00⠀۪ 𝖨 NATURAL CAUSES ⠀✵ ࣪ ׅ ⊹⠀ֹ⠀⠀

ㅤㅤ 𝖨 PRÓLOGO, ATO ÚNICO ⠀✵ ࣪ 14,7 mil palavras ׅ ⊹⠀ֹ⠀⠀
causas naturais

" A morte por causa natural, é o falecimento de uma pessoa por causas que não são externas ou violentas, como acidentes ou agressões. Para mim é o tipo mais sem graça de morte, o indivíduo pode apenas dormir e não acordar mais ou simples cair no chão e acabou. De fato, não há graça alguma em presenciar mortes desta forma, mas apesar disso, eu desejo morrer assim um dia, não gostaria de ter meus membros separados ou sofrer até feche os olhos de uma vez por todas, eu gosto de apreciá-la mas isso não quer dizer que quero vivê-las „ . . . ✵ diários de Clarie Ambrose, a esposa do príncipe caolho.

꒰ ׁ ⁩─ Aviso de gatilhos: contém descrição de sangue, morte de animais e humanos, agressões e sexo, menção a assédio, ameaças. Leia por sua conta e risco, você foi avisado .ㅤ.ㅤ.

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𝕰m meio a grama alta e as árvores, o silêncio reinava. Clarie virou o rosto devagar para que fizesse o mínimo de barulho possível e olhou sua irmã mais nova, Lídia estava visivelmente nervosa e ansiosa, deitada de barriga para baixo atrás daquele tronco a menina observava a armadilha, ela tentava não fazer nada e até mesmo para respirar ela fazia devagar.

── Você pode respirar normalmente. - Clarie disse ironicamente como um sorriso.

── Não posso. - Lídia sussurrou ainda sem olhá-la. ── Ele pode fugir.

── Ele não vai...

Antes que a mulher continuasse seu comentário, o barulho da armadilha se fechando a interrompeu ganhando sua atenção. A mais nova das irmãs levantou de onde estava e correu até ela que estava a poucos metros, sendo seguida por Clarie. Assim que se juntou a sua irmã, ela se sentou na frente da menina que abria a armadilha tirando o pequeno coelho de dentro dela.

── Tenho que fazer isso mesmo? - perguntou Lídia sussurrou passando a mão nos pelos do animal.

── Sabe que sim Lídia. - Clarie estendeu a adaga para a irmã que olhou por um tempo. ── Se papai souber que você não fez, ele mesmo vai vim te ensinar. Prefere que ele faça isso?

A menina negou rapidamente, ela tinha sido a irmã sortuda que conseguiu ficar o mais longe possível da criação rígida de seu pai, mas aquilo não queria dizer que não sentia medo de seu genitor. Saindo de seus pensamentos, Lídia tirou uma das mãos dos pelos do coelho e pegou a adaga na mão da irmã que olhava fixamente para ela, sentindo-se nervosa ela respirou fundo, as vezes sua irmã a intimidava, e com certeza ela teria medo se não tivesse sido criada por ela.

── Faça isso Lídia. - Clarie sussurrou olhando para a irmã que respirou fundo pela segunda vez.

A menina soltou a adaga no chão e agarrou o coelho com mais firmeza pegando novamente a arma. Com a mão tremendo, a aproximou do pescoço do animal, levantando a cabeça ela tentou achar segurança na irmã mas seus olhos continuavam sem emoção, fixos como se estivesse hipnotizada pelo que ia acontecer, Lídia sem perceber passou a adaga pela pele cortando o animal, o grito bicho a assustou fazendo-a soltar ambos antes de terminar o corte.

── Lídia, não. - Clarie pareceu despertar, pegando rapidamente o animal que agonizava e tentava fugir. O sangue que escorria do corte feito pela mais nova, agora manchava o vestido que ela usava.

Agarrando o pescoço do coelho com as duas mãos, Clarie apertou com força e torceu, o quebrado instantaneamente acabando com o sofrimento do animal.

── Me desculpa, Clar. - a menina sussurrou triste. ── Eu me assustei e acabei soltando ele.

── Está tudo bem. - a mulher suspirou jogando o animal dentro da armadilha novamente. Clarie passou as mãos sujas na lateral do vestido que já estava manchado. ── Você foi até bem pra sua primeira vez. Delphine vomitou antes mesmo de cortar o pescoço dele.

Clarie olhou para a irmã a vendo de cabeça baixa olhando para a pequena mancha que tinha em seu vestido. A mulher levou a mão ao ombro da irmã, fazendo-a olhar.

── Vai se sair melhor da próxima vez. - garantiu e deu um pequeno sorriso a irmã que assentiu. ── Não vou contar ao papai o que aconteceu.

── Obrigada. - Lídia agradece, se levantou olhando para tudo a sua volta parecendo incomodada e evitando olhar para o animal morto dentro da armadilha. ── Podemos ir agora?

── Sim. - concordou se levantando, pegando a armadilha e segurando pela corda que tinha nela. ── Me dê minha adaga.

Lídia se abaixou pegando a adaga e entregou rapidamente para a irmã, que guardou dentro da bainha e prendeu na bolsa que prendia em sua cintura. Olhando sua irmã por um tempo, ela percebeu a expressão e o jeito que estava se comportando, era bem mais que um simples incômodo como quando elas entraram.

Soltando um suspiro sabendo que teria que ter aquilo tipo de conversa novamente. Soltando a armadilha, Clarie levou as duas mãos ao ombro da irmã.

── Olha para mim. - mandou e foi obedecida, quando Lídia levantou seu rosto, ela pode ver seus olhos marejados. ── Sei que não gosta disso, nenhuma delas gostou de aprender a caçar. Mas é necessário, não só porque o papai quer, mas também para emergências.

── Você gostou? - Lídia perguntou em um tom de voz baixo, como se aquilo fosse a coisa mais horrível que ela poderia dizer. ── Você gostou de matar aqueles animais? Você disse que nossas irmãs se incomodaram mas não falou de você.

── Não. - mentiu com firmeza, ela já tinha feito aquilo tantas vezes que era quase automático. ── Claro que não, mas eu fiz por que era necessário, porque não queria que o papai ficasse irritado.

A mais nova assentiu compreendendo o que a irmã queria dizer, eram poucas as vezes que tinha visto seu pai irritado e quando acontecia, ninguém queria ser o motivo para a irritação.

── Olha... Só precisamos fazer isso mais algumas vezes até que eu tenha a certeza de que você pode fazer isso sozinha e com hesitar. Para caso o papai chame uma de vocês para acompanhá-lo na caçada, mesmo que isso seja raro de acontecer. - Clarie explicou passando a mão pelos cabelos da irmã, que eram como os de sua mãe. ── Vocês puxaram a mamãe nesse quesito... ela odiava as caçadas com todas as forças e como o papai ensinava a gente desde pequenas a fazer isso.

── E mesmo assim ela se casou com nosso pai que arruma qualquer oportunidade para matar os pobres animais. - Lídia comentou cruzando seus braços.

── De fato é um pouco cômico se pensamos na ironia disso.

Clarie percebeu que sua irmã estava menos tensa e incomodada com a situação. Mas antes que ela pudesse continuar a conversa com sua irmã, um barulho de galhos quebrando chamou atenção das duas, a mais velha tomou a frente da Lídia pegando a adaga de sua bolsa e tirando da bainha rapidamente.

── Senhoras. - era Meredith que vinha correndo entre as árvores. ── Senhoras, precisam voltar para a fortaleza, agora.

── Aconteceu algo, Meredith? - Lídia perguntou saindo de trás de sua irmã que guardava a adaga novamente.

── O príncipe Aemond está aqui. Seu pai quer vocês prontas para o banquete que fará em poucas horas, precisam de aprontar. - a ruiva comentou e seus olhos se carregaram quando viu o estados da sua senhora. ── O que aconteceu com a senhora, Lady Clarie?

── Um pequeno acidente. - comentou sem dar importância e se abaixou pegando a armadilha e na mão de sua irmã. ── Vamos.

── Não posso deixar que o príncipe veja vocês assim. Seu pai me mataria, nós mataria. - Meredith resmungou seguindo as duas irmãs pensando como as deixam em seus aposentos sem que ninguém as vissem daquele estado, principalmente o membro da família real.

Meredith não teve trabalho em colocar as suas ladies para dentro dos muros da Fortaleza e depois dentro dela. As três pegaram caminhos pela cozinha, onde o coelho foi deixado, para Clarie foi divertido vê as expressões de horror das servas vendo o estado de seu vestido, afinal a mulher sempre tinha sido muito cuidadosa e não fazia sujeira.

Assim que Lídia foi deixada em seus aposentos onde suas aias já esperavam por ela, para banhá-la e arrumá-la, Clarie se dirigiu junto com sua serva até seus próprios aposentos que ficavam distante do de sua irmã mais nova. Enquanto andava rapidamente, pela pressa que Meredith colocava, o que estava irritando-a, a Ambrose deixou sua mente distrai-se da realidade, o que resultou em um esbarrou em alguém maior que ela que rapidamente a segurou pelos braços mas soltou sentindo o pano de seu vestido molhado.

Se afastando do então salvador que tinha impedido que os dois caíssem, Clarie levantou seu olhar vendo ele, o príncipe Aemond Targaryen, o assassino de parentes como sussurrava desde o evento na Baía dos Naufrágios. A mulher com seus olhos verdes afiados mediu o membro da família real, como se ele fosse apenas um simples homem que havia esbarrado nela antes de dar uns passos para o lado e seguir seu caminho sendo acompanhada por Meredith que estava horrorizada, a expressão em seu rosto denunciava aquilo, enquanto o príncipe Aemond fica parado no meio do corredor, olhando para a lady de afastar e depois para suas mãos com pequenas manchas que tinham sido transferidas do vestido para ela, parecendo perplexo com aquela pequena interação, Aemond continuou seu caminho em silêncio, pensativo com aquela misteriosa senhora.

── Vamos virar comida de dragão. Vamos. - Meredith disse com convicção, quando já estavam afastadas o suficiente do príncipe, o que tirou um riso de sua lady.

── Não seja tão medrosa assim Mere. - Clarie empurrou a porta de seu quarto e entrou sendo seguida pela serva.

── Acho que a senhora deveria ter mais um senso de preservação de sua vida. Mediu o príncipe como se ele fosse um comum qualquer, sabe o que sussurram dele. - a ruiva desamarrou o lado do vestido e puxou os cordões o mais rápido que conseguia, depois de dez anos fazendo aquilo, era mais fácil que nas primeiras vezes. ── E se ele tivesse matado você ali mesmo por esbarrar nele.

── Ele não poderia, é nosso convidado, seria uma desonra. - Clarie puxou as mangas de seu vestido o puxando para sair dele.

── Não é como se ele fosse o mais honrado dos homens. Um assassino de parentes. - a serva se afastou dela pegando os grampos e pano para prender o cabelo da Lady, para que fosse molhado. ── E ele ainda não comeu e bebeu sobre o teto de seu pai.

── Meu pai é inteligente, ele já deve ter feito o príncipe comer e beber, é a primeira coisa que ele faz com todos que entram para garantir a segurança de sua cabeça. - Clarie caminhou até a banheira que tinha sido colocada na frente da lareira, dela vinha o cheiro dos olhos floridos que tanto ela e suas irmãs usavam.

Deveria haver mais servas para ajudá-la com tudo, como suas irmãs que tinha de duas a três, mas Clarie não gostava e nem confiava o suficiente para tê-las, Meredith era a única que havia ganhado a confiava ds lady para esta ao seu lado o tempo todo, e mesmo que o trabalho fosse mais pesado e Lady Clarie costumasse ser extremamente exigente, a ruiva atendia tudo que fosse preciso com orgulho e dedicação, ela se sentia grata por ter sido salva pela mulher com tão pouca idade, e servi-la era o mínimo a se fazer.

Após o banho, com a ajuda de sua serva, Clarie secou a água acumulada em seu corpo, e escolheu um de seus luxuosos vestidos, o tecido azul índigo com bordas vermelhas e bordados dourados, com o detalhe de tecido preto no centro da saia. Meredith fechava o corpete nas costas enquanto ela o observava pelo espelho, azul com vermelho com bordados e rendas em todo o decote quadrado e nas mangas que iam até seus cotovelos.

── Pronto. - Meredith sussurrou se afastando da Lady, para que ela pudesse distanciar-se do grande espelho e andasse e sentasse na cadeira para que seu cabelo fosse arrumado.

A trança que unia todo o cabelo de Clarie foi desfeita dando lugar a um coque trançado em metade dos cabelos e adornados com presilhas douradas, enquanto a outra metade estava solta, caindo em suas costas em ondas formadas pelo aperto da trança feita anteriormente. A lady foi enfeitada com as jóias de ouro com pequenas pedras vermelhas.

── O perfume. - Clarie pediu estendendo a mão para Meredith que passou o frasco para ela.

As portas do quarto da Lady foram abertas e suas cinco irmãs mais novas entraram. Todas usando vestidos de festas com cores diferentes em tons escuros, com seus cabelos alinhados e adornadas com jóias. Clarie virou e sorriu levemente as observando.

── Estão bonitas. - Clarie se virou para frente passando o perfume em seu pescoço.

── Só isso? - Rosalind cruzou seus braços, querendo mais elogios. ── Nós somos belíssimas, poderíamos ser confundidas com princesas.

── Se você diz. - a mulher mais velha levantou da cadeira, passando a mão pela saia do vestido.

── Podemos ir? - Margot perguntou olhando para a irmã que assentiu se aproximando dela.

── Você não precisa voltar mais tarde Meredith, eu posso me aprontar para dormir sozinha. Está liberada pelo resto da noite. - Clarie deu a instrução à serva que assentiu e se curvou esperando para sair depois de todas as filhas do lorde Ambrose.

O caminho até o grande salão onde os banquetes que o lorde Ambrose gostava de dar, não foi muito longo. Em pouco tempo as seis irmãs estavam de frente para as portas, se arrumando, e de duas em duas, da mais velha a mais nova elas entraram no salão, que tinha duas enormes mesas em cada lado onde os companheiros de seu estavam sentados bebendo e rindo, enquanto na pequena mesa sente elas, estava apenas Marq Ambrose e o Príncipe Aemond, que pararam de conversar para observar as ladies.

Clarie andava de cabeça erguida, sentindo os olhares costumeiros porém um deles era diferente, vinha do príncipe Aemond, que parecia tê-la reconhecido do evento anterior, e ele persistiu mesmo quando ela se sentou no meio da mesa, ao lado de seu até então noivo Simon Lybber, e enquanto suas irmãs se sentavam e todos voltavam a conversar e rir, até mesmo quando seu pai voltou seu assunto com ele.

── Você é está belíssima essa noite, Lady Ambrose. - Simon chamou sua atenção e Clarie o olhou com um contido sorriso no rosto.

── Eu agradeço suas gentis palavras Lord Lybber. - a mulher agradeceu pegando sua taça que havia sido enchida pelo servo.

Seu casamento com Lord Lybber não passava de uma conveniência, seu pai parecia interessado no pequeno exército que ele criava e ele em ter um jovem lady esquentando sua cama, Simon era um homem com o dobro da idade sua noiva com herdeiros o suficiente para que sua linhagem continuava, aquele casamento era por puro desejo para aumentar seu ego. Clarie mesmo que o casamento não a agradasse, se perguntava como ela tinha ficado tanto tempo solteira assim como suas irmãs, não quer seu pai já não estivesse a procura de casamentos, ele havia tido até a ousadia de propor uma união com Oscar Tully e sua irmã Delphine.

Da mesa principal, Aemond continuava observar Lady Clarie sem pudor nenhum, e sem a preocupação que vissem ele fazendo aquilo, afinal não fariam nada, ele era o príncipe e tinha o maior dos dragões próximos dos muros da Fortaleza, não havia homem em toda a terra que o ousasse desafiar. A verdade por trás do seu constante olhar era que desde o encontro anterior ele a tinha em sua manter, se perguntando por que uma lady que usava um tecido tão fino o havia manchado de sangue e nem precisa se importar com tal fato.

── E quando a sua filha mais velha? - Aemond questionou interrompendo o discurso que Marq Ambrose dava sobre suas caçadas.

── A minha doce Clarie? - a tentativa de passar um carinho em sua voz foi totalmente falha, Aemond estreitou os olhos esperando pela resposta. ── Infelizmente minha filha mais velha, está noiva do lorde Simon Lybber.

── Noiva? Desde de quando?

── Não a muito tempo, uma lua. - Marq respondeu bebendo um pouco de vinho. ── Ele veio para o casamento que acontecerá nos próximos dias.

Noiva, ela estava noiva. Aemond assentiu e voltou a observar a lady que conversava com a irmã sentada ao seu lado e o seu noivo, no outro, o Targaryen pegou sua taça e bebeu um gole de vinho.

【. . .】

── Ficarão aí me observando? - Clarie perguntou prendendo o brinco em sua orelha esquerda enquanto Meredith prendia a direita.

Era manhã na Fortaleza, o sol nascia no céu iluminado tudo que estava embaixo dele. E a lady e suas irmãs deviam se aprontar para deleitarem-se da vasta quebra de jejum com seu pai e o príncipe em uma reunião mais íntima, o que não era costumeiro, já que normalmente Lord Marq fazia suas refeições com seus companheiros, e suas filhas faziam separadas dele.

── Você é a única que falta estar pronta. - Cassandra abriu o livro que levava consigo.

── Não vai levar esse livro para lá não é. - Margot perguntou para irmã que suspirou ignorando-a.

── O que o príncipe Aemond faz aqui? - Clarie perguntou sentando-se na cadeira.

── Ele está atrás de uma noiva. - Lídia respondeu e deitou-se na cama suspirando, Clarie negou com a cabeça, pobre criança que ainda idealizava casamentos perfeitos.

── E o que ele ganharia casando-se com uma de vocês? - a mais velha das irmãs questionou confusa.

── Você, nós e muitos sabem do exército que nosso país coleciona, ele é um maníaco estrategista que parece está se preparando para uma guerra a anos. É óbvio que os verdes o querem ao seu lado. - Rosalind respondeu vendo sua irmã negar com a cabeça. ── Você sabe que é isso, Clarie.

── Então a viagem dele foi perdida. Papai já cedeu suas espadas para a Rainha Rhaenyra, a legítima herdeira do Trono. Ele mandou um corvo para ela e foi respondido. - Clarie se levantou da cadeira depois que seu cabelo estava totalmente preso.

── Mas não ganho nada em troca com isso, e com os verdes, há uma chance dele ficar ligado a família real, papai não é idiota. - Rosalind continuou. ── O príncipe Aemond toma uma de suas filhas em troca de um exercício, nosso pai vai ser reconhecido, chamado para eventos importantes quando isso acabar...

── Ele terá sua cabeça cortada, por Rhaenyra. - a mais velha colocou a mão na cintura e começou a andar pelo quarto. ── Nosso pai está maluco, ele vai matar todos nós se fizer isso.

── Ele já fez. - Margot deixou a almofada de lado e levantou da cama andando até a lady a segurando pelos ombros. ── Príncipe Aemond parecia muito interessante em você Clarie.

── Já é a segunda vez que ele erra. Eu já estou noiva. - a mulher cruzou os braços.

── De um velho. - Delphine se intrometeu na conversa. ── Ao menos o príncipe Aemond é novo e bonito.

── Um homem desonrado, não vamos esquecer o que ele fez, mas se ele matou o próprio sobrinho, o que faria com a esposa quando ela o irritasse? - Clarie questionou recebendo em silêncio em resposta. ── Ele é um sádico, eu não me casaria com ele nem que estivesse solteira, ou que ele fosse o último homem no mundo.

── Você diz isso agora. - Delphine sussurrou passando a mão pelo vestido verde bordado com flores rosas. ── Mas adoraria se tornar uma princesa.

── Esse sonho é seu querida irmã. - as pontas dos lábios de Clarie se levaram em um sorriso irônico. ── Agora vamos, estou pronta.

── Vamos descobrir quem será a noiva do príncipe. - Rosalind comentou animadamente agarrando o braço de Clarie que revirou os olhos, pensando como sua irmã poderia se cegado pela beleza do príncipe, esquecendo as ações dele.

As seis irmãs saíram dos aposentos da mais velha com destino a sala de jantar. Mas durante o caminho, elas viram um pequeno tumulto em um dos aposentos onde normalmente hospedavam os convidados de seu pai. As jovens ladies pararam observando as pessoas ao redor da porta do quarto.

── Não são os aposentos onde o Lorde Lybber está? - Lídia perguntou ganhando a atenção de Clarie, a quem ela estava agarrada pelo braço.

── Sim, são os aposentos dele. - Clarie respondeu em um sussurro observando o tumulto a sua frente. Estreitando os olhos, a lady sentiu sua intuição dizer que algo havia errado.

Soltando as duas irmãs que estavam segurando seus braços, e em passos devagar Clarie começou a se aproximar da porta, ela escutou as conversas e um barulho de choro quanto mais se aproximava, ela percebeu as irmãs seguindo-a visivelmente nervosas, já que não era tudo dia que coisas daquele tipo aconteciam. Percebendo a presença da filha mais velha do lorde do castelo, as pessoas que estavam na porta se afastaram, dando espaço para que ela entrasse e visse dentro do quarto.

Por um segundo Clarie prendeu a respiração, vendo a filha que tinha vindo acompanhando seu pai chorando ao pé da cama que era possível vê uma parte da porta, a lady respirou fundo entrando nele vendo uma cena que não esperava naquela manhã. Simon Lybber estava deitado em sua cama, visivelmente morto, sua filha chorava ao pé da cama enquanto a serva tentava consolá-la, o meistre parecia examinar o corpo enquanto as irmãs silenciosas estavam no canto da sala esperando para fazer seu trabalho. Era possível ela escutar os sussurros do que observavam de pena tanto para a filha quanto para ela, pobre Lady Clarie, tinha perdido o noivo antes mesmo de casar e a filha que tinha perdido o pai que havia cuidado dela.

── Lady Clarie. - a jovem fez com que ela parasse de olhar o pálido corpo do homem. Se levantando do chão, a mulher que era poucos anos mais velha que ela a abraçou. ── Ele teve uma morte tranquila, não teve sofrimento pelo que Meistre disse. Agora descansa em paz.

Lady Clarie passou os braços em volta da mulher tentando passar-lhe um conforto. Por cima do ombro dela, a lady olhava ainda mais para o corpo, imóvel e pálido, que já deveria está gelado mas ainda assim parecia tão sem graça, não havia sangue, ossos fraturados e nem membros faltando, ele havia apenas morrido durante o sono do que ela havia entendido, e aquilo era tão sem graça e entediante.

── Como isso aconteceu? - Clarie perguntou ao meistre se soltando dos braços da lady, sentindo que o tempo era demais naquele abraço. O homem mais velho se afastou da cama, aproximando-se das mulheres.

── Não notei marcas nem machucados, então o mais provável é que seu coração tenha parado enquanto ele dormia. - o meistre explicou e Clarie assentiu juntando as mãos na frente do corpo.

Olhando novamente para o corpo do homem que seria seu marido, a Lady sentiu novamente que algo havia errado, ele não era um homem jovem mas também não era velho o suficiente para poder morrer de seu coração, para ela parecia muito estranho para Clarie. A mulher suspirou e virou para a filha do morto, que chorava ainda mais.

── Eu sinto muito, pela sua perda. - Clarie apertou o braço da mulher que assentiu secando as lágrimas com um lenço. ── Mas eu preciso ir agora, me encontrar com meu pai.

── Tudo bem. - a mulher sussurrou. ── Também sinto muito, por sua perda.

── Obrigada. - ela sussurrou e se virou saindo do aposento.

Era perceptível os olhares de pena e curiosidade em cima sobre ela, sussurrando o qual triste ela devia estar, e como era miserável de um marido antes de casar com ele. Mas lady Clarie não se sentia miserável, de jeito nenhum, ela não sentia nada de fato, aquele seria apenas mais uma dia normal, a mulher não se importava com aquele homem que seu pai tinha feito um acordo de casamento, e não conseguia entender porque achavam que ela se importaria com um homem que ela não conhecia.

── Você está bem? - Delphine perguntou tocando no ombro da irmã, que tinha andado o caminho em silêncio, olhando para o nada, quase parecia um pouco andando sem alma.

Clarie abriu a boca para responder que sim, mas socialmente parecia estranho ela disse que estava bem depois de ver o corpo de seu noivo, então ela apenas se limitou em assentir com a cabeça e continuou a caminhar, sendo seguida pelas irmãs que trocaram olharem preocupadas.

Em silêncio, as irmãs chegaram à sala de jantar, onde seu pai e o príncipe Aemond as esperavam. Assim que passaram pelas portas, o Lorde levantou de sua cadeira com seus braços abertos e aquela sua falsa expressão de amor e compreensão, Clarie suspirou sabendo onde aquilo terminaria.

── Minhas amadas filhas. - o homem começou seu teatro sorrindo para elas. ── Clarie, minha criança. Eu soube da prematura e dolorosa morte do Lorde Lybber, eu sei que seu coração deve está em pedaços mas eu estaria aqui para acolhê-la.

Marq abraçou a filha que nem se deu o trabalho de retribuiu, apenas apoiou seu queixo no ombro do homem. Olhando para frente, Clarie percebeu o olhar fixo do príncipe Targaryen nela, naquele momento, fosse sua intuição ou inteligência, no fundo de sua mente algo dizia a ela que ele tinha algo haver com a morte natural de seu noivo.

O Lorde se separou da filha, e suas mãos foram ao rosto dela fazendo um carinho, mas Clarie não conseguia sentir carinho e conforto, ela se perguntava se era por que ela não poderia sentia aquilo naturalmente ou porque seu pai não conseguia transmitir aquele sentimentos, ela tentava se lembrar da última vez que tinha recebido um carinho de seu pai, essa lembrança nunca existiu. Um beijo foi deixado em sua testa antes que o homem se afastasse voltando para trás da mesa, soltando um suspiro, a lady se dirigiu até a mesa e sentou-se ao lado esquerdo de seu pai, e o príncipe estava ao lado direito dele, enquanto sai irmãos se dividiram em ocupar os lugares de ambos os lados.

O silêncio que sucedeu pelos próximos minutos fez com que Clarie estranhasse, já que seu pai adorava se exibir e contar histórias sobre suas gloriosas caçadas. Levando um pedaço de queijo à boca, de canto de olho a lady observou seu pai e o príncipe Aemond, que pareceu sussurrar algo para o Lorde que assentiu.

Coçando a garganta, Marq chamou a atenção das filhas que comiam de cabeça baixa, parando o que estavam fazendo, olharam para o homem que tinha um pequeno sorriso presunçoso em seus lábios.

── Como sabem o príncipe Aemond Targaryen não veio aqui para uma simples visita, afinal nos tempos de hoje, não há tempo para tais trivialidades. Ele veio aqui com uma proposta, que eu não hesitei em aceitá-la, afinal antes disso eu já apoiava a reivindicação do nosso agora rei, Aegon Targaryen. - Marq começou seu discurso ganhando um olhar de aprovação de Aemond.

Clarie olhou para o pai segurando os talheres em sua mão com força, pensando como ele poderia ser um traidor tão sujo que se contava com algo tão pouco para dar as costas a verdadeira herdeira, quando ele mesmo tinha oferecido apoio, mas ela não poderia esperar muito dele, o homem que tinha recusado passar o controle de seu castelo e sua região para uma de suas filhas que era treinadas para aquilo, mas passaria para seu sobrinho, um porco imundo que tinha até mesmo quase matado a filha bastarda que pediu sua ajuda. Cassandra que estava ao lado da irmã, pegou a mão dela, a obrigando a soltar o garfo e a segurou debaixo da mesa, nervosamente, Clarie olhou para sua irmã rapidamente vendo medo em seus olhos, Cass estava com medo do que seu pai falaria, claro que estava, dentre todas as seis, ela era a que mais se magia longe de casamento e detestava a ideia de ter filhos, apertando a mão da irmã ela tentou confortá-la.

── Eu terei a honra e o prazer de ceder meu exército e estratégias de guerra para a coroa, enquanto o príncipe Aemond Targaryen tomará uma de vocês como esposa, e a levar para King's Landing. - o Lorde continuou e baixos suspiros e sussurros eram possíveis de ser escutados. ── Ele escolheu sua noiva, e ela será minha doce Clarie.

Não havia mais sussurros, nem suspiros, era como se todos tivessem prendido a respiração e estivessem olhando para ela, Clarie sentia os olhares, mas também sentia a raiva crescendo e fazendo seu sangue borbulhar. Ela se imaginou pegando a faca a sua frente e cortando sua garganta para que se livrasse daquele infortúnio, mas ao invés disso ela respirou fundo e virou sua cabeça para olhar seu pai nos olhos, que esperava uma reação vinda dela.

── Não. - foi tudo o que ela disse, e o suspiraram voltarem, ela viu os olhos de seus pais se escurecerem de fúria, não era difícil de fato deixá-lo com raiva mas ser contrariado era o ponto mais rápido de fazer. ── Não vou me casar com ele.

── Você está confusa querida. - Marq tentou sorrir levantando de seu lugar. ── Levante-se, agora. Levante-se.

Clarie queria negar como fez anteriormente, mas ela apenas se levantou tendo seu braço agarrado fortemente por seu pai que quase o quebrou em dois.

── Vocês podem continuar quebrando o jejum. Eu preciso conversar com Clarie, mas o casamento acontecerá. - a última frente foi direcionada ao príncipe que bebia um gole da sua taça.

A lady foi puxada para fora da sala de jantar por seu pai, mas enquanto sai a última coisa que ela pode vê foi o olhar dele sobre ela, mas no fundo ela conseguiu reconhecer aquilo de algum lugar. O caminho para onde quer que seu pai estivesse levando-o parecia dolorosamente longo, e a cada segundo ele parecia apertar ainda mais o braço que segurava, assim que chegaram ao destino, o escritório dele, ela foi jogada para dentro em o mínimo de cuidado, o que a fez tropeçar mas ela se segurou em uma cadeira se levantando.

Assim que a mulher virou para perguntar ao seu pai o que seu pai tinha na cabeça, ela recebeu um tapa, atordoada Clarie levou a mão ao local atingido, mas sem expressar nenhuma expressão ela olhou para o pai, ignorando a dor e ardência que sentia.

── Qual é a porra do seu problema? - a lady perguntou deixando toda a educação que tinha recebido durante sua vida de lado.

── Meu problema? Meu problema é você sua tola, como ousa negar o seu casamento com o príncipe Targaryen. - Marq gritou no rosto de sua filha, era possível sentir o hálito de vinho e cerveja que ele misturava pela manhã.

── Você pai, jurou lealdade a rainha Rhaenyra...

── Não fale o nome dessa prostituta. Ela não é a rainha. - Marq gritou de volta.

── Até ontem ela era sua rainha. - Clarie não deixou se abalar, tirando a mão do rosto ela olhou nos olhos de seu pai. ── Você jurou lealdade a ela, e agora jura ao falso rei porque um príncipe te deu uma oferta de casamento? Terá sua cabeça cortada...

── Não, você terá sua cabeça cortada se chamar o rei Aegon de falso rei novamente e não aceitar se casar com Aemond Targaryen. - o Lorde interrompeu sua filha agarrando seus dois braços.

── Não pode me casar, meu noivo morreu essa noite, não acha isso conveniente demais, que ninguém perceberia? - a jovem lady questionou tentando trazer o mínimo de razão à mente de seu pai.

── O coração dele parou, pode acontecer com qualquer um, principalmente com ele que já tinha cinquenta dias de seu nome. - o homem deu de ombros soltando a filha. ── E além do mais o príncipe Aemond escolheu você essa manhã durante a quebra de jejum.

── Não vou me casar com Aemond Targaryen. - Clarie disse com firmeza despertando ainda mais a ira de seu pai. ── Ele é um assassino, um traidor...

Um tapa a interrompeu, e outro veio logo em seguida fazendo seu corpo se curvar. Antes que a lady pudesse se levantar como se aquilo não tivesse acontecido, seu pai agarrou seus cabelos, fazendo-a grunhir de dor tentando se soltar.

── Acha que tem escolha? - o homem perguntou puxando mais os fios, a raiva era perceptível em sua voz, ele a mataria se fosse qualquer outra pessoa. ── Acha que eu vou deixar você estragar meus acordos, eu te daria uma surra e te arrastaria ao altar, mas a sua sorte é que o príncipe que você inteira.

O homem a soltou com força sobre a mesa príncipe, Clarie agarrou as bordas apertando até que as pontas de seus dedos estivessem bancas, a sua frente tinha uma faca de abrir cartas, ela se imaginou enfiando nos olhos de seu pai com tanta força que chegaria ao seu cérebro, mas ela respirou fundo se controlando, queria matá-lo, mas do que adiantaria se depois ela teria que atender ao seu primo. Então a lady apenas virou seu rosto olhando para seu pai que passava a mão no rosto.

── O casamente irá acontecer próximo ao cair da noite e você vai dizer sim, me entendeu Clarie, e vai abrir a porra pernas das suas pernas e deixar que o príncipe faça o que quiser com você essa noite. - o homem gritou, parecia totalmente descontrolado pela raiva que sentia dentro de si, a mesma que Clarie sentia, mas era curioso para ela como eles lidavam com ela de maneira diferente. ── Se você não se casar com Aemond Targaryen, não tem a minha proteção, será tratada como uma prostituta pelos meus homens.

Após a ameaça, o Lorde saiu do escritório batendo a porta no processo enquanto a filha ficou lá, debruçada sobre a mesa enquanto lágrimas de raiva saiam de seus olhos, ela odiava seu pai, odiava ter que passar por aquilo pro ser uma mulher, e principalmente odiava Aemond Targaryen por tê la escolhido. Levantando da mesa Clarie observou tudo à volta limpando seu rosto com as mãos, sua mente oscilava entre querer vinhaça e sua sede em vê a morte de todos aqueles, e então tudo parou, ela pensou em algo que fez um sorriso crescer em seus lábios.

【. . .】

── Pediu para que me chamasse Lady Ambrose? - Meredith perguntou fechando a porta do quarto a lady, olhando em volta ela achou a mulher escrevendo algo sobre a mesa ao canto do cômodo.

── Sim, venha aqui Meredith. - Clarie chamou sem tirar os olhos do papel.

Em passos rápidos a ruiva chegou onde sua senhora estava que levantou o olhar olhando-a no fundo dos olhos, Meredith reconheceu aquele olhar, aquela expressão com um sorriso contido e maldoso em seu rosto, ela já tinha visto antes e quando acontecia ela tinha que limpar algo.

── Eu posso de fato confiar em você, Meredith? Confiar que ficará ao meu lado apesar de qualquer coisa? - a pergunta de Clarie foi rapidamente respondida por um aceno de cabeça da serva.

── Claro que sim, Lady Clarie, eu estarei ao seu lado ajudando no que for preciso. - Meredith garantiu.

── Mesmo que ficar ao meu lado custe sua vida? - a pergunta tirou o ar dos pulmões da ruiva que ainda assim assentiu.

── Eu disse isso a dez anos atrás, e direi novamente, Clarie. - Meredith quase nunca a chamava pelo seu nome mesmo quando estavam sozinhas e que ela tivesse permitido, era rara as ocasiões que aquilo acontecia. ── Eu tenho uma dívida muito grande com você, eu dedicarei minha vida a você, e se preciso também morrerei para isso e farei com prazer sabendo que estarei pagando por ela.

── Tudo bem. - Clarie assentiu pegando a cera derretida e jogando sobre o papel para prendê-lo e selar, depois de seca-lo, a mulher estendeu para a serva. ── Preciso que você faça essa carta chegar até a rainha Rhaenyra. Sem que ninguém saiba.

── Mas... mas por que? - Meredith perguntou pegando a carta em suas mãos.

── Meu pai traiu a rainha e se ajoelhou perante o usurpador, e vai me casar com o príncipe Aemond. - Clarie levantou da cadeira arrumando os papéis no canto da mesa.

── Eu soube da morte de seu antigo noivo... seu corpo já foi enviado para sua casa junto com todos que vieram com ele.

── Eu não me importava com aquele homem ou com aquele maldito casamento. - a lady declarou se virando para a serva. ── E pouco me importo com esse outro casamento ou noivo, meu pai só está me usando como uma moeda de troca para alcançar seus objetivos, mas no final de tudo é isso que eu e minhas irmãs somos, um meio para o fim do que nosso pai quer.

Lady Clarie suspirou passando a mão pelo amarelo e vermelho que ela usava, desde o momento que ela tinha saído do escritório de seu pai, sua mente trabalhava montando seu projeto para chegar em seu objetivo final. O meio para o fim, como ela era para seu pai.

── Na carta estou avisando a rainha sobre isso. - Clarie explicou ganhando um olhar atento da serva. ── Eu estou pedindo misericórdia a ela por mim e minha irmãs, cedendo meu apoio ao seu lado e explicando um plano que tenho como sua espiã enquanto eu estiver na Fortaleza Vermelha.

── Por que está me contando isso?

── Porque meu plano é matar todos os verdes e você Meredith, vai me ajudar. - a mulher afirmou olhando diretamente nos olhos de sua serva procurando qualquer sinal, mas ela apenas assentiu confirmando seu apoio a sua senhora.

── Eu vou entregar essa carta. - Meredith respondeu balançando o papel enrolado. ── Terei que fazer rápido e depois vim prepará-la para seu casamento.

── Pode ir. - Clarie a dispensou com a mão, Meredith se curvou e saiu dos aposentos pensando como ela enviaria aquela mensagem.

【. . .】

Em cima de um banco e olhando-se no espelho, Lady Clarie se observou pelo reflexo, em principal seu vestido, que outrora era para outro casamento agora era para o segundo que não tinha tempo para um simples cortejo como o anterior havia tido. Meredith ajustou a manga do vestido que seria a primeira camada, era um tom claro, quase branco, simples com um decote quadrado e de alças, por cima foi colocado outra camada de vestido, num tom de bege, de mangas longas, que tinha preso na frente por um cinto vermelho e preto, com fivelas e finas correntes douradas, que deixava o vestido embaixo a mostra na frente. Meredith se ajoelhou na frente de sua senhora para que a barra do vestido fosse terminada.

── Isso está horrível. - resmungou cruzando os braços olhando sua imagem no espelho.

── Mas, o vestido é belíssimo, como a senhora pediu. - Meredith respondeu olhando para cima.

── Não o vestido. - Clarie respirou fundo, enfiando os dedos em seus cabelos que estavam totalmente soltos e continuaram assim para o casamento. ── Está situação, isso é grotesca. Não é porque eu estou aceitando me casar com um traidor, que isso seja aceitável.

── Mas é normal, para eles. Não há muito o que você possa fazer, a não ser aceitar, você é uma mulher. - Meredith deu os ombros, lembrando-se de como havia aprendido a aceitar que naquele castelo ela era uma mulher que não tinha voz, olhos, ou ouvidos. ── Não é porque você acha que não é aceitável, que eles vão achar o mesmo. Homens só se importam com o que ferem a eles, não a nós e você sabe disso.

── Se eu pudesse...eu os mataria nesse momento. - seus punhos foram fechados e apertados com força, a mulher sentiu suas unhas se cravando na pele enquanto ela respirava fundo. ── Mas eu não posso, não agora.

As portas dos aposentos foram abertas e as cinco irmãs de Lady Clarie entraram no local, os simples vestidos que usavam naquela manhã foram substituídos por mais luxuosos de cores vibrantes e vivas, com bordados de flores, todas de fato pareciam radiantes.

── Desfaça essa expressão feia. Você fica mais bonita quando sorrir. - Rosalind comentou se aproximando da irmã.

── Não há porque sorrir. - Clarie resmungou passando a mão pelo vestido.

── Já entendemos que você não quer se casar com o príncipe Aemond Targaryen, mas tente vê pelo lado bom. - Rosalind continuou fazendo a irmã mais velha revirar os olhos, sua irmã sempre queria ver o lado bom até mesmo de onde não havia coisas boas.

── E há um lado bom nisso tudo? - Cassandra perguntou enquanto se servia uma taça de vinho. ── Ela está sendo obrigada a se casar com um homem que parece ser cruel, será obrigada a ficar dentro de um castelo tendo herdeiros para ele sem parar e no meio de uma guerra, onde ela e esses bebês podem morrer.

── Você vai morrer? - Lídia questionou olhando para Clarie com seus olhos brilhando pelas lágrimas que começava a enchê-los.

── Eu não vou morrer. Ninguém vai. - Clarie desceu do banco quando a barra de seu vestido foi terminando.

A lady se aproximou da irmã mais nova, e segurou seu rosto entre as mãos deixando um beijo em sua testa. Desde o anúncio de seu casamento Lídia parecia ser a que menos havia gostado, afinal ele aconteceria tão rápido e logo ela seria levada para longe, a pessoa que que tinha criado e cuidado dela desde o nascimento.

── Vai ficar tudo bem. - Clarie olhou para todas as irmãs, ela estava convicta daquilo. ── Nada vai acontecer comigo, ou com vocês, não precisam se preocupar.

── Lady Clarie. - Meredith a chamou, a mulher se virou vendo que a serva segurava a tiara que ela usaria.

Dando um pequeno sorriso para a irmã, Clarie se afastou dela e se sentou na cadeira para que fosse terminada de se aprontar. Meredith colocou a tiara na cabeça da lady, dourada com pequenas jóias ao redor dela, os acessórios foram colocados e finalmente ela estava pronta. A imagem perfeita de uma noiva que todo lorde desejava, jovem, de boa aparência e o que muitos consideravam pura.

── Está belíssima. - Marq elogiou a filha entrando no recinto. ── Vocês podem ir. Eu quero um momento a sós com a Clarie.

Meredith foi a primeira a sair depois de se curvar para as ladies e o lorde, sendo seguida pelas filhas mais novas do Marq deixando-os a sós. Clarie suspirou levantando da cadeira onde estava sentada, e se virou para seu pai que se aproximava dela, o homem segurou o rosto da filha com as duas mãos e sorriu levemente.

── Não estrague tudo Clarie. Seja aquilo que você foi criada para ser, se case com o príncipe e o satisfaça e de herdeiros a ele. Não manche o nome desta família. - o homem instruiu passando a mão pelos cabelos castanhos da filha e simplesmente assentiu.

Se afastando de Clarie, o lorde andou até onde o manto estava pendurado, pegando-o e voltando a onde a filha estava o colocando em seus ombros, que logo seria substituído por outro. Saindo das costas dela, ele ofereceu o braço para ela que aceitou, antes que eles andassem na direção a saída do quarto.

── Não estrague tudo Clarie, essa é sua última chance, acha que alguém vai querer você nessa idade? Você teve sorte que o Lorde Lybber e o príncipe Aemond a quiseram. - O lord olhou para a filha tentando ver qualquer expressão vinda dela, o que não aconteceu, Clarie continuava olhando para a porta, imóvel. ── O príncipe estranhamente não quer se casar com nenhuma das suas outras irmãs, se não se casar com ele e perdemos nossa ligação com os Targaryen, será com alguém mais velho, que eu teria o maior prazer de oferecer você em troca de até mesmo uma vaca.

── Podemos ir? - a lady perguntou ainda sem olhar seu pai. O homem olhou para a porta e depois para a filha antes de começar a andar sendo acompanhado por ela.

No caminho entre seus aposentos até o Septo onde os casamentos dos moradores daquela Fortaleza aconteciam, Clarie analisava todos os eventos que eventualmente poderiam ocorrer com ela quando ela fosse levada para Porto Real, com a guerra que aconteceria, aquela cidade não seria o lugar mais seguro para se estar. As portas do Septo foram abertas pelos soldados e a Lady voltou a prestar atenção em tudo à sua volta, saindo de sua mente, nos passos mais rápidos que era permitido seu pai a levou até o altar onde Aemond a esperava em frente ao Septão.

O príncipe desceu os degraus onde está anteriormente e se encontrou com sua noiva e seu pai, ambos se cumprimentaram e o homem se afastou, entregando oficialmente sua filha para o príncipe Aemond Targaryen. O rapaz levou as mãos até o rosto da noiva e se aproximou dela.

── Se você disser não, eu corto a garganta do seu pai e dou suas irmãs de alimento para o meu dragão. - Aemond sussurrou para que o Septão a pouco passos deles não escutasse, e deixou um beijo na testa de sua noiva.

── Eu não pensei em fazer isso. - Clarie estreitou os olhos. ── Meu príncipe parece inseguro.

Ignorando a visível provocação, o príncipe agarrou a mão fortemente da Lady e os dois subiram os degraus ficando frente a frente com o Septão e de costas para todos que assistiam à cerimônia. Clarie não se deu ao trabalho de prestar atenção em toda a cerimônia, ela não sabia o que o Septão tinha dito durante todo o período o que estavam ali, os momentos em que houve o mínimo de atenção fora quando o manto de sua cara tinha sido substituído pelo da casa Targaryen que anteriormente estava nos ombros de seu noivo, e quando ela recitou seus votos junto ao príncipe, antes de ser beijada por ele.

O beijo foi curto e macio, era quase como se o príncipe estivesse com medo de beijá-la mesmo segurando seu rosto com firmeza com suas mãos. Assim que se separaram, foram acolhidos por palmas de seis convidados e pétalas jogadas por eles, enquanto os dois saiam do Septão para o banquete que seria realizado em comemoração ao casamento.

Sentada entre seu pai e seu marido, Clarie observou todo o local, decorado com flores e tecidos finos e com estandartes da casa Ambrose e do que seria da casa Targaryen, do lado verde, já que o dragão não era vermelho e sim amarelo, a lady se perguntou quantos servos forma necessários para que tudo fosse arrumado em tão pouco tempo, talvez tivessem começado a trabalhar desde a hora do morcego, o que deixava sua suspeita que os homens tinham participação na morte do Lorde Lybber.

── Prima. - a voz de Maeren, a fez deixar seus pensamentos de lado e focar no que estava a sua volta, olhando para o primo que permanecia entre ela e seu pai com a mão estendida para ela. ── Aceitaria dançar?

Olhando rapidamente para seu marido e seu pai em seguida, Lady Clarie sorriu levemente assentindo, pegando na mão do primo que a ajudou a se levantar. Sobre os olhares atentos dos homens, os dois andaram até o centro do salão, onde outros pares se juntavam, os músicos começaram a tocar uma música animada, as que Clarie mais detestava, ela costumava preferia as mais lentas. Os primeiros versos da música foi um silêncio entre eles, apenas com os passos da dança sendo apresentados, o que não era do feitio de Maeren, que gostava de falar como seu tio.

── Olhe para você, tão desanimada e distante da Clarie de alguns dias atrás. - a lady evitou revirar os olhos com a provocação de Maeren que tinha um disfarçado sorriso arrogante em seu rosto. ── Isso não teria acontecido se tivesse aceitado meus pedidos de casamento a anos atrás.

── Então isso tudo é simplesmente por que você não aceita ser rejeitado? Não sabia que seu ego era tão frágil ao ponto de ser machucado por isso, primo. - Clarie se deletou vendo o sorriso sumir, usando lugar a uma expressão fechada no rosto de Maeren.

── Cuidado para não apanhar por causa da sua língua afiada. Eu bateria em você se fosse seu marido - o homem rebateu girando a prima, e foi a vez dela sorrir de maneira arrogante.

── Mas você não é. E o meu marido parece ser do tipo de homem ciumento, e dos irracionais, eu tomaria cuidado se fosse você. - a lady sussurrou, não precisando falar alto pela sua proximidade com o homem.

Um coçar de garganta fez com que Maeren se afastasse da prima olhando para o lado de onde vinha do som, era o marido dela que olhava diretamente para o homem, com os braços atrás do corpo e uma postura impecável, o nobre entendeu naquele momento porque muito o temiam.

── Eu poderia dançar com a minha esposa? - perguntou olhando para os dois e Maeren não demorou a assentiu dando mais um passo para atrás.

── Claro que sim, meu príncipe. Desejo um próspero e feliz casamento aos dois. - o homem os cumprimentou antes de se afastar sem ao menos esperar por uma resposta.

A música voltou a tocar e para a alegria de Clarie era uma de suas favoritas, era calma e com uma coreografia mais de lenta, uma melodia muito bonita e que ela gostava de apreciar. De frente um para outro, a lady finalmente pode observar, mesmo que por pouco segundos, o homem que era agora seu marido, totalmente alinhado parecia quase perfeito, se não fosse pelo olho que o denunciava, não pela falta de um, mas pelo que refletia no que restava, algo familiar para Clarie.

── Ele incomodava você? - questionou Aemond dando alguns passos a frente.

── Por que? Cortará a língua dele se ele tivesse feito? - a lady perguntou de volta seguindo o príncipe com o olhar enquanto girava em torno dela.

── Eu faria mais que cortar sua língua. - o Targaryen respondeu voltando ao seu lugar de partida andando para trás.

── Não. - respondeu a mulher enquanto repetia os passos dele. ── E de toda forma, você não poderia fazer nada, acabaria sua honra.

── Achei que achasse que eu não tinha honra. - Aemond respondeu não surpreendo Clarie, a mulher imaginou perfeitamente ele escutando suas conversas atrás das portas.

── O que eu acho ou não da sua honra, meu senhor marido, não mudará a verdade dos fatos. - a mulher respondeu levantando seu braço que ficou próximo ao de Aemond.

O silêncio do príncipe, não durou mais que o meio da música, onde ele parou a coreografia e agarrou a mão de Clarie, que confusa prendeu seus pés no chão, tentando entender para onde ele queria levá-la.

── Para onde quer me levar? - questionou confusa. Aemond se virou olhando diretamente para ela.

── Para nós aposentos temporários é óbvio. - respondeu rudemente, a curta paciência que ele tinha parecia estar se esgotando.

── Mas a cerimônia...

── Acha que eu deixarei algum desses homens encostarem em você? - a pergunta era retórica e cheia de desdém, a expressão em seu rosto também denunciava o óbvio, que ele não deixaria. ── Seu pai sabe que não irá acontecer. Então vamos.

Deixando-se ser guiada por Aemond, Clarie observou, enquanto passava entre as pessoas, os rostos confusos, era quase visível as perguntas no topo de suas cabeças, alguns talvez não entendesse por que os noivos estavam indo tão cedo lembro de sua própria fez, e outro apenas decepcionados, por não terem como acompanhá-los até a cama.

【. . .】

O barulho da tranca sendo fechada e a chave girada, despertou Clarie, o caminho até aquele quarto tinha sido em completo silêncio, com certeza ceria uma tortura para uma jovem e inocente esposa, que sabia pouco ou nada sobre o que aconteceria quando estivesse sozinha com o homem que a desposaria. Mas para ela era só tedioso, talvez ela estivesse um pouco ansiosa para saber como aconteceria, se a performance dele seria no mínimo aceitável, já que ela garantiria que a dela fosse memorável.

── Eu devo dizer algo antes que qualquer coisa aconteça. - Clarie começou a falar andando em direção a mesa onde se servia vinho, enquanto Aemond também andava pelo quarto.

── Então diga de uma vez. - o homem mandou colocando a espada do seu lado da cama, e a adaga na mesa de cabeceira.

── Não irá consumar o casamento com uma donzela. - Clarie admitiu tomando um gole do vinho.

── O que? - Aemond virou olhando para ela que levantou os ombros.

── Eu dei minha donzelice, a pouco mais de uma lua, quando soube que me casaria com Lorde Lybber. Eu não poderia deixar que ela fosse dada a um velho. - contou deixando a taça na mesa e se afastou dela. ── Pode cancelar o casamento se preferir e casar com Margot...

Aemond atravessou o quarto em uma velocidade impressionante chegando a onde a lady está, onde agarrou o rosto dela a interrompendo.

── Esse casamento não será cancelado. - ele esbravejou, e Clarie pode sentir algo nela se contraindo. ── Você é minha e isso não irá mudar Claire.

Ele soltou seu rosto e a virou de costas para ele, afastando o cabelo solto de suas costas.

── Me diga quem é, que eu vou matá-lo.

── Acha que eu daria algo único, há um homem e confiaria que ele não mancharia meu nome. - Clarie virou o rosto olhando no olho do príncipe. ── Sua mãe ainda chora, achando que ele os abandonou e fugiu para Essos.

A resposta fez com que o príncipe se calasse refletindo sobre ela, Aemond puxou a corda, desfazendo o laço que tinha no topo das costas.

── O senhor meu marido acredita no Estranho? - a lady perguntou enquanto sentia os gelados dedos do homem soltando as amarras que prendiam o vestido em seu corpo.

── Cresci com minha mãe contando histórias sobre os sete. - murmurou o príncipe sem dar muita importância para assunto, estando concentrado em outra coisa.

── Isso não responde minha pergunta. Você acredita? - Clarie voltou a questionar.

── É evidente que eu deveria acreditar. Mas não. - Aemond respondeu por fim, agarrando a cintura de sua recém esposa e a virando, deixando-a frente a frente consigo.

── Deveria. - sussurrou olhando dentro do olho que lhe restava.

── Por que? - sussurrou de volta agarrando as mangas do vestido a puxando para baixo, que se formou uma poça de pano nos pés da Lady, a deixando apenas com a chermise.

A mulher levantou suas mãos até o colete de couro começando a abrir, enquanto um sorriso se espantava em seu rosto.

── Porque ele me mandou fazer algo, eu vou matar você e toda a sua família. - a resposta que causaria medo em qualquer homem, fez apenas com que um sorriso surgisse no rosto do príncipe coalho.

Que rapidamente segurou o rosto de sua esposa, obrigando-a a olhá-lo enquanto aproximava seu tão rosto do dela a ponto que seus narizes se encostarem.

── Eu vou adorar ver você tentar. - o príncipe disse antes de pressionar seus lábios contra os da Lady, que aceitou de bom grado, passando seus braços em volta dos ombros dele que agarrou sua cintura, a levanto para a cama.

Ela o odiava de fato, e o queria morto como o resto de sua família, mas aquilo não queria dizer que ela não poderia aproveitar do prazer que era seu por direito, desde o momento em que ela obrigada a se casar.

Jogada sobre a grande cama, entre os lençóis mais caros que tinham sido separados para eles, Clarie observou o tecido fino de sua camisola sendo rasgado agressivamente, a deixando exposta para ela. O príncipe Aemond, rendendo-se ao desejo que borbulhava dentro de si, enfiou seu rosto entre as pernas da esposa que de imediato reagiu a ação, gemendo enquanto sentia a língua lamber e chupar suas dobras.

Com as mãos agarradas nos fios platinados que quase se entrelaçavam em suas pernas apoiadas nos ombros dele, Clarie gemeu mais um vez arqueando suas costas. Ela sentia suas paredes apertarem aos dedos que ele tinha enfiado em si e que afundava dentro dela rapidamente.

── Aemond. - Ela chamando por seu nome sentindo uma queimação em sua barriga.

Mas então tudo parou, ele se afastou, tirando suas pernas de seus ombros, as deixando sobre a cama. Ajoelhado o príncipe coalho observou como havia deixado sua esposa, um caos, os cabelos castanhos e ondulados totalmente espalhados pelo travesseiro e grudando em seu rosto suado, o peito subindo e descendo tentando recuperar seu fôlego.

── Você... - Clarie sussurrou frustrada, ela sentia suas pernas tremerem se excitação e sua vagina pulsar querendo ainda mais atenção. ── Não pode fazer isso e não...

── Eu posso. - Aemond a interrompeu desfazendo os cordões que seguravam sua calça. ── Ao sagon ñuhon sir, nyke've jiōraton se power naejot ivestragī ziry jikagon

Clarie não sabia o significado do que ele havia falado em outro idioma, e talvez fosse a carência de querer chegar ao orgasmo mas a frase com o tom de voz, tinha deixado ela ainda mais excitada, fazendo-a gemer, virando seu rosto para o lado. A visão dela deixava Aemond confiante, ele sentia como se pudesse mandar no mundo, apenas por ter o controle sobre o prazer dela. Se abaixando, o homem deitou sobre ela, se encaixando entre suas pernas.

Sentindo ele dentro de si e a preenchendo, Clarie agarrou seus ombros e fechou os olhos com força não querendo gemer, o que se tornou impossível quando ele começou com suas investidas, deu pau abrindo sua boceta a cada estoca, esticando-a para se acomodar ali, e arrecadado seus gemidos que pareciam agradar muito seu marido.

── Porra. - xingou apertando seus dentes um no outro, e em reflexo tentou abraçar os ombros do príncipe que a impediu segurando um de seus braços pelo pulso ao lado de sua cabeça, enquanto a outra segurava fortemente sua cintura, a impedimento de se mover.

A mão que prendia seu pulso parou em seu pescoço, apertando-o o que fazia com que sua respiração fosse dificultada, mas a ação pareceu agradar ainda mais seu corpo, já que ela sentiu seus músculos apertarem ainda mais o pau dele que entrava e saia de maneira ritmada.

Aemond tomou seus lábios em um beijo raivoso, ela conseguia sentir sua irritação na maneira com que seus lábios se moviam nos delas, suas línguas se entrelaçaram em uma estranha dança, e o aperto mais forte em seu pescoço, era como se ele tivesse descontando sua frustração naquele ato, e ela adorava aquilo.

── Aemond. - Clarie sussurrou em pura excitação, quando seu lábios se separam. ── Mais...

── Você quer mais? - Aemond perguntou com o rosto próximo da orelha dela, roçando seus lábios em seu rato. O que ele recebeu em resposta foi uma confirmação em meio a um gemido. ── Quer que eles escutem o que eu faço com você?

Clarie negou rapidamente e sem seguida gemeu perdendo mais um pouco de seu ar, estava mais difícil de respirar por conta do aperto mas ainda era tão delicioso combinado com as estocadas rápidas e bruscas.

Cantarolando Aemond largou seu pescoço e enterrou sua cabeça entre seu ombro e pescoço, lambendo e beijando o local. Agarrando agora além de sua cintura uma de suas pernas que a incentivou a enroscar em sua cintura.

Com suas pernas em volta da cintura dele e os abraços abraçando seu pescoço. Clarie sentiu Aemond ir ainda mais rápido, ela gemeu mais rápido sentindo que estava cada vez mais próxima do seu orgasmo, e o príncipe também pareceu notar, já que largou sua perna e enfiou sua mão entre eles começando a massagear seu clitóris, de maneira desajeitada pelo pouco espaço, mas que só intensificou ainda mais seu prazer.

── Eu... - ela tentou dizer sendo interrompida por si mesmo, gemendo.

── Eu sei. - Aemond levantou seu rosto e grudou sua testa na dela.

Clarie teve seu gemido abafado pelos lábios de Aemond, aquele que denunciava o orgasmo que toma conta de seu corpo, o deixando em puro êxtase e leve, com mais duas estocadas, ela sentiu ele ejacular dentro de si.

Os dois ficaram por um tempo ainda com seus corpos unidos, abraçados, cada um seguinte seus músculos se relaxarem e sua satisfação transbordar dentro de si. Mas o momento não demorou muito para ser interrompido pelo príncipe, que saiu de dentro dela e se deixou ao seu lado olhando para o teto.

Depois de alguns minutos na mesma posição, Clarie se virou de lado, e observou o príncipe Aemond. Seus cabelos tão diferentes de algumas horas atrás que estavam elegantemente presos, sem um fio fora do lugar, o suor que mesmo com a baixa luminosidade, fazia sua pele pálida brilhar, seus lábios vermelhos e inchados por causa dos beijos e seu seu corpo, ele era magro de fato mas os músculos eram muito bem definidos.

Aproximando seu corpo do dele, a lady levantou sua cabeça, e se aproximou do pescoço de Aemond, onde deixou um beijo e depois mais um, e mais um, enquanto uma de suas mãos viajavam em seu peito, que ela sentiu vibrar em uma risada.

── Achei que me odiasse. - Aemond lembrou sentindo o toque atrevida de sua esposa, os beijos e a mão que desciam por seu corpo.

── E eu odeio de fato, mas isso não significa que eu não possa aproveitar o que tem a me oferecer. - Clarie apoiou seu queixo no peito dele e o olhou por alguns segundos.

── Então só servirei para seu prazer próprio? - o príncipe perguntou entre dentes.

── Como eu sirvo para o senhor meu marido. - Clarie retrucou segurando seu o pau dele que estava meio ereto, começando a masturbar. ── Casou-se comigo para ganhar o exército de meu pai, e ainda terei que satisfazer seus desejos e lhe dar filhos. Eu estou apenas aproveitando o que também é meu por direito.

Aemond prendeu o gemido em sua garganta e suspirou sentindo a mão dela se mover mais rápido em volta de seu pênis, que tinha ficado duro como pedra novamente.

── Não é de todo mal. - Clarie deixou um último beijo no peito de do príncipe antes de montar em seu colo.

Encaixando o pênis dele em sua entrega, Clarie sentou empurrando ele dentro de si de uma vez, fazendo com que os dois gemessem juntos. Apoiando as mãos no peito do príncipe, ela o impediu de levantar e também se apoiou nela, começando um lento e torturante rebolado.

── Não mesmo. - Aemond concordou agarrando os quadris dela, observando ela se mexer em seu colo.

【. . .】

Lady Clarie não foi acordada pelo sol iluminando, como era de costume, ou por seu marido que poderia estar acordando naquele momento, mas ela tinha sido acordada por um travesseiro batendo em seu rosto, alarmada e pronta para lutar com quem fosse, a mulher se sentou na cama abrindo seus olhos rapidamente, vendo suas irmãs ali, com Lídia estando ao seu lado e segurando um travesseiro.

── Sua peste. - Clarie resmungou arrancando o travesseiro da mão da irmã que riu deitando-se na cama.

── Você não acordava de jeito nenhum. - a menina respondeu de volta.

── Ela estava bastante cansada devido a noite passada. - Rosalind comentou levantando a camisola que estava quase em trapos.

── O que aconteceu com sua camisola? - Cassandra questionou com os olhos arregalados.

── Isso foi sem querer. - Clarie se adiantou tentando não deixar as irmãs novas assustadas.

── Senhoras. - Meredith cumprimentou as irmãs entrando no quarto sendo seguida por servas que traziam comidas para a quebra do jejum. ── Gostaria de se arrumar agora?

── Sim. - Clarie assentiu pegando o hobe que tinha sido entregue a ela.

A mulher vestiu-se e levantou de sua cama, seguindo até o biombo, e vendo que pendurada não estava um dos seus vestidos que ela normalmente vestia para viagens que fazia, estava uma roupa de montaria. Virando-se ela viu que Meredith estava ali, esperando para poder ajudá-la.

── O que é isso? - Clarie perguntou olhando para a roupa e depois para Meredith que lhe deu os ombros.

── Foi o que o príncipe Aemond pediu para que separasse quando suas coisas estavam sendo guardadas essa manhã.

── Se ele acha que eu montaria naquele dragão, ele está muito enganado. - a lady resmungou tirando o hobe do corpo.

Mesmo contra gosto, ela vestiu a roupa de couro cinza com bordados dourados e vermelhos com mangas de tecidos, botas longas e as luvas de couro que ela colocaria depois, ela não poderia vestir um vestido já que todos estavam guardados na carruagem que sairia para Porto Real. Clarie pediu que uma trança fosse feita em todos seu cabelo antes de se juntar a suas irmãs para aproveitar os últimos instantes juntas.

── Ainda não acredito que está indo embora. - Lídia resmungou agarrando a mão da irmã mais velha que sorriu levemente fazendo um carinho na mão da irmã.

── Não é como se não fosse nós ver mais. - Clarie tentou deixar aquela situação menos pior, era claro não só seu descontentamento como o de suas irmãs com aquele casamento e a separação delas, mas nada poderia ser feito por elas. ── Vocês podem me visitar em Porto Real, a qualquer hora, até mesmo eu posso voltar para cá.

── Mas não nos tempos em que estamos. - Delphine comentou mergulhando o pedaço de pão na geleia.

── Não seja tão pessimista Del. - Margot olhou para a irmã que apenas revirou os olhos comendo o pão.

── Isso se um dos lados cederem, o que eu duvido que vá acontecer não é mesmo? Estão montando exércitos. - Cassandra argumentou.

── Não vamos falar disso. Isso é assunto para os Targaryen e para os homens. - Rosalind colocou o ponto final naquele assunto. ── É a última vez que a Clarie vai aqui, por um tempo, então vamos apenas aproveitar por favor.

── A Rosa tem razão. - Lídia concordou e olhou para a irmã. ── Eu vou sentir saudades, mas eu estou feliz por você, Clar. Espero que tenha uma vida feliz.

── Ah querida. - Clarie sorriu puxando a irmã para um abraço e dando um beijo no topo de seus cabelos. ── Obrigada Lí.

── Abraço juntas. - Rosalind anunciou levando de sua cadeira e a abraçando a irmã.

── Não gente. - Clarie pediu mas era tarde demais, seu corpo foi agarrado e abraçado amorosamente por suas irmãs que riam daquele enorme e desajeitado abraço.

Clarie por um momento se deixou aproveitar o conforto dos braços de suas irmãs, deixou-se esquecer de que iria para longe, para o centro de uma guerra e das coisas que ela faria. Com suas irmãs ela sentiu que era minimamente melhor do que realmente era.

No final aquele doce momento não demorou a acabar, e suas irmãs tiveram que ir embora para que ela terminasse de se aprontar para ir embora. E foi o que Clarie fez, conferiu se tudo que ela tinha havia sido levada e ficou uns instantes dentro do quarto que tinha sido seu durante anos, onde passava a maior parte de seus dias seja sozinha ou com suas irmãs, um local tão sagrado para ela que seria profanado pelo desrespeito de seu pai, que provavelmente colocaria uma qualquer ali dentro.

── Se despedindo? - Meredith se aproximou segurando a capa preta de sua senhora e a adaga dela.

── É uma sensação esquisita, estar abandonado esse quarto. - Clarie comentou olhando tudo em volta, apenas os móveis, sem a maioria das decorações, pareciam tão sem vida e sem graça. ── Eu gostava dele.

── Pode arrumar o seu em Porto Real como a senhora quiser. - a ruiva comentou colocando a capa nos ombros da mulher e prendendo na frente.

── É, eu poderei. - a mulher respondeu pegando a adaga das mãos da mais nova e aprendendo no cinto de sua cintura.

── Está pronta? - Aemond perguntou chegando na porta do quarto.

Meredith olhou para os dois antes de se curvar e sair do quarto rapidamente, deixando os dois sozinhos. Era a primeira vez que ela via seu marido desde a noite passada em que eles pegaram no sono, se virando Clarie o observou por um tempo, lá estava ele novamente parecendo perfeito visualmente como se quisesse esconder algo.

── Onde estava meu príncipe? - Clarie perguntou juntando suas mãos na frente do corpo.

── Isso não lhe diz respeito. - o príncipe respondeu grosseiramente fazendo a mulher suspirar.

── Não seja grosseiro, já está querendo quebrar o votos que fez ontem no altar? - a lady questionou ironicamente se aproximando dele. Com um sutil sorriso ela levantou sua mão agarrando o colete dele. ── E então, onde você estava?

── Discutindo alguns últimos arranjos com seu pai e organizando tudo para nossa saída.

── Você andou muito ocupado de fato, escolhendo o que eu vestiria. - a mulher olhando para baixo. ── Não vou voar naquele dragão.

── Vhagar. - Aemond a corrigiu agarrando sua mão. ── E você não tem escolha. Não acha que eu seria idiota de deitar você ir atrás de mim na carruagem não é.

── O que acha que eu faria? - ela perguntou enquanto era arrastada pelos corredores, não que ele estivesse a machucando, só andava um pouco mais rápido a frente enquanto ela tentava o acompanhar. ── Fugiria?

── É exatamente isso que eu acho que você faria.

A mulher preferiu não refutar a conversa e simplesmente ficar em silêncio, enquanto ambos andavam para fora da Fortaleza. Durante todo o caminho, Clarie se perdeu em seus pensamentos tentando entender como se sentia com aquela situação, aquilo já aconteceria de fato com lorde Lybber mas ele parecia ser gentil, e os trâmites aconteceriam de forma natural, mas com o príncipe Aemond era rápido e confuso, e ele não parecia ser um homem gentil e os boatos não eram favoráveis a ele. Ela estava sendo arrancada de seu conforto e sendo jogada uma cova cheia de cobras que picariam seus calcanhares assim que se sentissem ameaçadas por elas.

Um beijo em sua testa foi dado por seu pai, que segurava seu rosto a cada olhando nos olhos, em uma ameaça silenciosa que não era diferente das tantas outras que ele havia feito para ela. Respirando fundo, Clarie se desvencilhou do aperto de seu pai, afastando-se dele e indo até suas irmãs, que estavam de pé enfileiradas, em silêncio e esperando que fossem chamadas.

── Isso não é um adeus. - Clarie começou dizendo olhando para todas as suas irmãs que assentiram. ── Eu amo vocês, e mesmo estando longe saibam que eu ainda vou estar protegendo vocês.

── Sentiremos sua falta.

── Claro que sim, quem não sentiria. - a lady deu de ombros convencida arrancando curtos risos de suas irmãs. ── Venham aqui.

Uma de cada vez, as cinco filhas mais novas do lorde Marq, abraçam sua irmã por uma última vez, recebendo um consolo e palavras de afeto individuais, que para as mais velhas que ainda se lembrava viam a semelhança com sua falecida mãe, enquanto para as mais novas Clarie era toda sua referência materna.

Dando um último adeus com um aceno e um sorriso para suas irmãs, a lady se afastou acompanhada de seu marido até os cabelos que os levaram até o dragão dele, que estava afastado de todos. Assim chegaram ao destino final, Clarie observou a enorme fera que deitada no campo parecia uma montanha de tão grande que era, poderia engolir um castelo inteiro, talvez um reino médio, ela pensou enquanto descia do cabelo com a ajudada servo que as acompanharam, que a entregou uma cesta envolta em panos e uma bolsa antes de voltar para a fortaleza com os cabelos que os trouxeram.

── Me deixe ir com Meredith na carruagem. - Clarie pediu uma última vez ajeitando a bolsa atravessada em seus ombros.

── Não, eu já decidi que você irá comigo e ela saiu antes de nós dois. - Aemond respondeu. ── Venha aqui.

O príncipe agarrou novamente a mão da esposa e começou andar em direção a cabeça do dragão, que pareceu sentir a presença deles, já que abriu seus olhos levantando. Naquele momento Clarie sentiu como se o seu sangue tivesse parado no lugar, faltou ar em seus pulmões e seus pés ficaram presos no chão, era intimidante estar tão perto de um dragão nas do que ela conseguia imaginar.

── Vamos. - Aemond insistiu tentando fazer com que ela andasse.

── E se ela me engolir? - perguntou sem tirar os olhos daquele enorme olho que parecia olhar diretamente para ela.

── Ela não fará isso, você esta comigo. - Aemond argumentou apertando mais a mão dela. ── Vamos.

Em passos inseguros Clarie sentiu Aemond que em Alto Valiriano, conversava com a fera, ela não entendia obviamente mas pelas expressões e o jeito que ele falava enquanto passava a mão nas escamas verde musgo da dragão, ela sabia que era uma breve apresentação. O platinado se virou olhando-a por alguns instantes antes que levantasse a mão dela que não tinha soltado em nenhum momento, ele a levou até o local onde anteriormente fazia um carinho e ela viu as árvores à frente balançando com a lufada que Vhagar tinha soltado.

── Ela sabe que você é minha esposa. Não

── Como se diz olá? - Clarie perguntou e continuou em seguida. ── Em Alto Valiriano?

── Rytsas.

── Rytsas. - Clarie repetiu insegura, e disse mais algumas vezes sendo corrigida por Aemond até que de fato acertasse a pronúncia. Quando fez, levantou sua cabeça para olhar a dragão e com um sorriso a cumprimentou. ── Rytsas Vhagar.

── Vamos. - Aemond mando soltando a mão dela e indicando com a cabeça a direção que ela deveria ir.

O dragão era tão grande que de sua cabeça até próximo de sua asa era uma boa caminha de alguns minutos, e até está de fato encima dela era uma longa subida em uma escada feita de cordas, Clarie não teve tanta dificuldade pro está sempre se movimentando e fazendo exercícios, mas ainda era aflitivo subir com a chance de cair e por consequência derrubar Aemond que vinha logo atrás dela. Após se acomodarem na fera e Aemond prender ela e a ele mesmo em sua cela, a dragão levantou o voo.

Clarie não sabia quantas horas ela tinha passado nas costas daquele dragão, mas ela tinha certeza que havia sido muitas pelo movimento do sol no céu, com o caminhar das horas ela onervaraba tudo embaixo dela vendo como pequeno eram as coisas no chão, as nuvens ao seu redor deles que eram cortadas pela dragão. Ao cair da noite, enquanto o sol se escondia no horizonte, Aemond começou a procurar por lugar, até que achasse um campo próximo a uma floresta. O príncipe comandou que o dragão descesse para o local.

── Vamos passar a noite aqui antes de continuar. - Aemond comentou desprendendo a fivela e se virando para soltar ela da cela.

── Aqui? - Clarie olhou à volta enquanto o dragão deitava-se no chão. ── Isso é seguro?

── Você está com o maior dragão vivo, o que acha que iria acontecer? - o príncipe questionou levando uma sobrancelha recebendo um dar de ombro em resposta. ── Vamos desça primeiro.

── Não tem medo que eu fuja meu príncipe? - Clarie questionou saindo da cela mas se segurando nela para não cair.

── Se você se afastar muito da Vhagar, ela vai engolir você. Agora desça!

Soltando um suspiro frustrada, Clarie desceu pela do dragões, e a descida parecia ser mais arriscada que a subida. Mas o alívio veio quando seus pés se pousaram no chão, olhando em volta a lady e olhando para tudo à sua volta, Vhagar tinha se deitado no campo com sua cabeça e pescoço entrando na floresta, esmagando algumas árvores com seu peso. Aemond não demorou para se juntar a ela com uma grande bolsa em suas costas, a mulher se perguntava quantas vezes ele havia feito aqui para parecer ser tão costumeiro.

Sentada em um tronco ela observou Aemond construir a barraca onde eles passaram a noite, uma pequena fogueira para que comida que fora entregue para ela antes de viagem. Assim que estava tudo pronto ela sentou-se lá lado dele perto da fogueira, enquanto a carne seca era esquentada na fogueira.

── Eu me caso com um príncipe comer comida fria e dormir no chão. - ela resmungou mordendo um pedaço de pão e colocando a boca.

── É apenas uma noite. E além do mais dormiremos apenas até o primeiro raio de sol aparecer. - Aemond respondeu tirando a carne de cima do fogo e colocando no prato.

── Eu preferia dormir dentro de uma carruagem. - Clarie suspirou pegando um pedaço da carne.

── Você terá que superar essa ideia.

── Eu já superei, não só de ficar remoendo coisas que já aconteceram. - ela olhou de canto de olho para Aemond que continuou em silêncio. ── Mas eu gostaria de entender, se não tem confiança de que eu não fugiria por que me escolheu com sua noiva? Sem contar que eu estava noiva.

── Você não tem saber o motivo para a minha escolha. Você apenas aceita, não disse que não era ficar remoendo coisas passadas? - o príncipe retrucou.

── Você me pegou meu príncipe. - respondeu com um sorriso de lado comendo um pedaço de carne com o pão.

── Você disse algo ontem que me deixou curioso. Que me mataria assim ao meu lado. - havia certa ironia e descrença na voz do homem.

── Não acreditou nas minhas palavras, meu príncipe? - Clarie perguntou olhando para Aemond que assentiu. ── Pois deveria acreditar e tomar muito cuidado.

── Não fará comigo ou com qualquer um, acha que poderia matar qualquer um de nós e sairia viva? Acha que pode de fato fazer isso sozinha.

Clarie sorriu olhando para a comida em suas mãos, não seria o primeiro que duvidaria de suas capacidades e com certeza não seriam seria o último, mas todos eles teriam o mesmo destino no final. Levantando a cabeça ela olhou para ele.

── Acredite no que quiser meu príncipe. - ela colocou o prato junto aos e se levantou. ── Eu irei para a barraca, quanto mais cedo eu dormir, mais cedo a manhã vai chegar.

【. . .】

A carruagem parou alertando Clarie que ela havia chegado ao seu destino, era parte da tarde quando eles finalmente chegaram em Porto Real, ela sentia todo seu corpo exausto, querendo apenas um bom descanso mas sua mente alertava que seu desejo não aconteceria. A porta se abriu e Aemond desceu primeiro e estendeu sua mão para ajudá-la, assim que saiu ela foi recebida por toda a família real como se ela fosse alguém tão importante, e lá estava ela cheirando a fumaça e dragão e com uma roupa de montaria.

── Finalmente chegaram, e graças aos Sete bem. - a rainha viúva se aproximou deles primeiro com um sorriso tenso, sendo seguida pela rainha Helaena. ── Fico feliz de tê-la em nossa família, e eu espero que se sinta parte dela.

── Eu agradeço por suas gentis palavras vossa graça. - Clarie respondeu com um sorriso e olhou para o marido que parecia visivelmente desconfortável.

Uma risada chamou a atenção dos quatro que estavam juntos, vinha do rei Aegon, que se aproximou com um sorriso no rosto.

── Vejam se não é meu irmãozinho, casado. - Aegon abraçou seu irmão de lado batendo a mão no peito do irmão. ── Finalmente aproveitará uma parte boa da vida como antigamente. Darei um banquete em homens para vocês, Lorde Mão poderá providenciar?

O rei olhou para o Lorde Mão que apenas assentiu voltando para dentro da Fortaleza.

── Vossa Graça, acho que seu irmão e a esposa podem estar cansados, talvez seja melhor deixar para daqui a alguns dias. - Alicent tentou fazer com que o filho mudasse de ideia mas ele não pareceu se abalar.

── Ninguém está cansado o suficiente para poder festejar. - o rei respondeu sorrindo ainda mais. ── Vamos entrar.

O príncipe fora arrastado contragosto por seu irmão para uma direção enquanto Lady Clarie era guiado pelas duas rainha para um dos quartos que ficam nos andares superiores.

── Já está tudo pronto para que você possa tomar um banho e se aprontar, a ideia era um pequeno jantar em família, mas o rei gosta de ser festivo. - a mulher mais velha deu um curto sorriso recebendo um assento da nora.

── O rei apenas está feliz por ver o irmão casado. É compreensível. - Clarie respondeu passando a mão por sua roupa. ── Vossas Graças...

A mulher se despediu delas, antes de entrar nos aposentos, dando de cara por quatro servas que a esperavam por ela. A lady Clarie suspirou, sabendo que teria que dispensar a maior parte delas.

── Todas vocês estão aqui para me servir?

── Sim, a rainha pediu para que atendessemos suas necessidades Lady Ambrose. Estamos aqui para ajudá-la. - uma das cinco mulheres respondeu.

── Eu não preciso de tantas servas para me ajudar. Uma de vocês pode ficar e as outras estão liberadas para descansar ou qualquer outra coisa. - Clarie respondeu dando a chance de que elas escolhessem entre si a que ficaria.

A lady percebeu que parecia ser a mais nova entre todas era que mais parecia desejar servi-la, e de fato no final as quatro outras servas deixaram ela antes de se retirar. Estando sozinhas, a menina colocou a água quente dentro da banheira enquanto Clarie tirava sua roupa de montaria e prendia sua trança para que seus cabelos não molhassem.

Enquanto tomava banho Clarie observava a serva que a auxiliava levantando suas costas.

── Você foi contratada para me servir? - Clarie perguntou chamando a atenção da serva que negou rapidamente com a cabeça. ── Você parecia a mais nervosa para ficar aqui, achei que perderia seu emprego se não estivesse comigo.

── Eu inicialmente servia o rei Aegon, Lady Ambrose. - a menina respondeu abaixando sua cabeça. ── Mas o rei foi... um pouco indecente comigo, eu contei a rainha viúva e ela achou melhor que eu fosse colocada em outras funções.

── Quantos anos você tem? Parece ser tão nova e qual seu nome? - a lady perguntou olhando para a menina.

── Dezesseis. Cecília. - sussurrou largando a esponja dentro da banheira. ── Irei pegar seu vestido.

Confusa, Clarie agarrou a toalha que tinha na cadeira ao lado da banheira, e enrolou seu corpo quando saiu de dentro dela. Seguindo a serva, a mulher deu de cara com um vestido azul claro com bordados dourados.

── De quem é esse vestido?

── Foi um dos que foram feitos para a rainha Helaena, ela mesmo deparou separou esse e mais alguns até que suas coisas cheguem em Porto Real. - Cecília explicou colocando o vestido sobre a cadeira e andando até a mulher mais velha.

── Cecília. - Clarie chamou pela serva que parou desfazer as amarras do vestido e olhou para a mulher. ── Eu não gosta de ter muitas servas me servindo, e eu já tenho que a minha serva pessoal e em que confio que está chegará em menos de uma quinzena, mas se você fizer um bom trabalho nesse período eu posso manter você comigo, e não precisará voltar a servir o rei.

── Está falando sério senhora? - a menina perguntou parecendo emocionada e a lady apenas assentiu. ── Eu prometo que farei o meu melhor Lady Clarie, tudo o que deseja pode me pedir que eu cumprirei.

── Eu tenho certeza de que sim Cecília. - andando até a mais jovem, Clarie pegou sua mão fazendo um leve carinho. ── A quantos tempo tem trabalho aqui? Conhece bem o lugar?

── Não mais que dois anos. Mas eu conheço todo o castelo, e todos que trabalham aqui, eu posso ajudá-la a se localizar também.

── Eu agradeceria.

A mulher sorriu e assentiu, aquela serva seria mais útil em outras funções agora ela do que a ajudando a se preparar para jantares ou passando tempo com ela. Clarie não sabia que seria o destino ou conhecidencias, mas as coisas começaram a favorecer seus pequenos e ardilosos planos, talvez fosse um sinal para que ela devesse continuar.

Lady Clarie foi ajudada pela serva a se aprontar, com o vestido e jóias dadas da rainha para ela, seja cabelos foram soltos com metade presa em tranças atrás da cabeça com presilhas com pedras preciosas iguais as das joias que a adornavam. Já pronta, ela foi levada por um guarda até o salão onde aconteceria o banquete, nas portas do salão estava Aemond, esperando por ela.

── Não parece satisfeito em estar aqui. - Clarie fez a observação passando seu braço em volta no braço de Aemond que bufou em descontentamento.

── Estamos em guerra e meu irmão pensa em festejar. - o platinado comentou seus descontentamento, e olhou para a mulher, seu olho se abriu como se ele tivesse lembrado de algo. ── Mas isso não é da sua conta, querida esposa.

── Vamos entrar, eu não gostaria que tivesses nossa primeira briga aqui com uma multidão pronta para nos escutar. - respondeu olhando para a frente.

As portas foram abertas e ambos foram anunciados, a caminhada de onde estavam até a mesa principal onde a família real estavam acomodados parecem tão habitual para ela, pelos olhares em cima deles, havia também sussurros que Clarie adoraria saber do que se travava, mas não eram difíceis de se decifrar.

As horas seguintes foram torturantes, a música fazia sua cabeça latejar, a iluminação e as roupas coloridas irritavam seus olhos, a lady teve que escutar as falácias de seu cunhado, que parecia querer atingir o irmão, e as disfarçadas zombarias sobre seu corpo e o suposto relacionamento dela com sue na mão, a rainha viúva tentava calar o filho mas ele ainda era seu rei e poderia falar o que quisesse.

A mulher deu graças aos sete, quando seu marido pareceu perder a paciência e anunciar que ambos iriam se retirar para seus aposentos, para que pudessem descansar da longa viagem que fizeram. O caminho de volta para o aposento onde ela havia sido arrumada, foi desconfortável, o príncipe Aemond estava enfurecido e era visível pela forma que ele se portava e expressa tenta em seu rosto.

── Agradeço por me acompanhar até meus aposentos, meu príncipe. - Clarie agradeceu ganhando em resposta uma expressão confusa no rosto do príncipe.

── Eu não vim acompanhar você, eu durmo aqui. - Aemond respondeu entrando nos aposentos sendo seguida por Clarie que estava confusa.

── O que? Mas eu achei que teriam um quarto separado. - a lady observou o homem sentado em uma cadeira tirando suas botas.

── Não terá, iremos dividir os aposentos, até o fim de nossas vidas meu amor.

── Tudo bem. - a mulher assentiu com um sorriso fraco no rosto.

Observando ele continuar a se desfazer das roupas, Clarie se afastou indo até o biombo onde sua camisola estava pendurada. Depois de vestida, a mulher saiu de trás dela, vendo seu marido sentado na cama com seus cabelos soltos mas ainda usando o tapa-olho, ela até pensou em questionar se ele não o tiraria mas decidiu não fazer, evitando mais uma resposta grosseira vindo dele, e apenas foi se deitar. Quando estava em seu lugar se arrumando, ela percebeu ele tirando o acessório e deitando de costas para ela, com o cabelo escondendo seu rosto.

Após ajustar os travesseiros atrás de si Clarie deitou puxando as cobertas até seu peito, bocejando ela virou o rosto vendo Aemond de costas para ela, de cabelos soltos e sem o tapa olho, curiosa ela pensou em levantar-se para saber o que tinha ali, alguns diziam que era uma jóia e outros que era apenas um vazio no lugar que tinha o olhou. Deixando o desejo de lado, a mulher olhou para o teto usando aqueles momentos antes do sono para pensar como chegaria aos seus objetivos finais.

O FIM ────── NOTAS FINAIS

━━━ Bem vindo a minha nova fanfic do Aemond Targaryen. Aqui está o prólogo, que definitivamente é o maior capítulo que eu já escevei na vida.

━━━━ Muitas emoções para um capítulo só não é mesmo? Vai ser assim também nos próximos capítulos.

━━━━ Não sei quando vai ter a proxima atualização, por que eu demorei dias para fazer esse alguém das revisões, e eu tenho outras fanfics para atualizar. Então vai demorar para o proximo sair.

━━━━ Comentários sobre o que acharam são muito bem vindo, e também não se esqueçam de votar, estrelas.

━━━━ Tradução da frase do Aemond em Alto Valiriano: Você é minha agora, eu tenho o poder de deixá-lo ir.

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