Eu lembro de muita coisa
Hi baby gays! ❤️
Por volta das onze da manhã, Hyunjin e Yongbok acordaram de vez para tomar café da manhã. Como estavam sozinhos em casa, o Lee colocou música na sala para ouvirem enquanto preparavam as coisas. O clima era bem leve entre eles e o mais novo parecia muito melhor do que no dia anterior, isso deixou o Hwang mais tranquilo, mas ele achou melhor não ficar perguntando e esperar ele falar por vontade própria para não acabar gatilhando ele novamente.
- Jinnie, eu amo essa música!! - Ele exclamou assim que ouviu os primeiros acordes de "I wanna be yours" e começou a cantar sem se importar se estava sendo ouvido pelo outro.
Hyunjin estava lavando a louça e até parou quando ouviu o amigo cantando. Ele parecia tão animado e cantava com os olhos fechados, segurando o pote de maionese como se fosse um microfone. O Hwang sorriu sem perceber, ele não era muito bom de inglês, mas sabia que queria ser dele, seja lá o que aquilo queria dizer, só queria poder estar com Yongbok o tempo todo, pois quando estavam juntos, parecia certo. Eles repetiram o refrão juntos e sorriram ainda mais quando os olhos se encontraram, estavam imersos naquela bolha só deles que parecia nunca estourar.
- Você canta muito bem - o Lee falou assim que a música acabou e voltou a organizar a mesa. - Sua voz é bonita.
- Sério? Eu acho que já fui cantor em alguma vida passada - Hyunjin disse rindo e precisou fazer um grande esforço para desgrudar os olhos do sorriso dele e voltar a lavar a louça.
- Hm, eu acho que deveria ser nesta vida também. Imagina que bom, você fica rico e famoso, aí pode me bancar pra sempre e me levar para viajar na sua turnê.
O riso soprado veio junto com um balançar de cabeça enquanto enxaguava os pratos. - Vai ser meu marido troféu?
- Posso? Eu faço umas plásticas e ponho preenchimento, vou ficar lindo. Aí é só comprar umas roupinhas pro tapete vermelho. O que acha?
- Eu acho que você já é muito lindo, não precisa de nada disso.
Yongbok deu um risinho tímido e encostou na bancada ao lado do outro. - Você é gentil, Jinnie.
- Hm, só tô falando a verdade... - sua voz saiu mais baixa do que desejava ao receber o olhar brilhante e atento do Lee. Parecia que ele estava olhando lá dentro de sua alma. - Vai secar a louça, eu preciso de espaço.
- Ok, ok!
...
Depois de deixarem a pia limpa, os meninos foram colocar ração e brincar um pouco com todos os bichinhos da casa, que não eram poucos. Essa tarefa sempre acabava tomando muito tempo, mas era bom passar um tempo com os bichinhos também. Quando voltaram para o quarto, Yongbok tratou de arrumar tudo enquanto Hyunjin se trocava no banheiro e assim que ele saiu, já o esperava sentado na cama com a série no ponto onde pararam. - Vamos assistir aqui mesmo? É mais confortável.
- Pode ser, você que manda, Bokkie.
O Lee deitou nas pernas de Hyunjin e ficou recebendo cafuné por um bom tempo. Eles estavam quietinhos assistindo, Yongbok não se sentia pressionado a falar nada para Hyunjin, mas sentiu vontade de compartilhar com ele, já que parecia se importar tanto e a série fez uma boa ponte para iniciar o assunto. Não queira ficar escondendo coisas dele. - Eu sofri muito bullying nas minhas antigas escolas...
Hyunjin tirou totalmente o foco da televisão e encarou os olhos do amigo deitado em suas pernas. - Você não precisa me contar nada de não quiser.
- Tá tudo bem, eu quero dividir com você. Nós somos amigos, né?
- Uhum. - afirmou e pausou a série para prestar mais atenção. Assistiu atentamente, Yongbok respirar fundo, provavelmente tomando coragem para continuar o que começou.
- Eu, minha mãe e o min, morávamos na Austrália com meu pai. Ele não era muito bom pra gente e minha mãe decidiu que era melhor vir pra cá. A gente se mudou pra casa da minha avó em sejong e eu e o min começamos a estudar em uma escola lá, mas não foi muito bom, eles ... não nos receberam muito bem. Nós ainda não falávamos direito, o min teve mais facilidade do que eu, pra mim foi muito difícil e todo mundo ficava me zoando por ter cabelo loiro, as sardas e tudo mais. Eles falavam que eram meus amigos e era só brincadeira, eu confiava neles e mesmo me sentindo incomodado, não queria ficar sozinho...
O Hwang percebeu que seus olhos, assim como os de Yongbok, estavam cheios de água, ele usou a barra da camisa para limpa-los e continuou acariciando os cabelos dele tentando o ajudar a manter a calma.
- Com o tempo as brincadeiras foram ficando mais violentas, porque eu não reagia. Eu fico com muito medo quando as pessoas gritam e eles falavam que era assim mesmo, até que um dia começaram a me bater e em uma dessas, eu apanhei tanto que não consegui esconder da minha mãe, então ela começou a procurar um emprego novo e nos mudamos pra cá. Ela queria colocar a gente na escola que estudamos, porque tinham muitos feedbacks positivos e pela política anti bullying, mas não tinha vaga, então acabamos indo pra uma outra para não perder o ano.
- Foi lá que conheceu o cara do parque?
O Lee apertou os lábios e concordou com a cabeça. As lembranças pareciam muito doloridas. - Ele também se fez de meu amigo, até me aconselhou a pintar o cabelo pra uma cor natural, também mudei as roupas, porque ele disse que era muito gay, mas mesmo assim, eu não consegui me encaixar, até que um dia, meu caderno caiu e viram uma foto com meu ex namorado e as coisas foram se repetindo. Eles falavam pra eu não contar pra ninguém senão ia ser muito pior e todo mundo achava que éramos amigos mesmo, só que um dia eu cheguei chorando em casa e o min ficou insistindo até eu falar,daí ele entrou em uma briga com os meninos e bateu muito neles, mas eles não gostaram e aí que me perseguiram mesmo. Eles me seguiam para todo o lugar e sempre que eu ficava sozinho acabava apanhando, mas não queria que o min se sentisse culpado por isso.
Mais lágrimas escorreram pelo rosto delicado, Hyunjin o ajudou a se levantar e as secou. Permaneceu segurando as mãos pequenas dele e fazia um pequeno carinho em cada um dos dedinhos tentando confortá-lo.
- Eu comecei a ter crise de Pânico pra ir para a escola. -- Soluçou limpando os olhos e Hyunjin o abraçou para passar mais conforto. - Eu não sei como, mas a minha mãe descobriu, aí nos tirou de lá. Fiquei um tempo fazendo tratamento e tive que começar a tomar as uns remédios pra dormir até conseguir melhorar um pouquinho, daí uns meses depois eu mudei pra sua escola. Enfim, é isso...
- Eu sinto muito, muito mesmo, bokkie. - contou o abraçando forte. - Você não merecia passar por isso.
- Tudo bem, eu.. tô melhor agora e... eu tenho um amigo de verdade - o sorriso ainda que mínimo, iluminou seu rosto e Hyunjin arrastou o polegar por suas bochechas para secá-los. - Eu gosto muito de você, jinnie.
- Também gosto muito de você. Fico feliz que me deu uma chance de ser seu amigo e por ter confiado em mim. Acho que eu não teria tanta coragem de confiar em alguém de novo se eu fosse você.
- Eu não queria, mas você tem alguma coisa que não consegui resistir - Riu cobrindo o rosto. - Ainda bem, né?
- Uhum. - o Hwang o trouxe de volta para o abraço e deixou um beijinho na testa dele. - Posso perguntar uma coisa? Promete que não vai me expulsar de novo?
- Prometo.
- Pelo o que eu entendi, Felix é você, né?
O Lee suspirou mais uma vez e decidiu falar logo. - Sim... mas eu não gosto mais desse nome... eles ficavam usando pra me zoar, porque era muito diferente, Yongbok também, mas Felix era bem mais, por isso eu não quis contar pra ninguém na escola nova, eu não queria que descobrissem, nem que me notassem, queria passar despercebido pra não correr riscos.
- Entendi... eu achei um nome bem legal... é bonito.
- Obrigado, Jinnie. - Ele viu que o olhar de Hyunjin ainda guardavam muitas perguntas e achou fofo o esforço dele para lhe manter confortável. - Pode perguntar o que quer perguntar
- Não quero parecer intrometido, mas... o seu ex namorado...
- Luke - O Lee falou e levantou para pegar o mesmo caderno que Hyunjin viu no outro dia e mostrou a foto para ele. - Nós éramos vizinhos lá na Austrália, nos conhecemos a vida toda e um dia ele disse que era apaixonado por mim, daí começamos a namorar, mas o meu pai não gostou muito, então era meio que escondido.
- Entendi... você... ainda gosta dele?
- Não desse jeito, quer dizer, nós somos amigos, né? Mas acho que nunca consegui retribuir verdadeiramente o que ele sentia, entende? Eu me sentia culpado porque ele era muito bom pra mim. Já aconteceu isso com você?
- Eu não, nunca namorei, Bokkie. Acho que ninguém nunca me chamou atenção dessa forma.
O Lee deu uma risadinha sem graça pela gafe e continuou falando. - Entendi. Mas é isso, às vezes a gente conversa, só que não é a mesma coisa, sabe? Eu sofri quando tive que ir embora, mas depois passou.
- Hm, ah, que bom que você está bem então.
Depois que Yongbok contou tudo, ele se sentiu muito mais leve, como se tivesse quebrado uma parede que separava os dois. Elea permaneceram abraçados em silêncio. Hyunjin estava com ainda mais raiva daqueles garotos e de todos que fizeram mal para uma pessoa tão doce, era covardia fazer aquilo com alguém tão frágil e bonzinho daquele jeito. Eles voltaram a assistir enquanto trocavam carinhos e permaneceram daquele jeito durante toda a tarde.
- CHEGAMOS! - Jisung gritou do andar de baixo e segundos depois já estava na porta do quarto. - Uffa, estão vestidos
- JISUNG!! Não fala isso!! - Yongbok pediu cobrindo o rosto de vergonha. Seu irmão e seu cunhado sempre faziam aquele tipo de comentário, mas era ele quem sempre pega os dois em situações constrangedoras. - Nós só estamos assistindo a série.
- Entendi, então venham comer, o min comprou aquele pãozinho recheado que você gosta.
- Vocês não iam chegar junto com a mamãe? - o Lee perguntou estendendo a mão para ajudar Hyunjin a se levantar.
- Sim, mas ela falou que vai ficar de plantão de noite porque trocou com uma amiga. Vamos sair no fim de semana - o Han explicou fazendo uma dancinha da vitória. - Vem, vamos descer.
Já sentados à mesa, Minho ficou observando o irmão e o quanto ele parecia mais tranquilo, estava até falando demais como sempre. - Vocês passaram bem o dia?
- Uhum, e o Jinnie lavou a louça do almoço.
- Colocou ração pras gatas?
- Sim, pra todo mundo... também contei tudo pro Jinnie, então não precisam esconder mais nada dele - disse tranquilo e o irmão arregalou os olhos para si. Aquele era um bom avanço afinal. - Ele é meu amigo de verdade.
- Que bom, Bokkie, isso é muito bom. Eu tô muito orgulhoso de você. Obrigado Hyunjin, o meu irmão estava mesmo precisando de alguém, que bom que entrou na vida dele.
- Ah, ele que me encontrou primeiro.. - falou baixo, pois ninguém entenderia a complexidade naquela fala. - Gosto de ficar com o bokkie..
- Sei que gosta -- Minho deu uma olhadinha de canto para o namorado que estava tentando disfarçar o sorriso. - Fico feliz.
Algumas horas mais tarde, Hyunjin precisou ir embora,até porque, já estava a mais de vinte e quatro horas fora de casa e sua mãe estava ligando pedindo para voltar. Yongbok o acompanhou até o portão e eles se abraçaram para se despedir. - Te vejo na escola amanhã? - o Hwang perguntou com o queixo apoiado na cabeça dele em meio ao abraço longo e sem pressa para acabar.
- Hm, não sei...
- Vamos? Eu passo aqui pra gente ir juntos.
- Não precisa, Jinnie. Minha casa é mais longe que a escola.
- Eu não me importo. Seis e meia passo aqui, tá bom? Eu vou vir de qualquer jeito.
Yongbok riu apertando mais o abraço e se afastou um pouquinho logo em seguida. Nem tinha como negar, Hyunjin estava sendo um fofo e pelo menos estava se sentindo melhor. - Tá bom, vou te esperar.
- Então eu vou indo. Te mando mensagem assim que chegar em casa. A gente pode conversar mais um pouquinho antes de dormir.
- Uhum, se quiser ligar, a gente pode assistir mais alguma coisa, sei lá... só só se você quiser, não quero atrapalhar sua rotina.. - o Lee falou um pouco mais baixo.
— Não vai atrapalhar, tá tudo bem.
— Bom, você é quem sabe. Tchau, Jinnie. Boa noite e muito obrigado por tudo. - desejou rapidamente e voltou a se aproximar meio hesitante. Não queria que ele fosse embora, mas fazer o que né? Ele aproveitou para ficar na ponta dos pés e deixar um beijinho na bochecha do Hwang, mas aparentemente, ele teve a mesma ideia na mesma hora e seus lábios acabaram se chocando em um selinho meio torto. - Me desculpa!
Hyunjin precisou de dois segundos para raciocinar e talvez por impulso ou sei lá o que deu em sua cabeça, ele o beijou de volta tão rápido quanto a velocidade em que o vermelho tomou conta de seu rosto e quando se deu conta, arregalou os olhos muito, muito envergonhado. Os dois ficaram se olhando por um tempo e o Hwang pegou a bicicleta rapidamente. - An.. eu te ligo quando chegar então.
- Tá bom!
Eles sorriam e como sempre, Yongbok ficou assistindo Hyunjin pedalando até o final da rua acenando para si. Muito fofo e mais afobado que o normal, em certo momento até pensou que ele iria cair, mas não então só riram de sua trapalhada.
Quando chegou em casa, Hyunjin contou mais ou menos para sua mãe o que havia acontecido e que Yongbok estava bem. Ele foi tomar banho e logo depois ligou para Lee para conversarem durante o jantar. Eles agiram normalmente e não pareciam incomodados com o que aconteceu, o que foi um enorme alívio para os dois. Foram só duas horas de ligação e Yongbok se despediu dizendo que precisava dormir para acordar no dia seguinte.
Hyunjin se ajeitou na cama, aproveitando para desenhar um pouco e não demorou muito tempo até pintinhas aparecer lá, todo sorridente. - JINNIEEEE!!!
- Oi pintinhas! Que bom que voltou ao normal.
- Uhum. Eu tive um dia muito bom - ele contou com um enorme sorriso e sentou ao lado do Hwang. - E adivinha só, eu lembro de muitas coisas.
- É mesmo? Tipo o que?
- Você me beijou! AAAAAHHHH !!!
Bạn đang đọc truyện trên: AzTruyen.Top