Gretel nem sequer esperou mais uma palavra ser dita. A informação de que seu irmão havia levado um tiro foi o suficiente para preocupa-la até a alma. Ela correu pela prisão, e apenas olhou para trás para pedir que alguém a guiasse com muita urgência. Ela sentia o ar faltar pela preocupação e sentia como se um peso muito intenso estivesse sobre seus ombros.

   Ela nem sequer observou o bloco de celas que entrou, estava concentrada demais em reencontrar seus irmãos, e principalmente, checar se ambos estavam bem, na medida do possível. Daryl a guiou, passando pelo refeitório, e em seguida, chegando no corredor de celas. Foi quando Gretel passou pelo Dixon mais novo e começou a olhar em todas as portas abertas. Sua sorte foi encontrar algo logo na segunda que olhou.

   A primeira pessoa que viu foi Dean, deitado na cama de baixo do beliche, sem a camisa, desacordado, pálido e completamente sujo de sangue. A cena atingiu o coração da mais nova com extrema intensidade, fazendo-a arfar e apertar as mãos em punhos. Ela sentiu suas unhas cravarem a pele sensível da palma, já que ela sempre fazia isso quando estava nervosa, com medo ou preocupada.

   Em seguida, viu um senhor ao lado de Dean, sentado em um banco pequeno, fazendo o possível para estancar o sangue, com a ajuda de uma garota loira de olhos claros e traços do rosto delicados. O senhor olhou para Gretel de soslaio, apenas conferindo sua mais nova observadora. Ele pensou que fosse Sam, já que o havia mandado para outra cela para que se acalmasse e não atrapalhasse seu trabalho de salvar o irmão mais velho.

   — Gretel...

   A Winchester mais nova estava prestes a entrar na cela, para que pudesse fazer qualquer coisa para ajudar, mas uma voz chamando seu nome fez com que ela estagnasse no lugar. Uma voz singular, e extremamente conhecida por ela, preenchendo seu coração com alívio e calma.

   Ela virou-se na direção de Sam, que acabara de sair por uma das portas ao ouvir todo o alvoroço de passos pelo bloco de celas da prisão. Ele preocupou-se pensando ser uma correria relacionada ao seu irmão, por isso saiu da cela para averiguar e para ajudar no que fosse possível. Mas ao ver sua irmã, viva, inteira e bem em sua frente, sentiu como se a pressão em seu coração e corpo se esvaísse levemente. Como se fosse finalmente livre da tortura emocional que sofria, quase causando-lhe dor física.

   Gretel pensou em dizer alguma coisa, mas nada saía de seus lábios, por isso ela apenas apressou os passos e correu em direção ao irmão gêmeo, chocando seus corpos em um abraço apertado, cheio de alívio e felicidade momentânea. Com os braços em volta do pescoço do irmão, ela levou uma das mãos até os cabelos compridos e castanhos de Sam, deixando uma carícia gentil nos fios. E o Winchester, por sua vez, apertava mais e mais a cintura da irmã, como se pudessem se fundir no abraço. Ele sentia que se a soltasse, ela simplesmente sumiria de novo.

   — Pensei que nunca mais te veria de novo. — Sam disse ainda abraçando sua irmã gêmea.

   — Eu sou uma Winchester, Sammy. — Ela respondeu, afastando-se do homem para poder olhar seu rosto. — Nós sempre nos achamos.

   Os gêmeos sorriram um para o outro, como se nada de ruim estivesse acontecendo ao redor deles. O alívio de Sam e Gretel Winchester era quase palpável e o carinho e saudade que ambos se olhavam só deixava tudo mais claro. Infelizmente o sentimento não durou muitos segundos, já que os dois se lembraram ao mesmo tempo sobre o ocorrido com o irmão mais velho. Eles correram juntos até a cela onde Dean estava desacordado e ainda sendo tratado pelo mesmo senhor e pela garota de cabelos claros.

   — Hershel, como... — Sam começou a pergunta, mas foi interrompido.

   — Preciso de paciência, Sam, estou fazendo de tudo. — Hershel respondeu. Sam se calou, mas Gretel não era tão paciente quanto seu irmão gêmeo.

   — Responda agora, como ele está? — Ela pediu autoritária, arrancando um olhar rápido do velho e um olhar surpreso da garota.

   — Gretel... — Sam tentou acalma-la segurando em seu braço, mas ela o puxou e deu mais alguns passos para dentro da cela.

   — Não passei pelo inferno pra encontrar meus irmãos só pra um deles estar morto. — Sua voz era nervosa e desesperada, mas mesmo assim ela respirou e tentou se acalmar, como se fosse possível. — Por favor, ele vai ficar bem? — Hershel lançou mais um olhar rápido a ela. Ele suspirou, mas não cessou seu trabalho em Dean.

   — A bala entrou e saiu do corpo, e isso é um bom sinal. — Ele disse, pegando da mão da garota uma agulha com linha. Ele fez o primeiro ponto em silêncio. — É cedo dizer, mas... Ele é forte.

   Gretel precisou se contentar apenas com isso. Ela piscou os olhos algumas vezes, sentindo as lágrimas queimarem em sua garganta, só então caindo na realidade que seu irmão mais velho estava realmente ferido. Sam a puxou delicadamente pelo braço até os dois encostarem na parede do corredor, do outro lado. O gêmeo sabia o quanto sua irmã queria chorar e desabar, mas também sabia que ela jamais faria isso na frente de ninguém, havia puxado Dean nesse quesito.

   Gretel, mesmo sentindo seus olhos cheios de lágrimas, segurou cada uma delas, não deixando que nenhuma escapasse. Sua mente estava um pouco avoada por conta da preocupação, mas ela percebeu quando Daryl e Rick levaram Merle até a cela mais afastada ainda daquele corredor, e o prenderam lá. Ainda estava chateada com seu amigo, esperava tudo dele, mas não que mentiria para ela, o que era irônico, porque ela sempre teve um sexto sentido em relação a mentiras.

   Após prenderem Merle ali, Daryl voltou a passar na frente de Gretel, e Sam percebeu a mudança drástica no olhar da irmã gêmea ao ver o Dixon mais novo. Nas suas conclusões, ou Gretel estava procurando algo para se distrair, ou estava realmente interessada em Daryl. Sam optou pela primeira opção, já que só havia visto sua irmã gostar mais que o normal de alguém apenas uma única vez.

   — Está realmente pensando nisso agora? — Sam perguntou a ela, que ainda encarava Daryl de cima a baixo, enquanto o Dixon se distraia sentado em um banco arrumando as flechas da crossbow.

   — O que foi? Só tô olhando. — Gretel respondeu dando de ombros, mas logo sorriu de canto e voltou a olhar para Daryl.

   Não deu tempo para que ninguém dissesse mais nada, já que Hershel saiu da cela em que cuidava de Dean, seguido pela garota. Gretel só então reparou que o velho não tinha metade de uma das pernas e se locomovia com muletas. Ela não deu muita importância para isso, apenas entrou na cela e encarou seu irmão mais velho.

   Dean estava pálido, mas a respiração era calma, nada tão alarmante. Ele ainda estava sem a camisa e agora Gretel via um curativo feito com muito cuidado onde a bala havia atravessado. Seria ótimo ter a ajuda de Castiel agora, pensou ela enquanto sentava-se em um banco que existia ali. Sam fez o mesmo, ao lado da irmã gêmea.

   — Sei que não é o momento... — Sam começou, encarando a mulher. — Mas você precisa conhecer o resto do grupo. — Gretel o olhou e suspirou, não estava com cabeça para aquilo. Não foi preciso mais nada para que Sam entendesse. — Está com fome? — Ele perguntou após alguns segundos.

   — Um cheeseburger seria ótimo agora. — Ela respondeu, tirando um sorriso fraco de Sam.

   — Bom, temos sopa enlatada vencida. — Ele deu de ombros, conseguindo arrancar um sorriso de Gretel.

   — Perfeito. — Ela disse, sentindo-se mais leve pelo momento descontraído que acabara de ter com o irmão gêmeo.

   Sam se levantou e foi pegar a tal sopa para sua irmã, enquanto isso, Gretel voltou a olhar para Dean deitado na beliche. Ela colocou uma das mãos em sua cabeça, deixando um carinho terno nos fios loiros do mais velho. Então, ela fechou os olhos, suspirou, e pela milésima vez desde que o apocalipse começara, chamou por um amigo.

   — Castiel, espero que esteja me ouvindo. — Ela disse, enquanto segurava a mão de Dean firmemente. — Faz tempo que não te vejo, e espero que tenha estado com meus irmãos nesse meio tempo. — Ela fez uma pausa. — Então, por favor, peço que venha ajudar. Não sei o que fiz para receber seu silêncio, mas meu irmão não o merece. Por favor, é minha última tentativa.

   De fato, não via Castiel desde o começo de tudo. Ela não sabia se algo havia acontecido com ele, não sabia se ele apenas a ignorava ou se estava ocupado demais ajudando seus irmãos. As vezes ela tinha raiva por não ser ouvida, mas sempre tentava pensar que havia um motivo para a situação. Mal sabia ela, que Sam e Dean também estavam no mais completo silêncio.

   Ela deixou Dean sozinho de novo, a contragosto, após ser chamada por seu irmão gêmeo, que pedia a ela que fosse comer no refeitório, assim poderia pelo menos ser apresentada para os outros. Quando ela chegou, viu Rick, Hershel e a mulher do amuleto, que se chamava Lucy e ainda a intrigava pela forma que a encarava, percebendo também a infeliz falta de Daryl Dixon. Além deles, Gretel descobriu o nome da garota loira que ajudava Hershel anteriormente, Beth. Também viu Michonne, que continuava a encarando com desdém e desconfiança, e ela entendia o motivo.

   Continuando as apresentações, Gretel viu uma mulher de cabelos grisalhos chamada Carol, segurando um lindo e tão inocente bebê nos braços, chamada Judith. Junto delas estava o garotinho que vira mais cedo, e descobriu também seu nome, Carl. Por último, um cara asiático chamado Glenn e por fim...

   — Bela? — Gretel disse com a voz um pouco mais alta pela surpresa. — O que... Todos confiam nessa mulher? — Ela continuou com o choque, apontando para Bela com uma careta confusa no rosto. — Pensei que estivesse morta. — Ela conclui, encarando Bela com as sobrancelhas franzidas.

   — Gretel, não é a Bela. — Sam se apressou em acalmar a irmã. — Essa é Maggie... — A mulher percebeu que seu irmão fez uma pausa, um pouco receoso sobre o que iria dizer. — Irmã gêmea de Bela.

   Gretel ergueu as sobrancelhas e soltou uma risada divertida, encarando todos e esperando que rissem com ela por conta daquela estúpida e ridícula piada, porém todos permaneceram apáticos. Alguns, inclusive, a encaravam em confusão.

   — É sério que ela fez vocês todos acreditarem nisso? — Ela perguntou encarando seu irmão, ainda com um sorriso no rosto, porém menor que antes.

   — Sei que é difícil acreditar, mas... — A mulher, que se parecia com Bela Talbot, começou a dizer, conseguindo a atenção da Winchester mais uma vez. — Pode perguntar a meu pai e minha irmã bem ali. — Ela apontou para Hershel e Beth.

   Gretel encarou os dois, e percebeu em seus semblantes que Bela, ou melhor, Maggie, falava a verdade. Ela só não sabia a história completa ainda, e no momento nem queria saber, estava preocupada demais com outros assuntos. Por enquanto, Gretel se deu por vencida, franzindo as sobrancelhas e encarando Sam mais uma vez, ela deu de ombros.

   — Isso é perturbador. — Ela disse em voz baixa, mais para ela mesma do que para o resto. Sam sabia o porquê, já que os Winchesters tinham uma certa história com Bela, principalmente Gretel. — Sam, ainda estou com fome.

   Essa simples frase pareceu quebrar toda a tensão que estava no ambiente. Sam conseguiu sorrir minimamente e levou a irmã até uma das mesas, onde uma lata de sopa quente jazia ali, só esperando por ela. Gretel se alimentou um pouco quieta, e seu irmão gêmeo sabia que ela ainda estava preocupada com Dean. Na verdade, ele também estava preocupado o suficiente para não querer conversar com ninguém, e nem com a irmã. Não demorou muito para que um alvoroço se fizesse presente depois de alguns segundos.

   Gretel e Sam se levantaram dos bancos e todos os outros se mantiveram em alerta ao ouvirem vozes um tanto alteradas no bloco de celas logo ao lado. Gretel reconheceu a voz de Dean na hora, e quase correu até onde ele estava para ver o que acontecia. Porém não foi preciso, já que logo a figura de Dean apareceu no refeitório, um tanto enraivecido.

   — O que aquele babaca tá fazendo aqui dentro? Achei que tínhamos chegado a um acordo de não deixarmos Merle permanecer conosco. — Sua voz era potente e alta. Sam e Rick se colocaram na frente de Dean para acalma-lo. Daryl saiu de onde quer que estava e veio atrás.

   — É exatamente o que eu disse. — Glenn se exaltou também, praticamente colocando mais "lenha na fogueira".

   — Dean, por favor se acalme. — Rick tentou dizer, mas o mais velho ainda estava nervoso.

   Além de nervoso, Dean também parecia perfeitamente bem e inteiro. Ele andava como se não sentisse nenhuma dor, como se nunca tivesse levado um tiro minutos atrás.

   — Me acalmar? Ele estava com o Governador... — O mais velho ia continuar falando, até que foi interrompido.

   — DEAN. — Sam o chamou, com a voz tão alta quanto a dele.

   Dean encarou o irmão, finalmente ficando em silêncio, mas ainda com o semblante tenso. Ele encarou Sam, esperando para que o mais novo dissesse algo, mas não foi preciso. Com um movimento de cabeça, Dean finalmente pode ver mais uma pessoa presente no refeitório além do grupo que já estava acostumado. Foi quando ele finalmente viu sua irmãzinha. A mulher que pensou, com muito pesar, que não veria mais por um bom tempo, ou então para sempre.

   O semblante do Winchester se suavizou para então tomar a forma da mais completa surpresa e alívio. Ele sentiu um peso enorme sair de suas costas, porém, segundos depois, assumiu uma postura mais tensa que antes. Gretel percebeu a desconfiança do irmão só de olhar, saberia ler sua família como ninguém e logo se apressou em dizer alguma coisa.

   — Sou eu mesma, eu juro. — Ela disse, retirando do cinto a faca que eles haviam ganhado de Ruby há um bom tempo atrás.

   Gretel fez um corte pequeno no braço, mostrando ao irmão que não era um demônio ou algo do tipo. Ela percebeu a postura de Dean relaxar mais uma vez e guardou a faca no cinto antes de dar o primeiro passo na direção do irmão. Dean soltou um suspiro pesado antes de correr até a mulher e a envolver em um abraço caloroso. Gretel afundou o rosto no ombro do mais velho e permitiu que pouquíssimas lágrimas rolassem em seu rosto, finalmente sentindo-se mais aliviada por ver que seus dois irmãos estavam vivos e inteiros.

   — Como se sente? Como está conseguindo andar? Não está com dor? — Gretel soltou as inúmeras perguntas ao se afastar, olhando Dean por inteiro.

   — Como você está, Gretel? Quando chegou? Como veio parar aqui? Onde esteve? — Dean também jogou perguntas a ela.

   — Você levou um tiro. — Gretel disse simplesmente.

   — E você estava desaparecida. — Dean respondeu na mesma intensidade. Sam riu encarando os dois, eles conseguiam ser muito parecidos muitas vezes.

   — Cas te curou?

   — Cas te trouxe?

   Eles perguntaram no mesmo instante, logo após assumindo uma expressão cada vez mais confusa no rosto. Gretel pensou, na verdade ela torceu, que Castiel estivesse com seus irmãos. Dean e Sam, por outro lado, juravam que o anjo estivesse com sua irmã, já que ela havia ficado sozinha, então ele a ajudaria. Mas estavam os três enganados.

   — Pensamos que Castiel estivesse com você. — Sam disse ao ouvir a irmã. Ela franziu mais as sobrancelhas.

   — E eu pensei que ele estivesse com vocês. — Ela contradisse. — Na verdade, eu tinha certeza de que ele estava, afinal, ele não deixaria Dean desprotegido.

   — O que... — Dean ia começar a dizer, mas foi surpreendido quando a mais nova levantou a blusa que ele usava e revelou o torso intacto, como se nunca tivesse levado um tiro antes.

   — Certeza que isso foi ele, você não viu nada? — Dean negou com a cabeça com a pergunta de Gretel.

   — Você... Você tinha levado um tiro... — Uma voz se fez presente, e todos desviaram suas atenções até Michonne, que tinha uma expressão surpresa e confusa no rosto. — Como está intacto? — Ela encarava o lugar onde Dean havia sido machucado.

   — O anjo o curou. — Gretel respondeu como se fosse óbvio. — Sabe? Sobrenatural e afins. — Ela completou, ironicamente.

   Michonne fez uma careta mais confusa ainda, o que deixou Gretel sem entender também. Ela olhou para todos em volta, vendo que agora estavam com o grupo completo, menos Merle, que provavelmente estaria ainda preso na cela.

   — Vocês não contaram pra ela? — A Winchester perguntou, encarando o líder, Rick, e Daryl ao seu lado, demorando um pouco mais seu olhar no Dixon.

   — Não tivemos o tempo certo ainda. — Grimes respondeu, e colocou as mãos na cintura.

   — Contar o que? — Michonne insistia. Gretel suspirou, e encarou os irmãos.

   — Essa é com vocês. Ela não gosta de mim.

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Autora: OIIII, voltei! Tive um bloqueio enorme nessa fanfic, por isso demorei tanto. Porém, tô reassistindo Supernatural por um surto meu e relembrei dessa história.

Enfim, se existe alguém aqui, por favor deixa um comentáriozinho, me ajuda muito, e não esqueçam da estrelinha!

Bjin procêis🤍