[15] Atiçando a Curiosidade
Boa leitura:
Saber que existia um ômega tão forte e experiente quanto Baekhyun deixava Jisung feliz e orgulhoso. Só indicava o quanto ele mesmo poderia ir longe. Baekhyun parecia uma muralha, não havia brechas e tampouco Jisung conseguia criar qualquer abertura.
Achava que Jimin era o Ômega mais forte que conheceu, mas aquele caçador certamente ultrapassou todas as suas expectativas. O arqueiro nem mesmo demonstrou estar cansado, e em todos os treinos que faziam com precisão, o ômega jamais errava seus alvos, mesmo em movimento ou com distrações propositais. Era um gênio e seu arco.
Jisung apoiou as costas na parede após uma longa sequência de golpes contra um boneco de madeira. Parou para tentar regular a sua respiração, enquanto observava Chanyeol e Baekhyun lutando um contra o outro.
Embora fosse um ômega, o ruivo não parecia estar em desvantagem. Chanyeol tentou agarrá-lo por trás, mas Baekhyun inclinou o corpo e lançou o alfa para frente, que no mesmo instante caiu com as costas no chão. Ele esticou os membros indicando estar cansado. O caçador apoiou as mãos na cintura, satisfeito por seu desempenho, mas oômega foi pego de surpresa quando, repentinamente, Chanyeol esticou os braços em sua direção e puxou os pés dele, derrubando-o instantâneamente e, em seguida, colocando-se em cima do ômega e imobilizando-o no chão.
— Venci. — O alfa disse, com um sorriso presunçoso.
— Saia de cima de mim. — Baekhyun reclamou — Seu trapaceiro!
— Eu não fiz isso. — Chanyeol argumentou, libertando-o.
— Esperei você se levantar, mas ao invés disso, puxou meus pés.
— Você joga limpo demais, Cerejinha. Precisa fingir que sou seu inimigo, assim é bem mais divertido. Vamos
A verdade era que Chanyeol adorava provocar seu ômega para que o mesmo lhe quebrasse com uma surra memorável. Era um relacionamento bastante peculiar, onde o ômega gostava de bater e o alfa de apanhar. Simples assim.
Baekhyun sorriu, estalando os punhos. Antes de responder o alfa, ele virou-se para Jisung:
— Quer treinar com a gente?
— Não, estou cansado. Acho que vou caminhar um pouco.
— Tudo bem, mas saia pelo caminho que te mostrei, lá não é muito movimentado e nem todos os caçadores conhecem você ainda. — Baekhyun informou, voltando sua atenção para o alfa: — Prepare-se...
Jisung levantou-se do chão guardando suas palavras. Jackson pediu para que ele não procurasse pelas passagens que levavam a Ordem, mas agora que estava dentro da construção, ele não havia dito nada sobre explorar os longos túneis que parecem ser infinitos.
Passou por uma série de portas bastante, curioso a respeito do que poderia ter atrás de cada uma delas, mas não tentou abrir nenhuma. Subiu as escadas e continuou com o meu passeio.
No andar de cima, havia menos caçadores, e estava um pouco silencioso. Seguiu caminhando reto através de em um corredor, até deparar-se com um grande espaço antes de mais uma porta, dessa vez, maior que as demais. Ele se aproximou da maçaneta, uma parte de sua consciência dizendo para sair daqui, enquanto a outra desejava saber o que tinha alí dentro.
De repente, uma voz fez com que todo seu corpo ficasse paralisado.
— O que está fazendo? — Baekhyun perguntou.
Devagar, Jisung foi girando o corpo até ver o ômega parado e de braços cruzados, apoiado em uma coluna e apenas alguns passos de distância.
— Estava explorando.
Baekhyun se aproximou até ficar exatamente a apenas um passo à frente. Seu semblante estava entre sério e desconfiado, quando ele perguntou:
— Jackson te falou que aqui tem regras, não?
Jisung engoliu em seco, assentindo:
— Sim.
O caçador sorriu quando revelou:
— Eu odeio regras. — E deu de ombros, contornando-o e abrindo a porta logo atrás dele. — Você não vem?
Antes que a sensatez o fizesse desistir, Jisung o seguiu para dentro do que se revelou ser um gabinete assim como o do governador, só que bem maior. Possuía um segundo andar apenas para acolher uma grande quantidade de livros, que comportava toda a circunferência.
— É a sala do nosso líder. — O caçador informou o que Jisung já desconfiava. — Normalmente dois caçadores fazem a guarda lá fora, você deu sorte.
Os olhos do aprendiz voltaram-se para as paredes do piso em que estavam. Haviam 63 quadros com o retrato de homens e mulheres, em sua maioria com o sobrenome Lee. No último deles estava escrito Lee Seungho.
Na parede ao lado da mesa, tinha uma espada diferente de todas que o Ômega já viu. Automaticamente, ele sentiu vontade de tocá-la e se aproximou para poder alcançar, mas Baekhyun o impediu de fazê-lo quando aconselhou:
— Se eu fosse você não faria isso. O Lee tem muito ciúme dessa espada, ele vai perceber que alguém tocou e eu nem quero estar na sua pele, se ele descobrir que foi você.
— Ela é muito bonita pra ficar aqui, deixada de lado.
— Eu concordo. — O ruivo se aproximou e ficou ao lado, ambos apreciando o objeto. — Isso porque não podemos ver as runas.
— Lunares? — Jisung indagou e o caçador assentiu.
— Elas compõem o cabo. — Baekhyun explicou, passando a mão por perto da arma, mas sem tocar. — Mas é claro, apenas um ômega lúpus é capaz de enxergar.
— Então essa espada pertenceu ao Capitão Francis?
— Exatamente. Seungho deve gostar de exibi-la sempre que alguém importante aparece por aqui. É como um lembrete sobre com quem estão lidando.
— Entendi...
— E então? O que está achando da sala do nosso líder?
— Nada demais... mas essa espada, eu me sinto até diferente só de estar próximo a ela.
— Eu admito que o ômega que a empunhou, foi muito foda. Mas não foi tanto quanto Lee Seungho, já que foi capturado pelo próprio.
— Em quais circunstâncias? — Jisung não acreditava que o maior pirata de todos os tempos foi capturado com tamanha facilidade, como era contado.
— Como assim?
— O Capitão Francis era muito forte. Eu não acho que tenha sido tão fácil como vocês contam.
— Mas ninguém disse que foi fácil. Francis Bonny deve ter lutado bravamente.
— Não... eu ainda acho que não deve ter sido assim. — Jisung ponderou, se aproximando um pouco mais da arma — Se você quer saber, eu acredito que Seungho só conseguiu colocar suas mãos no Capitão Francis, porque alguém da tripulação deve ter traído ele.
— Bom, não interessa quais foram os meios, o que importa são os resultados finais.
Jisung não quis levar a discussão adiante. Estava claro que ambos tinham opiniões diferentes. Ao invés, ele continuou observando outros objetos que compunham a sala, como uma armadura de metal no canto da parede e um escudo completamente intacto. Distraído, deu a volta na mesa e abriu uma das gavetas.
— Você está louco? — O caçador se aproximou. — O que está procurando?
O Ômega retirou de dentro da gaveta, uma dúzia de cartazes dos mais procurados do mundo. Todos os rostos exibiam feições assustadoras. Levado pela curiosidade, Baekhyun o acompanhou e ambos olharam um por um, até chegar no último. Um ômega de cabelo castanho que, diferente dos demais, estava com um sorriso astuto e sua aparência não era nada assustadora.
Logo abaixo, lia-se suas credenciais:
— Francis Bonny... dez milhões em moedas de ouro. — Jisung olhou para o caçador, que teve a mesma reação que ele.
— Puta merda! — Baekhyun expressou, ainda boquiaberto. — Dez milhões?!
— Em moedas de ouro. — Jisung respondeu, meio que completando — Melhor eu guardar isso.
O caçador assentiu, ajudando-o a colocar as coisas no lugar de onde foram removidas. Assim que organizaram os cartazes na ordem em que estavam, deixaram-nos dentro da gaveta e antes de fechá-la, Jisung leu o título em um livro onde estava escrito: Luna, Diário de Bordo.
— O que estão fazendo aqui? — ouviram a voz de um alfa. Jisung fechou a gaveta bruscamente.
— Mas que merda, Chanyeol! Que susto! — Baekhyun arqueou, massageando o peito. — Pensei que fosse o Lee.
— Vocês dois ficaram malucos? — o alfa perguntou, sua expressão sempre calma agora estava fechada. — Saiam daqui, os dois.
— Ele tem razão, melhor a gente dar o fora daqui. — O ruivo articulou, segurando a mão do outro e puxando-o para fora daquela sala.
Jisung sentiu imensa vontade de voltar para o gabinete de Lee, e pegar aquele diário para ler o que tinha escrito. Mas a curiosidade não foi maior devido aos resmungos de Chanyeol, sobre o quanto os dois foram imprudentes invadindo a sala do líder.
O mesmo alfa que estava retratado no último quadro, no gabinete, passou por entre um corredor e seguiu para cima, sendo acompanhado por mais dois caçadores.
— Acho que já chega de emoções por hoje. — Jisung esticou os braços.
Chanyeol e Baekhyun concordaram. os três deixaram o subsolo saindo por uma passagem que ficava localizada nos fundos de uma hospedaria.
Enquanto seguiam para casa, Jisung buscava encontrar algum indício dos oficiais, ou algum marinheiro de patente menor, pelo menos. Estava sempre em alerta para não ser pego de surpresa pelo Tenente Jo.
— Procurando por alguém? — Chanyeol percebeu..
— A Marinha. Faz um tempo que não vejo eles por aqui.
— Devem estar guardando o lado rico da cidade, e outros em Nabuco. O pirata que dominava a ilha foi morto e a Coréia tomou o poder.
“Que ótimo” — Jisung suspirou, pensando consigo mesmo.
Chanyeol tinha outros serviços para resolver no local em que trabalhava, a Masmorra, Baekhyun o acompanhou depois que ambos deixaram Jisung na segurança de seu lar. Assim que abriu a porta e entrou, o Ômega se assustou ao se deparar com uma moça segurando um balde e um esfregão.
— Quem é você? — Jisung perguntou.
— Sou Celina. O Sr. Wang me falou sobre você. Jisung, não é? — Ele assenti e a ômega continuou: — Eu trabalho aqui a cada duas semanas.
— Certo... Celina, eu não quero atrapalhar você, então vou para o quarto.
— Não, não, a casa é sua, não precisa se retirar. Por favor.
— Tudo bem, então vou fazer alguma coisa para comer. Estou com fome.
Celina sorriu assentindo e voltou a limpar o chão.
“Uma Ômega reservada...” — Jackson certamente deve ter esquecido de comentar o quanto ela é muito bela.
Jisung seria um ômega mau se considerasse a ideia de dispensá-la? Sim, ele seria.
“Tudo bem, ela é apenas uma ômega fazendo o trabalho dela...” — Ele pensava enquanto separava os alimentos que ia utilizar. — “Mas será que eles tiveram algum envolvimento?”
Foi perdendo seu tempo com indagações tolas, que ele esqueceu de um pequeno detalhe. Ele não sabe cozinhar. Mas talvez possa unir o útil ao agradável, e tentar obter as informações de maneira sutil...
— Celina? — Caminhou até a sala procurando-a.
— Sim? — Ela surgiu por detrás do sofá.
— Preciso de sua ajuda na cozinha, será que pode me ajudar com o jantar?
— Posso. — A ômega respondeu de imediato, deixando de lado um espanador de pó.
— Então, Celina... — Jisung respirou fundo — Você já se namorou com um alfa de alguma casa onde já trabalhou?
A Ômega deixou algumas batatas caírem no chão. Talvez o ômega tenha sido direto demais. Ficou constrangido por ter sido tão honesto, e se arrependeu no mesmo instante, ajudando a recolher as batatas. Após o ocorrido, Jisung se desculpou inúmeras vezes, Celina, gentil e compreensiva, entendeu o comportamento do ômega e o perdoou após o mesmo explicar que apenas estava com ciúme. Ela indicou que poderia fazer o jantar sozinha, e que ele deveria subir e descansar.
Jisung tomou um banho demorado e logo depois deitou-se na cama. Seus pensamentos estavam no diário de bordo que encontrou em posse de Lee Seungho, e com a ideia de voltar àquela sala para poder ler o seu conteúdo. Não precisava de muito esforço para entender a quem aquele diário pertenceu, e automaticamente, seus pensamentos se voltaram a Jackson.
Não era apenas uma curiosidade fútil, mas uma necessidade quase urgente de saber o que tinha escrito. Talvez seja aquilo que Jackson tanto queria encontrar, enquanto buscavam o Imperium.
Assim que amanheceu, Jisung acordou ainda arquitetando alguns planos para entrar naquela sala novamente. Não tinha certeza se teria a mesma sorte do dia anterior. Dizem que um raio não cai duas vezes no mesmo lugar.
Tal como Baekhyun o instruiu, o ômega seguiu pela passagem embaixo da ponte e não tinha quase ninguém, como esperado. Mas um caçador apressadinho esbarrou em si, e ele só não foi parar no chão porque o alfa foi rápido e o segurou.
— Perdoe-me — ele disse. — Você é muito baixinho, não o vi.
— Nossa, me desculpa, sr. montanha. — Jisung afirmou com sarcasmo — Talvez você devesse andar com uma lupa por aí, já que sou tão impossível de enxergar.
O caçador ergueu as sobrancelhas, indignado, mas em seguida riu alto, negando com a cabeça.
— Não foi isso o que eu quis dizer, não quis ofendê-lo. A propósito, sou Yuri. — O alfa se apresentou, estendendo a mão.
— Jisung. — Aceitou seu cumprimento.
— Eu não estou acostumado a ver ômegas por aqui, apenas Baekhyun usa essa passagem.
— Ele me disse que eu deveria usar essa, porque sou novo e assim me pouparia de alguma eventualidade...
Yuri sorriu coçando a cabeça.
— Me desculpe novamente, eu não... — O alfa estava visivelmente sem jeito.
— Está tudo bem.
— Indo treinar? — Ele perguntou e o ômega assentiu. — Eu sou instrutor de defesa pessoal, posso ajudá-lo com isso.
— Aah! Eu quero sim! — Jisung aceitou de prontidão.
Tudo o que fosse ajudá-lo a ficar mais forte, o ômega estava aceitando. Quando Jackson retornar, ele quer poder treinar com o alfa e mostrar o quanto trabalhou duro e evoluiu em sua ausência. Sua intenção era deixá-lo ainda mais orgulhoso.
Continua...
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