2 - Desconfiança
— Qual é, princesa, vai continuar me ignorando? — Merle perguntou pela quinta vez, tentando acompanhar os passos rápidos de Gretel.
— Você quer mesmo saber a resposta? — Gretel gritou, parando sua caminhada bruscamente, e encarando o mais velho nos olhos.
Daryl revirou os olhos com a insistência do irmão mais velho. Eles estavam caminhando havia alguns minutos, e Merle fazia questão de tentar alguma comunicação com Gretel. Após Crowley jogar a bomba de que Sam e Dean estavam vivos, ele simplesmente desapareceu, deixando que apenas Daryl aguentasse a briga entre Winchester e Dixon.
— Cala a boca, Merle, já chega. — Daryl interferiu, finalmente.
— Você pensa que é quem, little brother? — Merle virou-se para o mais novo. Daryl calou-se, mas por estar sem saco para iniciar uma nova briga com seu irmão.
Daryl concordara em levar Gretel até a prisão, mesmo com os protestos de Merle. A mulher não conseguia entender como que a pessoa que considerava seu melhor amigo escondeu que seus irmãos estavam vivos, quando sabia que ela os procurava sem descanso. Desde o começo ela percebeu que Merle era o tipo de cara trapaceiro, o qual era capaz de visualizar em que lado conseguia se dar bem, mas nunca pensou que pudesse fazer algo assim.
— Vocês dois estão caminhando até aquela prisão, mesmo sabendo que nunca vão me deixar entrar? — Merle perguntou, tentando esconder sua preocupação.
— Correto. — Gretel gritou, sem interromper sua caminhada. Daryl permaneceu em silêncio.
Merle bufou, e continuou seguindo os dois. Ele tinha motivos para esconder sobre Sam e Dean, mas sabia que eram motivos idiotas demais, como se ele fosse um adolescente medroso. Gretel poderia estar até decepcionada, mas sabia que Merle fora seu melhor amigo desde sua chegada em Woodbury.
— Acho que estamos chegando ao riacho Saugahatchee. — O Dixon mais velho comentou, mesmo sabendo que nenhum dos outros dois quisesse conversa.
— Não estamos muito a oeste. — Gretel rebateu, parecendo analisar seu redor. — Se tiver um rio aqui, vai ser... — Ela fez uma pausa, tentando lembrar-se dos mapas que olhou da região, e das vezes que saiu para procurar suprimentos.
— Yellow Jacket. — Daryl completou, convicto. Gretel assentiu, com o olhar fixo no arqueiro.
— Querem apostar quanto? — O mais velho encarou os mais novos com um sorriso sacana no rosto. Gretel simplesmente revirou os olhos, voltando a caminhar.
Daryl observou todos os passos da mulher. Ela havia conseguido sua atenção, assim como várias mulheres em toda sua vida. Era confiante, forte e ao mesmo tempo tinha uma beleza um tanto delicada. Seu senso de humor repleto de malícia era exatamente igual ao de Dean, e sua atenção a tudo em sua volta e sua inteligência foram herdados de Sam. Daryl sentia um misto de desconforto e excitação quando os olhos da Winchester percorriam todo seu corpo, e ele não conseguia evitar a vontade de analisá-la por inteiro.
Ao longe, Daryl ouviu algo como um choro desesperado, e parecia de uma criança. No exato instante imagens de Sophia e Bravinha invadiram-lhe a mente.
— Ouviram isso? — disse ele, caminhando apressadamente em direção ao som.
— Parece um bebê. — Gretel parecia igualmente atenta ao choro desesperado.
Os dois seguiram lado a lado em direção ao choro, até chegarem às margens de um riacho. Ao longe havia uma ponte, infestada por walkers. Dois homens lutavam contra os mortos e dentro de um carro havia uma mulher segurando uma criança. Gretel arregalou os olhos e foi a primeira a correr para ajudar. Daryl a seguiu, ignorando totalmente os protestos do irmão mais velho atrás de si.
— Ajude-os, eu vou até o carro. — Daryl ditou, já preparando a mira da crossbow. Gretel assentiu, e puxou duas facas do cinto.
Ela correu até o caminhão onde os dois homens lutavam com os walkers, e puxou dois deles para o chão, enquanto acertava mais dois com as facas. Os homens desceram do caminhão e juntos abateram o restante em volta, com a ajuda de Gretel. Ela procurou Daryl com os olhos, e viu que ele controlava a situação perto do carro juntamente com Merle.
— Si encostar en mi mujer, yo te mato. — Um dos homens gritou quando se aproximou de Daryl.
— Fala minha língua? — O Dixon perguntou, acertando uma flecha em mais um.
— No te entiendo. — O homem respondeu.
— Estamos ayudando, hombre. — Gretel gritou, apunhalando mais um morto.
Todos calaram-se. Merle permaneceu parado, apenas observando enquanto Daryl e Gretel faziam todo o trabalho. Um dos latinos, um garoto, observava de longe, preocupado com o mais velho e com a mulher e criança no carro.
Não demorou para que a Winchester e o Dixon mais novo acabassem com todos. Os latinos pareceram temerosos, encarando os três, desconfiados. Merle foi o primeiro a fazer alguma coisa. Ele caminhou até o carro, onde a mulher e o bebê estavam, e simplesmente abriu a porta e começou a revirar o interior do veículo. O latino mais velho soltou uma ameaça, mas calou-se quando Merle ergueu a Colt 45.
Gretel encarou os latinos, e eles pareciam pedir para que ela os ajudasse apenas com o olhar. Ela puxou o revólver do cinto, e apontou para a cabeça do Dixon mais velho. Daryl não fez nada para impedir, já que estava pensando em fazer o mesmo.
— Saia do carro. — disse ela. Merle riu debochado.
— Sei que não está falando comigo, princesa. — Ele respondeu, ainda revirando o interior do veículo.
— No tenemos nada. — O latino continuou tentando.
— Calla la boca. — Gretel o interrompeu. — Sai da merda do carro, Merle. — Ela mandou, firmemente.
Merle encarou a mulher, surpreso. Ele ergueu as sobrancelhas, e afastou-se lentamente do carro. Ele percebeu a raiva que ela sentia apenas encarando seus olhos. Ele sabia que não havia feito certo em não contar a ela sobre os irmãos estarem vivos, mas ele tinha um motivo. Podia não ser bom, ou até mesmo egoísta, mas era um motivo.
— Entre en tu coche y salga de aquí. — disse Gretel aos latinos. — Buena suerte. — concluiu, lançando um aceno com a cabeça para o mais velho.
— Gracias. — Ele devolveu o aceno, e em segundos já estava dando a partida no carro e partindo.
Após observar o veículo de afastar, Gretel voltou seu olhar até os irmãos Dixon, primeiramente parando em Daryl. Algo nele chamava sua atenção, e poderia olhá-lo por muito tempo, apenas tentando desvenda-lo, como se fosse um mistério a ser resolvido. Mistério esse muito intrigante no ponto de vista da Winchester, que fazia questão de demonstrar todo seu interesse na figura forte e alta do Dixon mais novo.
Após longos segundos apenas trocando olhares com Daryl, que a todo momento sustentou o olhar marcante de Gretel, ela virou-se para Merle. Ainda estava irritada e chateada com ele, por isso não conseguiu dizer nada, nem uma piadinha sequer, como sempre fazia ao lado dele. Eles voltaram a caminhar ainda em silêncio, para que voltassem ao caminho para a prisão. Foi quando chegaram na extremidade da ponte que Gretel abriu a boca.
— Ei, Merle. — Ela chamou, o mais velho encarou-a prontamente, esperançoso. — Olha a placa.
Ela apontou para a placa perto da ponte, na qual estava escrito o nome do riacho onde estavam, e confirmando a teoria dela e de Daryl anteriormente, estavam no riacho Yellow Jacket. Ela ergueu uma sobrancelha ao mais velho, enquanto logo em seguida lançava um sorriso de canto ao mais novo, que foi retribuído apenas com um grunhido divertido.
Os três retomaram o caminho até a prisão. Merle queria dizer algo à amiga, mas não possuía palavras. Ele sabia que ela ainda estava zangada, e com razão, mesmo que ele possuísse um motivo para ter omitido o conhecimento de que os irmãos da mulher estariam vivos e muito próximos.
Daryl guiava o grupo, e quanto mais próximos chegavam, Gretel tentava sua comunicação com o irmão gêmeo. Ainda não conseguira nenhum sucesso, mas continuava tentando. A única coisa que a fez parar foi o barulho estrondoso de inúmeros tiros, vindos exatamente da direção da prisão. Ela e Daryl trocaram mais um olhar rápido e preocupado antes de correrem na direção do caos.
Ao finalmente avistarem as torres da prisão, viram um conjunto de carros e caminhonetes se afastarem, e Gretel não precisou ver quem era para saber que se tratava do Governador. Seu sangue ferveu, ela sempre sentia algo ruim vindo daquele homem, como se fosse uma praga, ou como se fosse comandado pela praga, e apenas não fizera nada contra ele até o momento porque estaria em menor número, e se fosse morrer, queria achar seus irmãos antes.
Eles também viram que o portão principal da prisão, o qual dava acesso à um gramado grande, havia sido destruído por um caminhão que o atravessara, e nesse mesmo caminhão, uma quantidade relativamente grande dos mortos reanimados estavam inseridos, sendo finalmente libertos para tomar o gramado novamente.
Gretel viu algumas pessoas correndo para outro portão, ainda não destruído, para poderem salvar suas vidas, porém ela não viu seus irmãos em lugar algum, e um aperto forte se fez presente em seu coração pela preocupação. Estariam machucados depois dos tiros? Mortos? Apenas o pensamento fazia seu estômago revirar.
Eles finalmente se mexeram, prontos para entrar na prisão e atacar o que tivesse pela frente, e ao fazerem, viram um homem segurando dois mortos com as mãos, quase sendo mordido por um deles. Aquele era Rick Grimes, líder do grupo, e grande amigo de Daryl. O Dixon logo tratou de empunhar a besta e atirar uma flecha em um dos walkers, dando espaço para que Rick pudesse se livrar do outro.
Ainda por conta dos tiros, inúmeros corpos reanimados caminhavam em direção a prisão, vindos da mata que a cercava, atraídos pelo som do caos. O pequeno grupo, agora de quatro pessoas, lutava em conjunto para conseguir entrar na prisão e finalmente ficar a salvo dos mortos, por ora. Com a munição se esgotando, os quatro tiveram que usar facas e força bruta. Gretel empunhava a espada angelical, apenas por ser uma de suas favoritas.
Conseguindo abater alguns dos walkers presentes no gramado, eles finalmente chegaram no portão que dava acesso aos blocos de celas. Gretel olhava para todos os lados, esperando ver seus irmãos, mas ainda não os avistava em lugar algum. A única coisa que viu, que fez seu coração acelerar mais ainda foi o Impala 67 estacionado ao lado de outros carros. Ela ignorou completamente qualquer um que estivesse ao seu redor e correu até o veículo.
Gretel passou os olhos por toda a extremidade de Baby e mesmo que ainda não tivesse visto seus irmãos, conseguiu sorrir minimamente apenas por olhar o carro. Ela colocou uma das mãos na lataria preta enquanto o observava. Apenas após alguns segundos ela deu ouvidos e atenção ao que acontecia ao seu redor.
— Quem é você? — Ela virou em busca da voz, e viu que era o homem que entrou com ela e os irmãos Dixon.
— Ela estava com o Governador, junto com Merle. São amigos. — Alguém disse antes dela, e viu ser Michonne, que chegou a ficar alguns dias em Woodbury antes de ir embora.
— Rick, acalme-se... — Daryl disse, ao perceber que o líder começava a ficar irritado pela informação.
— Não vou responder nada até ver meus irmãos. — Gretel se apressou em dizer, arrumando a mochila nas costas e mantendo a postura firme, com uma das mãos próxima ao cinto de armas.
— É a Winchester, Rick. Gretel Winchester. — Daryl disse logo em seguida, arrancando um olhar surpreso de todos em volta.
Ninguém disse mais nada por alguns segundos, apenas trocaram olhares desconfiados entre si. Gretel aproveitou para observar quem estava ali. Além de Daryl, Merle, Michonne e Rick, tinha uma mulher de cabelos escuros e olhos castanhos, um pouco mais baixa que a Winchester. Gretel percebeu que tal mulher possuía um colar em volta do pescoço, parecia um amuleto ou algo parecido, mas ela não conseguiu ver muito bem já que a mulher o tampou com uma das mãos. Encarava Gretel um pouco preocupada, e ela não entendeu o porquê de início, mas logo descobriria.
E por fim um garoto. Provavelmente tinha seus onze anos, e possuía os mesmos olhos azuis e claros de Rick, provavelmente possuíam um parentesco, ela presumiu, e também percebeu que o Grimes tentava ficar parado à frente desse mesmo garoto, protegendo-o.
— Você fez os testes? — Rick quebrou o silêncio, voltando-se para Daryl.
— É irmã deles, e realmente parece ser, não pensei nisso. — Daryl respondeu calmamente, porém culpando-se por não lembrar-se do óbvio. Gretel semicerrou os olhos com a conversa, conseguindo entender onde o líder queria chegar.
— Não podemos arriscar... — Rick começou, mas Gretel cortou sua fala.
— Eu sei bem quais testes estão querendo dizer. — disse ela, logo procurando uma das facas em seu cinto. — Isso aqui é de prata... Como podem ver, consigo segura-la muito bem. — Ela guardou a faca de volta, logo pegando a especial que matava demônios. — Não posso ser possuída, tenho a mesma tatuagem de meus irmãos, mas caso queiram ter certeza...
Ela fez um corte no braço com a faca, observando os rostos de todos se aliviarem levemente após nada acontecer, menos o da mulher com o colar. Ela parecia mais preocupada ainda.
— Posso ver meus irmãos agora? — Ela perguntou, começando a ficar impaciente. Após uma troca de olhares entre Rick, Daryl e a mulher do colar, a última abriu a boca.
— Eles estão no bloco de celas. — disse ela, e Gretel prontamente deu os primeiros passos para achá-los. — Mas, Gretel... — Ela parou, encarando a mulher. — Durante a confusão, Dean levou um tiro.
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Autora: OIII PESSOAL!! mais um capítulo aqui procêis! gente o trem já ta complicado, eu sei, mas respira, vai melhorar antes de piorar, prometo!!😬
gente, não esqueçam da estrelinha e principalmente dos comentários! amo saber o que estão achando, além de me ajudar a ter ânimo!! é isso
Bjin procêis🤍
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