♡ Capítulo 7- Preocupação ♡

O tempo passara extremamente devagar para Charlotte. Após acordar no dia seguinte, sentiu-se extremamente mal, calculava mentalmente que estivera ao menos dois dias naquele local, passando fome, calor e sede. Já tentara achar a saída dezenas de vezes, porém não teve sorte em sequer uma delas, cada vez que se aventurava novamente para encontrar um meio de sair parecia que se afastava ainda mais de uma potencial saída, por isso decidiu permanecer onde estava no caso de alguém aparecer para socorrê-la, além do mais, para completar sua sorte, acreditava que estava tendo o início de uma desidratação.

A respiração difícil e rápida, dor de cabeça e a pele quente, sem qualquer indício de suor, eram alguns dos sintomas dessa condição fisiológica os quais ela conhecia e tinha certeza de que estava sentindo. Não aguentando-se mais em pé, sentiu uma forte virtigem a qual a levou a apoiar-se completamente ao grande e espesso tronco a sua frente.

Estava realmente assustada, tanto que mal percebera que seus olhos não aguentavam mais permanecer abertos, jurava que tentou ao máximo não fechá-los porém a dor e o cansaço conseguiram ganhar essa batalha interna entre o bom senso da jovem dama, dessa forma, acabou caindo rapidamente no quente chão de terra, apenas desejando que Tommy aparecera e pudesse finalmente voltar ao que passara a considerar como casa.

Thomas, seguiu com seu ritmo firmemente, fazendo uma parada sequer, já que dê certo modo estava acostumado a "perseguir pessoas"a altas velocidades e com persistência. Permanecia em uma posição meio encurvada, com ambos braços dobrados, fixos em seu corpo, para que conseguisse atravessar o custoso caminho mais rapidamente, os finos galhos não o incomodavam, sua vontade e determinação fizeram com que não sentisse os pequenos cortes. Quando entrou em uma distância considerável, foi desacelerando, visto que necessitava também procurar por alguma pista que pudesse indicar que Lotty houvesse passado.

Tudo parecia normal, árvores tão altas que não podia-se observar suas copas, um chão composto apenas por uma terra vermelha e alguns pequenos barulhos, como os do canto de algum pássaro, e o som das folhas balançando-se em calmaria, como se estivessem zombando de sua preocupação. Após mais alguns passos para frente, percebeu algumas marcas de sapato, o que o animou bastante já que pela pegada parecia-se pertencer a uma pessoa pequena, um pé delicado, ao que indicava o de uma mulher. Com fervor começou a andar mais rápido olhando para ambos os lados e buscando qualquer tipo de movimentação atípica, até que acabou esbarrando em uma superfície macia. Com um certo receio foi abaixando os olhos e não deu outra, sua boca abriu em supresa. Char estava ao que parecia passando muito mal, mantinha-se desacordada, não havia uma gota sequer de transpiração e indagava palavras incoerentes, desesperado, não hesitou em envolve-la em seus braços, passando a carregá-la em estilo nupcial, a juntando mais a seu corpo para que esta não caísse no percurso.

Retornou em linha reta como havia feito até desviar com sucesso a estranha floresta, com uma facilidade assustadoramente estranha, talvez seu desespero e sua dor fizeram com que o caminho não fosse tão complicado, ou então alguma coisa queria que estes saíssem o mais rápido possível... ficou aliviado ao sentir com mais claridade os quentes raios de sol em sua pele, algo que não era possível vivenciar embaixo de tantas árvores. Forçando mais ainda seus pés, alcançou sua família, os quais acharam estranho a sua sumida e por isso haviam voltado para casa, com a intenção de aguardar a volta do caçula. Quando todos se juntaram entraram em desespero, não havia qualquer hospital por perto, e se houvesse com certeza estaria a algumas boas horas de distância, além de que não tinham todo esse tempo a disposição. Luda mae pediu para que entrassem o mais rápido possível para dentro da moradia, em razão de que pelos sintomas podia tratar-se de algo sério, cada minuto era essencial.

Tio Monty, como estava em sua condição não pode se locomover tão rápido, por isso ficou apenas esperando com impaciência a volta de seu sobrinho, por isso, Charlie Hewitt foi velozmente ao encontro da cozinha, puxou a porta para trás e nesse espaço de 90 graus que se revelou, embutido, encontrava-se uma pequena dispensa com materiais de limpeza. Tomou alguns baldes e guardanapos de cozinha, o que iria bastar por enquanto para seus objetivos, encheu ambas superfícies com água gelada, aproveitando da mesma para molhar o pano, e tão rápido quanto chegou no local, saiu rumo ao quarto em que os dois jovens habitavam. Enquanto isso a matriarca encheu um copo de água, dado que o primeiro passo era tentar repor os líquidos que haviam sido perdidos, ja que pela noção básica que possuía sobre medicina precisava hidrata-lá de poucos em poucos períodos.

Charlotte estava deitada na cama, lhe tiraram suas vestes, fazendo com que ela permanecesse apenas em roupas íntimas, um fato que ninguém se preocupou, já que sua vida estava em jogo, mas que também permitia uma melhor visão dos diversos machucados em seu corpo, marcas nem tão recentes as quais a machucaram de um jeito inexplicável. Chegados os baldes, começaram a resfriar seu corpo do melhor jeito possível. Tommy estava desesperado, vê-la daquele jeito o estava matando aos poucos, queria poder fazer mais alguma coisa, porém entendia que o único que poderia fazer agora era trocar os tecidos a cada 20 minutos por novos mais gelados e não sair de perto dela, algo que pretendia independente da situação.

Depois de todos se acalmarem um pouco, os dois mais velhos foram para seus quartos, com a promessa de que se alguma coisa acontecesse era para chamá-los imediatamente, enquanto a progenitora tomava rumo a sala para tentar colocar os pensamentos em ordem, algo que Thomas ficou extremamente grato, já que nunca vira seus parentes se importarem ou então fingirem que o fazem por alguém antes, especialmente uma pessoa fora do círculo familiar. Com um pequeno suspiro, foi de encontro com o banheiro e encheu novamente os dois potes, molhou os panos para logo torcê-los e os realocou de volta no pequeno corpo a sua frente, tomando cuidado para que a água pudesse refrescar com facilidade boa parte de sua delicada constituição. Após, levantou-se novamente e ligou o pequeno ventilador, avaliado mais ou menos da década de 70, constituído de uma cor azul clara de um designe mais retrô, com um pequeno círculo em seu centro de cor vermelha com as letras GL, as quais significavam general eletric, uma marca conhecida da época.

Com o ambiente e o corpo de Lotty refrescados, só restava uma alternativa, cuída-la e esperar por sinais de melhora. Se havia uma coisa que ele jamais desistiria era dela, por isso pegou sua mão delicadamente, dando um pequeno aperto e passou a admirar seu lindo rosto, seus cabelos castanhos, seus olhos azuis que agora permaneciam fechados, seu delicado nariz e seus pequenos lábios, com certeza tratava-se de uma mulher linda, tanto por fora como por dentro. Sentiu as lágrimas passarem por baixo de sua máscara, molhando um pouco suas vestes. E pensar que uma pessoa como ele era capaz de chorar... passou a noite assim, de seu lado com lágrimas de terror, com medo de perdê-la, com medo do amanhã e com medo de nunca poder dizer "eu te amo", palavras tão pequenas, mas com grandes significados em cada letra.

Bạn đang đọc truyện trên: AzTruyen.Top