♡ Capítulo 1- A viagem ♡
A janela permanecia embaçada com resquícios de pequenas gotas de chuva, uma das várias evidências da enorme tormenta que assolou a cidade de Bell Buckle, Tennessee noite passada. O estrago foi tão grande que as pessoas foram orientadas a passarem suas férias em outra localidade já que ainda poderiam haver sérios riscos para os habitantes dessa pequena cidadezinha do interior dos EUA. Charlotte estava completamente entediada na camionete da família, já havia contado centenas de vezes as pequenas gotículas que jaziam em todo o vidro, e mesmo assim ainda levaria bastante tempo até que finalmente chegasse a terra firme, mais precisamente em Dallas no Texas, na fazenda de seus avós paternos, já que estes não estavam com uma saúde muito boa.
A família desta, era bastante conhecida no ramo agrário. Não por possuírem vastas produções ou grandes quantidades de gado, já que apenas tinham o suficiente para desfrutar de uma vida cômoda, o que os tornava singulares era sem dúvida alguma seus carácteres inspiradores, onde pregavam principalmente a honestidade, além de suas áureas acolhedoras e gentis que simplesmente atraiam as pessoas. Descendentes de brasileiros e imigrantes espanhóis, eram uma família muito amada e respeitada em sua pequena cidade do interior. Não eram ricos ou milionários, eram apenas uma família de classe média que queria passar as férias ao ar livre, se afastar um pouco dos problemas e da atmosfera que a cidade transmitia.
Árvores e mais árvores, porque não tem nada de interessante? É muito pedir algo que não seja só monotonia? Estamos a várias horas de distância do campo e já não aguento mais, mas aparentemente só eu possuo pensamentos desse tipo, pois mais animados do que os meus pais é quase impossível de se estar. Seu Andrew e dona Marry, conversavam animadamente sobre os seus planos para quando chegarem, desde uma pescaria a uma cavalgada ao entardecer, além de certas banalidades como o tempo e se ele iria se manter estável por enquanto.
O tempo nublado e úmido da tarde deram espaço para o anoitecer, uma visão extremamente bela, um céu límpido e com milhares de estrelas brilhando orgulhosamente, uma visão com toda certeza privilegiada, algo que não seria capaz de se observar desde a zona urbana, apenas uma das vastas belezas de se viajar para estas localidades. Lotty, jazia sonolenta deitada no banco de trás, tentava encontrar uma posição confortável para descansar um pouco a mente e o corpo, o qual já estava dormente pelo tempo que estava comprimido.
Minutos antes de ao menos adormecer, percebeu que o carro começou a desacelerar gradualmente até ficar completamente parado, confusa, levantou-se de sua cama improvisada esfregando os olhos ao entrar em contato com a luz forte do carro, que havia ascendido ao detectar que algo estava errado, sendo esta uma das únicas fontes de luz naquela estrada deserta e mal iluminada. Logo quando iria indagar o que estava acontecendo, Andrew anunciou que a gasolina havia acabado, algo desesperador já que deviam de estar a quilômetros de alguma ajuda naquela fria e úmida estrada de chão. Sem escolha, ambos os responsáveis deixaram o carro em ponto morto e começaram a empurrar o máximo que seu cansaço e inquietação conseguiam.
Isso não pode estar acontecendo, pensava Charlotte, não tem como, o que vamos fazer? É quase impossível achar qualquer tipo de ajuda nessa situação. Seus pais logo voltaram ao carro com expressões desmotivadas após alguns minutos tentando mover o carro, anunciando que o melhor era dormir aqui e esperar até que alguém surgisse e os ajudasse. Por mais que Lotty não concordasse muito com a ideia, precisava admitir a si mesma que estava com muito sono, assim cansada, fechou lentamente os olhos e voltou a pegar no sono.
Estava completamente relaxada no mundo dos sonhos, sentia como se fosse real, quando acordou após ouvir um grito agudo o qual se assemelhava ao de uma voz muito conhecida, a de sua mãe. Antes mesmo de tentar entender o que estava acontecendo, a porta do carro abriu-se com uma calmaria assustadora revelando um homem estranho, e muito alto o qual usava um avental de açougueiro com algumas do que aparentavam ser manchas de sangue , e uma máscara estranha, parecia-se com um tipo de couro desgastado que ela não conseguiu identificar de que espécie tratava-se em conta do aparente uso.
Mas o que mais a chocou foi o fato do homem ter soltado um grunhido e começado a empunhar uma serra elétrica, porém antes de qualquer coisa olhou nos olhos do misterioso homen brevemente, sentia que era seu fim, sozinha, sem os pais e nessa situação, sem ter nada para usar como defesa.
Fechou os olhos com força, esperando o que estava por vir. Após alguns segundos abriu um olho de cada vez e chocou-se ainda mais com o fato do homem estar apenas a encarando com o que parecia ser hesitação? Quem era ele? E o mais importante o que ele fez com seus pais? O que vai acontecer? Simplesmente a iria matar a sangue frio? Suas perguntas foram rapidamente respondidas quando o homem a pegou como um saco de batatas e a colocou em seu ombro, ficando completamente paralisada com o medo, nem ao menos conseguindo mover-se.
Como estava olhando para trás percebeu o que pareciam ser duas pessoas correndo a toda velocidade a alguns metros do veículo, seu pais, seus companheiros e as pessoas que ela mais amava, a haviam deixado sozinha a própria sorte. Não demorou muito e sentiu as lágrimas traiçoeiras esgueirando-se com fervor, tanto foi o desespero que sua visão começou a ficar trêmula e embasada, assim, apagando seus sentidos no ombro do seu provável assasino.
Minha única companhia era a própria escuridão que nublava minha visão, quando finalmente comecei a acordar, a surpresa foi tanta que acabei caindo da superfície macia, estava em um quarto simples mas aconchegante, deitada em uma cama de casal com um pequeno criado mudo de madeira nobre ao lado, porém desgastado acompanhado de um vaso cheio de margaridas com o aspecto de recém colhidas. Como antes dito pequeno mas com um ar de certa forma familiar.
Curiosa como sempre, decidiu ir explorar a estranha casa. O corredor, como toda a moradia pelo parecer, era constituído de madeira rústica e um vasto caminho de portas, acompanhado de um trilho simples mas elegante. Por mais que a curiosidade fosse grande, não tinha tanta coragem de abrir essas portas já que estas traziam um ar de perigo eminente e o que menos queria naquele momento era mais problemas, só queria esquecer o que ocorreu e acreditar que logo todos estariam juntos na fazenda da família jogando cartas e rindo juntos das piadas ruins de seu pai, mas no fundo ela soube que aqueles momentos a partir de hoje seriam apenas doces lembranças de uma antiga era.
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