♡ Capítulo 4- Convívio ♡
Com o tempo, a moça havia criado um certo laço com aquela peculiar família do Texas. Passou a ajudar Luda mae nas atividades domésticas, principalmente na cozinha, com as saladas e cortando alguns temperos, já que esta, sempre reclamava que necessitava urgentemente de uma mão extra, o que a levava a ajudar, por mais que as suas mãos e ela mesma estivessem começando a se encontrarem em um estado deplorável pelas constantes atividades as quais exercia.
Seu convívio com o xerife Hoyt e com o tio Monty, não havia evoluído muito, visto que estes, apenas a "aturavam" por causa da matriarca, já que acreditavam ser uma ideia absurda a comida viver no mesmo teto que estes como se fossem semelhantes, além de acharem uma tremenda humilhação aos seus egos. No entanto, sua relação com Thomas havia evoluído bastante, não conseguiam ficar separados por muito tempo, já que ambos amavam cada segundo em que podiam ficar juntos, especialmente as noites, onde todos os dias deitavam-se na grama e observavam as estrelas. Palavras não eram necessárias em momentos assim, somente a presença e o carinho importavam para estes.
Char sempre fora obstinada, tanto, que em alguns casos isto lhe rendeu alguns problemas, porém com grande dedicação, decidiu que ajudaria Tommy a recuperar a voz, já que devido a alguns traumas na fase primordial para o desenvolvimento, não havia aprendido a falar completamente.
Os dois estavam deitados em sua cama, Thomas, encontrava-se mais a borda direita, enquanto nossa heroína permanecia ao seu lado com a cabeça repousando suavemente em seu ombro, junto ao famoso bloco de notas e uma caneta normal de tintura preta. Passaram a tarde assim, ela o ensinando e Thomas apenas a observando, enquanto em seus pensamentos ficava se perguntando até quando aqueles momentos durariam, já que quando esta se desse conta do quão monstruoso eram suas feições por baixo daquela máscara, sairia correndo sem ao menos olhar para trás como todas as outras pessoas.
Sempre fora perturbado em sua infância pela sua aparência, amedrontado, deixado de lado, nunca teve uma relação tão linda e pura com alguém como essa a qual estava desenvolvendo com a jovem moça. Só queria que ela permanecesse de seu lado, se possível para todo o sempre. Faria de tudo para nunca deixá-la escapar.
Era hora do jantar, todos sentaram-se à mesa e começaram a agradecer pela refeição como em todas as outras. Mesmo com o passar dos dias, Luda mae sempre insistia ou até mesmo levantava o seu tom de voz, para que ela aceitasse ao menos um pedaço de sua carne, já que afirmava que havia sido feita com muito amor.
A sua surpresa foi que esse cenário não se repetiu dessa vez, quando acabadas as orações a velha mulher levantou-se e trouxe com um rosto um tanto impaciente uma opção vegetariana para a sua hóspede, um prato que consistia em diversas tiras de pimentões, um frango com um molho formado basicamente de queijo e uma salada caprichada, com tomate, ovo e alface, uma atitude que ela agradeceu infinitamente, mesmo não tendo sido feita com muita espontaneidade, pois uma coisa que ela se recusaria até o fim de seus dias era comer a carne do que um dia pertenceu a um ser humano, um fato que já rendeu alguns desentendimentos com a família, mas nada que uma conversa ou um bom jogo de cartas não resolvesse.
Terminadas as comilanças, todos dispuseram-se a ir aos seus respectivos quartos. Como a família não estava esperando por uma nova moradora, não havia um local para esta dormir, já que a casa apenas dispunha de quatro quartos.
Com essa informação, Charlotte prontamente confessou que não se importava em dormir no velho sofá de couro da sala, porém como esperado, Luda mae recusou-se a deixar sua visitante dormir desconfortavelmente no sofá, era um ultraje à sua pessoa, exclamava.
Acomodar alguém em um lugar tão precário e exposto, quanto a sala de estar, então a solução encontrada foi a de os dois mais jovens dividirem o quarto, algo que de certa forma incomodou os dois, uma vez que consideravam algo muito íntimo dividirem um quarto e principalmente uma cama. Ao chegarem no dormitório, Lotty foi direto ao banheiro para tomar um bom e relaxante banho.
Como estavam em uma zona mais rural, a água não podia ser desperdiçada, cada gota fazia a diferença em suas vidas, portanto o banho só estava disponível uma vez por dia, o que virou um dos momentos mais ansiados pela jovem, a qual queria se refrescar o mais rápido possível depois de mais um dia exaustivo ajudando na casa Hewitt.
Estava completamente acabada, no entanto começou a divagar no quanto sua vida havia mudado de um tempo para cá, enquanto as gotículas mornas escorregavam por seu pequeno corpo, não tinha mais a sua vida, a sua casa e por mais que seus pais a houvessem abandonado de forma tão cruel, ainda sentia falta do abraço materno e dos conselhos paternos. Apesar disso, acreditava ter encontrado um certo consolo em sua situação, a família do Texas a tratava bem, não tinha porque reclamar de sua estadia naquela casa, e até acreditava que de algum modo havia encontrado um novo círculo familiar.
Nesse mesmo momento, começou a sentir algumas lágrimas deslizarem lentamente pelo seu rosto, misturando-se com as gotas do chuveiro, esteve assim um tempo, necessitava desabafar seus sentimentos, sua saudade e sua tristeza, ao lembrar-se de sua linhagem biológica e o que estava passando. Logo, as enxugou dando um pequeno sorriso e saindo do box, tudo vai dar certo, exclamou para si mesma. Após seu banho, colocou o seu pijama, o qual foi feito pela habilidosa progenitora. Este, consistia em uma regata e um short, ambos de uma cor rosada, com vários lírios brancos o adornando de cima a baixo.
Após estar devidamente vestida escovou os dentes e saiu do banheiro, tomando rumo novamente para o quarto. Enquanto isso Thomas já estava quase caindo no sono, fora um dia árduo de trabalho, o sol impetuoso do Texas não poupava ninguém, especialmente se você permanecia horas a fio procurando a próxima refeição.
Tanto foi o seu cansaço, que acabou caindo nos braços de morfeu sem ao menos trocar de roupa, algo que se arrependeria na manhã seguinte. Ao finalmente chegar no dormitório Char se deparou com uma surpresa um tanto fofa, Tommy permanecia imóvel, dobrado que nem um bolinha, ao que parecia dormindo pesadamente.
Com uma risadinha chegou mais perto do homem adormecido e notou que este ainda levava posta em seu rosto sua inseparável e assustadora máscara, então, com cuidado decidiu que iria remove-lá para que este se sentisse mais confortável durante seu sono.
Porém algo improvável aconteceu, Thomas acordou assustado e imediatamente segurou fortemente o pulso daquele ser que havia ousado tocar em sua máscara. A surpresa ficou estampada em seus olhos ao ouvir um leve gemido entrecortado de dor, sem dúvidas alguma era sua tão estimada companheira, arrependido, rapidamente pegou seu outro pulso com gentileza e a puxou para a cama, acabando assim com os dois deitados de frente um para o outro, prontamente, sentindo um olhar entristecido por parte do mascarado.
Apenas ignorou, mostrando que estava bem, não era necessário se preocupar, por mais que a marca já estivesse adquirindo uma coloração avermelhada, indicando ao contrário. Hesitantemente e com um nível extremamente alto de vergonha, Tommy deslizou a sua mão de forma lenta ao encontro da pequena mulher, entrelaçando carinhosamente seus dedos. Passados alguns minutos encarando-se mutuamente, ambos caíram no sono quase que instantaneamente, sentindo-se completos, apenas ouvindo a respiração um do outro.
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