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O céu havia escurecido. Mamãe e Félix ficaram no hospital, disseram que voltariam mais tarde.
Félix quer aproveitar enquanto está aqui. Logo a vida como ídolo vai afasta-lo da gente.
Meu cansaço estava aparente, então minha escolha foi pegar meu carro e voltar pra casa.
Acho que ando precisando de alguma diversão. Minha vida anda muito monótona, muito repetitiva. Deveria aproveitar melhor e sair um pouco, mas eu sou uma velha que gosta de ficar em casa. Tecnicamente estou constantemente em contato com pessoas do mundo inteiro, mas pra mim isso já é do cotidiano, não é nada novo, convivo com isso desde que nasci.
Chego no hotel e peço para o manobrista estacionar o catro. Minha preguiça está gritante. Aperto o botão para chamar o elevador. Quando a porta se abre dou se cara com o amigo de Félix.
– Oii.
– Oi.- ele responde com um sorriso tímido.
Entro no elevador e ele não sai do lugar.
– Vai sair?- ele nega. – vai ficar parado olhando o latão do elevador?
Ele ri.
– Na verdade, eu ia tomar um ar lá fora. Mas você entrou, e meu instinto protetor me disse para te acompanhar.
Dou risada do comentário.
– Tô brincando, só tô procurando algo pra fazer.
– Quer subir pro meu apartamento? A gente pode fazer alguma coisa.
– Eu topo.
– Beleza.
Aperto o botão do último andar e vamos para meu apartamento.
Bang Chan entra e se senta no sofá.
– Vou colocar uma outra roupa. Espera um pouco.- ele assente.
Vou para meu quarto, visto um conjunto de moletom e coloco uma meia de ursinhos no pé. Adoro coisinhas infantis.
Vou até o mini adega ao lado da cozinha e pego um vinho Chileno. Pego duas taças na cozinha e volto pra sala.
– Quer comer alguma coisa?- pergunto.
– Se você topar a gente pede uma pizza.
– Perfeito.
Ele faz o pedido pelo seu celular e em menos de uma hora nosso pedido chega. Coloquei uma música para tocar na TV enquanto comemos e conversamos.
– Eu achava que você era aquele tipo de garota mesquinha, sem ofensas. - ele ri.
– Definitivamente me senti ofendida.- digo em um tom brincalhão.- Por que pensava isso?
– Porra, vocês tem muita grana. Você tem uma aparência...- ele passa seus olhos por todo meu corpo.- muito bela. E ainda por cima é irmã mais nova. O estereótipo perfeito de uma garota mesquinha.
– E agora? Ainda me acha mesquinha?
– Não. Você é interessante. - ele bebe o que sobrou do vinho em sua taça.
– Interessante como?- me aconchego mais sobre as almofadas do sofá.
– Sei lá. Não tem uma definição. Você é interessante, tem sua própria personalidade. Não posso falar muito, não sei muito sobre você. Mas essa é minha... primeira impressão.
– Impressionante. - coloco a taça na mesinha de centro.
– E você? Qual a sua primeira impressão sobre mim?
–Nenhuma.
– Muito cativante essa impressão. - rimos juntos.
– Eu só te vi chegando com o Félix. Eu estava muito animada pra ver meu irmão. Mal tive tempo pra pensar exatamente em quem você poderia ser.
– Compreensível.
A música muda, começa a cantarolar enquanto pego um pedaço de pizza e levo até a boca mordendo.
Balanço meu corpo de um lado para o outro ainda sentada o que faz Bang Chan rir.
– Gosta deles?- ele pergunta.
– Eles quem?
– BTS. - ele aponta para a TV.
– Ah. - termino de comer o pedaço de pizza.- gosto das músicas. Mas não me considero fã. - ele assente.
– Meu amigo tem amizade com um dos integrantes. - ele comenta.
– Legal. Informação inútil, mas interessante. - ele ri.
– Se a senhorita fosse uma fã, eu pediria para meu querido amigo trazer o Hoseok para você. - sorrio.
– Uau que atencioso.
Ouço a porta se abrir. Félix aparece na sala bocejando junto de mamãe.
– O que faz aqui essa hora?– Félix se dirige a Bang Chan.
– Sua irmã me chamou. - ele nos olha desconfiado.
– Assim do nada?
– Assim do nada.- eu respondo.
– O que estavam fazendo?- ele pergunta.
– Ouvindo música, comendo pizza e bebendo vinho.- levanto minha taça mostrando a ele.
Ele da de ombros e vai para o quarto.
– Não liga pra ele. Coisa de irmão mais velho, sempre tentando proteger a irmã.– minha mãe diz se aproximando. – Fiquei sabendo sobre vocês entrarem em um novo grupo. Parabéns.
– Obrigado, a gente lutou bastante por isso.
– Sabemos disso, fico feliz por saber que Félix tá realizando um sonho.- comento.
Mamãe pega um pedaço de pizza e se senta ao meu lado.
– E você? Qual seu sonho S/n?- ele me pergunta.
– Sinceramente, acho que não tenho sonhos.
– Qual é, acho que todo mundo tem algum sonho.
– Acho que sou a exceção. - sorrio.
– Quando era mais nova, sonhava em ser fotógrafa. – minha mãe entra na conversa.
– Sério?- assinto. - Então precisamos marcar uma sessão de fotos.
Dou risada.
– Não sou tão boa assim.
– Claro que é. Amanhã te mostro as fotos que ela já tirou.- minha mãe pisca pra ele e se levanta. – Vou pra cama, já tá tarde. Estou velha demais pra aguentar ficar acordada até tarde. Divirtam-se.- ela beija minha testa e vai para o quarto.
– Estou falando sério. Quero que tire fotos minhas.
– Todo modelo é metido assim?- debocho.
– Ei, modelo não. Ídolo, mocinha.- ele brinca.
– Me desculpe senhor ídolo.- rimos.
– Ainda não caiu a ficha.
– Do que? Que vai ser um cantor mundialmente famoso?- ele assente.
– Comecei com ensaios fotográficos para pequenas marcas e agora... isso.- Os olhos dele brilham.- Não imaginei que eu ia chegar tão longe.
– Deve ser fascinante.
– Sim.
Ficamos um tempo em silêncio.
– Acho que vou indo.
– Não quer ficar mais?- ele nega.
– O que acha de fazermos algo amanhã?
– Seria ótimo. - sorrio.
Ele se levanta e caminha até a porta, eu o acompanho.
– Te espero na recepção às sete.
– Estarei lá.
Ele sai do apartamento e eu vou para meu quarto.
Acendo a luz e me assusto com Félix sentado na minha cama. Ele me encara com uma sobrancelha arqueada e braços cruzados.
Me deito ao lado dele.
– O que vocês realmente estavam fazendo S/n?‐ ele pergunta.
– Já falei, pizza, vinho e música.
– Tem certeza disso?- eu confirmo.
– Isso é ciúme ou preocupação?
– Um pouco dos dois.- ele deita encarando o teto. - Não quero que minha irmãzinha se envolva com qualquer um.
– Ele não é qualquer um.
– Então pensa em se envolver com ele? S/n você conheceu ele ontem.
– Ei, não estou falando disso. Só falei que ele não é qualquer um.
– Por que acha isso?- eu o encaro.
– Porra Félix, ele é seu amigo. Vai debutar com você. Por que ele seria qualquer um?
– Ok, você tem razão.
Ficamos alguns segundos em silêncio. Félix se vira de lado e me abraça.
– Senti sua falta.- ele susurra.
– Também senti a sua.- retribuo o abraço
– Sabe que... agora vou ficar mais distante ainda né?- balancei a cabeça em afirmação. - Não vai ficar brava?
– Claro que não. Félix, você viveu pra isso. Esse é o seu momento de brilhar. Eu estou orgulhosa.- seguro as lágrimas.- Sempre soube que você conseguiria, você tem talento.
– Vai assumir o Hotel?
– Não sei... Acho que não é o que eu quero. Mas se eu não assumir, não terá mais ninguém.
– Desculpa, isso é culpa minha.- ele diz chateado.
– Não, não é. Você está fazendo o que seu coração está pedindo. Não precisa se sentir culpado. - eu suspiro.- Eu não tenho algo pelo qual desejo lutar. Então a única coisa pelo qual vou poder lutar é o Hotel.
– Mas não é exatamente o que você deseja para seu futuro.
– É melhor isso, do que viver sem fazer nada.
– Vocês vão ficar bem?
– Vamos. Apesar da saudade, vamos ficar bem.
– Acha que papai...
– Ele vai sair dessa.– sinto meu peito doer.
Segundos, minutos, horas se passam. Eu e Félix acabamos adormecendo ali juntos, como nos velhos tempos, tentando preencher a saudade que sentimos e que sentiremos a partir de agora
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