[26] Amor Equino

Boa leitura:

Livrando-se das roupas, Jisung entrou na tina e tentou relaxar um pouco. De fato, a água quente ajudou um pouco, mas não lhe permitiu fugir completamente dos seus agitados pensamentos. Seus olhos estavam fechados quando ouviu a porta sendo aberta, o aroma de menta inconfundível estava por todo o lugar.

Mas, levando em consideração que Jackson estava dormindo neste quarto, era normal que seu cheiro estivesse impregnado no cômodo. Ele sentiu o aroma assim que entrou no quarto. Isso significa que pode não ser o caçador tentando abrir a porta, mas aquele alfa estranho do corredor…

Jisung levantou-se vagarosamente e passou uma toalha ao redor da cintura. A katana já estava ao seu alcance e quando a empunhou, permaneceu escondido atrás de uma parede. Uma sombra passou embaixo da porta do banheiro e quando alguém abriu, ele agiu rápido e mirou minha katana contra… Jackson?

— Venho em paz. — Ele afirmou com as mãos erguidas.

Levou alguns segundos até as mãos do ômega obedecerem seu cérebro e baixar a guarda. Jackson estava sorrindo, mas ele viu um fio de suor escorrendo na lateral de seu rosto.

— Eu não senti você — Ele declarou.

— Eu senti… o seu medo… — Jisung comentou, com um tom provocativo.

Jackson riu.

— Sua furtividade está excelente — Ele elogiou e o ômega enrubesceu. — O que está preocupando você?

É claro que ele sentiria pela marca de seu ômega.

— Eu acho que há um caçador à bordo. — Afirmou, vestindo as roupas. — Além de você, é claro.

— Eu sei. É o Hendrik. Ele também estava em uma missão em Folsom. Por que? Ele te fez alguma coisa?

— Não… eu só senti algo frio. Como se ele não tivesse alma.

— Todo caçador é assim.

— Você não. Nem o Baek ou o Chanyeol. Nem mesmo Yoongi e muito menos o Yuri.

— Yuri… — Jackson refletiu. — Você não o conhece tão bem a ponto de dizer isso.

— Olha o ciúme…

— Eu estou falando sério.

— E você o conhece?

— Não.

— Então…

— Você se lembra da primeira regra?

— Não confie em ninguém…

— Isso mesmo, ômega esperto.

— Você confia no Chanyeol e no Baekhyun.

— Confio. Chany foi meu mentor e do Baek.

— Nossa…

— Yuri é o quê? Um alfa exibido que adora se meter onde não lhe cabe…

Onde que a conversa voltou para o Yuri? Ninguém sabe. O Ômega cruzou os braços e sorriu, provocando:

— Yuri é um fofo.

— Você não vai gostar do que vai acontecer se continuar me desafiando. — Seus olhos brilharam ligeiramente em tons vermelhos.

— Então… o que faremos quando chegarmos na Coréia? — Jisung mudou de assunto, tentando segurar o riso.

— Partiremos em outra missão.

— Mas e meu treinamento?

— Assim você ganhará mais experiência para a sua primeira missão solo.

O ômega assentiu, ansioso. Ele só esperava que a sua primeira missão solo não fosse capturar o Capitão Jeon, ou pior, o Jimin.

Assim que o navio ancorou ele foi literalmente o primeiro a desembarcar. Toda a sua ansiedade se resumia a um nome: Pérola. Jisung estava com muita saudade de sua amiga equina e não conteve os passos até o local em que eles ficaram hospedados.

Reconheceu o estribeiro assim que chegou ao estábulo. Ele passava gentilmente uma escova em um outro cavalo, e sorriu simpático quando o viu se aproximar.

— A sua égua está no campo fazendo alguns exercícios matinais. — O estribeiro comunicou.

Jisung assentiu, agradecido, e seguiu até o local indicado. Assim que chegou a um grande espaço aberto ele viu que tinham vários cavalos caminhando, bebendo água ou comendo o capim oferecido por alguns tratadores. Alguns cavalos estavam sendo guiados e andando em círculos, já outros sendo ensinados em outras técnicas, mas Pérola não estava entre nenhum deles.

Seus olhos vagaram para além da extensão do campo, e lá estava a sua égua. Por um momento, ele não quis acreditar no que estava presenciando. Bolinho estava montado na égua enquanto fazia movimentos peculiares.

— Pérola?! — Jisung cobriu a boca com a mão. Jackson começou a rir. O ômega girou para um dos tratadores: — Moço, faz ele parar!

O tratador deu de ombros, segurando um balde com capim enquanto esperava os cavalos terminarem o que estavam fazendo.

— Larga ela, Bolinho! — O ômega agitou  as mãos, se aproximando e tentando afastar o cavalo serelepe. — Para com isso!

— Deixa eles — Jackson o puxou pelo cotovelo e avisou: — Você vai levar um coice.

Mas Jisung ignorou e puxou seu braço, livrando-se.

— Sai daí! Cavalo sem vergonha! — Segurou em umas das patas do Bolinho e puxou.

O cavalo ergueu-se nas duas patas traseiras e relinchou. Jisung encolheu os ombros esperando ser acertado por um de seus cascos dianteiros, mas o caçador se colocou na frente e afastou o cavalo para outro lado.

— Onde está sua vergonha, Pérola?! — O ômega apoiou as mãos na cintura, mas a égua apenas abaixou a cabeça. — Francamente...

O sermão continuou enquanto seguiam pelas estradas da Coréia, é claro, Bolinho não escapou e também ouviu algumas poucas e boas também.

Assim que chegaram em seu destino, Jackson foi direto para a Ordem e Jisung guiou Bolinho e Pérola até sua casa. Não permitiu que Bolinho ficasse perto da égua, para que acalmassem o fogo equino deles.

Celina estava cuidando do jardim quando ele chegou. Ela achou curioso o fato dele ter deixado os cavalos momentaneamente afastados, mas o ômega logo explicou a situação para ela.

— Entendo… — Celina disse, limpando as mãos no avental. Ela estava com a cabeça baixa, mas Jisung notou um machucado ao redor do olho dela.
— O que foi isso no seu rosto?

— Oh, isso… E-eu esbarrei na porta… não foi nada.

Não precisava ser um gênio para saber que ela estava escondendo algo. Mas o ômega não conseguiu insistir no assunto porque ela foi rápida quando se levantou e seguiu para dentro de casa.
Antes que pudesse segui-la, Jisung ou voz de Baekhyun surgir da porta:

— Deixa o cavalo se divertir. Até parece que você e o Jackson não…

— Hum hum — limpou a garganta, mudando de assunto: — Escuta, Baek, você sabe o que foi aquilo no rosto da Celina?

— Não exatamente. Mas julgando pelo tamanho da marca, eu diria que foi feito pelas mãos de um alfa.

— Ela me contou que tem um noivo… você acha que foi ele?

— Não sei, não quero saber e tenho raiva de quem sabe.

— Baekhyun! Não seja assim.

— Em briga dos outros não se mete a colher.

— Errado. Devemos, sim, ajudar. Para que tantos ômegas não entrem para a estatística de violência doméstica. Poxa, Baek, temos que fazer alguma coisa pra ajudá-la.

— Celina é uma adulta. Deixe-a cuidar da própria vida.

— Acontece que é difícil para os ômegas, você sabe.

— Não sei. Eu fui criado nas ruas boa parte da minha vida. Nunca tive alguém pra me dizer o que fazer, até o Chany me encontrar.

— Como foi isso?

— Ele foi contratado pra matar um alvo que andava roubando o mercado.

— Você se tornou um alvo?!

— Sim.

— Céus!

— Chanyeol não me matou, como você pode ver. Ao invés disso, ele pagou pelas coisas que eu roubei e me levou pra Ordem. Foi aí que eu conheci o Jackson e fomos treinados juntos.

— Então…  você e ele poderiam ter se apaixonado.

— Credo! — Baekhyun estremeceu fazendo uma expressão de nojo. — Ele é como um irmão pra mim.

— Que bom.

— Sério. O Jackson é um ogro. Ele é muito grosseiro, eu nunca me apaixonaria por ele. Só alguém gentil como você pra se apaixonar por ele, afinal, dizem que os opostos se atraem.

Jisung riu, assentindo. De fato, os opostos se atraem. Baekhyun poderia dizer o quanto quisesse que Jackson é um pouco rude, mas ele também é. Chanyeol é a pessoa fofa e gentil do casal.

— Por favor, Baek — Ele insistiu, voltando ao assunto. — Me ajuda a descobrir quem fez aquilo com a Celina.

— Tá bom, eu vou ajudar. Mas independente do que for, eu não vou me meter.

— Certo, certo.

Ambos ficaram conversando no jardim, Jisung contou para o caçador sobre os acontecimentos da ilha de Folsom. O ruivo ficou muito orgulhoso pelo fato de que Jisung não hesitou, ajudando Jackson a concluir a missão, matando Sho Kimura. Baekhyun confessou que, no início, ele também não conseguia cometer assassinatos olhando nos olhos de seus alvos, mas que com o tempo ele se acostumou.

— Pense da seguinte maneira, se não for ele, será você. — Baekhyun explicou, se referindo ao assassinato de um alvo qualquer.

— Todas as primeiras missões são difíceis?

— Não. Na verdade ela é igual a qualquer outra. O que a torna menos fácil é apenas o fato de não termos tanta experiência na nossa primeira, quanto adquirimos ao longo dos anos. E também, não temos a ajuda do nosso mentor. Estaremos, de fato, sozinhos.

— Jackson não poderá ir comigo?

— Pode. Mas você fará tudo sozinho. Ele não vai te orientar em nada.

— Entendi.

— Não se preocupe, você vai dar conta — o arqueiro piscou sorridente e Jisung foi levado a sorrir de volta, compartilhando de sua confiança.

Após um longo banho e um breve cochilo em uma rede na varanda, ele foi acordado quando Jackson finalmente voltou para casa, acompanhado de Chanyeol.

— Ele virá conosco — Jackson afirmou.

Chanyeol, o caçador especialista em torturas. Se ele ia participar do treinamento, Jisung não queria nem imaginar qual seria a próxima missão, e as coisas que terá de fazer. Em todo o caso, o ômega tomou um longo suspiro e assentiu. Pronto ou não, ele daria o seu melhor.

À medida que aprendia mais e acrescentava experiência ao seu treinamento, Jisung sentia-se mais confiante quanto às suas competências. Sabia que ainda tinha muito o que aprender, mas levando em consideração seu antigo pensamento de que não poderia dar um passo sozinho sem tropeçar, agora, ele finalmente passou a acreditar mais em si mesmo. Estava mais confiante, como todo caçador deve ser.

Continua…

Apresento-lhes a Pérola: (Sim, é uma referência ao Pérola Negra, de Piratas do Caribe)


E o Bolinho:

Bạn đang đọc truyện trên: AzTruyen.Top