 
Astrid revirou os olhos. 

-Ele terminou com a Cabeça-Quente... - Era isso? Que motivo idiota. - Porque estava apaixonado por mim. -

Ela completou e viu a raiva súbita queimar nos olhos dele e Astrid precisou morder a língua para evitar o sorriso que ameaçava aparecer em seus lábios. 

-É isso? - Ele perguntou como se aquilo não o afetasse. 

Astrid riu, se aproximando dele, colocando as mãos em seu peito e Soluço prendeu  a respiração quando ela trouxe o rosto para perto do dele. 

-Você já matou por muito menos do que isso, amor, ou vai me dizer que o cara do posto de gasolina era líder de uma gangue rival? - Ela perguntou com ironia e ele a puxou pela cintura com força. 

-Não, mas ele tentou colocar as mãos no que é meu. - Ele respondeu e sorriso de Astrid sumiu, ela apenas conseguia olhá-lo nos olhos e se perguntar se havia entendido direito. Ele trouxe os lábios para perto do ouvido dela e sussurrou: - Você  é minha, Astrid Hofferson. 

Astrid fechou os olhos e o beijou, gostando de como a palavra "minha" saía naturalmente da boca dlee e chegava aos seus ouvidos.

66 dias antes...

02:15 am. 

Astrid colocou as cobertas por cima do corpo de uma Cabeça-Quente adormecida e suspirou. Cabeça-Quente estava tão pacífica em seu sono que Astrid a invejava. 

Ela se afastou da cama king size e foi até sua suíte, ligou as luzes e começou a tirar toda aquela maquiagem. Ela terminou, se olhando no espelho. 

-Você é minha, Astrid Hofferson. 

A voz dele se repetia em sua cabeça e ela jogou um pouco de água gelada em seu rosto para se livrar daqueles pensamentos. Ela não era dele, ela não era de ninguém! Quem ele pensava que era para clama-la dele? 

-Era só o que faltava, agora ele pensa que é meu dono. - Ela murmurou e revirou os olhos. 

Ela saiu da suíte e apagou as luzes outra vez, voltando para a cama e tentando dormir um pouco. 

08:25 am. 

-Eu conheci um cara na noite passada. - Cabeça-Quente comentou caminhando ao lado de Astrid em direção à primeira aula.  

-Sério? -Astrid perguntou feliz pela amiga, Cabeça-Quente assentiu sorrindo. 

-Ele é um dos seguranças do dono da boate que fomos ontem. - Cabeça-Quente disse quase saltando de animação e Astrid tentou fazer com que o sorriso dela não se desmanchasse.

'Ótimo, agora sua melhor amiga está saindo com um dos capangas daquele idiota.'

-Nós precisamos voltar lá hoje à noite. - Cabeça-Quente tirou Astrid de seus pensamentos.

'Não! Não podemos voltar lá, é burrice!'

Ela está tão feliz...

'Pare com isso!'

Eu não a vejo assim desde a morte do Eret...

'Você sabe o que acontece quando está perto dele.'

Eu sei, mas o que posso fazer? É a minha melhor amiga! 

Astrid sorriu.

-Tudo bem, mesma hora de ontem? 

'Que Thor nos proteja'

Cabeça-Quente assentiu, abraçando a amiga, nunca deixando de sorrir e Astrid sorriu também, de certa forma feliz por ela. 

22:15 pm.

Astrid estava no bar, esperando por Cabeça-Quente que havia ido atrás de sei belo príncipe misterioso enquanto saboreava  delicioso copo de margarita. 

Cabeça-Quente se sentou ao lado da amiga, parecendo profundamente desapontada. 

-E o seu príncipe mascarado? - Astrid perguntou e Cabeça-Quente suspirou. 

-O chefe dele está aqui, ele não pode largar o posto dele. - Ela explicou e o coração de Astrid saltou uma batida em seu peito. 

Ele está aqui...

-Eu já volto. - Astrid disse e desceu do banco onde estava sem esperar por uma resposta da amiga. 

Ela foi em direção ao elevador de vidro e entrou, disposta a vê-lo e fazê-lo liberar o capanga para sua melhor amiga. 

O elevador parou no corredor e ela suspirou, se enchendo de coragem antes de abrir a porta da sala V.I.P. 

O olhar dela se encontrou com o do gangster, que não parecia muito feliz ao vê-la, mas ela não se importou. 

-Nós precisamos conversar. - Ela disse simplesmente. Ele colocou sua bebida na mesa e foi até ela, a empurrou para o corredor e fechou a porta atrás de si.

-O que? - Ele perguntou tentando manter a calma. Ele estava no meio de um negócio importante e ela se atreve a interromper?!

-Eu vim pedir para que você libere um dos seus homens por essa noite. - Ela pediu. 

-Você está brincando, não é? - Isso já era demais, agora ela queria ficar por aí na boate dele se divertindo com um dos seus capangas???!

Astrid encolheu os ombros. 

-Eu não tenho culpa se a Cabeça-Quente gostpu do seu capanga imbecil na noite passada! - Ela disparou e Soluço evitou soltar a respiração em alívio. 

-Tá, tudo bem, tanto faz. - Ele disse como se não fosse nada e se virou para um dos capangas no fim do corredor. - Diga ao Pesadelo que ele tem a noite livre. 

O capanga assentiu e fes o que foi dito, Astrid sorriu levemente. 

-Obrigada. - Ela se virou para voltar para o elevador, mas o gangster a pegou pelo pulso. 

-Ah, não, Princesa, você vai ficar comigo. - Ele disse, Astrid apenas suspirou e o seguiu para dentro da sala outra vez. 

Eles entraram e só então Astrid percebeu que tinha outro homem lá dentro. 

Ops

-Eu peço desculpas pela minha mulher, - ele disse ao homem e Astrid já sabia o que deveria fazer - eu cometi o erro de mimá-la demais. 

Soluço voltou a se sentar onde estava antes e Astrid foi sorrindo até o homem. 

-Nadder Mortal. - Ela estendeu a mão para que o homem a cumprimentasse, ela não sabia de onde aquele nome havia surgido, mas parecia fazer sentido. 

O homem sorriu para ela, a olhando da cabeça aos pés.

-Eu posso ver por que você cometeu esse erro. - Ele comentou sem tirar os olhos dela. 

Ops, palavras erradas, amor. 

O jovem gangster sorriu. 

-Você gosta dela? Pode ficar. - Soluço ofereceu. 

-O que? - O homem perguntou confuso, Soluço deu de ombros. 

-Eu já me cansei dela, então pode ficar. 

O homem balançou  a cabeça. 

-Não, não foi isso o que eu quis dizer, eu não quero ficar com ela! 

-Então agora temos um problema porque você não quer ficar com ela e eu também não. - Ele disse e se calou por um momento, fingindo pensar em uma solução antes de voltar a sorrir. - Já sei! - Ele se levantou colocou sua pistola nas mãos do homem. - Acabe com ela. - Ele ordenou, o homem o olhou assustado, Astrid se sentou na mesa de vidro, de frente para o homem sorrindo em divertimento.

-O que? - O homem estava atônito, Soluço continuava como se não fosse nada e Astrid ria levemente, sabendo que ele não puxaria o gatilho. 

-Acabe com ela. - Ele repetiu. - Você não a quer e eu também não, então não há motivo para ela continuar aqui. 

-Eu não posso atirar! 

-Pode sim. 

-Ela é a sua mulher, atirar nela seria traição!  

Soluço pensou por um momento. 

-Você tem toda a razão. - Ele pegou sua pistola outra vez. - Você atira. - Ele estendeu a arma para Astrid. 

A loira não pensava direito, ela não sabia muito bem o que estava acontecendo, ela sentia tudo de uma vez: adrenalina, desejo, paixão... Mas nenhum medo, o único sentimento que segurava sua mente no lugar não estava lá. 

Ela pegou a arma e apontou para a cabeça do homem. A arma era pesada em sua mão, mas ela não se importava, ela nunca havia atirado, mas a distância era curta demais para que ela errasse. Os olhos do homem se arregalaram ao ver a loira colocando o dedo no gatilho. 

-Não, esper... - E Astrid puxou o gatilho.

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