- Eu vou pegar algo para bebermos! – ela disse um pouco sem graça por eu ter invadido seu quarto, ele estava bem arrumado, tinha um cheiro único e me deixava estranhamente confortável, lembranças novamente brilharam em minha cabeça.

"Sentado lendo um grosso livro sobre romance!"

"Mostrando formas dela entender que precisava mudar"

Fechei meus olhos e não lutei contra elas, me invadiram causando risos e pequenas gotas escorreram pelo meu rosto não de tristeza, mas sim de felicidade com cada passo que ela conseguia alcançar e se desenvolvia a seus olhos.

Quando abri meus olhos novamente, notei o pôster na parede, a segunda versão de map of soul: persona, eu admitia que aquela versão era fofa e romântica para meus amigos e riamos como havíamos ficado parecidos a príncipes naqueles ensaios fotográficos. Analisei cada milímetro daquele pôster, o que poderia haver de magico nele? O que havia realmente acontecido? Não apenas me contentando em olhar, toquei e foi ai que tudo aconteceu...

Senti meu corpo ser sugado e direcionado a outro lugar, era como se tivesse voltado no tempo e estivesse novamente no quarto onde tirei as fotos para aquela versão, dessa vez era diferente eu sabia que não havia voltado sabia que estava em um lugar diferente e quando uma voz idêntica a minha me despertou das perguntas tive a certeza:

- Olá!

Encarei a pessoa em minha frente, sim era eu, ou melhor, minha cópia, ele me examinava cuidadosamente e meticulosamente admito que tive medo, mas logo ele voltou a falar.

- Então você a achou? Tudo que eu pensava chegou a você!

- Sim, mesmo ainda tendo duvidas de como, aconteceu!

- É simples – ele se aproximou esticando sua mão por impulso eu fiz a mesma coisa tocando-a – nós somos a mesma pessoa, e mesmo eu sendo um ser inanimado que ganhou vida ainda continuo sendo você, sabendo o que pensa, sente e como age, minha vontade e meu amor se tornaram maiores que meu coração e como você é o real...

- Tudo chegou a mim! – completei sua frase final. – porém você que gosta dela, ou melhor, a ama, não eu. Esses sentimentos que sinto são seus, não meus.

- Será mesmo? Você tinha acesso somente as lembranças, somente as coisas que ela aprendeu.

- Aos sentimentos também. – afirmei sem paciência

- Sim, mas não na mesma intensidade que os meus, porém ao passo que a foi conhecendo algo em você foi mudando.

E ele realmente estava certo, no início afirmava que fazia aquilo só por curiosidade, quando matei a mesma comecei a usar a desculpa que era só para esclarecer as duvidas, quando elas foram sanadas comecei a querer sua amizade afirmando que era por conta de sentimentos que minha copia sentia, e quando finalmente consegui eu sentia que não era o suficiente.

- Sim eu a amo, sim eu a quero perto, mas em momento algum influenciaria alguém a ficar com ela, principalmente eu mesmo – ele disse calmamente – você deixou isso crescer em você...

- Tudo é tão confuso! – me afastei dele separando nossas mãos e puxando meu cabelo em desespero

Novamente ele se aproximou contendo um sorriso em seus lábios.

- Quem é você?

- Sou Kim Taehyung! – disse convicto

- Quem sou eu?

- Também Kim Taehyung, porém uma copia.

- E o que somos?

- Aonde quer chegar?  - novamente estava impaciente

- Apenas responda...

- Somos a mesma pessoa. Só que você é somente uma cópia de mim! – expliquei dizendo o que ele queria.

- Somos um! – sua mão novamente voltou a encostar-se à minha – a mesma personalidade, sensibilidade e maneira de ver as pessoas e o mundo, você viu So-Hyung como eu vejo, sente o que eu sinto, só que você é real e o sentimento vai mais além, o sentimento é real. Você é o real!

Um brilho se fez presente no ressinto quando entendi suas palavras, quando tudo passou a fazer sentido para mim: por que continuar tratando toda aquela historia como um fato isolado quando na verdade estava sendo uma experiência única? Por que continuar dizendo que tudo não pertencia a mim quando na verdade era uma parte de mim que estava ali? Por que continuar a afirmar que eu não sentia nada quando na verdade eu sentia tudo? Por que me negar aceitar as lembranças quando elas haviam sido um presente?

O brilho se tão tornou forte a ponto de eu não conseguir enxergar um palmo a minha frente quando o brilho finalmente se dissipou notei que minha copia sumiu.

Eu não devia negar, inventar desculpas, forjar escapatórias e ser egoísta, tudo aquilo havia sido um dom, uma oportunidade e uma bela sorte. Uma vez So-Hyung havia me dito que eu era magico e por isso tudo aquilo estava acontecendo comigo, mas agora talvez não fosse o fato de eu ser e sim o fato dela ter uma áurea tão boa, amável e visível que nos fez ficar, nos fez amar e me fez tentar.

- Taehyung? Você está bem? – sua voz risonha me despertou do que havia acabado de acontecer

- Que? Estou sim! Claro que estou! – me virei sorrindo para a mesma

- Esta encarando esse pôster desde a hora que sai! – me estendeu o suco um pouco curiosa com meus pensamentos

- Devo dizer que eu me encontrei e esclareci grandes pontos que me assombravam!

- Pensativo e poetizo – ela se jogou na cama me encarando – me conte que estou curiosa!

- Infelizmente não poderei, isso somente eu e ele sabemos! – olhei para o pôster sorrindo sincero

Em meio aos seus resmungos me permiti rir e fechar meus olhos quando a colei em meu corpo.

Obrigado por me mostrar que somos um, juntos e únicos por ela!