🦋 The night we met
ZION KUWONU
Acordei, como todas as manhãs, às oito e meia e fui direto para o banheiro, onde dei de cara com a porta trancada, o que me fez bufar.
— Brandon, qual é! Eu preciso tomar banho para ir trabalhar... – encostei minha cabeça na porta enquanto balançava meu pé direito.
— Acorda cedo da próxima vez, eu entrei agora. – o garoto disse do outro lado da porta.
Dividia o apartamento com o meu melhor amigo de infância desde que nos formamos. Ao contrário de mim, Brandon cursava faculdade de letras enquanto eu resolvi trancar a minha para focar nas músicas que eu escrevia e, para não ser um vagabundo, trabalhava como garçom numa lanchonete.
— Eu te mato cara. – aquela era a segunda vez só essa semana que eu ia para o trabalho sem tomar um banho por causa de Brandon, que sempre fazia moradia no banheiro.
Voltei pro meu quarto para me arrumar e pegar minhas coisas e, ao vestir a primeira roupa que havia largado em cima da cama, me olhei no espelho e sorri após um suspiro.
— Um dia de cada vez, Zion. Um dia de cada vez. – peguei minha mochila e um chiclete de menta que havia deixado em cima da minha estante de livros.
— Ah Zion! – olhei para trás e vi o moreno encostado no batente da porta apenas com uma toalha enrolada na cintura e sua escova de dentes na boca. — Tem planos para hoje a noite?
— Que eu saiba não. Por quê?
— É que hoje eu vou trazer a minha namorada pra jantar aqui em casa. Sabe, faz alguns meses que estou com ela e nunca fizemos algo caseiro...
— Eu não vou servir vocês. Já faço isso todos os dias da semana e não pretendo fazer isso na minha própria casa, numa sexta-feira à noite e na véspera do meu aniversário. – dei um passo para trás.
— Eu não ia te pedir isso, seu idiota. – riu. — Ia pedir pra você dar uma volta hoje pra eu ficar em casa a sós com ela, se é que me entende.
— Ah, claro! Eu vou ligar pros meus amigos e ver se posso tomar banho na casa deles e dormir lá de novo. – fui irônico forçando um sorriso.
— Zion meu amigo, não me leve a mal. Eu só acho que não estou pronto pra apresentar o meu melhor amigo para a minha namorada...
— Brandon eu não vou dar em cima da sua namorada, se é esse o seu medo. Mas fica tranquilo. Eu vou falar com o Austin no trabalho e fico na casa dele.
— Kuwonu, você não existe! – o garoto sorriu e eu saí de casa, logo desfazendo meu sorriso.
Já faz quase dois meses que o meu melhor amigo começou a namorar a "modelo de Manhattan" e, desde o mês passado, aos finais de semana, tenho que dormir na casa de algum amigo meu. Por algum motivo ele não quer que eu conheça sua namorada que, segundo ele, é "apenas uma modelo bastante famosa" — o que eu não consigo entender como ele conseguiu essa proeza já que moramos no Queens e Brandon quase nunca vai a Manhattan.
Peguei o elevador para o térreo e fui direto para a estação pegar o metrô que me levaria até meu trabalho e, como de costume, o veículo já estava cheio e eu tive que seguir as seis estações de pé.
— Ah cara! É sério isso mesmo? De novo? – Austin se apoiou contra a pia, deixando seu bloco de notas ali mesmo.
— Foi mal. Desde que o Brandon começou a namorar passo mais tempo na sua casa do que na minha própria. – sorri sem graça.
— Tá tranquilo. Eu estava mesmo pensando em comprar um beliche e transformar o quarto do Nick em uma sala de jogos.
— E ele sabe disso?
— Não, mas ele está na França e não vai voltar tão cedo do intercâmbio. – ri do moreno que sorria. — Enfim, eu estava marcando com os garotos de irmos na boate que abriu perto da estação assim que sair do trabalho. Se quiser ir com a gente...
— Eu vou adorar, mas preciso passar na sua casa pra tomar um banho antes. Só de perfume e chicletes de menta não viverá um homem. – ajeitei meu avental branco e Austin fez uma careta.
— Zion você precisa morar sozinho logo. Dormir na minha casa tudo bem, mas não tomar banho pela terceira vez na semana? Sinto pena das pessoas que ficam ao seu lado no metrô.
— Ei! Eu sou limpinho, tá legal? Apesar de não tomar banho, meu desodorante é muito cheiroso! – exclamei enquanto o moreno se retirava da cozinha e logo corri até ele enquanto ria.
Já eram duas da manhã quando terminei de me arrumar para me encontrar com os meninos na boate. Por sorte, Austin morava perto do local e eu não demoraria menos que quinze minutos a pé. Ao chegar na boate, vi que os meninos me esperavam do lado de fora e sorri ao me aproximar deles.
— Espero não ter demorado a chegar. – puxei Ethan e Austin para perto de mim.
— A boate abriu há duas horas e você só chegou agora, mas... A noite é uma criança. – Ethan sorriu ajeitando sua jaqueta jeans.
— Casaco maneiro. Comprou onde? – Payton apontou para o casaco preto com detalhes na manga que eu usava.
— De graça num lugar chamado: armário do Austin. – ri junto com os meninos.
— Ah Zion! Qual é! É o meu moletom preferido... – o moreno ao meu lado me empurrou de cara feia, o que me fez rir mais ainda.
— Então? Vamos entrar? – mudei de assunto e todos concordaram, com exceção de Austin que olhava para três pessoas que haviam acabado de sair do estabelecimento.
— Galera, olha só aquela garota. – chamou nossa atenção apontando para a loira que estava sendo carregada por um cara e uma outra menina.
— Ela está bêbada. O que tem? – dei de ombros.
— Ela é muito bonita. Vocês não a viram de frente, mas ela é a loira mais linda que já vi na minha vida! – neguei com a cabeça com um sorriso no rosto.
— Se gostou dela, por que não vai lá? – olhei para a garota que foi colocada no chão pelas duas pessoas e o garoto deu seu casaco para ela.
— Ah Zion eu vim pra curtir a boate com vocês, não quero ficar com ninguém não. Ainda mais com alguém que já está de saída. – riu colocando sua mão em meu ombro.
Encarava a garota sem piscar. Austin estava certo. Apesar dela parecer um pouco... Acabada, era uma garota muito bonita. Seu cabelo loiro como o sol, o glitter em todo o seu rosto que o fazia brilhar mesmo que a noite, seu sorriso... Tudo nela era realmente muito bonito.
— Zion? – fui tirado de meus devaneios por Ethan. Olhei para trás e vi que os garotos já haviam entrado, ficando apenas ele que me esperava. — Vamos entrar. Vai ficar parado aí?
— Eu... Eu já vou. Só vou fazer uma ligação rápida pro Brandon. – sorri amarelo e o garoto de cabelo vermelho assentiu, logo dando de ombros e entrando na boate.
Olhei novamente para a garota que agora não sorria mais. Ela parecia triste e seus amigos pareciam não perceber; eles riam mexendo no celular enquanto a loira estava sentada, usando o casaco de seu amigo como lençol e aquilo, de certa forma, me incomodou.
— Oi! Precisam de ajuda? – sem pensar duas vezes me aproximei dos três.
— Hã... Não precisa. Estamos esperando nosso uber. – a menina respondeu e eu olhei para a loira que parecia imersa em seus pensamentos, nem notando a minha presença.
— Ela está bem? – apontei para a garota que derrubou uma lágrima e a menina olhou para ela.
— Ah sim! – sorriu. — Ela está sim, só bebeu demais. Mas nada que um banho frio e café não resolvam. Obrigada por se preocupar. – olhei para a morena e sorri de canto, logo voltando meu olhar para a loira.
É sério que os amigos dela não percebiam que ela não estava bem?
Quando pensei em me aproximar dela, a menina a pegou e eu me virei, vendo que o uber deles já havia chegado.
— Hope, vem. – ela disse para a loira enquanto a puxava para colocá-la dentro do carro. Então o nome dela era Hope? Com toda certeza esse nome nunca será esquecido.
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https://youtu.be/LshTHxy1-4o
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