[14] Seja Forte
Boa leitura:
O que seria apenas uma tarde conhecendo a Ordem se tornou em um dia de treino intensivo e cheio de entusiasmo. Jisung estava tão focado que Jackson, Chanyeol e baekhyun tiveram de revezar para que o ômega continuasse tendo uma dupla para combates. Obviamente, ele sempre perdia as lutas. Era extremamente fácil para os caçadores desarmá-lo ou imobilizar.
Jisung não estava satisfeito com seu desempenho, por isso, tentava a todo custo pelo menos deixar algum deles impressionado, isso iria significar que já teve um grande avanço. Mas a verdade era que os caçadores estavam pegando leve com ele, por ser apenas um aprendiz.
— Não está cansado? — Jackson perguntou.
— Não posso parar se quero deixar de ser um peso morto. — Jisung riu, recebendo um tapa atrás da cabeça.
Baekhyun, o autor da agressão, o lançou um olhar furioso e disse:
— Toda vez que você ficar falando essas coisas sobre si mesmo, eu vou te bater.
O ômega massageou minha nuca, sentindo a mão de Chanyeol pousar em seu ombro. O caçador explicou:
— Ele é assim mesmo, Jisung, e a mão dele é bem pesada.
— Eu percebi...
— É. Mas eu gosto. Principalmente quando estamos...
— Olha bem o que você vai dizer... — Baekhyun interrompeu o alfa dele.
— Ele ficou com vergonha. — Chanyeol explicou para Jisung, e o ruivo rolou os olhos, concentrando-se em outra direção.
— Quando a gente chegar em casa você vai ver... — Baekhyun sentenciou, depois virou-se para o Ômega aprendiz: — Quer aprender a usar um arco?
— Eu posso? — Jisung olhou para Jackson, cheio de entusiasmo.
— Pode sim, meu bem. — O alfa respondeu com voz suave. — Não precisa me pedir permissão. Não sou seu dono.
— Então eu quero sim!
Baekhyun segurou em sua mão e o puxou por um caminho diferente. Dessa vez, o corredor que seguiram não havia muitos caçadores e os que rondavam por ali, não prestavam muita atenção nos dois ômegas que seguiam através do longo túnel. Aquela parte era mais reservada.
Os dois saíram através de uma escotilha na parte debaixo de uma ponte. Do outro lado do rio, estavam alguns mendigos aquecendo-se ao redor de uma fogueira, mas nenhum deles notou a estranha situação, quando dois ômegas surgiram repentinamente de um buraco no chão.
— Fala a verdade — Baekhyun perguntou enquanto seguiam pela cidade —, quem te ensinou a atirar facas daquele jeito?
— Ninguém. Eu observava o atirador do Black Swan e aprendi a me concentrar no meu alvo, como ele fazia.
— Você já navegou com o Black Swan?! Uau.
— Pertenci a tripulação por algum tempo. — Jisung afirmou, todo orgulhoso.
— Sério? E o que fez durante o tempo em que esteve com eles?
O ômega hesitou. Baekhyun tinha se mostrado um caçador muito gentil consigo. Ele é atencioso, prestativo e seu olhar parece sincero, mas Jisung não sabia se deveria confiar nele, tanto quanto aprendeu a confiar em Chanyeol.
Seu terrível erro com a senhora do vilarejo o deixou mais atento a essa questão. Se suas escolhas podem afetar as pessoas que ele ama, então ele precisa tomar muito cuidado daqui em diante.
Estava prestes a inventar uma história qualquer, quando Baekhyun supôs:
— Estavam atrás do tesouro do pai do Jackson? — Ele sorriu diante da expressão incrédula de Jisung. — Você precisa disfarçar melhor quando alguém descobre um segredo seu. Não faz esse cara de surpresa, faz uma expressão de tédio, como se a pessoa que você tá conversando estivesse completamente errada.
— Não é bem um segredo…
— Não, o fato é que você ainda não confia em mim. — Novamente, Jisung não conseguiu disfarçar a cara de surpresa. — Eu sou um caçador e você um livro aberto. Se quer esconder algo de mim, saiba que não vai funcionar.
— Desculpa. Jackson disse que eu não deveria confiar em ninguém. — Tentou não soar rude para que o ruivo não ficasse ofendido, mas ao invés disso, o ômega sorriu.
— Ele está certo, não peça desculpas, está tudo bem. Mas veja, você é muito transparente, precisa disfarçar melhor e eu acho que o Chanyeol pode te ajudar com isso.
— Como?
— Ele é o melhor quando se trata de interrogar uma pessoa.
— Oh, céus... Não!
— Relaxe. — Baekhyun parou de frente a porta onde havia uma placa com o desenho de um arco e um cajado, e girou de frente para o outro: — Ouça-me, você quer ficar forte para proteger seu alfa, certo? — Jisung obviamente confirmou. — Então precisa aprender a proteger a si mesmo primeiro.
O caçador abriu a porta enquanto o outro ficou pensando em suas palavras por um tempo. Nunca havia enxergado a situação daquele ponto, mas fazia todo sentido. Jisung nunca iria conseguir proteger o alfa quando sempre dependia dele para ser salvo. No momento em que pudesse cuidar de si mesmo, em qualquer ocasião, só então seria possível pensar em cuidar das costas de um outro alguém.
Assim que entrou no estabelecimento, Jisung viu um beta sentado confortavelmente em um banco, segurando uma ripa de madeira enquanto deslizava uma lâmina por sua extensão, entalhando-a.
— Olá, Riko, como está? — Baekhyun perguntou, sentando-se em um banquinho ao lado dele.
O Beta desviou sua atenção, olhou para nós dois e sorriu, voltando a trabalhar na madeira.
— Com essas duas belezas aqui, eu estou muito bem. — O beta respondeu.
Baekhyun riu divertido, fazendo sinal com a mão para que o outro se aproximasse.
— Este é o Jisung, o ômega do Jackson. Jisung, apresento-lhe o melhor escultor de Busan, Riko.
O escultor acenou para o ômega com a cabeça e continuou a fazer seu trabalho.
— Arco ou cajado? — Ele perguntou.
— Faça um arco para ele. Entalhe uma lua crescente na ponta.
— Certo, vou tirar suas medidas — o escultor afirmou ao se aproximar do ômega. — Com licença... agora estique os braços assim...
Ficaram na loja de Riko até ele ficar satisfeito com todas as dimensões do corpo de Jisung, desde a ponta do pé até o seu último fio de cabelo. Em seguida, Baekhyun sugeriu que fossem comprar algumas roupas para ele, já que o mesmo contou que não lhe restavam muitas.
A ideia seria maravilhosa, se não fosse por uma figura vestida com o uniforme da Marinha coreana. Para o desalento de Jisung, o Tenente Jo estava parado com mais alguns outros marinheiros, enquanto eles revistavam bruscamente a carroça de dois senhores.
— Eu quero ir pra casa. — O ômega já estava dando meia volta, mas o caçador segurou em seu braço.
— O que foi? Jisung, você está pálido! O que aconteceu? O que está vendo?
Baekhyun olhou para todos os lados, procurando por alguma ameaça. Já estava com o arco pronto para derrubar qualquer oponente. Mas é claro, ele nunca imaginaria que o ômega estava com medo do Tenente, pois Jisung logo tratou de não olhar mais naquela direção, para que o alfa não lhe reconhecesse.
— Só quero voltar, por favor. — Puxou seu braço e saiu andando na frente, suspirando aliviado quando ouviu os passos do caçador logo atrás.
O ômega agradeceu mentalmente por Baekhyun não ter feito mais nenhuma pergunta. Ele apenas o acompanhou até chegar em casa. Não importa quanto tempo tenha passado desde que sofreu uma terrível violência por parte do asqueroso tenente, que apenas não ultrapassou os limites da maldade humana porque foi interrompido por um oficial. Jisung jamais esqueceria a angústia que sentiu ao ter aquelas mãos imundas e violentas sobre seu corpo. Saber que o pavoroso indivíduo ainda estava vivo, o deixou transtornado.
Assim que abriu a porta, Jackson surgiu diante dele e o abraçou fortemente pelo torso. O alfa estava prestes a procurá-lo, visto que sentiu o súbito pavor de seu ômega através da marca que compartilham.
— O que aconteceu? — Jackson perguntou.
— Eu não sei, estávamos caminhando na rua quando ele ficou assim.
— Entendo. Obrigado por ter acompanhado ele até aqui.
— Cuida bem dele. — Baekhyun disse. — Nos vemos por aí, Jisung.
O ômega apenas assentiu com a cabeça, e quando o caçador foi embora, Jackson os guiou para dentro de casa. Ambos sentaram no sofá, de modo que fosse possível continuar abraçado a ele, e respeitou pacientemente o seu silêncio, passando a mão carinhosamente pelo cabelo do loiro.
— Eu o vi. — Jisung afirmou, tentando segurar o choro. — O Tenente Jo estava perto do mercado.
— Ele viu você? — O Ômega negou, balançando a cabeça. Jackson tornou o abraço mais apertado. — Estou aqui, não tenha medo.
— Não sabia que ele vinha até esse lado da cidade.
— Ah, ele vem sim. Ele e sua corja precisam exercitar sua autoridade abusiva em alguém.
— Não existe uma passagem direto da Ordem até sua casa, não é?
— Não. Mas posso pedir para que Baekhyun acompanhe você todos os dias.
— E por que não você?
Jackson hesitou, respirando fundo antes de confessar:
— Estou em uma nova missão.
— Mas eu pensei que estava tudo bem. — Afastou do abraço dele para poder olhá-lo nos olhos — Eu não entendo...
— E está... por isso que vou nessa missão.
— Não posso ir com você?
— Melhor que não vá, isso envolve o seu pai. — Os olhos do ômega quase saltaram das órbitas. O caçador explicou rapidamente: — Não é assassinato.
— Então o que é? Quem é o contratante? — Como era esperado, o alfa não respondeu. — Tudo bem, pode ir em sua missão super secreta...
Jisung virou o rosto e cruzou os braços, emburrado. Jackson achou aquela atitude adorável, segurou suavemente em seu queixo e o virou até estar de frente para si.
— Não fique assim. Será por pouco tempo. Um ou dois meses, no máximo.
— Mas e o meu treinamento?
— Baekhyun pode ajudá-lo com isso, ele é um excelente caçador. Claro que não se compara a mim...
— Tá bom, melhor caçador do mundo. — Jisung brincou, o alfa começou a rir — Prometa que vai voltar logo?
Jackson aproximou seu rosto do dele e juntou seus lábios, antes de responder:
— Eu prometo.
⚔️
Não foi algo relativamente fácil habituar-se a passar dias sem a presença de Jackson, principalmente logo na primeira semana depois que ele partiu. Mas o ômega conseguiu conter a vontade de pegar um cavalo e ir atrás dele. Após o fatídico encontro com o hostil tenente Jo, Jisung evitava sair de casa desacompanhado. Até mesmo convidou o casal Chanyeol e Baekhyun para dormir no outro quarto que existia em sua casa, com medo de que o Tenente descobrisse sua presença na Coréia e aparecesse subitamente para terminar a violência que começou no galeão da Marinha.
Tinha em mente que para se tornar um caçador, ele precisava superar esse medo, mas o simples fato de imaginar o sujeito olhando para si, com aquele asqueroso sorriso demoníaco, o fazia estremecer de pavor. Ainda não estava pronto para enfrentá-lo.
O fato de estar se distraindo com Baekhyun no treinamento, o ajudou a superar a saudade... mas, não ela toda. Jackson era o último pensamento dele antes de dormir, e o primeiro na manhã seguinte, ao acordar. O cheiro de menta ainda estava presente nos lençóis, e era o que aquecia o ômega em todas as noites frias.
— Presta atenção! — Baekhyun avisou, quando uma de suas flechas acertou pelo menos um metro longe do alvo.
— Desculpa, vou acertar o próximo.
— Não quero deixar você ainda mais paranóico, mas Jackson vai sentir essa sua aflição pela marca e não vai se concentrar na missão dele. — O caçador avisou, massageando os ombros de Jisung. — Relaxe um pouco, ele disse que ia voltar logo, não foi?
— Sim. Mas a última vez que Jackson saiu em uma missão foi quando eu o conheci. Eu tinha dezessete anos, Baek. Estou com dezenove, e foi exatamente quando ele voltou.
— É diferente... Ele estava dando a volta pelo mundo, desbravando lugares nunca antes conhecidos. Até onde eu sei, ele nem mesmo vai sair da Coréia. Concentre-se em ficar mais forte, porque se ele atrasar um dia sequer, você pode lançar uma faca nele.
— Por Deus! Não fale assim. Quando ele voltar, eu vou abraçá-lo e não soltar por um bom tempo.
Baekhyun sorriu, dando de ombros.
— Você é muito fofo. Vamos treinar.
— Espere, Baek... — pediu, desembainhando a katana — Eu quero treinar com isto.
— Isso é... — Baekhyun ficou boquiaberto enquanto admirava a arma. Ele tocou no metal da lâmina e refletiu:
— O Yoonie... nossa, ele te deu a katana?
— Sim.
— Ele treina com essa katana desde criança. Ela era sua companheira inseparável... se ele te entregou assim, significa que ele te considera digno dela. Não sei se você entende o que eu quero dizer.
— Eu entendo sim. Da próxima vez que nos vermos, eu vou mostrar ao Yoongi o que sou capaz de fazer com ela.
— Então, eu acho que é melhor eu pegar a minha katana também... — Baekhyun afirmou, caminhando até onde ele deixou a arma. Quando retornou, trazia um sorriso e a arma apontada na direção do outro Ômega. — Eu não costumo pegar leve.
— Eu também não.
O caçador sorriu de canto e, de repente, avançou contra Jisung com a sua arma erguida, que desviou do seu ataque girando a katana contra a dele.
Por inúmeras vezes, Baekhyun o desarmou, fazendo-o parar no chão, com a katana dele posicionada contra sua garganta. Mas em todas elas, Jisung se levantou e continuou com seus ataques. Não era humilhante, mas significativamente inspirador.
Continua...
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