5 - Chocalhinho

"O amor é cicatriz que o tempo não desfaz!"



Paco saiu em alta velocidade, chegou ao Bueno Sanchez e entrou correndo. Vanessa estava em um quarto, já em repouso.

— Ela perdeu o bebê. — avisou uma médica. — Passou por uma curetagem. Vai dormir um pouco.

Clovis entrou, viu o garoto em lágrimas. O cardiologista olhou para a médica, que saiu.

— Eu sinto muito, filho! Ela chegou aqui já passando muito mal.

— O senhor a viu? Perguntou como ocorreu? Ela estava bem, fomos ao médico.

— Ainda não pude falar com ela.

Tomado por grande decepção e angustia, Paco não sentiu a fúria de Josué no plano espiritual.

O espírito havia aceitado reencarnar novamente para se redimir, estava aceitando sua nova chance, mas se encheu de mágoa novamente.

Arminda, espírito elevado, viu Josué chorar de ódio e diminuir de tamanho assumindo uma cor acinzentada. Entrou em desespero e mesmo com a ajuda de Pedro e Alicia, não conseguiu conter o irmão inferior, que saiu de lá rastejando.

— Infelizmente, ele tem livre arbítrio. Não podemos fazer nada... — lamentou Arminda.

— Mas ele pode entrar em um estado irreversível? — indagou aflita.

— Acalme-se, Alicia! Ele está tomado pelo ódio, não consegue perdoar, não consegue se livrar de mágoas. Ele terá um retorno doloroso se enveredar por esse caminho, mas não podemos fazer nada agora.

— Desse jeito ele pode se aproximar dos dois de novo?

— Sim, mas os dois precisarão baixar a energia, a frequência de pensamentos terá que estar no mesmo nível que a dele.

— Vanessa é extremamente egoísta, mas não tem pensamentos ruins, não atrai a maldade para o lado dela. E o Paco é muito bem assistido, não está totalmente livre, afinal é um ser humano, mas é mais sensível, teve uma boa educação. Vamos apenas vigiar o nosso irmão Josué, ele está precisando muito de ajuda.

Pedro estava preocupado com a família, mesmo com as respostas de Arminda.

— E Felipe?

— Felipe não terá mais espaço para oferecer a Josué. Está recebendo todo o amor de que precisa.

— Precisamos amparar nosso irmão. — avisou Arminda e conduziu os dois ao Bueno Sanchez.

Paco estava inconsolável no corredor do hospital. Clovis tentava confortá-lo, mas era em vão. O menino estava sentado no chão, chorava copiosamente. Só se levantou quando viu Ângela chegar. A médica abraçou o filho com força.

— Oh, meu amor, eu sinto tanto!

— Eu o queria tanto, mãe! Por que ele desistiu de mim? Eu já estava me preparando para ser o melhor pai do mundo pra ele.

Emocionado, Clovis beijou a filha na cabeça e apertou o ombro do neto, saindo em seguida. Passou as mãos no rosto e entrou no elevador, tinha o semblante pesado e triste.

Ângela levou o filho para casa. Como Fabí dormia, ela apenas levou o músico para o quarto.

— Vou pedir um chazinho pra você, filho. — avisou e saiu. Voltou rapidamente e o colocou em seu colo. — Acalme-se! O problema não é você e nem nunca será. Essas coisas estão fora do nosso alcance.

— Eu comprei um chocalhinho, mãe! — Soluçou. — Um chocalhinho verde, daqueles que pode morder e não machuca...

Ângela limpou o rosto, estava em lágrimas. Beijou a cabeça do filho.

— Eu vou esperá-lo. Um dia ele vai chegar e vai usar o chocalhinho dele e vou ser seu pai, nunca mais ele vai precisar mendigar amor de ninguém.

— Oh, meu amor! — disse e olhou em seus olhos. — Você é perfeito, não se sinta culpado por isso. Na hora certa ele vai chegar, sim. Você será o melhor pai do mundo, com certeza. E eu vou estragar o seu filho porque as avós servem pra isso. — disse com um sorriso fechado.

— Eu te amo! Obrigado, por tudo. — agradeceu sorrindo e aninhou-se no colo da médica, que o apertou em si.

Ângela ficou ali ouvindo os soluços quase silenciosos do filho e só saiu do seu lado quando ele dormiu.

No dia seguinte, Melinda bateu à porta do apartamento de Caio muito cedo, sabia que ele saia cedo e por isso quis chegar antes que saísse.

— O que quer aqui, Melinda?

— Conversar com você. Não aceito terminar daquela forma.

— Tudo bem, quer terminar pessoalmente? Então vamos lá. Não quero mais nada com você, Melinda, já chega. Você não cresce, fica medindo força com uma menina de cinco anos. — disse aborrecido e pegou uma mala. — Estou cansado disso. De um lado, você age como se tivesse a idade da menina, do outro preciso escutar avisos e ameaças das mães dela.

— Desculpa, eu vou parar com isso, juro! Eu só estou estressada, amor. — Tentou tocá-lo e ele se esquivou. — Por favor, para com isso. Eu amo você, Caio. Não gosto de te dividir, mas vou mudar. Vou ser uma boa madrasta. Prometo!

— Eu também amo você, Melinda! Mas amo mais a minha filha. Queria muito poder dar uma família estruturada pra ela, pra que não sinta falta da família das mães.

— Você quer formar uma família pra ela? Está querendo dizer que pode tê-la integralmente no futuro?

— Sim, preciso me estabilizar. Eu vou montar minha empresa aqui, vou comprar uma casa, vou parar de viajar tanto. Eu não tinha motivos para ficar, mas agora eu tenho. A minha filha fragilizada no meu colo me fez querer isso. Eu sou o pai. Vou brigar por ela.

Melinda não esperava por aquilo. Não queria Hope entre eles. Jamais permitiria que aquilo se concretizasse.

— Eu quero estar com você quando isso tudo acontecer. Por favor, me dá mais uma chance. Vou ser a terceira mãe dela. — disse sorrindo.

Ele a olhou e meneou a cabeça. Aquela não era a primeira briga deles por causa de Hope, mas Caio acabou cedendo.

Depois de um beijo, ela o abraçou com força.

— Não faz mais isso comigo, não, por favor!

Caio sempre foi romântico, gostava de namorar, de ter alguém para contar como foi o dia, e por muitos anos sonhou com Fabí, depois de sua grande desilusão amorosa, Camila. Como a advogada nunca lhe deu esperanças, ele abriu o coração novamente e conheceu Melinda, que logo que foi apresentada a ele, já pesquisou sua vida inteira.

— Bonito, rico, romântico... é tudo de que preciso. — disse para si enquanto observava o arquiteto conversando com uns empresários em um evento que houve em São Paulo.

Agora estava ali abraçada a ele, que a apertou em si e avisou:

— Preciso ir, vou a São Paulo e volto amanhã.

Pegou o celular e digitou o número de Ângela.

— Bom dia, Ângela, eu vou ficar fora hoje e amanhã, até umas quinze, ok? Está com Hope?

— Tudo bem. Sim, está tomando café. Filha, seu pai... — disse e entregou o aparelho para a menina.

— Oi, papai, quero tinta nova, a minha está acabando e minha mesada acabou.

— Tudo bem, meu anjo. Amanhã o papai leva aí, tá? Estou viajando, nos falamos por telefone, ok?

— Ok, te amo. Tchau. — disse rapidamente e largou o telefone sobre a mesa.

— Seja mais educada, filha. "Boa viagem, papai!" — disse Ângela ao seu lado.

A menina estalou a língua no céu da boca, indiferente.

— Ele sabe, mamãe! — disse, mas viu o olhar reprovativo da mãe e juntou as duas mãos. — Boa viagem, papai! — sussurrou com os olhos fechados.

Caio sorriu ao ouvir. A menina sempre fazia aquilo, se despedia e largava o celular deixando a chamada ligada.

— Eu levo você ao aeroporto. — propôs Melinda.

Ângela pegou seu celular e procurou o número de Joel Toledo.

— Não quero ir pra escola hoje, mamãe. — Hope disse triste, voltou a sentar à mesa do café.

— Por quê? O que houve? — indagou com o celular na orelha, esperando ser atendida pelo detetive enquanto girava a tampa da mamadeira que preparava para Felipe.

— Quero ir buscar a Teresa. Amanhã eu vou, a matéria de hoje eu já sei.

— Você vai, sim. Vamos buscar a Teresa depois da escola, a mãe do Elijah já deixou marcado.

Antes que a filha protestasse, ela levantou-se ao ouvir a voz de Toledo.

— Bom dia, Toledo. Tudo bem?

— Ótimo, doutora Ângela. E você?

— Muito bem, também. Preciso saber de umas coisas de uma pessoa. Nada urgente, nem criminoso. Eu acho.

— Pode falar, ou se preferir falar pessoalmente, eu vou até você.

— Não vou tomar seu tempo por uma bobagem dessas. Preciso saber sobre Melinda Herchcovitch.

— Da revista Propósito?

— Essa mesma.

— Ok.

— Muito obrigada. Ótimo dia. — disse e desligou.

Olhou para o alto da escada e a filha estava só de calcinha.

— Não vou pra escola, mamãe!

— Vai, sim. Se não se vestir agora, vai nua mesmo. — Fabí disse atrás dela.

A advogada desceu a escada com Felipe no colo e beijou a esposa, que olhou a hora.

— Você tem cinco minutos, Hope! — avisou e olhou para Fabi. — Está melhor, amor? — perguntou tocando nos hematomas de seu rosto e beijou o filho carinhosamente.

— Sim. Tenho a melhor médica do mundo do meu lado. — disse sorrindo e olhando em seus olhos. — Selena avisou que chegaria mais tarde hoje. — disse se referindo à babá de Felipe. — Quatro minutos, Hope! Se eu precisar falar de novo, você não vai gostar.

A menina resmungou e foi ao quarto, colocou o uniforme e desceu. Beijou Fabí e o irmão e saiu com Ângela.

Fabí pegou a mamadeira

— Bom dia, mãe! — Paco disse ao chegar à sala de jantar para tomar café.

Beijou a mãe com carinho e beijou a mão do irmão, que sugava a mamadeira no colo da advogada.

— Não tem aula, filho?

— Tenho. Vanessa perdeu o bebê, estou arrasado. Vou ficar com ela.

— Eu sinto muito! —disse triste e acariciou seu rosto. — Como ela está?

— Estava dormindo quando saí de lá. Falei com ela agora, vai sair daqui a pouco do hospital. Doutor Clovis achou melhor deixá-la lá à noite.

— Fique com ela, filho. Apoie, ela vai precisar. E coma direito — ordenou taxativa. —, que sua irmã já tentou me enganar logo cedo.

— Ela não comeu?

— E aquela lá deixa de comer? Não. Quis dobrar a gente pra não ir pra escola. Cada dia uma novidade!

— É uma figura! — disse comendo pouco. — Preciso ir.

— Estou de olho em você, viu? Só me enganando. Mas vá lá. — disse e recebeu um beijo carinhoso do filho.

Veronica e Naldo entraram pelos fundos com sacolas.

— Bom dia, Fabí!

— Bom dia! Logo, logo não vamos precisar comprar tanta hortaliça... — comentou sorrindo. — Vocês viram a plantação de Hope?

— Vimos, sim, ela plantou o feijão da dona Benta, nasceu direitinho, achei que fosse morrer.

— O feijão que mainha trouxe da Bahia? Não acredito... — perguntou.

Em seguida, colocou o filho dormindo no carrinho e saiu para ver a plantação de feijão da filha. Chegando lá, fez uma chamada de vídeo para a mãe.

— Mainha, bença! Hope plantou aquele feijãozinho que a senhora trouxe, olhe só...

— Essa menina é danada!

Depois de levar o namorado ao aeroporto, Melinda foi para a redação da Propósito, de lá já ligou na agência e confirmou a presença de Luísa em sua casa. Trabalhou normalmente e saiu mais cedo, levando trabalho para casa.

Luísa não estava. Furiosa, Melinda ligou para o celular dela e ouviu:

— Avisei na agência que não poderia trabalhar hoje, não entendi por que confirmaram com você.

— Onde você está?

— Estou fazendo um trabalho, Melinda! Daqui a pouco ligo pra você. Tchau. — Desligou.

— Que droga!

Respirou fundo e foi trabalhar. Luísa ligou depois de sua primeira aula.

— Oi...

— Oi, está na faculdade? Dorme comigo hoje?

— Você sabe que eu não posso, estou saindo daqui e dou uma passada rápida aí, mas não posso dormir. — avisou e desligou.

Vinte minutos depois, chegou ao apartamento da namorada, que a recebeu toda carinhosa, usando um robe de seda.

— Nossa, que delícia! — disse sorrindo.

— Pra você!

A jornalista beijou a faxineira, que a correspondeu apaixonada já desamarrando seu robe e a conduzindo com o corpo para o quarto.

— Eu soube que a senhora foi à minha casa.

A voz de Luísa saía sussurrada enquanto beijava o pescoço de Melinda e a apertava pela cintura, deixando-a completamente extasiada.

— Sim, estava morrendo de saudade! — disse em um fio de voz, de olhos fechados, apreciando a carícia da faxineira em seu pescoço.

— Minha avó achou muito estranho, perguntou por que você não arrumou outra pessoa. — disse sorrindo e fitando os olhos da loura. — Eu disse que você é louca!

Melinda beijou a amada, apaixonada e sentindo aquela ardência familiar que ela lhe causava sempre que chegava perto. Conduziu-a para a cama.

— Você disse que sou completamente louca por você? — indagou tirando a blusa da jovem e beijando seu colo.

— Ela me mataria em nome de Deus! — sussurrou e puxou a loura pelo cabelo, arrancando um gemido seu por entre os dentes antes de beijá-la e sentir a maciez da língua da amada na sua.

Com o corpo colado ao da estudante, Melinda tentava se livrar do jeans justo que ela usava. Enquanto isso, Luísa já explorava os seios macios da loura, tornando a missão de despi-la quase impossível. Melinda interrompeu o beijo para gemer e respirar pesadamente, estava tomada de grande desejo.

Rapidamente, afastou-se e tirou a calça de Luísa, levando junto a calcinha. Voltou a colar seu corpo já nu no dela.

— Que saudade de sentir teu corpo assim, quente, macio, encaixado no meu!

A voz saiu sussurrada, quase inaudível, mas em um tom tão sensual que fez Luísa se arrepiar inteira. Melinda seguiu com as carícias, distribuindo beijos e leves mordidas no pescoço da morena.

A respiração de Luísa se alterou ao sentir o calor da língua da jornalista contornando seu mamilo, e ela gemeu alto quando Melinda sugou forte, como se quisesse devora-la, ao mesmo tempo em que apertava o outro seio.

Na delegacia responsável pelo caso de Fabí, o delegado recebeu o suspeito, reconhecido pela advogada.

— Senhor Leonardo Herchcovitch, achei que nunca mais íamos nos encontrar de novo!                 

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