Quinze

Durante meus treinamentos com Tobias, na fazendinha do interior, pude aprender um pouco melhor e de um modo mais aprofundado como funcionava a Comuna de Cartago. Até porque a cada pergunta que fazia, outra sempre surgia. Se trata de uma associação antiga, não se tem ao certo uma data de fundação, mas estima que exista oficialmente há um pouco mais de um século. Não foi a primeira comuna a ser criada e provavelmente também não será a última. De todas as comunas do país, a Comuna de Cartago é muito estimada por sua organização e planejamento meticuloso em cada um de seus projetos. Tem um índice alto quando se fala de abatimento de barbarians, em comparação com outras comunas. E é por esses e outros motivos que a Comuna de Cartago é classificada como uma Comuna Cardinal. Num país, podem existir dezenas de comunas, porém, Tobias me disse que uma Comuna Cardinal está acima de todas as outras. É a comuna oficial do governo, a que mais recebe financiamento e apoio. A comuna mais importante de todas.

Eu entendia o zelo que os professores tinham, o esforço que faziam para manter o alto padrão dos membros, não é a toa que fizeram um teste daqueles. O objetivo: a perfeição em cada detalhe. Mas, naquela noite sombria do ano de 1876, a Comuna de Cartago falhou.

Soube, mais tarde, que os professores estavam reunidos às margens da floresta. Mantinham-se alvoroçados e impacientes. Áquila havia acabado de chegar onde estavam e os questionou o motivo de ficarem ali, parados. O jovem ruivo estava irritado, só não aumentou mais o seu tom porque notou os rostos inquietantes de cada um dos tutores.

Sim, os professores não conseguiam passar da barreira. Ela, por sua vez, era feita de uma aura massiva de energia dimensional. O professor Tobias contou-me que, a força de uma aura como aquela se equivaleria a dois muros de concretos um ao lado do outro. Mas para ultrapassá-la não era só preciso força."Energia dimensional pode ser bloqueada com energia dimensional" — lembro-me perfeitamente de quando o professor me disse isso. O poder dos nossos medos era feito dessa energia. Ele vinha da Foz de Outono, uma gema que expelia energia dimensional. Contudo, para derrubar uma parede daquelas, era necessário uma quantidade de poder equivalente. Nenhum dos professores possuíam isso.

Eu imagino como deveria ser frustrante para eles. Provavelmente um classe Alfa conseguiria passar sem problemas, no entanto, não havia nenhum por perto e a comuna estava vulnerável. Mas algo precisava ser feito e o professor Handel e Hamicota tinham plena consciência disso.

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Penso que sou uma pessoa racional, que toma as decisões conforme a situação pede, não por emoção. Desde que me conheço por gente, em toda a situação que me envolvi, sempre tive uma decisão em minha cabeça, pronta para ser tomada. Mas ali, de frente a criatura responsável por todo o sangue que manchava minha pele, nenhuma decisão me veio a mente. E também, numa rara vez, agi pela emoção.

Corri até ele para cravar uma adaga em seu peito. Adagas como aquelas são feitas para serem arremessadas. Por que raios eu tava fazendo aquilo? O rosto angelical da estátua grega me olhava com soberba. Fiquei com mais raiva ainda quando ele  levantou um sorriso e riu baixinho. Depois desviou do ataque para o lado como um toureiro.

 — Confesso que não me divirto com um humano há muito tempo. — ele disse. — na verdade, não tinha a menor intenção de vir até aqui, mas depois de ver uma criança sacrificando o próprio olho só para dar um ataque inútil a um dos meus fantoches, não pude conter minha excitação, desculpe. — para ele tudo aquilo era um teatro? Que miserável.

 Cerrei os dentes. Urrei e o ataquei novamente. Corri, deixando a lâmina reta, na direção de seu peito. Ele desviou para o lado sem dificuldade. Olhei de canto para Haaka. Ele estava desmaiado, seu corpo havia atingido o limite. Creio que se lutasse mais um pouco com a gente poderia ter acabado com lesões até fatais. Mas ele não parecia morto. Fiquei aliviado, mas isso não diminuiu nem um pouco a fúria que meu corpo mergulhava.

 — É uma pena que ele tenha ficado inconsciente. — escutei Salieri. — Bem, até que ele é forte, geralmente meus bonecos não resistem após o uso. Mas eu queria ter visto vocês dois lutando juntos. — o deboche quase me fez vomitar.

Me preparei para outra investida. Inclinei o corpo e estiquei as pernas para uma arrancada rápida e certeira. Piatã recostou sua mão sobre meu ombro, me parou. Eu estava ofegante, trêmulo e com o olho perdido, ou seja, era um louco que agia sem pensar. Respirei fundo, abaixei a adaga e relaxei os ombros. Piatã deu alguns passos a frente. Encarou furiosamente Salieri. Levantou a mão com a inscrição “delta” e gritou:

 — Não subestime quem usa essa luva.

 Salieri fechou seu rosto sapeca. Parecia tenso agora. Posso jurar que o vi estremecer por um instante.

 — Nunca os subestimei. Por que acha que estou aqui?

— Nunca pensei que chegaria o dia — dessa vez eu disse —, em que teria tanta vontade de enfiar uma espada no peito de alguém como eu tenho agora. — fiz um gesto para Núbia, a minha esquerda — desde nossa fundação, a casa Silvertoch viveu pela espada, pelo sangue dos inimigos nas suas vestes. Lutamos por Alfredo, Eduardo, Ricardo e recebemos glórias. Mas quando deixamos de viver pelo sangue, nossa glória sumiu. — escutei a voz de Núbia dizer “Espada” e uma espada leve e pequena, igualzinho ao meu saxo brotou em minha mão. Teria só cinco minutos, mas era o suficiente. — Hoje, anuncio que a casa Silvertoch voltará a viver pelo sangue, mas pelo sangue de barbarians. — e corri. Só que, desta vez, corri com um plano.

Apertei o cabo que minha mão segurava. A lâmina brilhava de afiada. Acelerei o passo. A minha cabeça mantinha-se onde a mira deveria acertar. Mas eu caí. De todas as possibilidades, variáveis e suposições que fiz antes de atacar, minha resistência, o estado do meu corpo não se incluía nelas. Acho que superestimei minha resistência. As lesões e o sangue que perdi cobraram seu preço, um preço alto. As pernas não se moviam mais e meu rosto amassou no mato, engoli terra.

 Quando levantei o rosto pude ver o barbarian com as sobrancelhas arqueadas, tinha surpresa nos olhos. Deveria estar pensando no quão patético eu era. Sim, agora sim chegou meu fim. Não conseguia nem mesmo segurar a faca. Ele deu alguns passos até mim. Núbia correu para me ajudar, contudo, de algum modo, seu corpo se paralisou. O mesmo deve ter acontecido com os outros, “Não interfiram”– o ouvi dizer, enquanto os encarava.

Me questionei como ele pretenderia me matar. Não carregava nenhuma lâmina ou ferramenta que fosse causar dano. Suas mãos lisas e delicadas como uma peça de argila estavam desnudas. Ele esticou o braço direito, deixando a mão aberta como se fosse pegar algo. Eu levitei até ela. Que tipo de força era aquela? Era mesmo real? Meu pescoço encaixou na sua mão. Ele o apertou, começou a me sufocar. Deixei cair no chão a espada. Escutei gritos de Núbia clamando meu nome. Salieri me analisou com os olhos.

 — Essa insistência toda me irrita. Por que uma criança como você chegaria tão longe assim?

 Engasguei e forcei a voz.

 — Porque eu sou Franz Silvertoch, descendente da milenar casa Silverock de ealdormans da antiga Mércia. E você matou meu amigo.

Ele espremeu os olhos de raiva. Mas depois sorriu e começou a rir.

 — É uma pena que você não é um barbarian. — ele pausou e me analisou mais um pouco. — É uma pena mesmo. Seria perfeito para esse trabalho.

 — Um amigo também me disse algo assim. É por isso que estou aqui. — peguei sigilosamente uma adaga. Cravei em seu braço. Não tinha acreditado que havia o ferido, só mesmo depois de ver o líquido vermelho vazando da lesão.

 — Que ousadia. — ele disse. Retirou a adaga com frieza. Levantou a mão ferida na direção de meu peito. Ele contraiu os dedos. Estava claro que iria arrancar meu coração. Miserável dos infernos.

Algumas vezes eu já havia visto a morte, sentido o cheiro da minha vida se desvanecendo. Talvez não seria só uma visão dessa vez. Já não tinha ar em meu peito e engoli saliva, tentei me preparar para a dor.

Todos ali puderam escutar os gritos.

Eu também pude. Quando abri o olho, já estava no chão, caído. Os dois braços de Salieri também estavam no chão. O professor Handel e Hamicota me cobriram, de pé, encarando o oponente e com rostos imponentes. Eram como deuses.

 — Estás bien? — levei um tempo para me dar conta que o professor Handel falava comigo. Concordei com a cabeça.

Uma nuvem cinza pairava em volta do professor Hamicota. Era densa, tinha um ruído baixo, horripilante, e um cheiro de se revirar o estômago.

 — Passaram pela barreira? — Salieri não parecia se importar com os braços que perdeu. — Esses vandals são uns inúteis mesmo.

 — A nossa senhora Rhodes abriu caminho para passarmos.

 — A Rhodes? — Salieri dobrou a testa — Que eu saiba ela está no oriente, não?

 Hamicota apertou as pálpebras:

 — Você não tem receio em revelar que estava nos espionando, né? Foi planejado essa invasão, para assassinar os possíveis membros da comuna, não estou certo?

— É como dizem — Salieri suspirou — É melhor acabar com o problema antes que se torne maior. — ele revirou os olhos. — Mas e então, onde está essa sua Rhodes? Não sinto nenhuma presença muito intensa. Vocês são fracos, tão fracos que nem percebi quando se aproximaram. Mas a Rhodes eu notaria a centenas de quilômetros de distância.

 — Ela no precisa estar aqui para nos ajudar. — disse o professor Handel.

O barbarian ponderou por um tempo.

 — Entendo, faz sentido. É bem a cara daquela velha mesmo. Mas em breve ela vai descobrir que só fez isso, para adiantar as suas mortes.

 — Não seja insolente. — disse Hamicota. — Não subestime quem usa essa luva — ele a levantou. — Piatã me veio a mente, o olhei de canto. — meus esporos vão entrar em seu corpo, invadir sua corrente sanguínea e destruir seu sistema nervoso central.

 Salieri levantou as sobrancelhas mais uma vez.

 — Tente então.

A nuvem cinza de Hamicota soprou como um enxame até o barbarian.

— Se afaste — o professor Handel ordenou. E assim eu fiz.

Não pude mais assistir a luta direito. A visão que tinha me restado ficou embaçada e meu corpo mole. De repente, eu estava deitado no chão, sem enxergar mais nada, só escutando urros de ataque, grunhidos de dor e ruídos de ofensivas. Meus sentidos ainda estavam aflorados. Me incomodei com a grama gelada que também coçava e até senti uma formiga andar pelo meu tornozelo. Depois, senti o toque de uma mão na minha cintura, me puxando. Começou a chover. Ao passo que era arrastado, a batalha ia ficando mais baixa e uma paz avassaladora começava a surgir. Será que eu estava morrendo no final das contas? A chuva parou de cair em meu rosto, comecei a desconfiar disso. Mas a mão que segurava meu corpo servia de prova que não. Provavelmente só havia sido levado para de baixo de alguma árvore, longe da onde estava.

 — Acha que ele vai sobreviver? — pude identificar a voz de Rui, ele estava perto.

 — Ele vai. — ouvi Piatã.

 — É por causa desse imbecil que eu tô vivo. — Rui, como sempre, gentil. — Se ele morrer, vou cuspir no caixão dele por ser tão fraco.

 — Ele não vai. — escutei Núbia, bem perto dos meus ouvidos. Provavelmente foi ela que me puxou.— Ele é Franz Silvertoch, da casa milenar de ealdormans da antiga Mércia.

 — E o que isso tem a ver? — perguntou Rui, insípido.

 — Isso soa como uma lenda épica. — Piatã respondeu — e lendas não morrem tão fácil. — senti o calor do companheirismo deles. Então pude dormir tranquilo, seguro nos braços de amigos.

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Por algum motivo, o passado me voltou em sonhos. Eu vi o rosto de meu pai mais uma vez. O vi se despedindo de mim e cavalgando para a guerra, para a morte. Vi Anthony, vi meus outros primos, vi tio George, vi o juiz Tavares, vi Mirian, vi o tribunal. Quando se começa a ver o que não quer em um sonho, não tem mais volta.

Eu não sei o que existe após a morte. Se é que existe alguma coisa. Fui ensinado desde pequeno que nossas ações em vida refletem no nosso destino após morrermos. Mas acho mais reconfortante acreditar que o que fazemos aqui, pagamos aqui. Afinal de contas, se realmente existe algum lugar no pós vida e se eu tiver mesmo que ir para algum lugar, provavelmente será para o inferno. Desde que meu primo e tio miseráveis roubaram de mim o que era meu, tudo o que passei a sentir no peito era só rancor, ódio e amargura. E não me arrependia de sentir isso. Na verdade, me sentia mal quando outra emoção me vinha que não fosse essas. Eles plantavam no meu solo, deitavam a cabeça de baixo das minhas paredes, tomavam do meu café e mantinham autoridade com meu título. Não era tão incomum pensar que eu seria um fraco se não cultivasse e regasse esse ódio por eles a cada dia. Contudo, me constranger ao lado de Áquila, me esforçar na frente do professor Tobias, encorajar Nestor, brigar com Rui e sorrir com Piatã me fez perceber que eu não precisava me sentir mal se não carregasse essa amargura toda hora, a todo momento. É claro, eu não era um anjo, mas também não precisava ser um demônio.

Então finalmente, eu vi meus amigos. Vi o vagão de trem, vi Áquila, vi o professor Tobias, vi a Comuna de Cartago. A nossa Rhodes estava imponente com o manto verde. “Somos uma família” – ela disse. Em seguida, Nestor apareceu em meus ombros, o vi já sem vida, deitei-o no chão e senti seu sangue nas minhas mãos. Uma família, né? Talvez essa fosse a sensação de ter laços tão fortes com alguém, de ter uma família. Era isso que a senhora quer dizer, Zhuang Jing?

Então eu acordei.

A cama era confortável, macia, meu corpo se afundava nela. O sol do crepúsculo batia bem no meu rosto, a janela estava escancarada. Era um sol morno, massageante, poderia dizer até que confortante. Era difícil enxergar mais alguma coisa com sua luz me cegando. Subi meu corpo mais para cima na cama e então comecei a sentir agulhadas por todo meu corpo. Vi meus braços, estavam enfaixados. Lembrei dos ferimentos que sofri e comecei a viajar o olho por onde eles estavam. Todos seguiam devidamente enfaixados. Pus uma mão onde deveria ficar meu olho esquerdo, tinha uma faixa ali também. Me deprimi por alguns minutos, mas logo me recompus. Aquilo foi necessário e, como Tobias havia dito para mim há tempo: “Seguir o caminho da justiça e fazer a coisa certa, sempre estará acima de tudo. Mas não significa que não posso encontrar outros meios de atingir meus objetivos, meios que até podem parecer questionáveis, mas que não estão errados. Nesses casos, o importante é atingir o objetivo.” – eu atingi meu objetivo. Não me custou barato, mas o atingi e tive orgulho disso.

Minha atenção voltou-se para o ambiente. Nunca havia estado ali antes. Era um quartinho simples, não muito grande. Vi alguns materiais hospitalares nas bancadas ali do lado e uma estante de livros. O papel de parede verde musgo com o desenho de algumas flores deixava o lugar reconfortante. Finalmente, me dei conta que tinha uma mulher ao fundo da sala. Ela mexia em algumas caixas ali recônditas, então não havia notado antes. Tentei dizer alguma coisa, mas nenhuma voz saiu. Com o tempo ela terminou o que fazia e se virou. Notou que eu acordei.

 — Que recuperação surpreendente. — Ela sorriu e se aproximou mais de mim. Já perto, meu coração começou a disparar. Quando digo disparar, é disparar mesmo. Se alguém visse errado, pensaria que estava tendo um ataque. Nunca tinha visto nada mais lindo na minha vida. Seus cabelos eram longos e caramelos como a mostarda mais nobre vinda dos campos de Borgonha. Os olhos âmbar entregavam a graciosidade e delicadeza de uma pintura renascentista. Não adianta ser filósofo nessas horas para descrevê-la, quero dizer, falar que a mulher deixaria Afrodite com inveja seria pouco. Meu olho se arregalava, eu deveria estar parado, como um bobão, e acho que ela percebeu. Virei o rosto envergonhado. Do nada, ela pôs a mão em minha testa — Vejamos se está tudo certo. — ela disse. Então, como provavelmente aconteceria com qualquer menino acabando de entrar na puberdade, fiquei excitado. Ela deve ter percebido, por que riu de mim. Depois disse: — Tudo certo pelo visto. — Meu rosto queimou e virei para o lado oposto, escondendo-o no travesseiro. Escutei a porta bater e soltei o ar preso no peito em alívio.

— Não se deixe levar pelas mulheres. — ouvi uma voz familiar. Levantei o rosto e lá estava ele. A luz do crepúsculo deixava seus cabelos vermelhos mais flamejantes. Santo Tomás de Aquino, há quanto tempo Áquila estava ali? O quanto ele viu?!

 — Me deixar levar? — questionei em reflexo. Então me dei conta que minha voz finalmente saiu. — Do que você ta falando?

 — Acha que eu não vi você todo animadinho com a médica? — esse idiota parece que tem prazer em me deixar com vergonha — Mas não se deixe levar pelas mulheres. Elas são criaturas horripilantes que vão te destruir quando menos você esperar. Nunca confie nelas.

Suspirei.

 — Devo confiar em quem então espertão? Em homens?

Áquila levantou os olhos, pensou e esticou seu “ehh”.

 — Realmente, homens também podem ser horripilantes. — ele pensou mais um pouco — Mas, pelo menos, são idiotas. — e sorriu. Eu ri, senti saudade desses argumentos meio brisados. — Tudo bem — ele pulou para dentro do quarto —, eu sei que você acabou de acordar mas, pode se trocar. Eu trouxe sua roupa, toma.

 — Por que a pressa toda?

 — Bem, você já tá dormindo há três dias, não me diga que quer dormir mais? — TRÊS DIAS? Ainda assim eu me sentia todo quebrado. Por que raios ele estava propondo darmos uma volta por aí? Ele não via isso? — É urgente! — frisou — Tobias me disse para te levar lá para a sala principal quando acordasse. A velhota da Rhodes quer te ver.

 — Sala principal? A senhora Rhodes? Onde a gente tá exatamente?

— A gente tá na Comuna. Aliás, você foi aceito na Comuna de Cartago e amanhã devemos ir ver o imperador, então se apresse!

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