capítulo 46

⚠️contém conteúdo sensível ⚠️

JOOHEON

Me culpei diversas vezes por não ter sido o suficiente, me entreguei ao desespero e desabei na frente da pessoa que mais precisava de conforto e segurança.

Nem mesmo por um segundo houve dúvidas de quem havia mandado a mensagem, eu sabia quem era, não tinha como ser outra pessoa, ninguém teria tanta maldade dentro de si quanto ela e eu não exitaria em entregá-la para os braços da morte, caso ela tente contra a vida de Kyung.

As ameaças jamais me afetariam se fossem direcionadas apenas a mim, vivi como um Jeon por toda a minha vida, sempre estive pronto para o momento em que não seria mais útil para eles e minha vida teria um fim, seja pelas mãos de meus pais ou por alguém seguindo suas ordens.

Porém ameaçar Kyung foi um erro que eles não deveriam ter cometido, meu menino foi a única oportunidade que eles tiveram para me ameaçar, foi como se meu muro de proteção desabasse em questão de segundos.

Vesti minha armadura e ocultei todos os meus medos por anos, fui criado para ser inabalável, para seguir ordens e ser mimado pelo tempo que fosse necessário, para que eu me entregasse a eles sem questionar. Mas como eu poderia me manter forte sabendo que o homem que amo está correndo perigo.

Sempre pensei que entendia meu irmão, vi ele ser torturado de todas as formas possíveis pelas mãos que deviam lhe amparar, vi sua vida sendo segurada por pequenos fios prestes a romper, temia que a qualquer momento eu pudesse perdê-lo, vi ele enfrentar o medo de perder o amor da sua vida e realmente achei que entendia toda essa dor.

Mas eu nunca entendi, eu sentia dor por vê-lo machucado e a prestes a morrer diversas vezes, mas eu não entendia essa dor pois nunca estive em seu lugar, mas quando Kyung me mostrou as mensagens eu consegui sentir 1% do que meu irmão sentiu.

Meu irmão era mais forte que eu em todos os sentimos, ele não surtou ao ver o namorado machucado e eu sei que não foi por falta de amor, foi porque os dois já estavam acostumados com aquela visão.

Entretanto, eu surtei ao ver que Kyung não estava seguro como eu pensava e a sensação de impotência foi maior do que qualquer coisa.

Parece um pouco estranho da minha parte citar tantas coisas que poucos entenderiam, poucos leriam as mensagens mandadas e levariam a sério, mas vivendo com as pessoas que vivi e sabendo as coisas que eu sei, todos entenderiam esse medo.

Meus pais eram loucos e Hyuna não era tão diferente deles, eu sabia que havia sido a mulher a mandar aquelas malditas fotos e mensagens para Kyung e tinha medo do que ela poderia fazer.

Como uma aliada dos meus pais, a filha dos Park tinha muito poder em suas mãos, minha ficha só caiu que era isso que meus pais planejavam durante todos os encontros com a garota depois de muito tempo.

Meus pais não exitariam em matar qualquer pessoa que entrasse em seu caminho, quantas vezes disse essa frase em tom de ironia porque por mais que meus pais fossem podres, jurei que eles jamais fariam isso de verdade...bom eu estava errado.

A expressão cansada em meu rosto e a vontade de dormir não surgiu do nada, eu apenas não queria lidar com as imagens tão doloridas e torturantes que se passavam sempre que abria meus olhos, minha mente repassa cada uma delas, talvez na intenção de me matar aos poucos.

Guardei a sete chaves as fotos que vi nos papéis que eu havia pegado, eu guardei aquilo por tantos anos e apenas a algumas noites atrás eu fui capaz de analisar tudo aquilo, me arrependendo logo em seguida.

Haviam fotos...fotos de pessoas que assim como meu irmão e eu, haviam passados por coisas horríveis nas mãos de Soobin e Go-naha, as fotos das pessoas sorrindo ao serem contratadas e todas as informações sobre elas, seguidas por fotos de seus corpos irreconhecíveis.

Achei que a dor não poderia aumentar, até ver a foto de uma doce menininha, era miúda e exibia um sorriso enorme no rosto, ela tinha apenas 6 anos, não havia visto nada que a vida poderia fornecer e apenas conheceu a maldade. Vomitei diversas vezes naquela noite ao lembrar sobre como aquela curta vida foi arrancada, pelos monstros que um dia eu chamei de pais.

Eu sua foto, morena, olhos tão escuros quanto os meus, poderia facilmente ser considerada da família, por que ela era realmente parte dos Jeon. A pequena Somi, foi fruto de uma traição do meu pai, mamãe foi quem exigiu sua execução por não aguentar olhar para a doce garota e não se lembrar dos atos do marido.

Por conta das infidelidades do meu pai, uma criança morreu, vi a foto do meu pai após a morte da menina, haviam lágrimas em seus olhos, Somi parecia ter sido a única filha de meu pai que ele realmente sentia algo verdadeiro. Mamãe por outro lado carregava um sorriso nos lábios avermelhados.

Ela era minha irmã, sangue do meu sangue, não importa quem era sua mãe, ela ainda carregava as mesmas feições que eu e Jungkook e eu nem mesmo tive a oportunidade de conhecê-la, guardar todas essas informações eram sufocantes.

Não queria contar aquilo para Kyung, meu amor se fazia de forte assim como eu, mas eu percebia o quanto ele estava abalado por toda essa história, saber de tantas coisas tão cruéis seria demais para qualquer mente e eu temia por sua reação, assim como eu temia pela reação de Jungkook.

Trancado em meu escritório após surtar por horas, eu olhava novamente para as fotos de todas as vítimas dos meus pais e talvez por uma ironia ácida do destino, havia um quadro em minha mesa, era uma foto do meu irmão abraçado comigo.

Não prendi as lágrimas, estava sozinho, Kyung estava no quarto dopado com remédios para dormir, ele não conseguia relaxar e achava que a qualquer momento morreria, achei melhor que ele dormisse um pouco para não entrar em colapso.

Ouvi a porta ser aberta, ainda era de manhã então eu sabia que era Jungkook, ouvi seus passos apressados em minha direção e logo seus braços em meu corpo e eu me permiti desabar.

- O que aconteceu? - ele dizia angustiado, mas eu não conseguia dizer nada, minha voz estava sufocada em minha garganta pelo choro.

Vi quando os olhos do menor se focaram mas fotos, senti seu aperto vacilar por alguns segundos, antes de voltar a me apertar tão forte quanto antes. Nenhuma daquelas imagens eram agradáveis, eram corpos irreconhecíveis, vidas perdidas pela ganância e egoísmo.

- O que é isso ? - Jungkook soltando um de seus braços e pegando uma das fotos entre os dedos, meu choro aumentou ao ver que aquela era a foto de Somi. Eu não sabia de sua existência até alguns dias atrás, mas agora vivia o luto por aquela que jamais conhecia, porém que ocupava um espaço em meu coração.

Olhei para meu irmão novamente, ele lia a ficha que estava atrás da foto, não demorou para que ouvesse lágrimas em seus olhos, ele havia descoberto, seus dedos apertavam a foto, mas ainda parecia ter cuidado para não danificar.

Aquela era uma dor que compartilharemos para o resto de nossas vidas, sempre havia sido nós dois, mas em algum momento do passado, havíamos sido três e eu não pude estar do lado da pequena para salvá-la.

-Ela era um bebê, era só uma criança Jojo - ele dizia em meio a tantas lágrimas - como eles puderam fazer isso, eu preferia ser torturado milhares de vezes, do que deixar eles fazerem qualquer coisa com ela ou com todas essas pessoas.

Naquele momento eu vi a raiva crescer no coração do meu irmão e era essa raiva que seria usada para acabar de vez com o reinado de tirania dos Jeon, era nossa vez, nossa vez de apertar o gatilho.

Me levantei ainda tendo meu irmão comigo, estávamos frente a frente, coração em pedaços, mas ligados ainda pelo nosso amor, perder nossa irmã havia sido doloroso como o inferno, mas se eu perdesse Jungkook, não seria capaz de continuar a viver.

- Precisamos ser rápidos, as coisas estão piorando - disse.

- As coisas sempre estiveram assim Jooheon, a gente apenas descobriu isso mais tarde do que deveríamos - Jungkook disse - isso são vítimas de quase 15 anos atrás, o que eles podem ter feito durante todos esses anos...quantas pessoas morreram, quantas vezes corremos o risco de sermos as próximas.

- Precisamos acabar com isso, precisamos de um plano, qualquer coisa...não podemos apenas denunciar, eles tem contatos no governo, na imprensa...

-Jojo, só há um jeito de acabar com isso...

Jungkook estava pensando na morte de Soobin e Go-naha, o quanto eles fuderam com nosso psicológico para concordarmos com isso, o quanto era preocupante termos apenas a morte como saída. Não devia ser um peso matar pessoas como eles, mas ainda haveria um trauma, seriam vidas sendo arrancadas por nossas mãos.

- Fazer isso seria se condenar, a prisão não seria nada perto das punições mentais - disse tentando lhe alertar.

- Prefiro viver com um trauma, do que sabendo que deixei pessoas serem mortas e vivendo com o medo de ser o próximo a estar jogado em uma vala.

Meu irmão era tão forte, sempre achei mate guardar minhas lágrimas e tristeza me faria ser mais forte, mas aqui estava meu irmão em minha frente, me mostrando uma força que eu jamais teria, suas lágrimas não apagam suas lutas.

- A-amor, o que a-aconteceu? - ouvimos a voz do pequeno Jimin, era óbvio seu desconforto a cada passo, mas ele ainda sorria para nós, Jimin também era forte.

- Não devia estar andando sem ajuda amor - Jungkook andou até ele, apoiando suas mãos na cintura do menor para lhe dar apoio, mas tomando cuidado para não piorar as costelas fraturadas.

Fiquei em frente à mesa para impedir Jimin de ver qualquer uma daquelas fotos.

- O-ouvi você che-chegar e não foi m-me ver - disse com um biquinho - p-porque estavam cho-chorando, amor ?.

- Não é nada importante amor, apenas nos emocionamos com algumas coisas, não se preocupe - ele disse selando os lábios do namorado - vamos sumir, vou ajudar você com o banho amor e aí podemos passar o dia juntinhos.

Jungkook disse que podíamos terminar aquilo assim que ele chegasse aqui amanhã, vi ele sair do escritório e sai também, fui para o quarto e me deitei ao lado do meu amor.

- Eu queria te contar tudo que está acontecendo, mas não quero te quebrar assim como eu estou quebrado - beijei sua bochecha sentindo mais lágrimas caindo dos meus olhos - vai dar tudo certo e se não der, sei que você será feliz bem longe daqui, eu te amo....

❤️❤️❤️ Notas da autora ❤️❤️❤️

Esse foi o capítulo mais difícil de ser escrito até hoje e confesso que ele era bem mais pesado do que isso, mas achei que vocês não precisavam ler coisas piores do que essa.

Sei que muita gente deve estar me odiando nesse momento, mas sinto muito era necessário que tudo isso acontecesse, espero que estejam prontos para a vingança, pois ela começa agora.

Mais uma vez me desculpa por demorar para postar, confesso que estou passando por situações complicadas e não encontro tempo pra escrever.

Por favor não me xinguem por esse capítulo, pensei em apagá-lo diversas vezes, mas a história não fazia sentido sem ele.

Queria agradecer pelos 11k da história, isso é realmente muito importante pra mim, amo vocês obrigado por continuarem lendo a história, prometo que vai valer a pena acompanhar até o final.

Não esqueçam de votar e comentar, bjs de luz ❤️

















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