ACEITAÇÃO.
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Atualmente
Estrada longe de Gotham City.
RICHARD GRAYSON SENTIU UMA MISTURA DE IMPOTÊNCIA E FRUSTRAÇÃO.
Pensou de maneira breve se todas as ações de sua vida lhe levariam para esse caminho, mas logo afastou o pensamento depreciativo quando escutou Lucy mudar a estação de rádio no carro. A inquietação dela estava o irritando naquele ponto. Não sabia se a sua adoração por ela havia tomado outro sentimento depois de tudo que passaram juntos... depois de tudo que ele fez por ela.
Os dois estavam no carro de Grayson, ele dirigia em uma velocidade mais alta que o normal como se estivesse escapando de algo ─ e realmente estava. Quando estavam na cabana, chegaram à conclusão de que o melhor para Lucy seria escapar de Gotham, ir para um lugar longe o suficiente. Eles tomaram a estrada sul e partiram da cidade cinzenta sem muito esforço, a mulher não levava nada além de uma mala.
── Eu quero ir para Flórida.
── Você quer que eu te leve para Flórida? Não é meio longe? ── Dick perguntou com certa irritação em sua voz, uma forma de demonstrar como estava chateado mesmo sendo capaz de fazer inúmeras coisas por Lucy.
── Não necessariamente você, Richard. Não seja tão literal, não combina com você ── Lucy protestou, cruzando seus braços e encostando mais fundo contra a poltrona do carro. ── Pode me levar até uma parada de ônibus, pode até mesmo ser a próxima.
── A próxima? Não, está prestes a chover ── Lucy checou as nuvens, percebendo que estavam carregadas. ── Vai ser uma das chuvas fortes. Vamos parar em algum hotel, daqui a pouco vai anoitecer.
── Ah... eu sei que você é riquinho e etc, não é, se é parceiro do Batman que provavelmente é rico... enfim! Eu não quero te atrapalhar mais do que já fiz.
Ele sentia a sinceridade, sabia disso, mas não conseguia pensar em Lucy como uma pessoa tão empática mesmo depois de todos os momentos ruins e bons. Ela sofreu, teria isso mudado sua percepção de mundo, como agir com as pessoas, como enxergar tudo?
── Vamos parar em um hotel, eu estou dirigindo há horas também.
A mulher sabia que não tinha como discutir com o Robin, especialmente quando ele estava agindo tão distante. Só lhe restou aceitar, acenando com a cabeça e ficando quieta. Sua quietude estranhou a Dick, que esperava a mulher inquieta e faladeira, mas não recebera nada disso. Sua mente se bombardeou de perguntas, uma delas focando em: será que ela estava chateada com Dick?
...
Pela primeira vez desde que havia sido libertada do Asilo Arkham, Lucy teve um tempo para si. Um tempo verdadeiro, não uma rápida ida ao banheiro. Dick tinha feito questão de reservar um quarto para cada quando chegaram no pequeno hotel de estrada, os quartos ao menos eram lado a lado e isso a fazia sentir-se mais segura. Policiou a sua própria mente sobre os seus sentimentos, ela não precisava de Dick Grayson para sentir-se segura... não precisava do Robin!
Passou boa parte de sua vida fugindo sem nenhuma proteção, mas naquelas horas ao lado do rapaz ela se sentiu diferente. A proteção não era um requisito, mas algo favorável. Não precisou dormir com um lado acordado caso alguém se aproximasse, não precisou lutar, não precisou fazer nada! Dick tinha sido gentil, a salvado e a acolhido mesmo depois dela o abandonar e mentir.
A verdade era que Lucy planejava partir antes que fosse capturada de volta pelo Asilo Arkham, em seus planos abandonar Dick estava em sua lista de prioridades. Todas aquelas mentiras, versões de si mostradas para o rapaz, histórias nas quais ele provavelmente estava divagando a deixou em agonia. Nunca se importou com o que os outros pensavam dela, mas sentiu a necessidade de se explicar para o Grayson.
Não acreditava em deuses, mas se eles fossem reais Lucy provavelmente mostraria seu dedo do meio para eles por perceber que seus sentimentos por Richard Grayson eram reais, palpáveis como o sonho de comer nuvens e tocar estrelas. E o que poderia fazer agora? Já tinha mentido, o deixado de lado, dito que ela não era alguém para ele.. e agora ela o queria de volta. Sabia que não era uma atitude de uma pessoa saudável, mas desde quando ela havia sido?
Após tomar um banho refrescante e até mesmo molhar os seus cabelos, vestiu-se com uma blusa de mangas compridas e uma estampa colorida, um short jeans bege e uma bota. Colocou os acessórios dourados que sempre gostou de usar, como os seus brincos de argola e pulseiras. Poderia facilmente sair para algum lugar, mas ela não iria ─ Lucy tinha um gosto vaidoso de se arrumar para as ocasiões mais simples.
Mas essa não seria uma ocasião tão simples... era a sua última noite com Dick.
Nunca foi uma mulher ansiosa por momentos, apesar de sempre parecer muito agitada no presente, mas em momentos de vulnerabilidade que Lucy pensava em talvez ser apenas mais uma mulher normal, não muito diferente de outras como tanto diziam pelos corredores de sua vida. Engoliu todos os seus sentimentos estranhos e esquisitos, se perfumando e saindo do quarto. Antes de ir até a porta de Dick, comprou duas cervejas em uma máquina de bebidas e então foi até a porta de Grayson.
Bateu apenas uma vez, sabendo que ele abriria a porta. Dito e feito, o moreno apareceu na entrada do próprio quarto com um semblante confuso. Lucy observou atrás dele algumas cervejas já tomadas, o que a fez rir.
── Começou sem mim?
── O que está fazendo aqui, Lucy? ── não era grosseiro e nem amoroso, era apático e isso irritava Lucy mais do que qualquer coisa.
A mulher apenas sorriu meio ácida, dando um empurrãozinho nele pelo peitoral e adentrando o quarto. Deu uma olhada rápida, era muito parecido com o seu próprio quarto ao lado, então realmente não tinha muito o que ver.
── Trouxe cerveja para bebermos e conversarmos, sei lá... ── ela soltou uma risada baixa, meio nervosa. ── Mas já que você estava bebendo antes acho justo essas duas serem minha!
Dick tinha um olhar suspeito, as sobrancelhas levemente franzidas e os braços cruzados.
── Não faça essa cara, nós já conversamos bastante! Somos amigos, não?
── É... não o bastante, pelo visto.
Lucy revirou os olhos, não se deixou abalar pelas palavras dele. Sentou-se na ponta da cama do rapaz, por ser a única superfície possível para sentar, e abriu uma cerveja. Bebericou o líquido, então falando:
── Você sabe que eu nunca fiz-
── Como você consegue agir-
Quando perceberam que estavam falando ao mesmo tempo, os dois logo pararam de falar, meio envergonhados. Lucy riu e Dick pediu desculpas, um meio sorriso torto nos lábios dele.
── Desculpe... pode falar primeiro ── Dick insistiu.
── Não! Eu quero ouvir você primeiro. Achei que você ia ficar calado comigo a noite inteira, como foi no carro ── não deixou de alfinetar.
Dick percebeu a provocação e negou com a cabeça, um sorriso irônico alcançando seus lábios e isso foi o suficiente para deixar Lucy mais animada. Afinal, ele tinha um belo sorriso, assim como os olhos.
── Ia perguntar como você era capaz de fazer tudo isso ── Dick caminhou e se encostou na mesa de canto da cama, mais próximo. ── Continuar firme, se arrumar, ter a coragem de vir aqui mesmo depois de tudo... sabe? O Arkham.
Não era isso o que Lucy esperava, sua expressão até mesmo vacilou em surpresa, mas ela logo voltou a expressão de animação de antes.
── Achei que me odiasse agora, não que me admirava.
── Eu não admiro ── Lucy riu, Dick percebeu que talvez tivesse sido grosseiro e sentiu-se envergonhado novamente. ── Quero dizer, no sentido da força... você é bastante forte, mas é verdade? Você está verdadeiramente bem? Porque pelo pouco que eu vi...
Lucy respirou fundo, não vacilando o seu olhar.
── Talvez seja o meu mecanismo, fingir que está tudo bem ── deu de ombros, a conversa repentinamente parecia ter acabado e isso a deixou nervosa. ── Dick, você sabe que eu não fiz nada de ruim, certo?
Ele a olhou com curiosidade.
── Eu sei que tecnicamente sou uma criminosa, mas eu nunca fiz nada do que me acusaram... exceto o porte de drogas ── ela soltou uma risada meio entristecida. ── Nunca matei os meus pais, não seria capaz de fazer isso.
Dick não disse nada, isso a fez sentir-se julgada. Ele apenas a olhava, como se estivesse em um dilema interno de acreditar nela ou não.
── E eu sei que você provavelmente não confia em mim porque eu nunca contei nada sobre a minha situação, mas como eu poderia? Você iria correr, você é o Robin! Eu também não poderia confiar em qualquer um, mas você... você foi tão bom comigo, Richard ── Lucy murmurou com os olhos cheios de carinho, algo que ela nunca pensou que fosse sentir tão fortemente novamente. ── Só vim aqui para pedir desculpas por tudo isso, honestamente, não precisamos beber essas cervejas.
Impulsivamente, ela se levantou da cama e deixou a latinha de sua cerveja na mesa de canto em que Dick estava, mas antes que ela conseguisse se afastar ele a segurou pelo braço. Lucy o olhou surpresa, Dick suavizou o toque quando lembrou-se da possibilidade dela estar machucada e a mulher apreciou isso ─ ela havia percebido, claro que sim.
── Eu não te odeio, Lucy ── ele disse firme, como se quisesse esconder todas as suas emoções por baixo de um manto, mas ele não estava usando sua máscara de Robin. ── F-foi uma traição silenciosa, mas eu não contei sobre ser Robin e... por mais que sejam situações diferentes nós dois escondemos coisas.
── É... mas eu não sou a criminosa que tentam dizer.
── E por qual motivo te prenderam?
── Você acha que eu entendo direito? Um dia eu estava em uma clínica de reabilitação e no outro fui levada para aquele inferno! ── Lucy quase rosnou, mas não tinha a intenção de ter sido tão grossa. Fechou seus olhos e se desvilhou do toque de Dick. ── Até hoje eu nunca entendi, mas aquele lugar é um pesadelo, Dick.
── Devo imaginar... sinto muito.
Os olhos dele estavam carregados de sentimentos, ao menos isso a Harlow conseguia perceber apesar das poucas palavras. Era reconfortante, doloroso, esperançoso, tudo ao mesmo tempo, no mesmo segundo e minuto. Machucava, a enchia de alegria e a fazia lembrar de sua situação. Era uma fugitiva.
── Obrigada por ter me tirado de lá, Grayson...
Seus olhos esverdeados se tornaram mais escurecidos, Lucy se aproximou de Dick e com a destra acariciou a bochecha dele, beijando o outro lado livre do rosto dele. Ao invés de se afastar, se manteve por perto, usando de toda sua energia feminina para que pudesse fazê-lo se render aos seus charmes. Se era a sua última noite com Dick Grayson, ela faria um bom uso dela.
Percebeu como seu efeito foi realizado com sucesso, a postura de Dick se enrijeceu e ele se aproximou automaticamente. Isso a fez abrir um pequeno sorriso de canto. Lucy se aproximou da orelha dele e sussurrou:
── Obrigada por tudo, Dick. Não só por ter me tirado de lá, mas por estar me ajudando agora, por ser um garoto tão bom para mim ── sussurrou enquanto acariciava a bochecha dele. ── E eu sei que não mereço isso, mas...
── Não fale isso, Lucy, você não é uma pessoa ruim ── ele murmurou honestamente, sua destra subindo pelo braço que ela usava para acariciar a bochecha dele, mas ele não a tirou dali.
── Oh, obrigada, Richard, mas... eu estou sendo honesta sobre o agradecimento, ok? E eu queria ser honesta sobre lhe dizer que eu posso ser a pessoa certa para você, mas isso nunca daria certo, você sabe.
Se afastou apenas o suficiente para observar o rosto dele, tentando ler algum sinal de reação. Nas duas semanas juntos, Dick se mostrou um rapaz expressivo quando não pensava demais antes. Ela queria ver isso, queria ele sendo honesto. E conseguiu ver isso, especialmente quando ele a olhou com tristeza e desejo.
── Não daremos certos porque... oh, Dick, os motivos são óbvios. Sinto muito por ser quem lhe traz essa notícia, não quero ver o seu rosto triste.
Lucy se aproximou e beijou o rosto dele mais uma vez, dando selares pela bochecha, ponta do nariz e queixo. Em seguida, se aninhou contra ele, o abraçando carinhosamente enquanto o abraçava pela cintura. Acariciou as costas dele, sentindo Dick retribuir o abraço.
── Eu não queria que as coisas fossem assim, Dick...
── Eu sei...
── Você me desculpa?
── Eu não te odeio, Lu ── sua voz estava cheia de melancolia, isso fez com que a mulher levantasse sua cabeça e se afastasse um pouco do abraço para observar o rosto dele. Casualmente, a mão de Dick subiu até a nuca dela. ── Eu te quero demais o tempo todo e esse é o meu erro. É mais intenso do que deveria ser, meus pensamentos sobre você, eu não consegui deixar você ir de minha mente... e eu não quero.
Por mais surpreendente que fosse, quem tomou o primeiro passo para beijá-la foi ele, não ao contrário. Os lábios macios, cheios de emoção, s carinhosos de Dick encontraram os de Lucy, ela apreciou a sensação, ainda mais quando suas mãos estavam espalhadas pelo corpo musculoso e bonito do rapaz.
── Então não se afaste de mim, Dick... não hoje ── Lucy sussurrou entre o beijo, se aproximando de Dick mais uma vez e o beijando com vontade, como se realmente fosse o último beijo deles.
Grayson atendeu ao pedido e segurou firmemente a cintura de Lucy, a mulher que tinha o deixado em uma espiral de sentimentos e desilusões. Mesmo assim, deixou todo o sentimentalismo de lado naquele momento ─ ou ao menos era isso o que Dick pensava que estava fazendo. Sequer demorou para grudar os seus corpos e ser consumido pelo desejo de tê-la mais e mais.
Afinal, era a última noite deles.
...
Outra quinzena perdida na América, Lucy Harlow estava prestes a partir.
Dick tinha estacionado o seu carro em uma parada de ônibus depois de chegarem ao consenso de que Lucy realmente deveria partir em outro carro para não levantar suspeitas. Enquanto ela comprava as passagens, Dick esperava inquieto encostado no seu carro, esperando pela mulher. Não demorou muito e ela voltou, mas parecia ter sido uma eternidade sem a presença dela ─ isso o fez refletir se ele se sentiria assim quando ela partisse, como uma eternidade esperando por alguém que não voltaria.
── Conseguiu comprar a passagem? ── ele perguntou.
── Sim! Consegui! ── Lucy abriu um sorriso, mas não estava verdadeiramente animada. ── Vou para a Flórida, como eu disse.
── Sim, sim... Flórida é um bom lugar, eu acho. Você vai gostar de lá.
── Sim, eu sei que vou. Estou animada para essa nova vida, apesar de tudo ── Lucy disse se escorando no carro ao lado de Dick.
Uma sensação estranha pairava entre eles, era quase palpável assim como vários sentimentos anteriores. Da mesma maneira que sentiam, não sabiam se expressar. Isso fez com que ela pensasse que talvez, no final de tudo, um relacionamento longo nunca daria certo porque ela nunca foi uma pessoa para ficar ao lado de alguém. Era uma alma livre, sem dependências e pessoas ao seu redor. Por mais solitário que fosse, era o seu modo de vida.
── Você sabe que eu não iria ficar para sempre, certo?
Dick mordeu o inferior de sua bochecha antes de responder, como se estivesse aflito e segurando alguma emoção.
── É... eu sei.
── Você não precisa ficar triste, Richard. Você vai achar várias outras mulheres para se divertir.
Dick acenou com a cabeça, sabia que isso era verdade, mas talvez isso tornasse tudo ainda mais difícil: saber a realidade de tudo, que todas as suas conversas com Lucy sobre o presente e futuro seriam apenas memórias do passado. Já eram.
── Elas não serão você...
── Oh, Dick... ── Lucy se afastou do carro para ficar de frente para ele, sua destra indo acariciar o rosto do homem sem uma noção muito grande de carinho. ── Não fique triste... nós nunca vamos dar certo de qualquer maneira.
Ele acenou com a cabeça, o seu rosto desviando de olhar para Lucy. Ela se perguntou se no final ele estava arrependido de tudo vivido entre os dois, se ele a odiava e só queria que ela partisse de uma vez, se ele...
Repentinamente, Dick passou seus braços em volta da cintura dela e a puxou para um abraço. Aproveitou para deitar sua cabeça na curva do pescoço dela e sentir o perfume natural que ela exalava. Lucy sentiu algumas lágrimas caindo em sua pele, lágrimas dele. Seu coração se fragilizou por alguns segundos, não sabia que era capaz de fazer Dick Grayson chorar.
Ele segurou o seu corpo como se nunca mais fosse deixá-la sair, só se afastou para despejar um último beijo nos lábios dela. Um beijo necessitado, diferente do beijo da noite anterior, no entanto, ele estava realmente se despedindo...
── Eu espero que você fique bem, Lucy...
── Tudo isso para desejar que eu fique bem? Onde estão as declarações, Grayson? ── Lucy brincou, tentando fazer com que ele se divertisse um pouco.
Dick sorriu pequeno, mas já havia sido algo. Lucy escutou a buzina do ônibus que pegaria se aproximando, seu momento tinha chegado.
── Adeus, Dick. Foi uma ótima quinzena ao seu lado.
notas da autora. ☆
muito obrigada a todos que leram essa short fic até aqui!!! fico muito feliz por ter conseguido concluir esse trabalho. a escrita é minha paixão desde que eu era criança e fico feliz em continuar gostando, espelhando em temas que eu gosto na mesma intensidade.
sei que não tivemos um final feliz, mas quem disse que essa seria a última aparição de lucy harlow? projetos futuros em breve podem dar as caras por aí! e quem conseguiu pegar todas as referências da música fortnight? soltei várias, hein!
enfim, muito obrigada por todos que leram, votaram e comentaram. aos leitores fantasmas, melhorem! espero que tenham gostado dessa obra tanto quanto eu gostei. foi muito interessante usar vários conceitos como a teoria das fases do luto, inspirações em outras mídias como o filme do brenton thwaites — a garota dos sonhos —, e claro, me aprofundar no personagem do dick grayson! essa fanfic tinha o objetivo de ser curta e objetiva, não tardei ou me aprofundei em muitas questões. de qualquer maneira, foi um prazer escrever!♡ :)
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