4 - O anjo
Sam e Dean trataram de explicar sobre todo o mundo sobrenatural para Michonne, que havia encontrado o grupo da prisão fazia pouco tempo, por isso não tinha nenhum conhecimento da real existência de monstros, espíritos ou demônios. Ela os escutava incrédula, mas Gretel percebeu que ela a olhava em muitos momentos, ainda com aquele mesmo semblante raivoso e desconfiado. A Winchester não a julgava, mas já estava começando a ficar incomodada com o olhar inquisidor da outra.
— Já pode parar de me olhar desse jeito. — Gretel disse, perdendo a paciência e se aproximando do grupo que explicava o mundo sobrenatural.
— Que jeito? — Michonne perguntou.
— Como se eu fosse um monstro. — A resposta da Winchester foi acompanhada por um olhar ácido.
— Você estava com o Governador, e aquele homem é um monstro, então... Faz sentido que eu te veja assim. — Gretel percebeu Dean pronto para defendê-la, mas ele ficou quieto com apenas um gesto da irmã, que mostrava que ela estava no controle.
— Eu só fiquei em Woodbury porque achei que o Governador estaria trabalhando com um demônio. — Ela fez uma pausa após a revelação, porém olhava nos olhos de Michonne. — Na verdade ainda acredito nisso. Então, eu deveria fazer o que? Deixar todas aquelas pessoas sob o poder de um maníaco com um demônio? — Ela se aproximou mais alguns passos. — Aí sim eu seria um monstro.
Gretel deu as costas para o grupo, sem esperar resposta de ninguém. Ela caminhou até o bloco de celas e pensou em falar com Merle, que ela percebeu ainda estar preso, mas desistiu e entrou na cela onde antes Dean estava. Ela olhou ao redor do pequeno espaço e viu algumas gazes e uma camiseta sujas de sangue. Talvez fosse a peça de roupa que Dean estaria usando quando tomou o tiro, ela pensou.
— Você vai explicar o que acabou de dizer? — Ela se assustou com a voz de Dean entrando na cela. Sozinho.
— Cadê o Sammy? — Ela perguntou, aproveitaria para explicar uma vez só para os dois.
— Acalmando os ânimos da nossa amiga da espada. — Ele respondeu, aproximando-se mais da irmã.
Gretel suspirou e sentou-se na cama de baixo da beliche, onde Dean estava deitado antes. O irmão mais velho sentou-se ao lado dela, não conseguindo para de olhá-la um segundo sequer. Parecia que se desviasse o olhar, ela sumiria mais uma vez, e não queria nem imaginar isso acontecendo de novo.
— Preciso encontrar e matar aquele demônio, Dean. — Ela confessou, com a voz preocupada. — O Governador é realmente desprezível, mas têm pessoas inocentes lá. Pessoas boas. — Ela suspirou. Estava feliz de reencontrar os irmãos, mas sentia-se culpada por simplesmente ter fugido de Woodbury sem fazer nada.
— Então voltaremos lá e mataremos o que quer que seja. — Dean disse simplesmente, dando de ombros. Gretel riu sem ânimo.
— Eles estão em maior número, cabeção. E maior poder bélico, você percebeu. — Ela apontou o lugar do tiro no corpo do irmão com a cabeça, mesmo que não houvesse mais nenhum resquício de ferimento ali.
— Acha que foi Castiel? — Dean perguntou. — Não o vemos há tempos. — Ele suspirou dessa vez.
— O que aconteceu com ele? Pensei que estivesse com vocês. — Gretel perguntou, mas sem esperar resposta, já que os três Winchesters estavam no escuro em relação a isso. Dean deu de ombros.
Um silêncio se instalou entre os dois, mas era confortável. Gretel apoiou a cabeça no ombro do irmão mais velho e se permitiu sentir acolhida. Não demorou muitos minutos para que Sam também aparecesse ali. Ela pegou um banco que havia ali, antes usado por Hershel, e sentou-se na frente dos irmãos.
— Daryl disse que Merle sabia quem você era desde que soube que nós estávamos na prisão. — Ele soltou a bomba simplesmente. Dean franziu as sobrancelhas e olhou para a mais nova esperando uma resposta.
— Ele sabia. — Ela confirmou. — Tive que descobrir onde estavam através do Crowley. — Ela revirou os olhos.
— E aquele filho da puta ainda está aqui? Vou acabar com ele. — Dean soltou com a voz já alterada enquanto se levantava. Gretel e Sam fizeram o mesmo movimento, mas para acalmar o irmão mais velho.
— Dean, por favor, ele me ajudou em Woodbury. — Ela disse, mas a tensão ainda estava presente nas feições do mais velho. — Merle pode ser um grande merda, mas a única vez que consegui chegar perto de encontrar o demônio foi com a ajuda dele.
Dean pareceu se acalmar minimamente, mas ainda sentia a maior raiva do mundo em seu coração. Só de pensar que ele manteve sua irmãzinha longe deles mesmo sabendo quem ela era... Isso o tirava do sério. Mas tentou se agarrar ao fato de que Gretel estava com eles no momento, e isso era tudo o que importava.
(...)
Já era quase fim de tarde quando os três Winchesters caminhavam até o pátio de fora da prisão, onde o grupo já havia cercado e limpado, livre dos mortos vivos que ainda rodeavam o local. Gretel abriu um sorriso grande ao ver Baby novamente, logo correndo até o porta malas e pedindo a chave para Dean. O mais velho as jogou e a mais nova não demorou a abrir o compartimento. Ela suspirou enquanto olhava para o arsenal que ela e os irmãos mantinham ali, cada vez mais aperfeiçoado ao longo dos anos de caçada.
— Senti falta disso. — Ela disse, tirando a mochila que ela havia pendurado nas costas e guardando o conteúdo todo ali.
— Baby sentiu sua falta. — Dean comentou. — Ela se sente bem melhor com você dirigindo do que com o Sammy. — Ele concluiu, arrancando um sorriso da irmã e um revirar de olhos do irmão.
— Ha ha, como senti falta dos dois se juntando para me zoar. — Sam comentou com a voz mais irônica que conseguiu.
Os três permaneceram ali apreciando suas companhias e conversando sobre como procederiam a partir dali. Precisavam achar Lúcifer, com certeza, mas antes tinham que resolver o assunto demônio de Woodbury. Gretel pensava nisso principalmente, já que foi ela que abandonou a cidade sem terminar de resolver o problema. Eles só não conversaram mais porque Daryl se aproximou, apoiando a crossbow no ombro e olhando para Gretel de longe.
Ela aproveitou para também olhá-lo, porém de cima a baixo, com inúmeras outras intenções. O jeito como os músculos marcavam sem esforço no braço desnudo chamavam sua atenção, ela definitivamente queria senti-lo mais perto. E Daryl, não muito diferente, percebeu a curva perfeita da cintura da mulher, já que ela usava apenas uma regata branca grudada em seu corpo. A tensão em seus olhares era presente.
— Arqueiro. — Ela cumprimentou, com o típico sorriso de canto.
— Pode vigiar Merle por um tempo? — Ele perguntou direto. — Você é a única aqui que teria paciência pra isso. — completou, ao perceber os olhos semicerrados de Gretel, porém com o sorriso ainda presente.
— E o que eu ganho em troca?
A pergunta da Winchester foi seguida de mais um olhar por toda silhueta do Dixon, com o mesmo sorriso nos cantos dos lábios e uma malícia extrema no olhar. Dean e Sam perceberam, e tiveram as mais opostas reações. Ao passo de Sam soltou uma risada achando graça, Dean levantou uma sobrancelha e encarou Daryl irritado. Ele sempre odiou qualquer um ou qualquer uma que caísse nos encantos de sua irmãzinha, porque isso significaria que ela não era mais uma menina inocente como ele se lembrava.
Daryl encarou profundamente os olhos de Gretel após sua pergunta, sentindo uma vontade repentina de puxa-lá pela cintura e comprovar se seus corpos realmente se encaixavam tanto quanto ele imaginava. Porém, também percebeu o olhar de Dean, e logo tratou de desviar o seu próprio olhar da Winchester mais nova. Gretel riu nasalado.
— Não se preocupe, arqueiro, eu olho o velho. — Ela disse, deixando um singelo toque na pele exposta do braço de Daryl.
O simples toque foi suficiente para que a vontade anterior de Daryl se intensificasse. Ele jamais havia se sentido tão atraído por outra mulher na vida e durante todo esse tempo, se deitava com quem quer que fosse apenas por prazer. Mas Gretel era diferente, ele não queria sentir apenas o prazer dele próprio.
A Winchester sentiu mais vontade ainda de pressionar o Dixon mais novo, já que seu desejo no corpo dele só aumentava. Gretel já se envolveu com homens e mulheres diversos, mas Daryl tinha uma postura que a intrigava especialmente. Ela sabia que não seria fácil conseguir que ele cedesse, o que a deixava com mais vontade de tentá-lo.
(...)
Já havia se passado mais de uma hora desde que Gretel começou a vigiar seu amigo Merle, o céu já estava escuro, mas ainda não era tarde da noite. Sentada em um banco na frente da cela onde ele ainda estava preso, ela aguentava todos os tipos de investida que ele sempre dava. De início o achava um babaca, o que ele realmente era, mas ela aprendeu a acostumar, e as vezes até achava engraçado o jeito como ele ainda tentava.
— Ainda não estou de boa com você, Dixon. — Ela disse o olhando nos olhos, mesmo querendo rir com a última piada sem graça que ele soltou.
— Entre aqui e resolvemos, princesa. — Ele respondeu, malicioso como sempre. Gretel revirou os olhos.
Gretel não respondeu, apenas observou o grupo se aconchegando em um canto do bloco de celas, um pouco mais afastados. Ela viu Daryl caminhar até o refeitório e não tirou os olhos dele até que desaparecesse do seu campo de visão. Ela passou a língua nos lábios e controlou um sorriso sacana.
— Você não é o Dixon que eu quero, querido. — Ela finalmente disse, voltando a olhar o amigo com o mais puro sarcasmo no olhar.
Merle ergueu uma sobrancelha, em seguida fez uma careta indignada e bufou, arrancando um sorriso divertido da Winchester. Ela desviou os olhos dele mais uma vez para olhar na mesma direção de antes, observando enquanto Daryl se aproximava. Ele tinha uma toalha com uma lata de sopa nas mãos. A crossbow fielmente em volta do tronco, nunca longe dele. Dessa vez os braços estavam cobertos por uma jaqueta, já que estava uma noite um pouco mais fresca. Até mesmo Gretel havia se agasalhado mais.
— Não o coma com os olhos na minha frente, é nojento.
Merle murmurou a última frase um pouco alto. Daryl engoliu em seco, ao passo que Gretel ergueu um dos cantos dos lábios, porém sem desviar o olhar intenso do Dixon mais novo. Ele entregou a sopa para o irmão mais velho e se virou para Gretel, que estava ainda sentada no banco.
— Obrigado por olhá-lo, já tá livre disso. — Daryl disse com a voz mais rouca que o normal.
— E se eu quiser ficar? — Gretel perguntou, levantando-se propositalmente muito perto do Dixon mais novo, acabando por ficar extremamente próxima dele.
Daryl não se afastou, muito pelo contrário, devolveu o olhar intenso da mulher em sua frente. Ele não conseguiu segurar um suspiro e ela percebeu, sorrindo mais abertamente do que antes. Porém, ela acabou desviando o olhar ao sentir algo estranho. Gretel sempre teve um sexto sentido aflorado, principalmente pelo sangue de demônio que havia consumido quando era bebê. Ela não se submeteu a loucura de Sam em relação a tomar mais do sangue maligno, e por isso não passou pela desintoxicação, portanto, ela ainda tinha algumas habilidades sobrando.
De forma rápida, Gretel pegou a espada angelical que guardava em um cinto e virou-se abruptamente para trás, empunhando a arma com firmeza e com o corpo tenso e pronto para atacar o que quer que fosse. Daryl tensionou seus músculos junto ao ver o movimento, e o resto do grupo mais afastado também pareceu perceber.
Porém, ao mesmo tempo que Gretel terminou seu movimento, a imagem de um homem apareceu como mágica na exata direção onde ela apontava a espada angelical. Tinha olhos azuis e usava um terno com um sobretudo bege por cima. Ela o conhecia muito bem, na verdade, todos os Winchesters presentes na prisão.
— Cas? — Dean gritou ao perceber o movimento de sua irmã e se aproximando.
Sam o acompanhou ao passo que Gretel abaixou a espada e voltou a guarda-la no cinto. Daryl, que havia conseguido empunhar a crossbow, ainda tinha ela firme nas mãos, mas não apontava para o novo estranho, só estava pronto para o que precisasse. O resto do grupo se aproximou igualmente, alguns surpresos, outros tensos, e outros com medo.
— Quem é esse? — Rick perguntou, assumindo o controle como um bom líder.
— Castiel, onde diabos esteve? — Gretel não respondeu a pergunta do líder, mas sim questionou o amigo enquanto o empurrava com força, o que não fez muita diferença, já que ele era muito mais forte do que parecia.
— Sabe o quanto chamamos por você, seu idiota? — Dean completou, nervoso e explosivo como a irmã mais nova.
— Castiel, o anjo? — Maggie perguntou se aproximando um pouco mais.
— O anjo babaca que ignora os amigos. — Gretel mais uma vez, agora andava de um lado a outro, lançando olhares para Cas.
— Eu ouvi todas as vezes. — Castiel finalmente disse, o que apenas piorou a raiva de Gretel e Dean. Sam, enquanto isso, parecia mais desapontado.
— E onde você estava, porra? — Dean perguntou com a voz um pouco mais alta.
— Preciso falar com vocês. — Castiel disse mais uma vez. — A sós.
(...)
— Você estava procurando por Lúcifer sozinho? Podíamos ter ajudado. — Dean disse, sem nem deixar o anjo falar direito. Estavam na cela onde Dean estava desacordado antes.
— Eu estava procurando por respostas, na verdade. — Castiel respondeu, calmo.
— E achou alguma, pelo menos? — Gretel abriu a boca. Castiel suspirou e franziu as sobrancelhas.
— Não muito. — Foi a única coisa que ele disse, mas Gretel percebeu um olhar um pouco mais longo na direção dela.
— Gostaríamos que tivesse nos avisado, Cas. — Sam finalmente disse algo, com a voz tranquila, mas decepcionada.
Castiel apenas o encarou como resposta, desviando o olhar de Sam após alguns segundos.
— O tiro que Dean levou. — Gretel voltou a falar. — Foi você quem curou? — Ela perguntou, atraindo a atenção do anjo para ela. Ele acenou positivamente com a cabeça.
— Achei que seus poderem tinham enfraquecido depois de se rebelar. — Sam fez uma observação.
— Parece que com o apocalipse, os outro anjos não estão muito preocupados em punir um que se rebelou. — Castiel respondeu. — Na verdade, não estão preocupados com absolutamente nada, pelo que parece. — Ele fez uma pausa, e encarou as expressões confusas dos três Winchesters. — Todos sumiram.
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Autora: espero muito que estejam gostando, e gostaria muito que comentassem pra eu saber o que realmente estão achando! além disso, compartilha aí com os amigos, vai me ajudar muito, e não esqueçam da estrelinha
Bjin procêis🤍
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