Cap. 003


- Você não está falando sério. - Gavi indagou assim que terminei de falar e começou a rir. Olhei para ele sem expressar diversão e ele parou de rir. - Você está falando sério, Pedri?

- Nunca falei tão sério em toda minha vida. - Voltei minha atenção para o caminho à minha frente e meu amigo começou com seu pequeno sermão.

- Não dá pra ter ódio de alguém que você viu duas vezes na vida, Pedri. - Disse indignado assim que falei sobre ela.

- Eu não tenho culpa se aquela... aquela, porra! Ela é mal educada. - Disse enquanto apertava o volante.

- Ela não é mal educada, apenas mexeu com seu ego. - Concluiu. - Você está sendo egoísta demais e nem está percebendo o óbvio. - Olhei rapidamente para ele sem entender.

- O que é óbvio?

- Que você está interessado nela. - Engasguei com minha própria saliva e ri sarcástico em seguida. - Não vai rir quando ver que eu estou certo.

- Isso nunca vai acontecer Gavira. Nunca.

Esse moleque só pode ser louco. Eu não tenho nenhum tipo de interesse naquela mulher. Nenhum.

- Nunca, é uma palavra forte demais González. Não deveria ficar usando ela atoa por aí.

Gavi pode ser extremamente irritante quando quer. É até absurdo ele pensar que eu estou interessado pela Clara, nós nos vimos duas vezes em toda a vida!

- Aliás, você não vai destratar ela por conta dessa briguinha besta de vocês dois, não é? - Indagou em um tom mais sério.

- Você me conhece. - Ele assentiu. - Mesmo que eu não goste dela, nunca iria destratar ninguém.

- Eu sei, mas só queria ter certeza. A Clara é legal demais pra você dizer que não gosta dela. - Fiz uma careta. - Só não fala outra merda daquelas pra ela. Sério mesmo Pedri, dizer que ela te quer depois que ela falou que te odeia? Você só pode ser louco.

- Eu não iria perder a chance de deixar ela com vergonha. - Ele riu sarcástico. - É sério, sei separar meu lado profissional do pessoal.

- Primeiro que ela já estava morta de vergonha por ter caído na nossa frente. E segundo, você está desatento aos treinos há uma semana, Pedri. E olha que só tinha visto ela uma única vez. Imagina agora que ela vai estar presente nos treinos todos os dias. - Fez um gesto com as mãos. - Acho melhor começar a pensar com a cabeça certa dessa vez. - Joguei minha jaqueta no garoto ao meu lado e ele ri.

É absurdo pensar sobre isso. Clara e eu nunca daríamos certo juntos. O que aquela mulher tem de teimosia ultrapassa qualquer outra coisa.

Eu não seria louco o suficiente para me envolver com ela.

Não que ela seja feia ou algo assim, até porque eu não sou cego de não enxergar a beleza dela.

Mas é ridículo eu estar conversando sobre isso com o meu melhor amigo, justo o Gavi que, na grande maioria das vezes, é quem me faz de seu ouvinte.

Meu rendimento nessa última semana não tem nada haver com ela, eu não iria permitir que uma mulher que vi uma única vez na vida - agora duas - interferisse tanto dessa maneira. Tudo isso não passa apenas de uma pequena falta de atenção de minha parte.

- Araújo não desistiu mesmo de sair hoje. - Gavi falou enquanto olhava o celular. - Ele perguntou se nós vamos. O que eu digo?

- Se descobrirem, a gente vai tá muito fodido. - Ele assentiu e continuou me encarando. - Confirma nossa presença.

- Você me leva para o mal caminho, Pedri. - Dei de ombros e ele confirmou nossa presença. Seria um baita risco caso descobrissem nossa localização, mesmo que alguns de nós tenhamos ganhado uma pequena folga graças aos últimos jogos, qualquer coisa que a mídia conseguir sobre nossas vidas já é um grande motivo para um alvoroço absurdo.

Porém, essa parte de entrarmos e saírmos sem sermos vistos não é nada que Araújo não consiga reverter, aquele uruguaio consegue o impossível. Mas também precisamos ter consciência do que fazer, nada de beber demais e passar dos limites.

Seria arriscado demais ficarmos todos fora da linha e causar algum escândalo. Laporta e Xavi nos enterravam vivos.

- Passo pra te buscar às 21h. Não se atrasa igual da última vez. - Gavi levantou o dedo médio e saiu do meu carro.

- Não perca a hora batendo uma pra ela durante o banho. - Ergui uma das sobrancelhas.

- Ela quem? - Questionei o mais novo que me olhou sarcástico.

- Você sabe muito bem de quem eu estou falando González. - Soltei um palavrão e mostrei o dedo do meio para o meu amigo assim que percebi de quem ele falava.

- Vai a merda Gavira! - Ele fez um coração com as mãos. - Esteja pronto quando eu chegar ou irei sozinho!

O som alto e as luzes de led tomavam total conta desse lugar. Pessoas dançando completamente loucas e praticamente se comendo na pista principal era o mais comum para uma festa como essa.

A vantagem de frequentar esse lugar, é que ninguém pode ficar com o celular. Então, não podem ter registros além das câmeras que, de fato, estivemos aqui. Claro que com exceção de nós.

Além da área VIP, somos os únicos a ficarmos com nossos celulares. A segurança e o total sigilo que eles têm com esse lugar é absurda.

Uma parte bem relativa do time estava presente aqui. Como eu já disse, Araújo consegue o impossível.

Na maior parte do tempo, o uruguaio fica repetindo a cada segundo para ninguém beber exageradamente ou então vamos nos foder juntos.

Nesse tipo de aspecto, ele pode ser dois tipos de pessoa, ou o que vai tomar conta de todos no rolê ou o que vai dar mais trabalho.

Aparentemente hoje ele decidiu ser o Araújo responsável que toma conta de todos.

Mas nada que o impedisse de curtir a festa.

- É impressão minha ou isso aqui está mais animado que de costume? - Ferran questionou enquanto bebericava sua bebida.

- Aparentemente, talvez seja pelo horário. - Foi a vez de De Jong falar.

- Já me arrependi de ter saído de casa, o Xavi pegou pesado no treino de hoje. - Ansu reclamou enquanto esticava o corpo sob o sofá da área em que estávamos.

Gavi e eu não costumamos beber exageradamente nessas festas em que frequentamos em alguns momentos. Às vezes tudo o que bebemos não passa de uma água com gás ou um refrigerante.

Até agora não bebemos nada. Já a grande maioria dos outros jogadores estão com copos de bebidas em mão. Espero que eles não dêem trabalho igual da última vez.

- Vocês não saíram de casa para ficar sentados, não é? Pelo amor de Deus, vamos naquela pista! - Me admirava ver Ansu tão animado. Ou ele bebeu sem que eu tenha percebido ou quer fazer valer a pena o fato de ter saído de casa.

Na grande maioria do tempo ele sempre reclama por não ter ficado em sua casa dormindo. Provavelmente deve ter se interessado por alguém. Ele não iria para a pista de dança a troco de nada.

Uma boa parte das pessoas presentes saíram e foram na direção daquele monte de pessoas movendo seus corpos juntos. Ficando apenas, Ferran, Lewandowski, Gavi, Raphinha e eu sentados no mesmo lugar desde que chegamos.

- O que acharam da nova fisioterapeuta? - Lewan questionou enquanto dava um gole em seu copo de whisky.

- Ela é maravilhosa, a massagem que ela faz é digna de um prêmio. - Todos olharam para o Gavi que deu de ombros.

- Esse projeto de adulto fez as honras e recebeu o primeiro atendimento da Clara. - Gavi mostrou o dedo médio a Ferran assim que ele falou.

- Ela parece ser gente boa, além de falar português. - Raphinha disse e o encaramos. - O que? Na hora que você derrubou ela, ela estava falando em português. Ou é brasileira ou portuguesa, o sotaque dela entrega tudo.

- Desde quando você presta atenção nesse tipo de coisa? - Robert questionou o brasileiro que deu de ombros.

- Não tinha como não reparar, ela estava a ponto de pular no pescoço do Pedri.

- E você? Até agora não disse nada sobre ela. - Ferran indagou e eu respirei fundo. Como eu vou falar dela sem dizer que nós praticamente declaramos guerra um com o outro?

- Não vi nada demais, só espero que ela trabalhe bem. Apenas. - Concluí e todos me olharam sem expressar muita coisa.

- Caralho Pedri, você tá afim dela tão rápido desse jeito? - Raphinha disse e Gavi começou a rir.

- Essa nem é a melhor parte, lembram da menina do jogo que ele deu uma bolada no rosto da coitada? - Eles assentiram e olharam curiosos para o garoto. Pablo e sua boca grande. - A Clara e a garota do jogo são a mesma pessoa!

- Nem fudendo! - Ferran riu alto e os demais acompanharam. - Se isso não for o destino, eu não sei mais o que pode ser.

- Calem a boca! Só foi uma grande coincidência acontecer algo assim. - Eles continuaram rindo e Robert começou a falar em seguida.

- Ela parece ser uma boa garota. Ao menos foi isso que eu pude perceber, ela tem sua idade cara, 21 anos e já é formada! No mínimo ela é foda pra caralho para conseguir algo assim com a idade que tem.

- Eu sei, mas isso não muda o fato de que ela seja chata. - Ferran, que até então não tinha falado muita coisa, se pronunciou.

- As melhores histórias sempre começam assim. Em pouco tempo você vai estar correndo atrás dela igual um cachorrinho. - E então eles explodiram em risadas outra vez. Eu mereço esses caras!

- Eu vou buscar uma bebida. E vocês, vão se foder! Os quatro! - Continuaram rindo enquanto eu me retirei, na verdade eu nem pretendia beber essa noite, porém precisava sair daquela situação de alguma forma.

Andei no meio daquelas pessoas até chegar no bar. Pedi um shot e me sentei em um dos bancos para esperar.

Passei brevemente o olhar pelas pessoas que dançavam. Nada demais ou que chamasse minha atenção. Com exceção de uma mulher. Seus cabelos longos com pequenas ondas nas pontas se moviam de acordo com o seu corpo e ela vestia um vestido azul colado.

Seu quadril se movia sensualmente de acordo com a batida da música. Ela rebolava e passeava com as mãos pela lateral de seu corpo enquanto descia até o chão e chamava a atenção de metade dos homens desse lugar.

Todos querendo saber o mesmo, quem é aquela deliciosa mulher do vestido azul colado.

Ela sabe exatamente como deixar um homem louco de desejo sem ao menos tocá-lo. Minha única infelicidade é não saber quem ela é.

Daria um dos meus carros pelo nome dela.

Só percebi que estava a encarando por tempo demais, quando o homem que preparou minha bebida me cutucou avisando que estava pronta.

Bebi o líquido quase todo em um gole e senti minha garganta arder, meus olhos a procuraram outra vez, mas, para a minha infelicidade ela não estava mais em meu campo de visão. Porra, ela é fantástica!

Fechei os olhos e terminei minha bebida soltando um suspiro forte no fim. Onde ela se meteu?

Procurei por um tempo com o olhar e não obtive sucesso. Talvez ela já tenha ido embora.

Levantei do banco em que estava e peguei o segundo copo de bebida que havia pedido, irei ficar no camarote e tentar encontrar ela de lá.

Enquanto andava distraído à procura daquela mulher alguém esbarrou em mim e acabou derrubando alguma bebida sobre meu corpo.

- Ai meu Deus, burra, burra, burra! - Ela falou para si mesma e se afastou. - Me desculpa moço, eu não estava prestando atenção.

Meus olhos viajaram até a dona daquela voz e eu mal pude acreditar no que estava vendo. A garota do vestido azul. Ela está bem na minha frente.

O único problema é que Clara é a dona do vestido azul.

- Olha, eu posso pagar sua roupa se você quiser. É só me dizer o valor e eu... - Seus olhos ficaram levemente maiores assim que ela me olhou. Sua boca levemente aberta sem saber o que dizer.

- Aceito um cheque com o valor da blusa. Se quiser posso passar o número do meu assessor, corazón. - Ela estava totalmente paralisada. Seus olhos castanhos não desviaram dos meus por um instante sequer.

Obviamente que eu não estava falando sério, estou pouco me fodendo para uma camisa. Mas a cara dela é imperdível.

- Esquece, eu não vou pagar nada. - A morena se virou fazendo menção de se retirar e eu segurei em seu braço a puxando de volta.

- Não seja boba, estou pouco me fodendo por uma camisa. Só me responde uma coisa... - Ela me encarou e esperou que eu falasse. - por acaso você está me seguindo ou algo do tipo?

Seus lábios se movimentaram e ela começou a rir. Totalmente sarcástica.

- Eu tenho mais o que fazer do que ficar no seu pé, González. - Puxou o braço de minha mão e apontou o dedo para o meu peito. - Não sou do tipo de mulher que corre atrás de homem nenhum. - Sua mão segurou a gola de minha camisa e puxou a mesma me fazendo inclinar, fazendo assim que ela alcançasse minha orelha. - Não sou do tipo fácil que você está acostumado, a maior diferença de mim para elas, é que, eu não quero absolutamente nada de você. - Sua voz saiu em um sussurro em meu ouvido e seus lábios rasparam suavemente contra minha pele.

Antes de se afastar, ela ainda mordeu o lóbulo da minha orelha. Filha da puta!

Não é possível que essa mulher tenha feito isso! Caralho, isso já é uma grande palhaçada.

Subi para o VIP levemente irritado e assim que cheguei os homens me encararam confusos.

- Tomou um banho antes de voltar aqui? - Ansu questionou.

- Uma garota desastrada acabou de esbarrar em mim e me molhou. Só isso. - Peguei alguns guardanapos que estavam sobre a mesa e passei pela camisa. Não iria resolver, mas espero que ajude um pouco.

- Ai, acabei de encontrar a Clara lá embaixo. Ela tava puta da vida com o vestido todo molhado. - De Jong chegou falando e eu quis lhe dar um soco.

- Não é possível que até aqui vocês continuam se encontrando desse jeito! Inacreditável! - Raphinha disse e os outros me olharam.

- Puta merda, você esbarrou com a Clara? Sério, porque não pede de uma vez para ficar com ela? É bem mais fácil do que ficar esbarrando na menina em todo lugar. - Ansu e seus comentários desnecessários.

- Por que não cuidam de suas vidas, em? - Revirei os olhos e me sentei perto do Gavi que apenas ria da situação. Quase inacreditável.

- Ela surtou quando te viu? - Questionou baixo e eu assenti. - Foram feitos um para o outro.

Dei um pequeno tapa em sua nuca e ele resmungou.

- Ela é uma surtada, isso sim. - Pablo deu de ombros e deu um gole em sua bebida, provavelmente um coquetel de frutas.

Espero muito que daqui para o final dessa festa eu não encontre ela outra vez. Pelo bem da minha sanidade mental em dois aspectos. Quanto mais longe dela melhor.

Já se passavam das duas da madrugada. Alguns dos jogadores começaram a ir embora e outros estão quase bêbados, o que resulta em Araújo e Lewandowski putos por terem que cuidar deles.

De Jong estava praticamente dormindo encostado no Robert que resmungava alguns palavrões e conversava com os poucos sóbrios.

Gavi já tinha comido e bebido mais do que eu pude contar e julgou o máximo de pessoas possíveis.

- Aquela dali é a Clara? - Olhei imediatamente para onde ele apontou e respirei fundo em seguida.

Ela estava no meio da pista de dança fazendo passos absurdos. Nunca tinha visto nada igual. Seu quadril se movimentava fazendo uma espécie de "quadrado" e em seguida ela rebolava até chegar no chão sem cair em momento nenhum.

- Caralho, ela dança muito bem. - Ouvi alguém comentar e continuei observando seus movimentos. Ela estava dando um espetáculo ali.

Seus braços levantaram no exato momento em que um homem segurou sua cintura e a puxou por trás colando seus corpos.

Mordi meu lábio inferior com certa força e desviei o olhar. Não é nada demais, porém não estou a fim de presenciar uma cena dessas a essa hora. É demais para qualquer pessoa.

Segurei o copo de bebida em uma das mãos e respirei fundo. Ela não é tão louca a esse ponto.

Senti o Gavi me cutucar e olhei para o meu amigo.

- Pedri, ela não tá confortável. - Gavi falou perto do meu ouvido e eu ignorei. Ela que se vire.

- Ela quis dançar com ele. - Falei e Pablo puxou meu ombro me fazendo olhar novamente para a mulher.

- Ele está tentando forçar ela. - O homem a segurava pela cintura enquanto a mesma tentava se afastar. - Ele tentou beijar ela duas vezes e ela empurrou ele. Alguém tem que fazer alguma coisa.

- Melhor chamar os seguranças. - Ferran sugeriu enquanto se levantava.

- Deixa que eu vou atrás de alguém, se formos interferir, pode chamar muito mais atenção que o necessário. - Araújo se levantou e desceu rapidamente.

Enquanto eles observavam a situação eu senti meu sangue ferver, ela estava claramente dizendo não e ele não está ligando para isso.

Levantei do meu lugar e deixei a raiva tomar conta de mim enquanto andava. Os jogadores me perguntaram para onde eu estava indo, porém ignorei tudo o que eles falaram.

Entrei no meio da multidão e empurrei uma grande quantidade de pessoas até chegar onde ela estava.

Observei a cena em que ele apertava sua cintura e ela o empurrava tentando sair daquela situação. Esse cara é um baita filho da puta.

Me aproximei um pouco dela e a garota empurrou ele conseguindo sair brevemente de seu abuso.

Toquei em seu ombro a fazendo se assustar, mas assim que me viu, sua expressão facial aliviou.

- O que está acontecendo aqui? - Coloquei meu braço ao redor de sua cintura e a deixei o mais próxima possível de mim.

- Não se mete cara, isso aqui é entre eu e ela. - Ele tentou se aproximar outra vez. Coloquei Clara atrás de mim e fiquei de frente com esse cara. - Então era isso, porque não disse que ele era jogador? Se é de dinheiro que você gosta eu tenho de sobra. - Não entendi muito bem aquela fala, mas acho que ela deve ter falado que estava acompanhada.

- Ela não precisa do seu dinheiro. É melhor você sair daqui e deixar ela em paz.- Ele riu e aproximou seu corpo do meu em forma de provocação.

- Escuta aqui, se eu quiser ela, eu vou ter ela. Não é porque você está acompanhando ela ou não, que quer dizer algo. - Sorri com sua provocação e ele ficou confuso.

- Se você encostar nela outra vez, eu prometo fazer de tudo para sua vida se tornar um inferno. - Eu não costumo trabalhar com ameaças, mas esse cara não vai deixá-la em paz se eu não fizer algo do tipo. - Pode acreditar que dinheiro não é um problema. Se ela me pedir, eu acabo com você em seja lá o que você faça.

- Você não passa de um jogadorzinho de merda. Tudo que tem é mídia, uma puta a menos não vai mudar sua vida. - Coloquei todo o ódio que senti nos últimos minutos em meu punho e acertei um soco no meio do rosto daquele idiota que caiu no mesmo instante.

Ele não tem direito algum de diminuir meu futebol e muito menos de difamar a Clara. Eu aceitaria sua crítica sobre mim, mas não vou deixá-lo desrespeitá-la ainda mais.

As pessoas se afastaram de nós e um certo tumulto se formou no lugar.

Antes que eu pudesse continuar socando a cara desse infeliz, ela ficou na minha frente e colocou a mão no meu peito me fazendo parar.

- Pedri, não. Já tem gente demais olhando. Isso pode te prejudicar. - Sua voz estava embriagada e seu corpo cambaleava. Ela está bêbada, muito bêbada.

Fechei meus olhos tentando me acalmar e respirei fundo. Não posso prejudicar a imagem de ninguém, além de que ela vai precisar de ajuda.

Araújo apareceu com dois seguranças e um terceiro homem. Explicamos toda a situação e o uruguaio fez um acordo com o dono do lugar para que tudo fosse abafado e coberto perante a mídia.

Tudo em acordo com uma conversa. Aquele idiota foi retirado daqui e esse pequeno imprevisto foi resolvido.

- Merda Pedri, eu disse para não chamar atenção e você mete um soco no cara! - Ronald indagou e eu lhe respondi em seguida.

- Ele estava forçando ela, até que chegasse aqui poderia ter acontecido algo pior. - justifiquei.

- Okay, você tem um bom ponto. O importante é que não vai acontecer nada. Vou subir para lá novamente, tenho que falar com o Lewan para levarmos os outros para casa. - Assenti e o uruguaio se retirou. Passei minhas mãos pelo meu cabelo e algumas pessoas começaram a querer tumultuar ao meu redor. De certo devem ter me reconhecido.

Virei com a intenção de sair do lugar e vi a Clara parada logo atrás de mim. Ela está totalmente perdida e sem saber o que fazer.

Respirei fundo e a encarei. Aparentemente ela está sozinha já que até agora ninguém se aproximou dela para ajudar ou algo do tipo.

- Acho melhor você ir pra casa. Está com seu celular? - Ela assentiu e apontou meio torto para o bar. Segurei em sua mão e andei com ela até o lugar. Peguei sua bolsa de cima do balcão e procurei seu celular. - Consegue ligar para alguém?

A mulher pegou o celular de minha mão e desbloqueou o mesmo, ela tentou ligar para alguém mas aparentemente ninguém atendeu.

Ótimo, como ela vai ficar sozinha aqui do jeito que está?

- Vem. - Peguei sua mão outra vez e coloquei sua bolsa em meu ombro. Puxei a morena pelas pessoas e subi com ela até o VIP.

Assim que cheguei no lugar, os jogadores me olharam com certa curiosidade, mas logo perceberam que ela não estava sóbria.

- Oi Clara. - Gavi falou e ela deu um aceno meio sem jeito para o garoto. - Porra, ela tá muito bêbada.

- Pois é, e pra piorar ela está sozinha. - Lewandowski se aproximou de nós e segurou nos ombros da garota a guiando até o sofá onde ela se sentou e deitou a cabeça no ombro de De Jong que estava um pouco menos bêbado que ela.

- Alguém vai ter que levar ela pra casa. Se deixarmos ela aqui vai ser pior. - Robert falou e entregou um copo de água a ela. Clara bebeu todo o líquido e colocou as mãos em seu rosto. Se ela ficar aqui vai dormir em questão de segundos.

- Lewan, você pode me deixar em casa? - Olhei confuso para ele, que continuou após o polaco concordar. - Você vai levar ela pra casa.

Encarei o Pablo e neguei. Eu não vou levar ela para casa. Nem sei onde ela mora.

- Nem pensar. Outra pessoa leva ela. - Robert segurou meu ombro e me fez encara-lo.

- Eu não acho que você vai querer cuidar do De Jong ou de qualquer outro aqui. Você sabe que eles são extremamente irritantes quando estão bêbados. - Não é possível que com apenas essa fala, esse velho me convenceu a cuidar dela.

- Eu odeio você, Robert. - Ele riu e deu um tapinha no meu ombro.

- Boa sorte com a garota, Pedrinho. - Revirei os olhos e olhei para ela que cochilava no sofá. Acho melhor levá-la logo.

- Vou levar ela então. - Gavira concordou e se ofereceu para me ajudar a descer com ela até onde o meu carro está.

Até então, a minha nova companhia até em casa não falou nada. Sua cara de confusão explicava muita coisa.

Gavi me ajudou a colocá-la no banco do passageiro e em seguida entrou no carro do Lewandowski que iria levar o De Jong.

Não é possível que até tentando evitá-la eu acabe com ela bêbada dentro do meu carro. Inacreditável.

Entrei no carro e dei partida no mesmo, quanto mais rápido deixá-la em casa mais rápido posso chegar na minha casa.

- Ei, Clara? - Ela me encarou e esperou que eu continuasse. - Pode me dizer onde fica sua casa?

A confusão que seu rosto expressava me deixou tenso, ela mal deve se lembrar do próprio nome.

- Por que eu estou nesse carro? - Questionou enquanto me olhava. - Para onde você vai me levar?

- Se você me falar, irei te levar para casa. Onde você mora? - A morena deu de ombros e disse algo incompreensível.

- Vai me levar pro Brasil? - Ela definitivamente é brasileira.

- Não. Mas gostaria de levá-la para a sua casa aqui em Barcelona. Consegue lembrar do seu endereço? - Não entendi muito bem, mas ela começou a rir. Com certeza eu prefiro a versão dela dizendo que me odeia.

- Eu nem sei quem é você, como vou lembrar meu endereço? - Ela deitou a cabeça no banco e curvou seu corpo sobre o local. Automaticamente meus olhos foram de encontro às suas coxas desnudas.

O que eu faço agora? Não conheço ninguém que saiba onde ela mora e não posso simplesmente deixar ela desse jeito em qualquer lugar.

Respirei fundo enquanto pensava e ela pegou seu celular mexendo em algo. Eu tenho certeza que irei me arrepender dessa ideia, mas é o único meio viável nesse momento.

Vou levá-la para a minha casa.

Desculpem qualquer erro ortográfico. Espero que gostem do capítulo e não esqueçam de clicar na estrelinha para ajudar!

Até a próxima sexta 💙

Beijos de luz,Kalisa.

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