BARGANHA.

III. ︎ ︎ ︎ ͏͏͏ BARGANHA

Duas semanas atrás,
Gotham City.

Ontem você me disse algo, Dick, que eu gostei muito… “Não vamos nos importar com o passado, enquanto estivermos na companhia um do outro, apenas o presente e talvez futuro importa”. As palavras de Lucy ecoaram em sua mente, pensando que talvez ela só não quisesse relembrar de sua vida por ela ser muito dolorosa ou infeliz.

── Eu disse isso? ── Dick perguntou alguns segundos depois de ouvir ela falar.

── Bem, parecido… ── ela franziu o cenho de suas sobrancelhas. ── Utilizei da minha licença poética para trocar as palavras e tirar a energia de um bêbado delirante. Mas, no geral, foi isso.

── Sim, você não me respondeu.

── Sim e... você não percebeu que eu não quero responder? ── ela perguntou com uma expressão de que aquilo era bastante óbvio, e talvez fosse. ── Foi apenas um idiota por aí.

── Sinto muito…

De forma quase automática, Dick pensou que pudesse ser algum possível ex-namorado abusivo, pai, qualquer relacionamento deturpado e isso o irritou. Como alguém poderia machucar outra pessoa completamente indefesa? Isso o enojava ao mesmo tempo que uma vontade repentina de cuidar de Lucy surgia.

── Você tem gelo? ── ele perguntou.

── Sim, na geladeira.

Dick caminhou até a geladeira e abriu o congelador, pegando alguns blocos de gelo enquanto Lucy desligava o fogo que aquecia as panelas no fogão. Ao avistar um pano de prato, Dick pegou o pano e cobriu o gelo, tocando suavemente no ombro não machucado de Lucy e mostrando a sua outra mão com o gelo.

── Isso vai ajudar o machucado, deve ser aplicado em intervalos de 15 a 20 minutos, umas duas vezes no dia bastam, mas eu recomendaria três.

Lucy parecia surpresa, mas acenou com a cabeça.

── Você pode segurar para mim enquanto eu termino o café da manhã? Vou ficar paradinha, apenas colocar isso tudo nos pratos.

Grayson acenou com a cabeça, puxando um pouco da alça da regata de Lucy com cuidado quando ela se virou, dando a visão do machucado inteiro para Dick. Ele analisou mais de perto, percebendo que a parte roxa ainda estava bem acentuada, mas era tomada lentamente pelo verde na pele. Pensou logo em seguida como ela não se importou de demonstrar uma vulnerabilidade, como se confiasse nele.

── Você não deveria ter bebido tanto ontem. O álcool só piora os inchaços.

── E quem disse que eu bebi?

── Você bebeu, eu vi.

── Ok, tiozão, mas eu não bebi tanto quanto você ── Lucy disse, mais uma vez com aquele tom de que tudo o que ela falava era óbvio demais, servindo dois pratos em cima do balcão da cozinha. ── Você deve se meter em muitos problemas.

── O que? Por que?

── Para saber tanto assim de machucados. Provavelmente era uma criança aventureira, pratica algum tipo de esporte ou luta, talvez só goste de sair fazendo confusão por aí.

Repentinamente, Lucy se virou sem sequer avisar, Dick retirou rapidamente o gelo da pele dela e percebeu quão próximo ambos estavam. A alça da regata de Lucy ainda continuava caída, ela não parecia se importar enquanto fitava os olhos brilhantes de Grayson.

── Eu pareço alguém que gosta de sair fazendo confusão? ── perguntou com um sorriso sarcástico se formando no canto de seus lábios.

── Não, Richard. Você tem olhos muito bondosos para isso.

A resposta o surpreendeu, esperando alguma provocação pela maneira como ela o olhava, mas definitivamente não aquele comentário. Não lembrava de ninguém associando bondade a ele, Dick percebeu.

── Você não vai se virar? Tem que continuar com o gelo.

── Sequer agradecendo ao elogio, Grayson? Que falta de educação! Seus pais não te ensinaram?

Lucy sorriu, ela estava brincando e ele conseguiu perceber isso, mas falar de seus pais daquela forma… ele ainda não conseguia.

── Nada de passado, não é?

── Boa resposta ── a mulher soltou uma piscadela para Dick, subindo a alça de sua regata com os olhos focados nos de Dick, mas ele só observava o movimento da blusa dela contra a pele macia. ── Perdeu seus olhos, Richard?

── O que? Não me chame assim ── Dick a olhou, um sorriso pequeno surgindo em seu rosto.

── É o seu nome, não é?

── Sim, mas parece um nome velho!

── Eu acho sexy.

── O que? ── perguntou com uma risada engasgada, repentinamente sentindo uma certa vergonha não comum.

── Assim como você. Vamos comer?

Dick piscou algumas vezes, acenando com a cabeça enquanto a seguia para se sentar nos bancos de frente para a ilha da cozinha, deixando o gelo na pia ao perceber que Lucy não iria usá-lo de fato naquele momento.

── Então, Richard, quais os planos para hoje? ── Lucy perguntou enquanto partia o seu ovo em pedaços no prato.

── Ah, para hoje? Imagino que voltar para casa… é, talvez treinar na academia.

── Hmm, que produtivo.

── E os seus planos?

── Está um dia meio chuvoso, antes de você acordar choveu. Acho que só irei ficar aqui assistindo televisão, talvez fumar um pouco, fazer um chocolate quente…

── Você fuma?

── Só quando a ocasião pede.

── Você não deveria fumar. Não é saudável.

── Mas é maconha!

Dick riu pelo argumento dela, parecia uma criança tentando debater sobre os motivos pelos quais ficar brincando em um parquinho até a exaustão era bom.

── Não muda o fato de que não é saudável quando se é em excesso.

── Eu tenho cara de quem fuma em excesso?

Dick abriu a boca para responder, propositalmente parou e lançou um olhar dos pés dela até a cabeça, balançando a cabeça como se não quisesse falar. Lucy jogou uma fatia de bacon nele, rindo enquanto o xingava.

── Seu canalha! Não fique falando o que eu pareço ser quando você sequer me conhece.

── E não jogue comidas em mim! Além de que eu posso te conhecer melhor.

Lucy olhou para o rapaz e acenou com a cabeça, um sorriso malicioso surgindo em seus lábios.

── E como você pretende me conhecer melhor, Richard?

── Posso ficar por aqui hoje, se você permitir, então a gente vê a sua série de televisão, toma um chocolate quente…

── Sem passado?

── Sem passado, só o presente.

Lucy acenou com a cabeça, evitando um sorrisinho contente em seu rosto. Levou a sua mão que estava em seu colo para o joelho de Dick, se apoiando nele enquanto se inclinava em direção ao rapaz.

── Você não se lembra de ontem, mas você fez isso comigo ── com a outra mão, o puxou para um beijo breve pelo queixo, sem sequer sentir algo além dos lábios macios e despreparados de Dick Grayson. ── Agora você lembra. Parabéns, é o nosso segundo primeiro beijo.

── Segundo primeiro beijo? ── ele perguntou, um sorriso inevitável em seus lábios, os olhos ainda fechados.

── Sim, Richard. É só um detalhe… se você for passar o dia comigo, vamos dar muitos beijos.

── Então será um prazer passar o dia com você, Lucy.

Atualmente,
Gotham City, Mansão Wayne.

── Sem passado, apenas o presente? ── a voz de Alfred tirou Dick de seu devaneio, fazendo-o olhar para o mordomo. ── Foi isso o que falaram um para o outro, Senhor Grayson?

── Sim… eu sei que parece estúpido, mas pareceu certo no momento… e agora não tenho nenhuma informação útil sobre ela.

── Já tentou o endereço da casa dela?

Dick acenou com a cabeça, estava sentado de frente para um dos computadores da batcaverna, então colocou o endereço de Lucy para ser rastreado e mostrou o que aparecia: completamente nada, como se a casa de Lucy não existisse. O moreno fitou a reação do homem mais velho, então disse:

── Eu juro que ela é real! Foi tudo real, sério! Parece que não, mas eu ainda não fiquei louco até esse ponto ── Grayson murmurou frustrado, batendo a sua cabeça contra o acolchoado da poltrona.

── Não penso que você esteja louco, Senhor Grayson, apenas…

── O que? ── Dick olhou para Alfred, quase temendo o que o seu mordomo tinha a dizer.

── Talvez seja hora de deixar a senhorita Lucy partir, não?

── Não… eu tenho que achar ela.

── Por qual motivo?

Dick abriu a sua boca para falar, mas nada exatamente nítido saiu. Vários pensamentos, motivos meio justificados, e ainda sim… nada exato, nenhum argumento bom o suficiente. Sentiu-se em uma negociação falha, na qual Alfred venceria facilmente a tentativa de fazê-lo desistir de procurar Lucy. Antes mesmo que pudesse responder, um alerta de emergência apareceu na tela de um dos computadores.

── Bruce precisa de mim.

. . .


Um enorme vazio tomava conta do coração de Dick Grayson, de forma mais intensa do que ele havia sentido nos últimos tempos. Talvez Alfred tivesse razão, no final das contas, deixar Lucy ir era a melhor das opções. Não seria fácil esquecer um enigma, assim como nunca era fácil deixar um caso criminal em aberto; nos últimos dias pensou como Lucy se assemelhava a um, afinal.

Como um caso em aberto, ela escapou sem deixar nenhuma pista, o deixando em dúvida sobre sua própria sanidade. Sem corpo e sem crime, Dick sentia como se o corpo de Lucy nunca tivesse estado ao seu lado. Possivelmente, era a melhor hipótese do que poderia acontecer com ele: esquecer, apesar de ser aos poucos, o calor do toque da mulher e como os beijos de cereja eram macios.

── Alguma novidade dos fugitivos do Asilo Arkham? ── Bruce perguntou, Dick sequer havia notado o homem se aproximando na porta de seu quarto.

Dick ajeitou sua postura na cama quase de forma automática, balançando com a cabeça.

── Não… sei que é a nossa preocupação maior, mas eu estava procurando sobre a suspeita da fábrica de algodão e a lavagem de dinheiro.

── Sim, é a nossa maior preocupação do momento e você não deveria se distrair com outras coisas agora.

Dick percebeu aquele tom diferente na voz de Bruce, percebendo algo além da fábrica de algodão.

── Estamos falando da fábrica? ── Grayson perguntou, segurando um suspiro de frustração.

── Não é muito difícil não notar o seu estado. Algo está te distraindo.

── Uau, genial sua análise…

Wayne cruzou seus braços e estreitou o olhar para Dick, como se fosse um pai olhando para seu filho adolescente.

── Eu tenho notícias dos fugitivos do Asilo Arkham ── Bruce continuou, ficou parado por alguns segundos e saiu da porta do quarto de Dick, sabendo que o rapaz o seguiria.

E como imaginado, Dick saiu de sua cama e se movimentou até alcançar Bruce, descalço sobre o piso de madeira gelado do corredor. Perguntou o que Bruce havia conseguido e ele respondeu sobre os fugitivos, em específico, caminhando até a batcaverna ao lado de seu adotado. Ao chegarem no cômodo secreto, Bruce selecionou as fichas pelo computador para que Dick pudesse ver.

── Uau, têm isso tudo? ── o jovem perguntou, se aproximando e vendo as fichas criminais dos pacientes fugitivos.

── Sim, alguns deles são perigosos até demais ── Bruce passou o dedo pela tela e clicou em uma das fichas criminais para exibir com mais detalhes.

Não poderia ser. Dick ficou boquiaberto quando viu a foto e o nome. Lucy Harlow, vinte e cinco anos, um metro e sessenta e três de altura, nascida e criada em Gotham. Presa pelo assassinato de seus próprios pais.

Duas semanas atrás,
Gotham City.

── O que você está fazendo? ── Dick perguntou ao ver Lucy bebericando algo em sua xícara.

── Bebendo um pouco.

── De chá?

O moreno se aproximou da mulher que estava sentada no sofá, pernas cruzadas e postura ereta. Já havia entardecido, o clima continuava estranhamente caloroso e confortável mesmo no inverno.

── Hm, chá? Eu sou o que? A rainha da Inglaterra? ── perguntou brincalhona, fazendo Dick abrir um meio sorriso. ── Vamos dizer que eu sou uma alcoólica funcional… ── murmurou meio receosa. ── Eu não sou realmente uma alcoólatra, na verdade, mas aprecio alguns goles. É uísque.

── Por que você está tomando uísque em uma xícara de chá? ── Dick perguntou com uma risada nasal.

── E por qual motivo eu não deveria tomar? ── Lucy riu, tocando no assento ao seu lado para que ele se sentasse. ── Quer um pouco de chá, cavalheiro?

── Não, obrigado, acho que eu vomito só de sentir o cheiro de álcool depois da noite anterior.

Grayson sentou-se ao lado da mulher e relaxou a sua postura no sofá, dando uma breve olhada na decoração da sala com mais atenção. Parecia o típico ambiente que quanto mais olhava, mais objetos surgiam.

── Você gostou?

── Hm? ── ele virou a cabeça para a mulher, meio desatento.

── Da decoração. Você tem olhos observadores sobre meus móveis.

── Ah, eu gostei sim, é bastante único, muito verde.

── Eu gosto de plantas.

Lucy bebeu todo o líquido na xícara, Dick duvidava ser realmente uísque pela falta de reações expressadas no semblante da mulher, mas não ficou a encarando muito. Lucy colocou a xícara em sua mesinha de canto e em seguida esticou seus pés em cima do colo de Grayson, se deitando pelo resto do sofá.

── Vai dar uma soneca? ── ele perguntou, achando graça a forma como ela se movimentava pelo sofá e se aconchegava.

── Não, só vou descansar um pouco. Fazer o café da manhã foi exaustivo!

Dick riu, acariciando o tornozelo dela em seu colo.

── Mas se você continuar fazendo isso eu vou dormir.

── Isso o que? Tocar em você?

── No meu tornozelo! Me deixa relaxada!

Dick soltou uma risada baixa, achando engraçado a forma como Lucy se expressava.

── Não é para rir, estou falando sério…

── Ok, sem toques no seu tornozelo! ── levantou suas mãos como se estivesse em sinal de redenção.

Lucy se moveu mais uma vez no sofá, dessa vez se empurrando para baixo, de modo que suas pernas ficassem em cima do rapaz. Pegou uma das mãos dele e a levou até sua coxa.

── Aqui você pode tocar.

Sem saber exatamente o que aquilo significava, Dick apenas acenou com a cabeça enquanto começava a acariciar a pele dela com a ponta de seus dedos. Tentou evitar um sorriso presunçoso ao perceber as expressões de relaxamento no rosto dela, pensando que definitivamente sabia outras formas de deixá-la relaxada.

── Você tem um toque suave, Dick Grayson.

── Você é a primeira pessoa que me diz isso.

── Sério? ── Lucy perguntou ainda deitada, os olhos fechados.

── Sim, geralmente eu não sou tão delicado.

── Eu não disse que você era delicado, disse que tinha um toque suave.

── E isso é diferente?

── Dependendo da perspectiva é sim ── ela deu de ombros, Dick olhou para o rosto dela. ── Achei que você fosse mais inteligente que isso. ── Lucy abriu os seus olhos e o fitou, um sorrisinho de diversão surgindo em seu rosto.

── Eu sou inteligente. Ok! Ninguém nunca disse que eu tinha um toque suave ou delicado porque eu não sou suave ou delicado.

Em um único movimento, Lucy se sentou mas não afastou suas pernas de Dick, parecendo estar muito bem ativa para alguém que estava sonolenta há poucos minutos.

── Ok, senhor inteligente. Me conte um segredo seu.

A proposta repentina o deixou surpreso, mas Dick não queria exatamente recusar, ainda mais quando Lucy estava mais próxima dele.

── Um segredo? Acho que não tenho muitos… ── ele mentiu.

── Claro que tem, você só não quer contar para mim. Então vamos fazer outro jogo…

── Eu gosto de ter meias vermelhas.

── O que?

── Só compro meias vermelhas, recuso as outras cores, sinto que vermelho me dá sorte.

Dick olhou ansiosamente para a mulher, esperando não ser julgado, afinal… era um segredo! Ele não tinha mentido.

── Dick! Segredo terrível, mas eu vou acatar… ── Lucy murmurou rindo, se aproximando um pouco mais dele para sussurrar: ── O meu segredo é muito profundo, então você precisa me olhar nos olhos enquanto eu falo.

A obedecendo, Dick olhou a mulher nos olhos e percebeu algumas características não notadas antes, como a pequena marca na bochecha e as sardas quase transparentes.

── O meu segredo é que eu quero muito te beijar de novo, mas eu não sei se devo… prometi muitos beijos no café da manhã, mas fiquei com medo de ser inconveniente e agora tenho que carregar essas angústias comigo ── Lucy murmurou de maneira séria, mordendo seu lábio inferior em certa aflição ao finalizar a sua fala.

O moreno teve que conter o seu sorriso presunçoso.

── Acho que você não deveria carregar essas angústias sozinha porque ── Dick levou sua destra até o rosto de Lucy, sua mão grande o suficiente para tocá-la de maneira firme e ainda sim carregando uma suavidade única. ── eu posso acabar com elas.

── E como você vai fazer isso, Grayson? ── Lucy perguntou fitando os lábios de Dick, sorrindo discretamente.

A resposta de Dick foi envolvê-la em um beijo intenso logo de início. Seus lábios se chocaram quase de maneira rude, mas Dick fez com que o beijo se tornasse em algo forte e doce ao mesmo tempo, acariciando a curva do pescoço da mulher com a sua mão enquanto apreciava os lábios de cereja.

── Você realmente sabe como resolver problemas, Richard ── Lucy murmurou entre o beijo, os narizes dos dois se envolvendo de maneira carinhosa. ── E eu espero que você fique mais tempo comigo.

. . .

Pela primeira vez em muito tempo, Dick sentiu-se verdadeiramente livre ao lado de alguém. Ao sair da casa de Lucy, anotou o endereço para não esquecer ─ mesmo sabendo que seria difícil de isso acontecer ─ e não hesitou em voltar lá apenas dois dias depois. Não tinha conseguido o número de Lucy porque ela disse que não usava celular, o que ele achou particularmente estranho, mas não questionou.

As tardes pareciam passar lentamente de uma boa maneira, como se estivessem presos em um tempo que pertencesse somente a eles. Foi agridoce, suave, único como manter um pequeno segredo. A relação dos dois não era secreta, mas Dick nunca contou a ninguém e imaginou que Lucy também não contou. Por alguma razão, talvez as conversas compartilhadas entre os dois, Dick tinha a sensação de que os amigos de Lucy eram poucos, como se ela evitasse se conectar com qualquer um.

Tinha até mesmo a leve impressão dela ter dito algo sobre misturar energias, algo que provavelmente fez Dick rir baixinho enquanto ela continuava a falar. Era bom escutar alguém normal, sem problemas envolvendo Batman ou Robin; claro, Lucy possivelmente tinha suas amarguras e problemas, mas ainda sim… ela era gentil de sua maneira, olhava para Dick com os seus olhos que sequer eram grandes mas ainda sim pareciam o universo quando ele a olhava de volta.

Os beijos compartilhados entre eles eram sempre como uma porta de entrada para outras afeições, Richard percebeu como Lucy sequer se importava de ficar horas sob um prazer enorme, ela sempre se preocupava com ele como se fosse um adolescente virgem e ele achava isso engraçado, doce. Lucy também sempre fazia questão de acariciar o cabelo que caía na testa de Dick, olhando sem nenhuma vergonha para os olhos escuros do rapaz.

── Lucy, que horas são? ── Grayson perguntou após mais uma noite juntos, era madrugada e ele sequer sabia se sua alma estava em seu corpo depois de todas as coisas que tinham feito.

── Não sei, tem horário para voltar pra casa, passarinho?

── Não exatamente… ── o moreno riu.

── Ótimo, porque vamos ficar aqui por um longo tempo ── ela se aproximou e o abraçou, ambos deitados na cama dela. ── O que acha de duas semanas?

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