Como água e óleo
É universal, não tem jeito. Quando alguém diz "não repara na bagunça", automaticamente já prestamos atenção em tudo, e de combo ainda julgamos o dono da casa.
Então sim, Jungkook era um tremendo bagunceiro. Nem adiantava dizer que sua bagunça era organizada. O apartamento era uma desordem total. Na verdade, aquele lugar se encaixava mais como um kitnet meia boca do que um apartamento propriamente dito. Primeiro porque não existiam cômodos e a falta das paredes ou de alguma divisão, fazia toda a diferença. Não dava para saber onde começava a sala ou terminava o quarto, consequentemente os móveis se misturavam, assim como o acúmulo de objetos diversos. E aquilo era um tanto sufocante de se ver, ainda mais para alguém perfeccionista, que gostava das coisas alinhadas e nos respectivos lugares como Park Jimin.
Aliás , o ômega recessivo não queria pilhar, mas já estava.
O alfa deve ter notado isso, pois assim que fechou a porta, foi correr para catar as roupas do chão e as sobras de pizza, dando uma amenizada no ambiente.
Jimin fez de tudo para não transparecer seu incômodo, nem fazer cara de nojinho. Não era sua casa, ele não tinha direito nenhum de opinar, mas não havia mesa de jantar, então apostaria que era na própria cama que o Jungkook fazia a maioria das refeições.
A cama, o lugar que ele queria ter relações, era um real epicentro de restos de comida. Não duvidaria sair dali todo embolado, mordido pelos ácaros.
ㅡ Então, eu acho que está ficando tarde e... ㅡ murmurou, um pouco deslocado.
ㅡ Só um minuto, Jimin-sshi. ㅡ Jungkook foi certeiro quando começou a retirar a colcha da cama e os travesseiros, resolvendo trocar por lençóis limpos.
ㅡ Estou quase terminando, Jimin-sshi.
O ômega sorriu sem mostrar os dentes. Ele queria se oferecer para ajudar, mas não queria esbarrar em nada. Achou melhor ficar imóvel ali na entrada. Ele sequer tirou os sapatos, mas isso nem mesmo o anfitrião fez.
ㅡ Ok... ㅡ grunhiu, olhando para o teto... mofado.
Já um pouco paranóico com a sujeira e o acúmulo de coisas, olhou ao redor preocupado. Só esperava não ter o desprazer de encontrar alguma barata voadora, caso contrário faria um escândalo tão grande que acordaria o prédio inteiro.
ㅡ Hum... Que tipo de lâmpadas são essas, Jungkook? ㅡ perguntou sem ter o mínimo interesse, apenas querendo distrair sua mente da fobia de insetos e sensação horrenda das pequenas patas rastejando na sua peele.
No acampamento de escoteiros, quando era pequeno, as crianças colocaram uma borboleta gigante em suas calças e seguraram seus braços. Não tiraram nem mesmo quando começou a chorar e espernear. Até hoje ele tinha fobia de insetos por isso.
ㅡ O quê? ㅡ Jungkook teve que parar o que estava fazendo para entender do que Jimin falava. ㅡ Ah, sim... É meu kit fantasma.
ㅡ Como? ㅡ pisou confuso.
ㅡ É um aparelho de comunicação com o além. Eu comprei pela internet, mas não deu certo. ㅡ fez um bico no final. ㅡ Ou essa coisa 'tá quebrada ou não tem mesmo alma penada por aqui... o que é uma pena.
ㅡ Por acaso é algum tipo de piada pronta? É porque sou meio desatualizado com nesse negócio de meme.
ㅡ Não, Jimin-sshi, eu falo sério. ㅡ Jimin esperou um sorrisinho zombeteiro, mas o stripper nem titubeou. ㅡ Ué, quem nunca quis ver um fantasma?
ㅡ Eu? ㅡ a resposta veio como pergunta porque, claro, aquilo só poderia ser brincadeira. O intrigante era que as ledes no chão estavam posicionadas em um círculo e ainda plugadas na tomada. Para ser mais exato, seis holofotes semelhantes àquelas usadas nos shows, mas sendo miniaturas.
ㅡ Fantasmas existem, ok? Eu já vi um quando era pequeno... E pensa bem, não seria legal entrar em contato com um "aspectro"?
ㅡ É espectro. Meu Deus, não! Não seria nada legal! ㅡ disse em choque, mas querendo ao mesmo tempo rir de nervoso.
O ômega fugia de filmes de terror. Ele não entendia como as pessoas se reuniam em um cinema escuro, pagando para se assustar propositalmente a cada dez segundos. Preferia mil vezes filmes de comédia romântica, com um final bem clichê.
ㅡ Instalei uns dias atrás. ㅡ Jungkook continuou explicando como se não fosse nada demais. ㅡ Funciona como um bagulho de sensor, então eu sentei no chão, e esperei... Esperei por um longo tempo, até minhas pernas ficarem dormentes.
ㅡ Isso é sério? ㅡ insistiu o universitário.
ㅡ No final me arrependi porque custou uma grana e nem funcionou. Para piorar não tinha garantia do vender. ㅡ seu bico ficou ainda maior. Na certa, Jungkook nem sabia que era excelente em aegyo. ㅡ Vi um monte de vídeo desses no YouTube, de pessoas que tiveram uma interação legal com o sobrenatural, mas comigo não aconteceu nadinha.
ㅡ Por que? ㅡ foi o máximo que saiu. Era tão estranho que custava acreditar que existia um ser humano assim.
ㅡ Ah, eu queria ser amigo de um. Saber seu nome, há quanto tempo é um fantasma, como morreu, o porquê de ainda estar aqui, se poderia ajudá-lo... Essas coisas. ㅡ disse indiferente, terminando de ajeitar os travesseiros.
Por um instante Jimin olhou profundamente para o cara de quase um metro e oitenta, todo construído em músculos e tatuagem.
O alfa era tão controverso que parecia não ser real. Sua aparência não condizia sobre seu jeito de ser. Jungkook era uma mistura de beleza estrutural, coragem intimidadora, ingenuidade infantil e... loucura?
ㅡ Caramba, isso é muito fora da caixinha, desculpa. ㅡ Jimin jogou a cabeça para trás e gargalhou alto. Ele foi até o stripper cegamente, já que não conseguia enxergar quando sorria, e o abraçou. Seu corpo começou a sacudir em diversão. Jungkook não entendeu nada, mas o abraçou o ômega de volta. ㅡ Alguém já te disse que você é estranhamente adorável?
ㅡ Tipo, que sou um cara esquisito para caralho? Não na minha frente, mas você acabou de dizer agora. ㅡ retrucou, passando as mãos pelas costas alheia, onde vibraram mais risadas espontâneas gostosas de ouvir.
Sendo sincero, tinha ficado tenso pelo jeito que Jimin se comportou assim que pisou em seu apartamento. O choque de realidade era gigantesco, mas não tinha pensado direito sobre a diferença de status quando levou o ômega ali. Na real, só queria ficar a sós com o rosado para ter um teto sobre suas cabeças quando fossem fazer vuco vuco.
Afinal, o ômega merecia mais do que ser fodido às pressas no beco escuro, certo?
ㅡ Pelo menos agora a gente sabe que não vai ter ninguém do "após vida" espiando nossas bundas em ação. ㅡ disse Jungkook, entrando na brincadeira.
ㅡ Só vejo vantagem nisso.
ㅡ Então... ㅡ pigarreou, encarando o outro. ㅡ posso te beijar agora?
Jimin mordeu os lábios para parar de rir, então se equilibrou nas pontas dos pés e fechou os olhos.
O alfa apreciou aquela visão, resolvendo que teria mais calma dessa vez. Não tinha cio, nem jogo de trocas. Jimin foi à boate e depois seguiu ele até ali porque gostou do que fizeram. Isso acariciava seu ego.
Então ele acariciou o rosto pequeno de bochechas proeminentes, e também fechou os olhos quando uniu suas bocas em um selar experimental.
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Gosto de brincar com as referências dos meninos. Acreditem ou não, em uma live, JK disse que tinha comprado e instalado esse aparelho para falar com fantasmas. Eu surtei, ri horrores! Foi tão estranho e adorável que precisei colocar aqui.
Infelizmente essa fobia do Jimin também é real. Me corrijam aqui se eu tiver errada, mas parece que aconteceu na infância e foi exatamente desse jeito, colocaram uma borboleta dentro do calção deles. Que crianças malvadas. Quem faria mal a um petico tão fofo e bochechudo?
Tem até uma cena dele no show olhando com receio de uma borboleta fake gigante que colocaram para voar no meio das armys. Nessa hora queria abraçar e proteger meu mochi 🥹❤️🩹
Então é isso. Vou revisar aqui e libero mais um capítulo no domingo.
Cheiro!
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