Você tem pintinhas


Hyunjin passou boa parte da madrugada conversando com pintinhas e acabou indo dormir bem tarde. Ele já não era muito bom de acordar normalmente, quando não dormia bem então, conseguia ser ainda pior, por isso não ouviu quando seu celular tocou. 

Na noite anterior, ele havia mandado o endereço e um horário para Yongbok, e adivinhem só, ele era pontual.

O Lee estava inseguro sem saber muito bem se deveria ir ou não, mas jisung o convenceu de ir e ele e Minho, até o acompanharam até a casa dos Hwangs. E agora, parado em frente ao portão, ele ponderava se deveria ou não tocar a campainha. 

— Vai logo bokkii! - o Han incentivou.

— Ah… e se ele não estiver em casa? Ele não me respondeu e não atendeu a ligação, talvez ele só tenha falado por falar… 

— Tá, deixa que eu toco a campainha. - Minho disse sem paciência e apertou o botão duas vezes. 

— Ah não min! E-eu não quero mais, vamos pra casa por favor? - pediu desesperado, mas nem teve tempo de convencer o irmão. Uma mulher bonita de cabelos longos e escuros atendeu a porta com um sorriso simpático.

— Bom dia! Como posso ajudar vocês?

— Bom dia, senhora! Eu sou Lee Minho, esse é meu irmão Yongbok, ele veio brincar com o Hyunjin. 

— Para min, eu não sou criança.. - o mais novo resmungou cutucando o irmão. 

— Ah, muito prazer, Hwang Hyejin. Sou a mãe dele. Entrem meninos, fiquem à vontade, eu vou chamar o Jinnie. 

— Ah, só o meu irmão vai ficar, eu e meu namorado já temos planos, mas muito obrigado. - Minho se curvou enquanto agradecia. — Vai lá maninho, a gente passa pra te buscar mais tarde, qualquer coisa liga. 

Sem dar tempo para Yongbok reagir, eles simplesmente foram embora e o Lee se viu obrigado a seguir a mulher para dentro da casa. 

— Você e o Jinnie são amigos faz tempo? Ele me disse que estava na sua casa ontem. 

— Não, eu... sou novo aqui 

— Ah! Entendi. Olha Yongbok, eu não sei nem se ele tá acordado, já chamei esse menino umas quatro vezes pra tomar café e ele não desceu - ela comentou com um sorrisinho enquanto subiam as escadas. — Acho que você pode fazer ele levantar. Você já comeu? Quer tomar café da manhã? Ainda não comecei a fazer o almoço.

— Não, muito obrigado. Se ele tiver dormindo, não tem problema, eu posso ir embora e voltar outro dia. 

— Não diga besteiras, ele vai ficar feliz em te ver. - A mãe bateu na porta do quarto, que já estava aberta, assim como a janela e as cortinas. Hyunjin estava coberto até a cabeça tentando ignorar a claridade. — Filho, tá na cama ainda? Tem visita pra você! - avisou. — Pode entrar, quando o Bin vem aqui, ele costuma puxar o cobertor até ele acordar.

Yongbok riu soprado e concordou com a cabeça. Estava muito envergonhado e não sabia como agir. agradeceu mentalmente quando a mulher desceu as escadas e ficou ali parado na porta, observando aquele monte de cobertas, enquanto tentava pensar em alguma forma de fugir dali sem que a mulher notasse.

Hyunjin bocejou embaixo das cobertas e murmurou alguma coisa que não entendeu muito bem, antes de se levantar com os cabelos todo bagunçado, que provocou uma risadinha no mais novo. — Pintinhas, o que você tá fazendo aí? Que horas são? 

— Hm… acho que vai dar meio dia.

— Meu deus! O Yongbok deve estar chegando! - exclamou se levantando de uma vez e começou a arrumar a cama. — Eu não ouvi o despertador, caramba, não deveria ter ficado acordado a noite toda. Deixa eu ver se ele mandou mensagem. 

O Lee franziu o cenho meio confuso, mas não disse nada, continuou só assistindo o Hwang meio desesperado arrumando o quarto e mandando mensagens para seu celular. “Eu tô aqui” - respondeu em uma mensagem e ganhou a atenção do mais velho.

— Yongbok? 

— Oi… Bom dia.. ah, eu posso voltar depois, você deve precisar de um tempinho pra se organizar.

Hyunjin riu envergonhado e arrumou os cabelos, apressado, tentando ficar mais apresentável. — Bom dia! Desculpa… entra, senta aqui, eu vou me trocar rapidinho. 

Yongbok entrou e sentou na cadeira da escrivaninha enquanto esperava o Hwang voltar. Ele olhou em volta, alguns desenhos colados na parede, lápis de cor espalhados pela mesa, algumas fotos e pôsteres de banda, mas alguns desenhos chamaram sua atenção, então ele se aproximou para ver melhor. — Sou eu? - perguntou para si mesmo encarando os desenhos. 

— Voltei. Oi, desculpa, eu perdi a hora - Hyunjin disse assim que voltou ao quarto. Ele estava com a toalha enrolada nos cabelos e usava roupas leves,uma camisa larga e uma bermuda. 

— Tudo bem, eu deveria ter esperado você responder, me desculpa. 

— Eu to feliz que veio. - só então Hyunjin reparou melhor no Lee. Ele sempre estava com roupas muito maiores que ele. O dia estava quente e ele usava moletom e calça. Será que não sentia o calor?

— Sou eu nos desenhos? 

— Você? Não, não, é o.. - Hyunjin parou sua explicação. Como iria dizer que era seu amigo espírito que por um acaso se parecia muito com ele? Soaria ridículo, era capaz dele achar que era maluco. — Ah… sim, é você, desculpa… eu gosto de desenhar.

— Tá muito bonito, parabéns. - disse sorrindo.

— Então leva pra você. - Se apressou começando a tirar os desenhos da parede. Só um deles era Yongbok mesmo, mas não iria explicar, achou melhor inventar uma história. — eu ia te dar, mas não quis parecer estranho.. não que você vir na minha casa e ter desenhos seus na minha parede seja a coisa mais normal do mundo… desculpa, eu juro que não sou estranho, nem stalker, eu só…

— Não tem problema, eu gostei. Obrigado.

Hyunjin entregou os desenhos para ele e sentou na cama olhando em volta para ter certeza de que não tinha mais nada estranho à mostra. — Então.. tudo bem?

— Uhum…

— Eu te deixei desconfortável? Foi mal… 

— Tá tudo bem. Eu amei os desenhos de verdade, nunca me vi tão lindo, você é muito bom nisso, Jinnie! - ele sorriu. — Ainda não vi seu cachorrinho 

— Ah! Ele deve estar tomando sol no quintal, vamos lá. 

Os dois desceram as escadas e Hyunjin apresentou kkami, que estava com muita preguiça para brincar, só ficou aproveitando o carinho que recebia na barriga, tomando seu solzinho. — Ele é muito fofinho, tão pequeno. É um prazer te conhecer, kkami. 

— Parece que ele gostou de você. Né neném? - o cachorro abanou o rabinho todo animado com toda a atenção que estava recebendo. 

— Você é uma gracinha 

 — Você vai ficar pra almoçar com a gente, né? Aposto que a minha mãe tá toda curiosa pra te conhecer, ela sempre fica animada quando eu trago amigos em casa.

— Amigos.. - o Lee repetiu baixinho com um sorriso. — A minha mãe também é assim - eles riram e  Yongbok acabou aceitando ficar para o almoço.

Como o esperado, a mãe de Hyunjin fez muitas perguntas. Ela amou Yongbok e o jeitinho fofo que ele falava, por isso o convenceu a ficar para o café da tarde e até para o jantar. Sempre ficava animada quando Hyunjin fazia um amigo novo, pois sabia como ele era tímido e era a primeira vez que ele levava alguém sem changbin precisar estar junto, então pareceu um sinal de que estava evoluindo. 

— Meninos, eu vou ao mercado comprar as coisas para o jantar mais tarde. - ela avisou antes de sair. — Por que vocês não assistem um filminho? -  entregou uma caixa de dvds para o filho, como se não existissem aplicativos para isso 

— Tá… obrigado mãe. 

— Já volto, beijinhos. 

Os dois meninos se olharam e Hyunjin mostrou a caixa. — Quer ver dvd? 

— Pode ser, o que tem aí? 

No fim eles acabaram no sofá da sala assistindo filmes de cachorro que fazem chorar, começaram com o icônico e deprimente “Sempre ao seu lado”, depois “Marley e eu” e acabaram com “Quatro vidas de um cachorro”. Na hora do café da tarde, já estavam acabados de tanto chorar, provavelmente desidratados e soluçando sem parar.

 Hyejin os chamou para comer, mas ao ver o estado deles, riu e disse: — Vão lavar o rosto e venham comer.

— Vem kkami, me dá um abraço - Hyunjin pediu se jogando no chão para beijar o cachorro que não estava entendendo nada. 

Yongbok ficou rindo entre as lágrimas, e quando Hyunjin se levantou, o acompanhou até o banheiro para lavar o rosto como a mulher pediu. — Oh, tem esse sabonete hidratante, minha mãe disse que é bom pro rosto. 

— Obrigado, Jinnie.

— Ah ! Eu vou buscar uma toalha limpa pra você secar.

Yongbok estava achando uma graça, o quanto Hyunjin era fofo e preocupado com seu bem estar, um amor de pessoa. Sentiu-se feliz, pois aparentemente, tinha mesmo encontrado um bom amigo. O Hwang voltou com uma toalha limpa e com um sorriso fofo, entregou ela em suas mãos. — Muito obrigado. 

— De nada.

Hyunjin estava parado de frente para ele, assistindo enquanto ele secava o rosto, e assim que ele levantou a cabeça, notou algo que ainda não havia visto ali. — Você tem pintinhas…

— An? - O menor o encarou com um semblante confuso e conforme foi entendendo o que ele disse, seus olhos foram se arregalando. No desespero, Yongbok tapou o rosto, deixando só os olhos de fora. 

— O que foi? 

— Nada, eu só… ai droga, eu não trouxe a minha mochila - ele andava de um lado para o outro com o rosto coberto. 

— Do que você precisa? 

— an.. meu celular, eu tenho que ligar pra meu irmão vir me buscar. 

— Por que? - Hyunjin perguntou com a cabeça inclinada, verdadeiramente confuso. — O que aconteceu? Você tem alergia ao sabonete?

— Não… ain não sei, eu só preciso ir embora, tá bom? - disse com a voz embargada e com medo. Não queria que Hyunjin visse as suas pintinhas, ele com certeza não iria mais querer ser seu amigo. 

— Deixa eu ver seu rosto, eu vou chamar a minha mãe, pera aí.

— Não! Não precisa, Jinnie.. 

— Você tá chorando?

— Não… 

— Qual o problema? Você quer um creme? sei lá- o Hwang perguntou e o segurou pelo braço para que parasse um pouco. — O que foi? Eu tô preocupado.

— Não fique preocupado, só não olha pra mim, agora,  eu não quero que me veja assim. 

— Assim como? Sem maquiagem? Você é muito bonito, não precisa se preocupar com isso, e nós somos amigos, não precisa ter vergonha por algo tão bobo. 

— Bobo? Você não vai querer mais ser meu amigo. - Naquele momento, ele já não conseguia mais segurar as lágrimas e isso desesperou ainda mais o Hwang. 

— Não chora, Bok! Eu vou querer sim, olha aqui pra mim - pediu segurando o rosto dele por cima das mãos pequenas e geladas. — Você é meu amigo, não é a falta de maquiagem que vai me fazer mudar de ideia. Você é uma boa pessoa e eu gosto da sua companhia, é isso que importa em uma amizade, não é? - o menor concordou e baixou a cabeça com um biquinho. — O que houve?

— Eu não queria que você visse as minhas sardas, eu não gosto delas, ninguém gosta na verdade… e - eu tenho vergonha.. juro que não é doença e não é contagioso, são só pintinhas normais, igual todo mundo tem…

— Mas as suas pintinhas são lindas -- afirmou com um sorriso erguendo o rosto dele. — É muito fofo, bok, não precisa ter vergonha.

— Você acha mesmo?

— Uhum, você fica uma gracinha com elas, eu até coloquei no desenho sem saber porque achei que combinaria - Era mentira? Não totalmente, mas esperava que aquele comentário pudesse ajudar de alguma forma, e pelo jeito que ele abriu um sorriso tímido, parecia ter dado certo.

— Obrigado Jinnie… você é muito gentil. 

— Só disse a verdade, você é muito bonito, não se preocupa com essas coisas, eu não vou te dizer coisas ruins.

— Tá bom… mas será que você pode não contar pra ninguém? Eu tenho medo de como vão reagir.

— Como assim?

— Eu realmente não quero falar sobre isso agora, Jinnie, só.. não fala nada, tá bom?

— Tá bom. Então vamos comer? 

— Uhum. 

Eles passaram o resto do dia  jogando vídeo game, conversando sobre assuntos diversos, e quanto mais falavam, mais encontravam coisas em comum, não ficaram quietos por nenhum minuto.

Já estava de noite e Hyunjin já  pensava se deveria convidar o garoto para dormir lá, mas Minho mandou mensagem avisando que passaria em alguns minutos para buscar o irmão, então começaram a se preparar para se despedirem. Yongbok ajudou a juntar as pipocas, copos e pacotes de salgadinhos que estavam espalhados pelo quarto, enquanto Hyunjin desligava o console. Os dois continuavam falando e já planejavam se encontrar para fazer alguma coisa no dia seguinte, talvez até junto com os meninos. 

— Hoje foi bem legal, obrigado por ter me chamado, Jinnie. 

— Eu fiquei feliz que veio, pode voltar sempre que quiser.. na verdade, se não quiser sair amanhã, nós podemos jogar outras coisas, ou sei lá.. 

— Você podia me ensinar a desenhar, né? Daí eu posso fazer algo pra você também. - falou com o maior sorriso.

— Posso, claro que sim. 

— Sabe que eu me senti muito bem aqui, sua mãe é um amor, o kkami é uma gracinha e você é muito fofo, nunca me senti tão bem recebido.. quer dizer, só na casa do ji, a mãe dele me ama - comentou com um riso soprado. — Mas sabe o que é mais louco? Eu fiquei o dia todo com uma sensação de dejavu, como se eu já tivesse vindo aqui antes.

— Sério? Tipo na minha casa?

— No seu quarto… - Antes que pudessem continuar o assunto, a campainha tocou e Yongbok se certificou de pegar os desenhos com cuidado. — Eu tenho que ir, mas te mando mensagem pra gente combinar o que vamos fazer amanhã, pode ser?

— Claro, claro. Eu te levo na porta. 

— Ah! Pera aí - o moreno mais baixo se aproximou e se equilibrando nas pontas dos pés, e deixou um beijo na bochecha do outro. Não podiam nem pensar em fazer algo do tipo perto do seu irmão ou cunhado, senão eles iriam ficar de gracinha pra sempre, já que aqueles dois pareciam que nunca haviam saído da quinta série, ele não podia se aproximar de ninguém que já começavam a cantar “dois namoradinhos, só falta dar beijinho”. Ridículos e infantis. — Muito obrigado por tudo. 

Hyunjin tocou a bochecha meio sem reação, só um sorriso meio mole, pois estava confuso com o que havia acabado de acontecer, seu corpo estava todo arrepiado como se tivesse levado um choque, e ainda com essa sensação estranha, porém gostosa, ele acompanhou o garoto até a porta e acenou para ele e Minho até eles sumirem de vista. 

Ele fechou a porta, se encostou nela e suspirou. “ — Será que é possível?” - Seu coração disparado, não parava de bater forte contra o peito. 



Algumas horas se passaram e lá estava Hyunjin deitado na cama, ainda pensando. Nada fazia sentido em sua cabeça, seu corpo continuava estranho e a falta de respostas o deixava ansioso. Foi então que pintinhas chegou, ele não disse nada, só ficou assistindo o amigo suspirar várias e várias vezes. — O que você tem? - perguntou de repente, o tirando do transe. 

— Que susto, Bok! 

— Bok? Quem é esse? … - semicerrou os olhos desconfiado. — Pera aí, Yongbok?! Não acredito que você tá me chamando pelo nome daquele oferecido. 

— Pintinhas, desculpa, eu só tava pensando.

— Pensando nele?! 

Pra que Hyunjin foi falar aquilo? Acabou tendo que ouvir o espírito palestrando por vários minutos que estava sendo traído e trocado pela sua versão viva e sem graça. O Hwang nem tentou rebater, já conhecia o amigo muito bem para saber que não importa o quanto rebatesse, no fim estaria errado de qualquer forma. Depois de longos minutos, ele finalmente parou de falar e agora só fazia birra sentado na cadeira da escrivaninha com um bico enorme nos lábios e os braços cruzados. 

— Você é inacreditável, Hwang Hyunjin, eu não quero mais saber de você amigo desse outro aí. 

— Para de besteira. Eu quero saber de você, como você tá?

— De mim? Não pareceu, quando confundiu meu nome… deixa eu adivinhar, vocês se viram hoje? Saíram juntos?

— É, na verdade ele veio aqui em casa conhecer o kkami, nós assistimos filmes e .. 

— Melhores amigos, entendi… tudo bem, eu nem ligo, também passei o meu dia com um cara muito legal e bonito. - falou em tom provocativo dando as costas para ele. 

— O que? Como assim? Que cara? 

— Você tá com ciúmes? - o sorriso perverso, não combinava com as feições fofas do espírito de cabelos castanhos perfeitamente alinhados, olhos brilhantes e pintinhas no rosto.

— Lógico que não, só tô interessado no seu dia, ué. O que vocês fizeram? 

— Coisas fofas de casal que não te interessam, Hwang.  - ele revirou os olhos dando as costas para esconder o sorrisinho.

— Vai ficar me chamando assim?

— Vou.

— Então eu vou te chamar de Felix, não tô nem aí se é seu nome ou não. - provocou com deboche, mas o espírito nem pareceu se abalar.

— Esse é o meu nome, seu otário.

— Como você tem tanta certeza? Quem te garante que seu nome não é Yongbok? 

— Eu nunca teria um nome tão feio, meu nome é Felix! 

— Tá bom, Félix. Então quer dizer que você tem um namorado, teve um dia romântico e fica aqui fazendo ceninha de ciúmes pra mim? Qual o nome dele?

— Não vou te falar nada, você não é mais meu melhor amigo. 

— Nossa! Eu tava brincando, pra que isso? Que horror, retira o que você disse!  - Hyunjin exigiu com a cara emburrada.

— Eu não … 

— Pintinhas.. - fez um bico dramático. — Você é meu melhor amigo, não fica bravo assim comigo.

— Mais que o binnie? 

— Uhum, você é o número um. - se changbin ouvisse que estava perdendo o amigo para um espírito, ele com certeza surtaria.

— Mais que o Yongbok? 

— Claro! 

— Promete? 

— Prometo, você é meu melhor amigo pra sempre. 

— Acho muito bom. - o espírito sorriu e então voltou a sentar do lado dele. — Jinnie, cadê meus desenhos que estavam ali na parede?

— Ah.. isso … como é que eu posso explicar?  Eu meio que dei ele pra alguém… 

— Você deu meus desenhos pro Yongbok?! Mas eles eram meus! Você não pode dar uma coisa que nem é sua. 

— Eu não tive escolha, pintinhas, ele chegou aqui quando eu tava dormindo, não tive tempo de arrumar o quarto, daí ele viu e com certeza achou muito estranho eu ter desenhos "dele" colado na parede, então eu tive que inventar uma desculpa e dei pra ele.

 — Não acredito que você fez isso… tô muito triste com você. 

— Me desculpa, pintinhas, eu prometo que faço outro pra você, faço agora mesmo - garantiu já se levantando para pegar os materiais. 

— Não precisa… 

— Não fica chateado, por isso. 

— Tudo bem, eu entendi, jinnie… deixa isso pra lá. Vai deitar pra dormir, você mal dormiu essa noite. 

— Promete que não tá chateado? Eu vou fazer mais desenhos pra você. Me desculpa tá ? 

— Prometo… agora fecha os olhos e dorme. - ele deixou um beijinho na bochecha do Hwang que se assustou com aquela sensação estranha novamente e o olhou assustado. — Que foi?

— Eu pensei numa coisa muito maluca… 

— O que? 

— E se você e o Yongbok fossem a mesma pessoa? 

— Que? Nada a ver, que besteira - bufou. — Para de me comparar com esse bobo e vai dormir, até amanhã. Boa noite, jinnie.

— Não é besteira, eu tenho argumentos..

— Amanhã você fala. 

— Por que tá com pressa, pintinhas?

— Não tô com pressa, você só precisa dormir… eu vou indo também. Boa noite..

— Boa noite, pintinhas. 

Para o jovem espírito, era difícil pensar em perder seu único amigo. Tudo bem que Hyunjin estava vivo e tinha uma vida toda pela frente, mesmo assim não conseguia controlar seu ciúme bobo, ciúme esse que de acordo com o Hwang, não deveria nem existir. 

Não sabia muito bem o que estava acontecendo, só sabia que estava chateado com ele mesmo por se sentir daquela forma. Queria que Hyunjin fosse feliz, mesmo que eles não pudessem dividir as mesmas experiências naquela vida. Quem sabe em alguma futura, infelizmente, não teve a sorte de encontrar aquele garoto maravilhoso em sua realidade, tudo seria mais fácil se tivesse ele em vida.

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