R-igoroso

Uma crise pode unir pessoas e separar os sentimentos

Numa manhã chuvosa, as gêmeas Mimiko e Nanako acordaram indispostas, com febre alta e tosses persistentes. Lizie, dedicada, sentiu um aperto no coração ao perceber que algo não estava certo. Preocupada, ela tomou medidas imediatas, ligando para o médico e começando os cuidados necessários para aliviar os sintomas das crianças.

A notícia da crise das meninas chegou rapidamente a Suguru, que estava no meio de uma reunião crucial sendo informado por Carmela. Sentindo-se impotente diante da situação, ele tentou manter a concentração nas discussões de negócios, mas sua mente estava constantemente voltada para o bem-estar de Mimiko e Nanako.

Enquanto isso, Lizie, apesar de suas ações rápidas e cuidadosas, não conseguiu evitar um sentimento de culpa. Ela se questionava se poderia ter feito mais para proteger as crianças, se deu algo errado para elas comerem e acima torcia para melhorarem. A preocupação a consumia enquanto cuidava delas, e a sombra do medo pairava sobre ela.

Suguru, ao receber a notícia, sentiu um nó na garganta. Seus deveres profissionais o impediam de estar ao lado de suas filhas neste momento crítico. Ele sentia-se dividido entre a responsabilidade empresarial e o desejo incontrolável de estar presente para suas filhas aparentemente doentes.

A reunião se estendia, e Suguru, por mais que tentasse, não conseguia esconder a ansiedade em seu rosto. Enquanto isso, Lizie, mesmo se culpando, permanecia firme ao lado das crianças, oferecendo-lhes todo o conforto possível.

A noite chegou, e Suguru finalmente conseguiu deixar a reunião. Ele correu para casa da mulher, ansioso para abraçar as filhas. Ao entrar, foi recebido pelo olhar preocupado de Lizie. As crianças, apesar de estarem melhor, ainda estavam pálidas e cansadas.

Suguru, ao ver suas filhas vulneráveis, percebeu a importância de equilibrar sua vida profissional e pessoal. Ele agradeceu a Lizie pela, reconhecendo que ela fez tudo o que estava ao seu alcance para cuidar das meninas.

-- O médico ficou de retornar às dezenove em ponto, pode ficar com elas, eu vou preparar algo pra você comer. -- A vermelha foi de encontro a cozinha ouvindo a voz calma de Geto.

-- Não precisa se incomodar. -- Ele sabia que tal pedido seria em vão.

Suguru subiu as escadas e seguiu até o quarto das meninas, não se preocupou com mais nada além delas, as crianças dormiam calmamente, enquanto uma trilha sonora de fundo tocava. Os momentos que passaram foram rápidos demais para Lizie e bem calmos a Suguru que conferia a respirações das meninas antes de ouvir o barulho da porta.

-- Eu te trouxe um chá e como não sabia se preferiria salgado ou doce, trouxe um pouco de ambos. -- Suguru sorriu encarando a mulher visivelmente abatida.

-- Vamos conversar la fora. -- Ele sugeriu e ela aceitou, Lizie seguiu para o próprio quarto e Geto pegou a bandeja. Ao adentrarem o local, ambos nem se ligaram da situação em que se encontravam, estando em um ambiente tão íntimo.

-- Pode falar Suguru. -- Lizie desviou o olhar se encostando na cômoda, no fundo, se sentia extremamente culpada, pois, se as crianças comeram o que não deviam dentro de sua casa, foi graças a falta de atenção. E esse, sim, é um verdadeiro problema de se conectar e adentrar vidas de seres tão pequenos quando não se há intenção e ficar, criar laços que às vezes se tornam uma dependência emocional gritante. Suguru poderia ser o melhor pai e o mais dedicado do mundo, ainda assim, passava muito tempo no trabalho justamente provendo o sustento do lar e governando um império, por mais que as meninas tivessem a senhora Li, não era o mesmo que ter uma mãe ali com elas dando afeto. 

As meninas viam a senhora Li como uma tia que sempre que podia as ajudava, mas era só retornar para a escolinha e ouvir sobre cada "mamãe" de seus amigos sendo amável, preparando lanches matinais e até mesmo dando um simples beijo de bom dia, que passaram a desejar essa experiência. São apenas crianças querendo conhecer o sentimento maternal e quando viram Lizie naquele restaurante e o olhar perdido do pai, apesar de não entenderem sobre esse tipo de amor, vinham muitos musicais da Disney e se espelhavam nele, ao imaginarem a mulher como figura materna. Duas crianças que sem perceber passaram a conspirar para que o pai se casasse de uma vez.

E agora Lizie sentia que Suguru diria que a culpa era sua, sentia que merecia e não iria contra.

-- Primeiro se acalme, eu sei que deve ter uma explicação plausível. -- Ele cruzou os braços.

-- Eu não tenho justificativas Suguru, foi tudo muito rápido, me ausentei por um instante e atendi uma ligação privada e deixei as meninas na sala, mas quando voltei elas tinha comido uma fatia do bolo que ganhei de presente, cheguei a pedir para Suzuki não deixar ao alcance delas. -- Massageou a testa se culpando e ele respirou pesado se aproximando e tocando o queixo feminino com a esquerda após pôr a bandeja ao lado.

-- Elas sabem que não podem comer qualquer coisa.

-- E ainda assim são crianças, nada do que eu disser será o suficiente. -- Desviou o olhar constrangido, entretanto Suguru conhecia suas filhas, sabia que não fariam isso do nada.

Batidas soaram na porta do quarto e a mulher ordenou que abrissem.

-- Senhora, o senhor Ito chegou. -- Suzuki afirmou, desviou o olhar rapidamente para Geto e moeu os lábios em culpa, deixando as lágrimas ecoarem. -- Me desculpa senhora eu... Eu não sabia que elas não podiam comer.

Lizie piscou confusa, assim como Geto que agora encarava a mulher disposto a escutar.

-- Elas viram o bolo sobre a bancada, eu tinha cortado um pedaço para começar as provas de sabor e perguntei se elas queriam me ajudar. -- Comemos feliz e só depois me lembrei de suas recomendações, por isso adentrei o escritório em desespero.

Lizie respirou fundo, não descarregaria a frustração na estagiária, pois, a mesma estava sobrecarregada com os trabalhos que vinha recebendo, mas a falta de atenção poderia ter custado vidas.

-- Ohaiô Suzuki, eu quero que vá para casa agora, nos veremos amanhã em meu escritório entendeu? -- As lágrimas da mulher escorriam pela pele, ela simplesmente ficou quieta, encarou a face de Geto que alisou o próprio rosto enquanto pedia desculpas. Suzuki deixou o local conforme ambos se olharam.

-- Amanhã levarei minhas filhas para casa. Talvez isso tenha sido um erro. -- Afirmou cruzando os braços. As crianças sempre viriam em primeiro lugar.

-- Está certo, eu vou ver o m...

-- Vamos. -- Ele não disse mais nada, ambos seguiram em direção até a sala onde o doutor ditou o ocorrido.

Lizie prestava atenção com afinco enquanto tentava se recompor enquanto Suguru escutava as recomendações médicas, sabia exatamente como proceder, pois, fora informado no momento em que as adotou e de certa forma o moreno sentia que as crianças fizeram de propósito, pois, sempre tinham em casa apenas aquilo que podiam comer e sabiam perfeitamente que deveriam respeitar a regra imposta para o próprio bem e no fim estava coberto de razão, em breve Geto descobriria que Mimiko ouviu a conversar de Lizie por trás da porta e ficou apreensiva quando a nova e possível mãe afirmou que teria de viajar para Pretória e encontrar um tal de Okkotsu já que o mesmo estava com problemas para cuidar de uma expansão. A criança não entendeu nada além do ir embora e por isso agiu rápido e no impulso.

O médico, com um semblante calmo e compreensivo, explicou cuidadosamente a situação para ambos, uma vez que Lizie pediu. Ele começou explicando as reações alérgicas das crianças ao bolo de macadâmia, enfatizando os perigos potenciais das alergias alimentares e a importância de identificar e evitar os alimentos desencadeantes, e infelizmente a explicação em forma de sermão não poderia ser ignorada, uma vez que o doutor Ito era o médico da família Geto e assim explicou que, no caso de Mimiko, que é alérgica ao glúten, os sintomas podem incluir dor abdominal, náusea, vômitos e diarreia. Já Nanako, com suas múltiplas alergias a ovo, leite e camarão, poderia experimentar uma gama ainda mais ampla de sintomas, incluindo urticária, inchaço dos lábios e língua, dificuldade para respirar e até mesmo anafilaxia em casos mais graves.

Os olhos de Lizie estavam prestes a transbordar pelo medo de ter feito tão mal as crianças quando o médico os tranquilizou, explicando que as crianças estavam recebendo tratamento adequado para suas reações alérgicas devido a rápida reação da Takahashi ao contatá-lo e administrar através da explicação via telemedicina os medicamentos, também afirmou que a medicação dada a elas mais cedo servia para aliviar os sintomas e evitar complicações. Ele também enfatizou a importância de monitorar de perto as crianças nas próximas horas e dias, observando quaisquer sinais de piora ou reações adversas.

Enquanto o médico falava, Lizie sentia um peso imenso de culpa sobre seus ombros. Ela se culpava por ter se ausentado por um momento apenas para atender uma ligação de trabalho, deixando as crianças aos cuidados de sua assistente. Ela se perguntava se poderia ter feito mais para evitar a situação, se tivesse sido mais diligente ou prestado mais atenção aos detalhes.

A voz do médico ecoava em seus ouvidos, mas Lizie lutava para se concentrar. Ela estava consumida pela culpa e pelo remorso, desejando poder voltar no tempo e impedir que as crianças ingerissem o bolo que desencadeou suas reações alérgicas. Ela se prometeu ser mais cuidadosa no futuro, garantindo que nunca mais algo assim aconteceria enquanto estivesse responsável pelas crianças.

Enquanto isso, Suguru permanecia ao lado de Lizie, oferecendo-lhe apoio silencioso e compreensão, mesmo que estivesse profundamente chateado com a situação e, no fundo, ele também se sentia culpado, questionando se poderia ter sido mais vigilante na supervisão das crianças.

Ao fim da conversa, o médico foi embora e Lizie olhou para Geto de soslaio.

-- Você pode ficar no quarto ao lado do delas. Vou separar algumas roupa e...

-- Não precisa. Pedirei para a senhora Li trazer e depois a dispenso. -- Geto não queria conversar, não enquanto organizava os pensamentos, temia jogar sobre ela os pensamentos mais obscuros de sua mente em um momento tão delicado.

Lizie daria o espaço necessário para que ele fizesse o que bem entender e com isso seguiu para o quarto, mas, em breve, eles concordarão em se unir para garantir o bem-estar e a segurança de Mimiko e Nanako, prometendo aprender com essa experiência e fazer tudo ao seu alcance para proteger as crianças no futuro.

[...]

Três dias se passaram desde a intoxicação das meninas, e durante esse tempo, Suguru praticamente se estabeleceu na casa de Lizie. A preocupação com o estado de saúde das filhas era palpável em cada momento que passavam juntos, e ambos estavam determinados a garantir que as crianças se recuperassem completamente sem que percebessem o clima estranho entre os adultos.

A casa estava repleta de uma atmosfera de cuidado e atenção. Lizie e Suguru se revezavam para cuidar das meninas, garantindo que recebessem sua medicação nos horários certos e que estivessem confortáveis e bem cuidadas. Eles preparavam refeições leves e nutritivas, adaptadas às restrições alimentares de ambas, e faziam questão de manter um ambiente tranquilo e relaxante para ajudar na recuperação das crianças, evitando assim de contratar qualquer serviço de cuidado extra.

Mimiko e Nanako estavam mostrando sinais de melhora significativa. Suas feições pálidas estavam ganhando cor novamente, e a energia começava a retornar aos poucos. Apesar do susto inicial, as crianças estavam se mostrando resistentes e determinadas a superar a experiência traumática.

Enquanto isso, Lizie e Suguru mesmo que a contragosto, encontravam conforto um no outro durante esse período desafiador. Eles compartilhavam suas preocupações, mas também encontravam força e apoio mútuo para enfrentar os desafios que estavam por vir, mesmo que não fosse essa a ideia da vermelha. A aproximação acontecia de maneira natural em uma conexão que vinha se fortalecendo a cada dia, e eles se viam cada vez mais unidos em seu objetivo comum.

À medida que os dias passavam, a esperança crescia no coração de Lizie em se autoperdoar tentando afastar as recordações que insistiam em lhe segregar e Suguru em tê-la mais próxima. Eles sabiam que o caminho para a recuperação completa das crianças ainda seria longo, mas estavam convictos a estar ao lado delas a cada passo e Mimiko e Nanako logo estariam completamente recuperadas e prontas para voltar a ser as crianças alegres e saudáveis que sempre foram, aprontando e deixando o pai desesperado.

[...]

Os dias cada vez mais calmos contribuindo para a recuperação das crianças e aproximações duvidosas. Como estava de pseudo férias, Lizie passou a receber Nanami e até mesmo a secretária em casa, no escritório para ser mais precisa e Geto se perguntou diversas vezes se poderia continua enuviando a própria mente ao dizer que estavam "morando" na mansão da cacheada pelo bem das gêmeas, quando, na verdade, um transporte de ambulância e até mesmo em um veículo confortável resolveria o problema.

E no presente momento esse era apenas mais um dos questionamentos que passavam pela cabeça do CEO que jazia no próprio escritório respirando pesado, afinal de contas não estava sozinho.

Uma atmosfera séria e pensativa pairava no ar enquanto Gojo Satoru, com sua presença imponente e descontraída, sentava-se diante de seu antigo amigo. Os dois homens compartilhavam um histórico longo e complexo, repleto de altos e baixos, e agora, diante das recentes tribulações envolvendo as filhas de Geto, estavam prestes a ter uma conversa franca e sincera, mesmo que achasse que o platinado não era dos melhores para dar conselhos, não tinha mais a quem recorrer, não que confiasse plenamente e nesse quesito de irmandade, uma vez que Satoru Gojo era o seu melhor e único que ele via como amigo. Suguru começou a narrar os acontecimentos dos últimos dias, descrevendo a angústia e o desespero que sentiu ao ver suas filhas doentes na casa de Lizie. Ele admitiu a Gojo que, apesar de ter tentado manter uma distância emocional, se viu profundamente abalado pela situação, confrontado com sentimentos conflitantes em relação à sua ex-mulher e à responsabilidade que sentiu por não estar presente quando suas filhas precisaram dele. Gojo ouviu atentamente, seu rosto expressando compreensão e empatia enquanto ele absorvia as palavras de Geto. Depois que Suguru terminou de falar, Gojo deu um suspiro profundo antes de responder, suas palavras carregadas de experiência em quebrar a cara, por ser, na maior parte das vezes, um grande babaca:

-- Geto, meu velho amigo. Você passou por muita coisa, e é natural que seus sentimentos estejam confusos neste momento, o que importa é o que vai fazer agora Suguru. -- Ele continuou, olhando nos olhos de Suguru com seriedade.

-- Você ama Lizie, isso é óbvio. Mas amor não é apenas sobre romance e paixão. É também sobre cuidar, apoiar e estar lá um pelo outro nos momentos difíceis. Você fez isso ao se preocupar com suas filhas, mesmo que tenha sido difícil para você e vai por mim, não é todo homem que se importa. -- Gojo pausou por um momento, deixando suas palavras afundarem em Suguru.

-- Quanto a Lizie, não posso dizer o que o futuro reserva para vocês dois. Mas o importante é que vocês sejam honestos um com o outro e se comuniquem abertamente sobre seus sentimentos.

Suguru absorveu as palavras de Gojo com seriedade, sentindo um peso se aliviar de seus ombros enquanto ele refletia sobre o que foi dito.

-- Quem é você e o que fizeram com Satoru Gojo? -- Ironizou a modo de descontrair, levando o platinado a gargalhar.

-- Digamos que ele tirou férias depois do último fora, mas eu mereci. -- Deu de ombros, convencido do próprio sofrimento e foi a vez de Geto dar um conselho.

-- Corre atrás dela Satoru, nunca te vi tão feliz em um relacionamento e olha que nem deu tempo de conhecê-la direito. Uma vez a Li disse algo que até que faz sentido. -- Recostou na cadeira e encarou a paisagem da cidade: -- Não tenha medo de ser vulnerável. Às vezes, é quando somos mais vulneráveis que verdadeira conexão e entendimento podem florescer.

Suguru respirou pesado e Satoru riu de leve.

-- Para dois ferrados, deveríamos ouvir mais os conselhos da sua governanta.

E assim a dupla passou boa parte do tempo entre conversas. Com o chegar da noite, Suguru seguiu para a casa e Lizie, desviando o caminho apenas para pegar algumas peças de roupa para as filhas e para si, tomou um banho e se trocou seguindo o caminho até lá, como estava na casa há muito tempo Lizie cedeu a chave extra para ele, e ele sorriu ao adentrar a casa e pensar que se tudo tivesse ocorrido da maneira certa estaria realmente em casa e com a mulher o esperando.

A vermelha, no entanto, dormia no sofá, alguns papéis estavam sobre a mesa e ele insistiu em bisbilhotar:

Transferência, acordos entre Japão e África do sul.
9 milhões de movimentação
Autorização: Kento Nanami.

Algo estalou na cabeça de Suguru e aproveitou o momento para pegar Lizie nos braços, pouco se importando se ela reclamaria pela manhã, Geto respirou fundo sobre os cabelos dela absorvendo o perfume e sorrindo por ser o mesmo depois de tantos anos, aos poucos subiu as escadas e caminhou pelo corredor imaginando que não seria tão ruim se adentrasse o quarto ao dela, mesmo que alguns pensamentos a respeito do passado de Lizie ocorresse.

Suguru Geto observou Lizie adormecida em seus braços, seu rosto sereno e tranquilo em repouso. Ele sentiu uma mistura complexa de emoções enquanto a segurava delicadamente, cuidando para não acordá-la enquanto tentava colocá-la na cama para poder descansar adequadamente.

Ao mesmo tempo, em que sentia uma ternura profunda por Lizie, uma tristeza silenciosa pesava em seu coração, com os mesmos questionamentos turvos de sempre. Ele não conseguia evitar pensar no fato de que ela havia construído uma vida ao lado de outro homem, que não era ele. Essa realidade dolorosa ecoava em sua mente, enchendo-o de arrependimento.

Suguru se perguntava como seria ter Lizie ao seu lado novamente, compartilhando suas vidas juntos como costumavam fazer. Ele imaginava os momentos que poderiam ter compartilhado, as conversas profundas, os risos e até mesmo os desafios que enfrentariam juntos. Mas agora, esses pensamentos pareciam apenas sonhos distantes, impossíveis de se tornarem realidade, uma vez que a própria relacionava cada iniciativa ou até mesmo ato de aproximação como um sentimentalismo adquirido por conta das crianças e enquanto colocava Lizie cuidadosamente na cama, Suguru sentia uma pontada de ciúme em seu peito, misturada com uma profunda admiração pela força e resiliência dela.

Com um suspiro pesado, Suguru se afastou da cama de Lizie, deixando-a descansar em paz enquanto ele lutava com seus próprios sentimentos contraditórios que pioraram quando viu a foto de casamento sobre a cômoda.

Na foto, Lizie está deslumbrante em seu vestido de noiva, irradiando felicidade e ternura enquanto segura delicadamente um buquê de flores brancas. Seu cabelo está elegantemente penteado, os cachos abrilhantados por um prendedor lateral que reflete a luz suave do sol. Seu sorriso é luminoso e genuíno, iluminando todo o ambiente ao seu redor.

Ao seu lado, seu finado esposo, segura a mão dela com ternura e orgulho, seu olhar transbordando de admiração. O cenário ao fundo é romântico e encantador, com uma paisagem campestre adornada por uma delicada cortina de flores brancas e uma vista pitoresca ao longe. A atmosfera da foto é serena, capturando um momento que aparenta ser de pura felicidade, é como se o tempo tivesse congelado naquele instante, preservando para sempre a beleza e a magia desse dia tão especial e ao pegar o porta-retratos sobre a cômoda, Suguru Geto contempla a imagem com uma mistura de nostalgia e tristeza. Ele não pode deixar de sentir como um idiota ao ver Lizie tão radiante ao lado de outro homem, mas, ao mesmo tempo, não pode deixar de admirar sua beleza e graça inegáveis. É uma lembrança de um tempo passado, um momento de felicidade que agora parece distante e irreal, os orbes escuros do moreno notaram que havia outros itens claramente masculinos sobre a cômoda que o fizeram questionar se ela ainda amava o marido e talvez, só talvez seja por isso que tenha esclarecido que uma reconciliação jamais seria possível.

Geto saiu do quarto um pouco perplexo e antes de adentrar o que estava hospedado, passou nos das crianças para verificar: ambos dormiam como os anjos que são, o moreno se aproximo sorrindo e de forma lenta e calmamente deixou um beijo na testa de ambas alisando a face em um carinho mínimo, entretanto, quando foi se afastar Nanako segurou a manga da camisa social branca que veste:

-- Me desculpa, papai, por favor não briga com ela. -- Geto arqueou a sobrancelha encarando Mimiko que apenas fechou os olhos cansada.

"Pelo visto minhas filhas aprontaram alguma coisa... E não duvido nada que esteja relacionado a essa crise alérgica. Crianças são surpreendentes." Geto pensou apoiando a mão no queixo e relembrando do que leu nos papéis de Lizie, mas a ideia que vagou rapidamente foi embora, afinal as crianças não fariam isso.

O dia seguinte começou um pouco tumultuado, Geto tinha reuniões demais pelo simples fato de que as postergou e Lizie também, uma vez que Nanami avisou que deveria realmente se afastar, cada um do seu modo, presos em salas cheias de palavras que ecoavam ao vento, quando, na verdade, só queriam ficar com as meninas. E por falar nelas, ambas estão melhores, sem febre, dor no corpo ou qualquer outra reação, apenas aguardando o dia que o médico as liberaria e poderiam voltar às aulas.

-- Uba, será que a senhora Liz vai continuar conosco? -- Nanako perguntou a idosa que terminava de pentear seus cabelos, já que Mimiko.

-- Creio que sim, queridas. -- As crianças ficaram felizes pela reposta de Li e enquanto isso a cacheada jazia no escritório discutindo com Nanami a respeito do mais novo serviço, sim, Lizie, havia conseguido tomar a posse de todos os serviços de estágios e babás das universidades ao redor, a mulher estava mais do que feliz com a ideia de ampliar os seus contratos, já o sócio nem tanto.

-- Lizie onde café, crianças e mais umas três empresas diversificadas combinam? -- Ele massageou as têmporas.

-- Nanami deixa de ser cético, somos diversificados e cada vez que subdividimos mais, ficamos mais ricos. Não que eu me importe com isso. -- Deu de ombros, já tinha tanto dinheiro que morreria antes de conseguir gastar a metade. O Kento revirou os olhos conforme os saltos extremamente caros batiam no chão.

-- Tá bom Mulher. Não adianta não é mesmo? -- Ele massageou as têmporas mais uma vez enquanto ela batia palminhas de felicidade. -- Vamos fechar negócios de uma vez, o Okkotsu está atrasado e para completar o Mwale não está facilitando.

Ela riu.

-- Era esperado. Miguel nunca facilita. Agora vamos assinar de uma vez antes que você mude de ideia -- ela sorriu e Nanami concordou.

Ambos terminaram a reunião e encerraram com um pré-almoço, já que Nanami não queria ficar para comer e enquanto Lizie se despedia do loiro notou as risadas das meninas e o barulho dos pés que iam em sua direção.

-- Tia Liz. -- Nanako sorriu a abraçando.

-- Ele é o seu namorado? -- Nanako perguntou

-- SENHORITA NANAKO! -- Li a repreendeu e Lizie sorriu minimamente sem que percebessem, pela situação engraçada.

-- Não se preocupe senhora Li -- A mulher se abaixou ficando da altura da criança. -- Ele é apenas um amigo.

Ela se levantou

-- Nanami conheça as filhas de Suguru Geto, Mimiko e Nanako. -- Apresentou as crianças. O loiro tirou os óculos e sorriu, o que deixou a cacheada perplexa, já que não fazia parte dele ser assim, não mais.

-- Muito prazer. -- Ele estendeu a mão se abaixando e as meninas o cumprimentaram. Os olhos de Nanako se fixaram nos dele.

-- Você é muito bonito. -- Sorriu.

-- Sou? -- Nanami gargalhou de maneira irreconhecível e depois retornou a mesma postura de sempre, encarando a chefe com um sorriso mínimo de lado que deixava claro seus pensamentos.

-- Nos vemos depois Liz. -- acenou se afastando e a mulher mordeu a bochecha internamente, sabia que ouviria sermão do Kento por cuidar das filhas de Suguru.

-- Bom, vamos almoçar. -- Lizie bateu palmas e foi até elas estendendo as mãos que logo foram seguradas. -- A senhora também dona Li, eu mandei prepararem no jardim e depois do descanso podemos curtir a piscina, pelo menos por uma hora. -- Piscou deixando as crianças felizes e assim seguiram para a área externa onde a varanda estava banhada pela luz suave do sol do fim da manhã, criando uma atmosfera acolhedora e convidativa. O jardim ao redor exalava vida e frescor, com uma profusão de flores coloridas que dançavam suavemente ao sabor da brisa leve. Uma treliça coberta de trepadeiras floridas adornava uma das paredes, adicionando um toque de romance ao cenário ao local que Lizie nunca abria mão de ter e na mansão havia mais de uma opção quando se tratava de seus jardins.

No centro da varanda, uma mesa de madeira rústica estava meticulosamente arrumada para o almoço. Um elegante jogo de louças brancas estava disposto sobre uma toalha de mesa de linho, complementando perfeitamente a estética natural e orgânica do ambiente. Arranjos de flores frescas em vasos de cerâmica decoravam a mesa, trazendo cores vibrantes e aromas suaves que permeavam o ar. Ao redor da mesa, cadeiras de vime confortáveis e almofadadas convidavam as crianças a se sentarem e desfrutarem da refeição. Guarda-sóis de tecido branco foram estrategicamente posicionados para oferecer sombra e proteção contra o sol, criando um ambiente agradável e relaxante.

Sobre a mesa, uma variedade de pratos deliciosos aguardava as crianças, desde saladas frescas até pratos principais preparados com ingredientes locais e sazonais. Garrafas de suco natural foram dispostas ao lado de copos de vidro transparente, prontas para serem servidas e saciar a sede das pequenas.

À medida que Lizie, Li e as crianças se aproximavam da mesa, os raios de sol iluminavam seus rostos com uma aura de calor e felicidade. Era um momento simples, mas de grande expectativa, pois, as meninas estavam bem e isso deixava as adultas presentes em paz.

Após o almoço e o descanso como prometido as crianças adentraram a piscina com boias de cintura e braço, como Li não se sentia confortável em estar na água, Lizie se trocou optando por um maiô branco elegante e atemporal, perfeita para um dia de relaxamento, feito de um tecido macio e leve, o maiô abraçava suavemente as curvas dela, realçando sua silhueta de maneira sutil e elegante.

O decote em V do maiô destacava delicadamente o colo de Lizie, enquanto as alças finas e ajustáveis ofereciam conforto e suporte adequados. Na parte de trás, o maiô apresentava um detalhe delicado de tiras cruzadas, adicionando um toque de charme e feminilidade ao design. O tecido branco imaculado do maiô era adornado por uma sutil textura em relevo, criando um efeito visual interessante e sofisticado. A cor branca pura ressaltava a pele preta de Lizie, evocando uma sensação de frescor e luminosidade.

Ela se aproximou com o protetor solar em mãos, uma vez que as crianças só passaram no rosto. Lizie endireitou o chapéu chic de praia que complementava perfeitamente seu maiô branco, adicionando um toque de glamour e proteção contra os raios do sol. Feito de palha natural de alta qualidade, o chapéu era leve e arejado, perfeito para manter a cabeça fresca em um dia quente de verão.

A aba larga e elegante proporcionava uma sombra generosa, protegendo o rosto de Lizie dos raios solares. O tom natural da palha conferia ao chapéu uma estética sofisticada e orgânica, combinando perfeitamente com o ambiente descontraído.

Para adicionar um toque de estilo extra, uma fita de tecido em tom neutro envolvia a base do chapéu, amarrada em um laço na parte de trás. A fita adicionava uma dose de poder ao acessório de maneira harmoniosa e além do chapéu, Lizie também usava um par de óculos escuros chiques para proteger seus olhos do brilho forte do sol. Os óculos escuros apresentavam uma armação delicada e sofisticada em tom neutro, adornada com detalhes dourados sutis nas hastes. As lentes escuras ofereciam proteção UV completa e agora a mulher encarava as crianças que olhavam para ela em expectativa.

-- Meninas posso passar protetor solar no rostinho de vocês? -- Perguntou as observando sorrir.

-- SIM! -- Responderam juntas e Lizie, após se sentar na borda, pegou o creme expeço e distribuiu igualmente entre os dedos antes de aplicar nas bochechas, testa e nariz de ambas que sorria e coravam pelo toque tão amável, depois ela simplesmente adentrou tirando o chapéu e deixando na beirada.

-- Tia Liz, eu posso passar em você? -- Nanako pediu.

-- Eu também quero! -- Mimiko afirmou e ela riu tirando o óculos:

-- Cada uma passa de um lado, tudo bem?

As crianças se se entreolharam felizes antes de se aproximar e a distância a senhora Li fotografava tudo na encolha para mandar para o chefe.

"A senhora Geto não mudou nada..." -- A governanta pensou relembrando do tempo em que a cacheada ainda era casada com o moreno e pelo resto da tarde ambas curtiram o jardim, depois da piscina as crianças brincaram pelo amplo espaço, ajudaram Lizie na cozinha que insistiu em fazer um bolo respeitando as restrições alimentares de cada uma e obviamente que Li fotografou tudo, registrou cada momento único entre elas, alegando mentalmente que mesmo que Lizie não entrasse para a família, as meninas teriam belas lembranças.

Por volta das dezessete horas o moreno estacionou o carro na frente da mansão, estava tão cansado devido aos pensamentos a respeito do próprio coração que não conseguia separar mais as coisas, Suguru, no trajeto para a mansão da vermelha, decidiu que levaria as filhas embora e retornariam para o apartamento, não queria mais lidar com essas questões tão confusas e se sentia incomodado com a possibilidade de inconscientemente estar usando as filhas como uma desculpa. Geto adentrou a mansão calmamente e seguiu em direção a bela escada, quando ouviu o barulho alto da tv, e óbvio que se deixou levar pela curiosidade, atravessando o salão, passando pela sala de estar até chegar a sala de cinema, apenas para encontrar tudo escuro e um desejo de princesa rolando na enorme tela enquanto havia almofadas espalhadas pelo local. Já descalço, ele seguiu pelo local até observar a cena que o fez morder o lábio em apreensão devido ao apego visível:

Lá estavam suas filhas deitadas dormindo com Lizie ao lado.

"Droga, eu deveria ter ido embora antes." Suguru pensou se afastando, mas parecia que a presença fez com que a mulher despertasse, abrindo os olhos rapidamente mesmo que o encarasse um pouco sonolenta.

-- Não queria te acordar. -- Suguru sussurrou e Lizie se afastou lentamente.

-- Sem problemas, o seu médico ficou de vir após o expediente e eu marquei um jantar com alguns conhecidos também espero que não se importe em ter companhia hoje. -- Sem compreender o motivo, Suguru se sentiu estranhamente envergonhado.

-- Somos uns intrusos na sua casa, Liz. -- Ele reconheceu e ela saiu da sala, abaixando um pouco o volume da tv e fechando a porta.

-- Não são. Suas filhas são uns amores. -- Lizie sorriu sem jeito arrumando o vestido chic e se apoiando no aparador e calçando os saltos. Suguru somente observou enquanto o clima ficava cada vez mais estranho. O barulho de saltos ecoando no chão destoou e os chamou atenção.

-- Senhora, o doutor chegou. -- Suzuki afirmou e ambos seguiram até a sala apenas para encarar o mais velho que mantinha um sorriso terno nos lábios.

-- Perdão pela demora, mas tenho outro compromisso. -- Ele os encarou. -- Após os exames de sangue, acompanhamento diário, fico feliz em informar que elas estão bem. Poderão voltar as atividades dentro de dois dias quando os novos antialérgicos ficam prontos. -- Dr.Ito informou e um suspiro coletivo de alívio encheu a sala enquanto Lizie e Suguru trocavam olhares gratos. As preocupações e o medo que haviam pesado em seus corações agora se dissipavam, substituídos por uma sensação de alívio e gratidão pela saúde das meninas.

-- Muito obrigada por dispor de seu tempo doutor. -- Lizie comentou enquanto ele cumprimentava a Suguru.

-- Sem problemas, eu cuido delas desde que se tornaram parte da família Geto. -- Ele sorriu enquanto Suguru o acompanhava até a porta e nesse breve momento em que ficou sozinha a respiração de Lizie foi a mil, sentindo o coração bater tão forte que pareia deixar o corpo a cada momento, quando, na verdade, era apenas a sensação de alívio tremendo percorrendo o corpo, pelo simples fato da culpa deixar seus ombros, não que cuidasse das meninas por esse motivo, mas sentia-se realmente grata pela saúde delas estar completamente recuperada, no fundo, não suportaria ver outra criança partir em sua presença... A mulher balançou a cabeça lentamente e aproveitou a pequena demora de Suguru para seguir até o escritório, precisava retirar alguns pensamentos da mente e faria da melhor forma possível, ou seja, organizando os documentos que assinou junto ao Kento.

Ao adentrar o local, Lizie não imaginou que derramaria algumas lágrimas de felicidade por sentir um alívio tão imenso, foram somente algumas semanas, e foi mais que o suficiente para abalar seu emocional simplesmente por se tratar de crianças. A mulher respirou fundo e limpou os olhos, antes que inchassem pelas poucas lágrimas, respirou fundo e assim que pegou a maquiagem para retocar e fingir que nada aconteceu a porta do escritório foi aberta por Suguru, o moreno somente olhou para ela um pouco atônito, na verdade, foi tão rigoroso nesse tempo que não conseguiu pesar o lado dela.

-- Me desculpa Liz. Eu não te culpo por nada, poderia ter acontecido até mesmo na minha casa.

-- Eu não deveria ter aceitado. Você estava com a razão, mas só de saber que elas estão bem eu me sinto aliviada por não desgraçar suas vidas... Eu entendo se você não quiser que eu tenha mais proximidade com elas, está no seu direito de pai. -- Afirmou se recostando na mesa.

-- Liz... -- Suguru alisou a face da mulher, antes de se aproximar e abraçar. -- O que passa na sua cabeça?

Ele queria fazer isso há tanto tempo que, se sentiu bem e esperava poder passar tal sensação e sentimento para ela. A cacheada sorriu antes de se afastar, não diria a respeito dos últimos momentos ao lado do segundo marido ou o fato de que também perdeu algo além dele, mas as lembranças vívidas faziam o coração bater mais forte:

Isso foi há muito tempo, mas aparentava ter sido ontem, onde Lizie estava sozinha em seu quarto, cercada pela escuridão da noite. Seu coração pesava como uma pedra em seu peito, carregando o peso da perda que ela havia suportado. As lágrimas inundavam seus olhos, escorrendo silenciosamente por suas bochechas enquanto ela lutava para conter soluços de dor e tristeza.

Ela segurava uma pequena caixa de madeira em suas mãos trêmulas, contendo os poucos pertences que restavam de seu marido. Uma foto emoldurada, uma carta de amor amarelada pelo tempo e alguns objetos pessoais que ele havia deixado para trás. Cada item era um lembrete doloroso do tempo que haviam compartilhado e da vida que haviam planejado juntos, uma vida que agora estava interrompida de forma tão cruel e injusta.

Lizie afundou-se na cama, abraçando a caixa de lembranças contra seu peito enquanto as lágrimas continuavam a fluir livremente sentia-se culpada por não amá-lo com a mesma intensidade em que foi recebida, sentia-se mal por estar sozinha, por não se conformar com um fim tão prematuro. Ela fechou os olhos, permitindo que as memórias do passado inundassem sua mente. Lembranças felizes de dias ensolarados e noites de risadas compartilhadas misturavam-se com lembranças dolorosas de hospitais e tratamentos médicos, cada momento uma parte indelével da jornada que ela e Seiji haviam percorrido juntos. E então veio a lembrança mais dolorosa de todas - a perda de seu bebê. A lembrança vívida da dor excruciante que ela havia suportado quando soube que nunca veria o seu rosto, nunca sentiria seus pequenos dedos agarrando os seus. A dor da perda dupla a atingia como uma avalanche, ameaçando engoli-la inteira.

Ela soluçou alto, um grito angustiado rasgando sua garganta enquanto as lágrimas caíam em cascata. Se sentia como se estivesse afundando em um abismo de desespero, incapaz de encontrar uma saída para a dor avassaladora que a consumia por dentro.

Mas mesmo no meio da escuridão, uma pequena luz de esperança brilhava. Uma voz suave sussurrou em sua mente, lembrando-a de que ela não estava sozinha, de que havia amor e apoio ao seu redor, mesmo nos momentos mais sombrios. E assim, com um último soluço, Lizie permitiu-se render-se ao cansaço e à tristeza, sabendo que o amanhecer traria consigo a promessa de um novo dia e a possibilidade de cura e renovação.

Lizie piscou encarando a janela e depois sorriu na direção de Geto:

-- Está tudo bem, as crianças devem estar com saudade da escola.

Geto balançou a cabeça, notando como ela estava arredia.

-- Sei que não vai me contar, mas espero que entenda que estou aqui caso precise. -- Era possível sentir a respiração dele contra o pescoço, assim como os toques pelos ombros. A cacheada sabia bem o que tal proximidade causava, sentia o coração ansioso e como sempre, tentava controlar cada sensação a respeito dele.

-- Eu agradeço Suguru. -- Se virou de frente para ele, encarando aqueles orbes negros capazes de a prender por inteira e reter todos os seus anseios em uma distância considerável ao ponto de achar que não existem mais, um olhar intenso que trazia conforto, afago, lembranças e desejos.

Deus como ele a queria, como gostaria de gritar que ainda a amava, que se arrende de ter aceitado o divórcio, o quanto ela era necessária em sua vida, afinal desde que voltou não conseguia tirá-la da cabeça. Lizie se sentia da mesma forma, a boca chegava a estar seca devido à sensação presente e talvez fosse por essa confusão de sentimentos que nenhum dos dois se ligou na falta de espaço, nas mãos de Suguru que subiam lentamente até estarem envolta da cintura ou os braços de Lizie sobre os ombros e por fim, o contato que verbalizou todos os sentimentos existentes os eclodindo.

Um beijo, intenso e extremamente necessitado, assim como tudo o que negavam.

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Okotsu sendo citado, uma provável
shortfic com ele ele está sendo escrita...

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