5
De todas as atividades estabelecidas no meu cronograma, esta era a que eu mais temia. Infinitamente mais do que o treinamento em campo. Desafiar os limites do meu corpo é algo que já estou acostumada a enfrentar. Mas minha mente? Lidar com cálculos e alinhar palavras? Memorizar leis e aprender história e filosofia? E ainda mais num idioma estrangeiro?
Deslizo uma mão pelo meu corpo, na altura do estômago e pressiono-a ali para acalmá-lo, enquanto observo através da porta entreaberta a mulher esguia de cabelos ruivos que lista todas essas coisas numa tela.
Na festa de recepção no meu primeiro dia em Tibbutz, ela se apresentara como "Amartia Dash, doutrinadora de imigrantes e entusiasta dançarina". Na época não entendi as implicações desta apresentação. De que eu era a única imigrante em Laguna e seria, portanto, a única participante desta turma de Doutrinação.
Ainda antes de entrar na sala, analiso o ambiente. Seis colunas de cadeiras vazias enfileiradas preenchem o espaço do amplo recinto. Essa é a única coisa que me remete às salas de Doutrinação, como as conheci em Arabah. Porque aqui, as paredes transparentes que nos cercam exibem o vale e a floresta de Laguna em toda a sua glória, o que é o mais reconfortante em tudo isso.
Na Natureza, estou em casa.
Quando enfim me sinto pronta, tamborilo as unhas fazendo o metal da porta tilintar e peço licença para me juntar à doutrinadora na sala conforme a porta desliza para dentro.
Os olhos da mulher arregalam um pouco e faíscam opacamente com interesse quando são cravados em mim. Meu estômago embrulha de nervoso. Ignorando a sensação, inspiro fundo e entro na sala, fingindo toda a confiança que não sinto. Em seguida, me dirijo para uma das fileiras.
— Hadassa, querida, seja bem-vinda.
Apesar da doçura em sua voz, mantenho uma postura de defesa, os braços cruzados diante de mim. Mesmo sabendo na teoria que Tibbutz é um lugar seguro, não consigo desligar meus instintos de defesa.
— Estamos todos tão empolgados com sua presença! — ela exclama e, em seguida, seus lábios se comprimem, incertos.
Meus olhos vagam pelo recinto em um reflexo mal contido. Encaro as pilhas de cadeiras vazias e não consigo evitar que meus pensamentos extravasem pela minha expressão facial.
— Hm... Estão? — pergunto, tentando soar mais ingênua do que assustada. — Mas... quem?
— Ora — ela diz, mas hesita de repente, os cantos dos lábios incapazes de manter o sorriso intacto.
Estremeço e faço uma prece silenciosa ao Destino para que esta não seja uma espécie de primeira prova.
— Eu e... hm, a Cúpula e... o povo de Tibbutz, logicamente... e...
Ela abana a mão num gesto que entendo como "deixa para lá".
— Ah, logicamente — repito, tentando soar empolgada e dirijo-me para uma das cadeiras.
Enquanto me sento, a mulher parece mais relaxada. Seus olhos varrem o ambiente, como se verificasse a postura de um grupo de alunos imaginários. Com um pigarro e um enorme sorriso, inicia a palestra. Apontando para a tela por trás dela, começa a enfatizar ponto por ponto das doutrinas a serem aprendidas, projetando uma voz confiante para as seis colunas de cadeiras vazias. Seus olhos brilham enquanto proclama cada palavra, como se esperasse uma salva de palmas coletiva ao final do discurso. Olho ao meu redor, confusa, e quando ela termina de falar me sinto tão constrangida por não saber como reagir que acabo por me remexer desconfortavelmente. A cadeira emite um rangido e isso faz com que ela volte sua atenção novamente para mim.
Amartia parece notar minha presença pela primeira vez desde que começara a palestra.
— Algum problema, querida?
— Desculpe, eu só...
Hesito. Não quero falar bobagens, nem cometer erros a essa altura, mas...
— Com quem está falando? — pergunto, finalmente.
O rosto de Amartia enrubesce nuns trinta tons diferentes de vermelho.
— Ah... — Ela suspira, revira os olhos e ri, com os cantos dos lábios voltados para baixo. — Eu... desculpe, é minha primeira Doutrinação e eu ensaiei a minha aula para uma classe cheia. Não estava esperando...
— Apenas uma sobrevivente — completo baixinho.
Ela assente com o rosto, esboçando uma espécie de empatia e compreensão.
Um sentimento de perda e confusão me invade, de uma forma que não acontecia desde minha chegada à Tibbutz. Ainda não entendera o mistério de tão poucos sobreviverem este ano. Por que justamente na vez em que eu fiz parte da Travessia?
Bem... Talvez não houvesse mistério. Talvez fosse uma daquelas coisas que simplesmente acontecem.
Talvez a Morte tenha uma predileção especial por mim e por tudo que me cerca.
— Seu treinador é o Raah Salz, não é? — O sussurro empolgado da doutrinadora interrompe meus pensamentos fatalistas.
— Sim — respondo, erguendo uma sobrancelha. — Mas você sabe disso. Foi ele quem me apresentou para todos na festa de chegada.
— Como ele é como treinador? — ela continua, ignorando meu comentário.
— Ele...
Suspiro e analiso a expressão da mulher. Não parece muito mais velha do que eu. Seus olhos exibem um interesse e sinceridade que me intrigam. Se ela não fosse uma doutrinadora e eu uma mera imigrante, talvez até mesmo nos tornássemos amigas.
Mas... por que não?
Relaxo os ombros e decido me arriscar.
— Ele é... incrível — confesso, sem ser capaz de evitar um sorriso.
É a primeira pessoa para quem tenho oportunidade de revelar meus pensamentos.
— Sério? — Seu sorriso se torna ainda mais amplo.
— Sei que ele está apenas fazendo seu trabalho como treinador, mas... mas, às vezes...
Minha voz esmorece, enquanto repenso o quanto posso me abrir.
— Às vezes...? — Amartia insiste.
E me lança um sorriso tão doce que, de repente, um alarme dispara em minha mente.
Se há uma coisa que desenvolvi ao longo dos anos, foi algum senso de auto-defesa, e isso se tornou mais aguçado para detectar pessoas com tendências predatórias. Quando se está morrendo de fome, ninguém é totalmente normal. De alguma maneira você aprende a identificar pessoas assim. Elas têm um olhar que poderiam atravessar sua alma. Pessoas que poderiam te devorar para saciar a própria miséria com a sua carne.
Eu não achei que voltaria a sentir isso depois de atravessar aquela fronteira.
Ao menos não até agora.
Aponto para a tela com os pontos de doutrina a serem aprendidos.
— Não estou certa de que consigo aprender tudo isso. — Tento desviar o assunto.
A mulher pende a cabeça para o lado, o olhar carinhoso que dirige a mim faz com que eu me sinta como um bichinho felpudo.
— Não precisa se preocupar — ela diz. — Você não é a primeira e certamente não será a última a passar por isso.
Assinto, ignorando o alerta desconfortável que meu cérebro insiste em acionar a cada novo segundo.
— A família Salz é muito importante para Tibbutz — ela continua. — Você irá aprender um pouco mais sobre isso na nossa aula de Política e História do País.
A menção à família Salz imediatamente ressuscita a curiosidade plantada em mim no dia anterior, durante a conversa com a Tink.
— Aula de Política e História? Soa realmente importante — digo. — O... senhor Salz deve ter tido um papel relevante em tudo isso.
A mulher hesita por apenas meio segundo, a boca entreaberta numa expressão incerta. Mas logo a seguir, prossegue num tom indiferente:
— É só por isso que perguntei a respeito do Raah — explica, enquanto ignora meu comentário anterior. — Você só está aqui pelo ativismo e generosidade dessa família, que é, como você mesma colocou, incrível.
Em seguida, ela prossegue num discurso enorme sobre o papel "dos Salz", assim, nessa formulação genérica que poderia se referir a qualquer um deles. De início, ondas de ansiedade me acometem todas as vezes que ela cita o sobrenome, enquanto pincela o panorama político de Tibbutz. Mas, em pouco tempo, percebo que o interesse real de Amartia se concentra no filho mais velho e que seu entusiasmo por ele pouco tem a ver com qualquer papel social que tenha desempenhado.
É impossível não perceber como o rosto da doutrinadora se transforma todas as vezes que o pronuncia em seu perfeito Weltlingo: Zzzzaaaltzz, o L a faz tocar o céu da boca com a língua, uma expressão da caricata pronúncia de origem germânica. Minha mente se distancia da sala de doutrinação. Pego-me pensando na minha província, onde aquele nome soaria tão diferente. Algo mais parecido com "Sáus".
O suspiro que exalo é quase de culpa, e eu mentalizo uma auto-repreensão pela nostalgia repentina que sinto por um lugar e tempo em que minha vida era miserável.
Logo agora, quando diante de mim há tudo que eu sempre quis. Agora, neste momento inacreditável onde eu não tenho outro caminho a trilhar além da felicidade plena. Quando tudo pelo que sonhei está ao alcance das minhas mãos. Tudo pelo que batalhei. Pelo que meus pais morreram.
— Bem, acho que já tivemos bastante conteúdo por um dia. Na nossa próxima sessão espero que você já tenha memorizado todos os pontos apresentados.
Pressiono os lábios em concordância, ignorando a sensação de desconforto que brota em meu peito. Eu não lembro de ter ouvido a respeito de metade dos pontos que reluzem na tela. Vou ter que dar um jeito de acessá-los mais tarde, embora eu não saiba como.
Amartia me dá as costas e começa a dedilhar informações na tela que ocupa toda a parede posterior. Entendendo que a aula está encerrada, eu me dirijo na direção da porta.
Estou prestes a sair quando a voz doce da minha doutrinadora chama pelo meu nome.
— Hadassa? Sei que o começo em Tibbutz pode ser difícil e desconfortável, mas eu prometo que se você se esforçar e conseguir ser aprovada, terá uma vida como nunca imaginou. Essa nação foi fundada com o objetivo de prover um refúgio seguro para o melhor da humanidade e estou certa que você faz parte disso...
Meus pensamentos novamente se afastam. Mesmo com as palavras de apoio, há algo na voz de Amartia que me faz querer estar longe daqui, escondida, segura.
— E Raah Salz definitivamente é um dos muitos motivos de Tibbutz ser um paraíso.
A menção ao meu treinador me desperta para o presente novamente.
— O quê?
— Ufa, finalmente consegui chamar sua atenção. — Minha doutrinadora ri. — Você ainda não me falou o motivo de achar o Raah incrível como treinador. Ele é só seu treinador, não é?
Paro e a analiso mais uma vez. Agora, com um novo olhar. Seu interesse em Raah está começando a ficar um tanto perturbador. Quer dizer, é compreensível. Os dois são jovens fortes e muito belos, exemplos perfeitos de nativos tibbutzinos. É provável que tenham a mesma idade, tenham frequentado os mesmos ciclos, tido os mesmos doutrinadores.
— Sim, ele é só meu treinador — respondo num tom seco e dou as costas à ela para ir embora.
— Ah... Hadassa?
Viro-me devagar em sua direção e preciso engolir uma quantidade significante de saliva quando noto que está a apenas dois passos de mim. Consideravelmente mais próxima do que a tonalidade de sua voz me levaria a prever.
— Espero que nós duas possamos ser mais do que isso, sabe? — Minha sobrancelha arqueia diante da proposta.
Não consigo pensar em nada para dizer. Então ela dá sequência ao pensamento:
— Nem sempre é fácil para um refugiado fazer amigos verdadeiros, e considerando o lugar onde você está hospedada...
Sua expressão se converte na que já estou acostumada a ver nos rostos dos tibbutzinos ao se depararem comigo: pura pena.
— Obrigada pela oferta — digo, tentando manter o sorriso que acabo por deixar vacilar.
Dou um passo incerto para trás, mas a mulher envolve meu pulso com os dedos. Quando levanto os olhos na direção do rosto dela, suas íris me eletrizam com fagulhas esverdeadas.
— Tenho certeza que você saberia retribuir com gratidão — sussurra e, de repente, assim que se afasta de mim, sua expressão se torna delicada outra vez. — Não se esqueça de dar lembranças minhas ao seu treinador.
Engulo em seco.
— É... é claro — respondo, em meu mais hesitante tom de despedida.
— E Hadassa? — ela diz antes que eu esteja completamente de costas.
— Se precisar de alguma coisa, qualquer que seja, não esqueça que estou à disposição.
Algo dentro de mim fica em alerta. Aquela sensação de auto-preservação, talvez. Ou quem sabe algum senso de moralidade argumentando que eu não devia usar minha proximidade com Raah como moeda de troca.
A senhorita Dash abre um sorriso lascivo.
— Então... há alguma coisa?
Meneio a cabeça em negação e ela dá de ombros com uma graciosidade assustadora. Caminho até a porta e, contrariando a todos os meus instintos, viro-me de súbito:
— Na verdade... há, sim.
* * *
Não sei ao certo se estamos fazendo algo ilegal em Tibbutz. A forma que Amartia se comporta faz parecer que sim.
Antes de atravessarmos um extenso corredor, ela olha ao redor múltiplas vezes, como se não quisesse ser pega em flagrante.
— Vamos — sussurra e eu a sigo, sem questionar.
— Aonde estamos indo? — sussurro de volta, sem saber por que estamos fazendo isso.
— Acessar a Nimbus Intergaláctica.
— Oh — respondo, como se eu soubesse o que essa expressão significa.
A doutrinadora me espia por cima do ombro e deixa escapar uma risada.
— Você não sabe o que é isso, não é?
— Nós não tínhamos muitas Nimbus Interespaciais em Arabah.
— Intergalácticas. — Amartia ri baixinho novamente. — É a base central de dados do país. É acessível a todos os cidadãos, mas não estou certa se o acesso é restrito para imigrantes, por isso estou sendo cuidadosa.
— E essa Nimbus pode nos dizer como Lean está?
— Isso e muito mais. Espera.
Amartia para de andar, de repente, quando ouvimos um barulho. Alguém entra no corredor em que estamos. Está carregando um fardo nas costas e, na penumbra do ambiente, quase não o reconheço. Só quando ele nos encara de cima a baixo com uma expressão de desprezo e sai, sem dizer palavra alguma, percebo quem era.
Amartia demonstra no rosto a mesma repulsa.
— Esse olhar — digo, afunilando os olhos. — Todos aqui ficam com essa mesma cara quando olham para os irmãos Kravz, mas ninguém me explica o motivo.
A mulher revira os olhos e dá de ombros.
— Não é nada, eles só... Bem, digamos que se dependesse desses aí, você jamais estaria aqui.
— Como assim?
Ela dá de ombros novamente e volta a andar, enquanto explica:
— A família Kravz sempre foi a principal opositora ao programa de imigrantes.
Eu a sigo. Pisco algumas vezes, incerta do que pensar.
— Por que eles seriam contra os imigrantes?
— Quem sabe? Esses garotos sempre foram meio perturbados.
— Mas isso não faz o menor sentido. Por que é justo na casa deles que estou hospedada?
— Vê? Isso só mostra o quanto são perturbados. Logo após a Cúpula derrubar a moção que eles levantaram esse ano para impedir a Travessia, um deles se levantou e disse que queria se oferecer para hospedar sobreviventes.
— E a Cúpula simplesmente permitiu? Quer dizer... sem ofensa, mas não me parece uma boa ideia deixar anti-imigrantes hospedarem imigrantes.
Amartia me lança um sorriso constrangido.
— Não havia exatamente outros candidatos...
Diante do meu silêncio, ela continua:
— Pensando assim... Acho que é um pouco hipócrita da nossa parte, não é? Todos querem ajudar os pobres estrangeiros, mas ninguém está disposto a oferecer a própria casa.
— Ninguém, exceto quem aparentemente nos odeia — constato, surpresa e decepcionada com o fato de que tibbutzinos não são melhores que o resto das pessoas no mundo.
— Também não é assim. Não é que as pessoas não queiram recebê-los em casa, mas... Dá um pouco de medo, sabe? Não se sabe o que esperar.
— Sim, sou extremamente assustadora e perigosa. Eu entendo.
Minha doutrinadora me encara e percebe que não estou falando sério, então ambas rimos.
— É aqui — ela diz, apontando para uma caixa quadrada no fim do corredor.
Ela desliza um dedo ao redor do bracelete em seu pulso e a caixa começa a reluzir. Conforme nos aproximamos, percebo que o topo do objeto é uma espécie de tela que exibe diversas informações.
— Posso pesquisar a maior parte dos dados de qualquer ponto de acesso, mas informações como as que pediu só estão disponíveis em prédios oficiais. Centros de Doutrinação, Hospitalares, Governamentais etc. Em suma... — Ela me dá uma piscadela. — Você pediu ajuda para a pessoa certa.
— E eu achava que esses braceletes só serviam para abrir portas.
Amartia solta uma risada e dedilha de forma ritmada no aparato ao redor do pulso.
— Aqui está — exclama, num tom triunfante. — Lean, treze anos, origem Arabah, sobrevivente da Travessia de número sessenta e cinco.
— Ela está bem? — pergunto, ansiosa.
— Hm, hmm — Amartia murmura, enquanto desliza os dedos pela tela, fazendo com que mais informações surjam. O movimento é rápido demais para que eu consiga decifrar e entender o alfabeto tibbutzino.
— E aí? — insisto, estalando os dedos num impulso nervoso.
— Aqui está... Hoje também foi o primeiro dia de Doutrinação dela. Lean está numa província do outro lado da cordilheira, próximo à costa. Está hospedada com uma família que tem uma criança da mesma idade. Tanto o treinador quanto o doutrinador vêem nela grande potencial.
— Ah... — Suspiro.
— Era só isso o que você queria saber? — Amartia pergunta, apertando um botão que faz a tela escurecer.
Cogito perguntar sobre a outra coisa que vem me incomodando desde que cheguei à Tibbutz. Raah tinha me dito que iria se informar a respeito do que aconteceu com o resto dos sobreviventes da Travessia que desapareceu sem deixar vestígios logo que atravessamos a fronteira.
Mas aí, observando a mulher e seu sorriso tão amplo, lembro que nada disso vai me sair de graça. Amartia espera algo em retorno e tenho medo do que isso pode ser. E até quanto posso pagar.
— Sim. — Balanço a cabeça, um tanto séria. — Obrigada.
— É uma boa notícia, não é? Que sua amiga está bem?
— Claro. — Forço um sorriso.
Estou feliz por Lean, é claro. Espero que ela consiga a aprovação e possa viver uma vida confortável em Tibbutz. Mas me entristece pensar que provavelmente nunca mais a verei. Lean era o último fio de ligação ao meu passado.
A sensação agora é de que até esse fio foi cortado. E a dor da separação da minha antiga vida não vai passar de um dia para o outro.
— Que bom — Amartia responde. — Agora podemos ir ao que interessa.
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