1
Dormi muito mal essa noite.
Fazia tempo que minha insônia não atacava.
Após dormir pouco tempo, acordo com minha mãe me chamando.
–S/n, acorda garota.
Me rspreguiço e bocej–. Sento na beirada da cama e lentamente abro os olhos me acostumando com a claridade. Mamãe está apoiada no batente da porta. Seu rosto iluminado por um sorriso. Suas marcas da idade aparentes. Mas como sempre, mamãe está linda.
–Adivinhe quem está vindo pra casa?- seu sorriso se alarga, e já sei a resposta.
– Félix?- ela assente e eu sorrio. - que horas ele chega?
– Ele disse que estava saindo de Tokyo faz 40 minutos.
Pulo da cama. Preciso me arrumar. Faz três meses que não vejo meu irmão. Corro até meu guarda roupa. Pego um vestido preto. Tiro meu pijama e visto velozmente o vestido colado ao corpo. Calço um tênis Vans e vou para o banheiro me arrumar melhor.
Após estar completamente bem apresentável, dou uma organizada na sala que está uma bagunça.
-Mãe, vou pegar seu carro.- ela assente.
– Vou avisar ele que vai busca-lo.- ela pega o celular.
– Não, diga apenas que mandou alguém buscar ele. Quero fazer uma surpresa.- ela assente e sorri.
– Dirija com cuidado. -ela beija minha testa.
Pego a chave do carro e saio. Vou até a garagem do Hotel e suspiro ao ver o carro de meu pai.
Espero que melhore logo, estamos sentindo falta do seu sorriso aqui todos os dias papai.
Desde que papai foi diagnosticado com câncer os dias tem sido difíceis. E semana passada ele pegou todo mundo de surpresa com um infarto. Felix não podia vir, o que o deixou paranoico e com medo de algo acontecer. Mas finalmente ele conseguiu voltar.
Ele não tem culpa, é o sonho dele que está se realizando. Sei que papai não se importa, ele preza pela nossa felicidade.
Dirijo até o aeroporto e estaciono o carro.
Vou até a zona de desembarque. Procuro pelo painel escrito Tokyo e me sento em um banco perto do local.
O avião não chegava, eu ficava cada vez mais ansiosa. Mal esperava para abraçar Félix, sentar e conversar com ele, saber de todas as viagens que ele fez nos últimos meses.
Não sei quanto tempo passou, mas quase uma hora, ou até mais.
Vejo na tela que o avião que veio de Tokyo acabou de pousar. Dou uma corrida até perto do local onde Félix vai sair.
Ao meu lado vejo algumas garotas com placas escrita "te amamos". Todas eufóricas esperando alguém.
Quando vejo Félix aparecer abro um largo sorriso. As garotas começam a gritar. Aparentemente meu irmão já conquistou fãs.
Elas gritam seu nome, e o nome de mais alguém que não conheço. Pulam de alegria e falam o quanto os amam.
Ao lado de Félix havia um outro garoto. Seus braços com músculos bem definidos. Um semblante calmo, e um sorriso encantador.
Espero até que as fãs deles se acalmem.
Félix e o outro garoto tiram várias fotos. E após conseguiram achar uma brecha saíram do tumulto.
Eu estava parada em um canto um pouco afastado.
Félix procura por alguém que pareça um motorista. Dou uma risada nasalada.
Me aproximo em passos lentos e ele crava seus olhos em mim.
–S/n.- ele me chama com um sorriso maior que o meu.
Corro em sua direção e o abraço.
Ele me aperta contra seu peito.
Lar.
Félix é meu lar, sempre fomos o tipo de irmãos inseparáveis. Um sempre esteve ali pelo outro, independente das circunstâncias.
– Senti sua falta.
– Você nem imaginaria o quanto senti a sua.
Nos afastamos e ele puxa o outro garoto pra perto.
– Esse aqui é Bang Chan. Um colega meu.- ele se vira para Bang Chan.- Essa é minha irmã. -ele aponta pra mim.
– Prazer S/n, Félix fala muito de você.
Ele estende sua mão e eu a aperto.
– Espero que ele não tenha falado mal.
Nós damos risadas.
– Como papai está.- Félix pergunta.
– Estável, ele ainda está no hospital. Os médicos falaram que em breve o liberam. - suspiro.
– Ele vai ficar bem. Ele é forte. Ninguém derrota aquele velho.
Curvo minha boca em um sorriso calmo.
– Mamãe está nos esperando. Melhor irmos logo.
Eles assentem. Vamos até o carro. Eles colocam as malas no porta malas.
Dirijo até o Hotel, Bang Chan fica impressionado com o esplendor do prédio.
– Já vi muitas fotos, muita pessoas falando. Mas pessoalmente... Uau, é mais lindo ainda.- os olhos do garoto brilham.
– Espere até ver lá dentro. - digo dando risada.
Estaciono o carro e vou ajudar os meninos a levarem as malas pra cima.
– Você quer um quarto só pra você?? Caso queira temos uma suíte não vaga.-me dirijo a Bang Chan.
– Não não. - ele arregala os olhos.- Não tenho dinheiro pra isso.- sorrio.
– Acha que vamos fazer você pagar?? Se é amigodo Félix é amigo da família. Talvez você fique mais à vontade com uma suíte só pra você. Mas se não quiser, pode ficar com a gente.
– Não será incômodo?
– Óbvio que não. Pode escolher.
– Ficarei com a suíte então.
Assinto. Vou até o recepcionista.
– Minjae, pega o cartão da suíte do terceiro andar. Ela estará ocupada até... -me viro.- Irá ficar até que dia?
Ele olha pra Félix.
– Até o final de semana.
– Até o final de semana. - falo para Minjae.
– Sim senhora.- ele pega o cartão e me entrega.
Dou o cartão para Bang Chan.
– Sua chave senhor.- sorrio- fique a vontade, os funcionários estarão à sua disposição. O último anda é onde moramos. Pode ir a hora que quiser.
Ele agradece e sobe para o quarto.
Abraço Félix de lado e o levo para o elevador.
– Finalmente em casa. - ele suspira.- tenho uma notícia... pra contar pra vocês.
– uuuh quero saber.- ele sorri.
– Vamos visitar o papai depois do almoço. Quero contar com todo mundo junto.
– É sério então?. - aperto o botão com o número do nosso andar.
– Sim, mas não de forma ruim.
Entramos em nosso apartamento.
O cheiro estava bom, mamãe estava cozinhando.
–Mãe?- Félix a chama.
Ela aparece na sala com um sorriso enorme e abraça Félix.
– Querido, estávamos morrendo de saudades.
– Também estava Mãe.
– A comida está pronta. - ela diz.
– Quero saber sobre suas viagens. Conheceu alguém interessante? Beijou muito? Como foram os desfiles?? Queria ter ido.
– Calma S/n, seu irmão chegou agora de viagem. Deve estar cansado. Vamos comer, depois ele responde suas perguntas.
Reviro os olhos e Félix ri. Ele me abraça.
– Isso tudo é saudade do seu irmão mais velho?- assinto e retribuo o abraço.
[...]
Papai estava observando Félix com orgulho. Ele estava contando tudo sobre as viagens.
Eu estava sentada em um sofá perto da cama. Mamãe em um banco perto dos aparelhos de monitoramento e Félix em pé demonstrando tudo o que aconteceu.
– O que todo mundo quer saber é o que você tem a dizer.- eu digo bocejando.
– verdade querido. Estamos curiosos.
Ele sorri.
– Vou me mudar. Sei que praticamente não estou morando mais com vocês... mas agora definitivamente vou me mudar.
O sorriso que estava em meu rosto some. Se mudar?? Já está difícil ver ele por causa das viagens e agora... isso?
– Encontrou alguma garota?- ele acena dizendo que não.
– Sei que cai chatear vocês isso. Principalmente você S/n. Mas como vocês sempre dizem... devo seguir meus sonhos. E... eu estou seguindo.
– Onde você quer chegar?- pergunto.
– Eu fui aceito pela JYP. Eu vou ser um ídolo. Eu e Bang Chan fomos aceitos.
– Mas eles não tinham te recusado?- dou um sorriso
– Tinham, mas agora eles me querem no grupo. Vou me mudar e morar com eles em uma casa perto da empresa. É melhor para os ensaios.
Me levanto e pulo para o abraçar.
– Eu sabia que você ia conseguir. Você tem talento Félix. Muito talento. Tenho orgulho de ser sua irmã.
Meus olhos marejam, ele conseguiu.
Todos ficamos felizes.
Mamãe o abraça e papai diz palavras adoráveis de incentivo.
Mas algo me incomoda. Félix conseguiu realizar um grande sonho. Se tornou modelo, e agora... ídolo.
Mas e eu??
Eu não tenho um sonho. Não tenho pelo que lutar.
Não quero assumir o Hotel, não tenho ninguém pelo qual desejo.
As vezes me sinto péssima por isso, papai tem muito orgulho do Félix, mas ele não tem nada pelo que se orgulhar de mim. Apesar de demonstrar o quanto se orgulha da pessoa que eu sou, ele não tem algo pelo que se orgulhar de verdade. Eu só vou viver sempre naquele hotel correndo para ajudar todo mundo. É legal, mas não é exatamente o que eu quero.
Suspiro fundo.
Inútil.
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