Surpresa?! parte 2

"... Olá.".

"Olá.".

É verdade, isto é mesmo constrangedor. A Mariana, ao chegar à sala de estar, deparou-se com alguém que lhe é especial, o tal "Marionette" que ela chegara a admitir que era o seu personagem favorito do jogo que ela tanto gostava, e que aparentemente teve o mesmo destino que o resto, ter de ficar a tomar conta dela, se bem que nunca entendeu o porquê de precisar de tanta gente para ficar naquela casa com ela, mas enfim, nunca questionou.

Porém, não durou por muito. Estranhamente, a menina começou a sentir uma dor estranha, oriunda do seu pulso direito. Uma dor tão forte e tão aguda que lhe enfraqueceu a visão, os seus olhos trémulos, mãos e boca logo de seguida. Pouco tempo após quase caiu no chão, salva por Chica, que logo ficara preocupada com a pequena.

"MARIANA? MARIANA!", chamou, agarrando, em pânico, na menina.

Todos estavam em choque, nunca esperavam que tal coisa acontecesse. Seria por estar nervosa? Em choque? Cansada? Bem, pensar na causa não é prioritário agora, tinham que certificar que a menina estava bem.

Chica verificou a sua pulsação, "Ufa, o coração ainda bate.", acalmou um pouco.

"O mais provável é que tenha desmaiado.", apontou Mangle.

"Chica, vai metê-la na cama, se algo parecer muito mal temos de fazer alguma coisa", comandou Freddy.

A galinha amarela apenas concordou e levou-a para a sua cama, tapando-a com os lençóis e cobertores lá presos. "Não achas que devíamos ligar aos pais dela?", perguntou a Freddy.

"Sim, eles devem saber melhor o que fazer que nós.", concordou. Chica abandonou o quarto, deixando o seu amigo de olho na pequena, e dirigiu-se para o local do intercomunicador e digitou o código no dispositivo pertencente ao grande castelo da realeza em Panjoyous.

*beep beep beep beep*

O estranho telefone tocava, com longas pausas a intercalar cada batida. Eventualmente alguém atendeu. "Sim?", era Faye.

"Olá, Dimicatio... Como estás?", saudou a galinha.

"Hey, Chica! Estou bem, sim, também está tudo bem cá por casa. Porque ligaste?", respondeu a jovem num tom simpático.

"Ah... Uh...", gaguejou estranhamente, "A Mariana caiu no chão há um pouco...", não sabia propriamente o que dizer, não esperava que algo assim acontecesse.

Silêncio, apenas isso era presente naquele momento. Chica ficara tensa, "Por favor que não seja desta vez...", pensou nervosa. Por momentos, ouviu-se um leve balbuciar pelo dispositivo, deixando a galinha ainda mais nervosa, porém recusando questionar. Os murmúrios baixos terminaram rápido. "Já era de se esperar... Porém não se preocupem, a Mariana costuma sofrer distúrbios desse tipo há muito tempo. Deixem-na descansar longe do barulho e da confusão, eventualmente acordará e sentir-se-á pronta outra vez", Faye informou logo após.

"Pronta outra vez..?", Chica interrogou, ligeiramente confusa. "Perdão, enganei-me. O que queria dizer era que ela eventualmente irá acordar e se sentirá melhor, em princípio", respondeu a mulher do outro lado. "Ah, sim...". A chamada desligou logo após.

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"Então e ela desmaia assim do nada?", Foxy questiona, indignado. "Pois... pelos vistos sim,", a galinha coçou a parte de trás do pescoço e encolheu os ombros em simultâneo, "a Dimicatio não me disse muita coisa de importante, apenas que a Mariana já sofreu de "distúrbios" assim antes". "Distúrbios..? Como assim "distúrbios"?". "Também não sei... Ela desligou depressa, não tive tempo para lhe perguntar...", "Nem queria", murmurou mentalmente.

Era possível ouvir duas vozes vindas do quarto da Mariana, fracas devido à distância a que os dois se encontravam. Ambos aproximaram-se da porta, tentando ao máximo não fazer barulho.

"Há quanto tempo acordaste?", Mangle estava dentro da divisão respetiva, preocupação e cautela presentes na sua voz robótica. A menina respondeu com leves murmúrios, confusão completamente exposta na sua voz, "Não sei...". "O que é que aconteceu ao certo, sabes?", questionou-lhe a raposa. "Não sei...". A pequena desviou o olhar, focando-se em não passar os seus olhos pela pessoa que estava diante dela. Mangle levantou-se, dirigiu-se à porta e, antes de sair, pediu, "Quando te sentires melhor, vem à sala, por favor". Ao abrir a porta, ouviu passos robóticos a afastarem-se, estranhou, mas logo deduziu o que se passava, decidindo ignorar. "Okay Mangle", confirmou Mariana.

Após isto, Mangle dirigiu-se para a sala e deixou a menina sozinha, e esta decidiu pensar em algo para ocupar a sua mente e corpo, foi então meditar. Posicionou-se, fechou os olhos e esforçou-se para limpar a mente, porém finalmente ganhou noção do que tinha acontecido pouco tempo antes e deixou de ser capaz de se focar, corando. "Oh Brida!! Não é possível! Oh minha Brida!!", pois é, não valeu a pena a tentativa. Com isto, decidiu levantar-se, olhar ao espelho e dirigir-se à casa de banho. A caminho conseguiu ver de relance a figura que tanto a inquietou pelo pouco tempo que lá esteve, os seus olhares cruzaram-se por uns segundos, como se o tempo parasse, recomeçando apenas quando a pequena acelerou o seu passo em direção à divisão desejada e se fechou lá dentro.

Claro que o barulho da porta chamou à atenção, especialmente duas entidades que viram o que tinha acabado de acontecer. "Mariana? Está tudo bem?", Chica bateu na porta, preocupada. "Eu estou bem! Deixa-me em paz, por favor.", suplicou a jovem com falhas evidentes na sua voz. "...Mas tens a certeza que-", "POR FAVOR", a galinha suspirou, surpresa. "Deixa, quando ela quiser falar que saia", resmungou Foxy, fazendo com que a sua amiga soltasse mais um suspiro.

"O que é que se passou?", Mangle surgiu, preocupada.

"A Mariana trancou-se na casa de banho...", respondeu Chica. A expressão da raposa branca alterou-se, "Porquê?", questionou. "Oh, não sei, pergunta-lhe talvez", Foxy intrometeu-se de forma brusca, começando a fartar-se da situação. A raposa olhou para ele, olhou para a sua amiga e depois para a porta de forma robótica.

*knock knock*

"Mariana..?", chamou. "DEIXEM-ME.", o tom da menina era notavelmente mais alto, apesar de ser abafado pela porta. "Diz-me o que se passa, por favor", pediu com toda a calma na sua voz, "NÃO SE PASSA NADA.". "Por favor, nós só te queremos ajudar.", Chica suplicou, pousando a sua mão na maçaneta da porta. "DEIXEM-ME".

"Isto não adianta em nada,", Foxy suspirou, encostando-se à parede com os braços cruzados, "estão a esforçar-se em vão.", as duas máquinas trocaram olhares com ele e continuaram a tentar convencer Mariana a abrir a porta.

"Já chega", num movimento rápido, a raposa vermelha afastou ambas e atravessou o seu gancho metálico pela porta, abrindo uma brecha na madeira.

*BANG* A criança desequilibrou-se e caiu contra as paredes trelusentes do chuveiro.

"SE NÃO ABRES A PORTA, FICAS SEM ELA", o seu grito ecoou pela casa e fez vibrar as paredes.

"O que é que se passa?", com toda a confusão, o resto decidiu verificar o que se passava e deparam-se com o cenário mais bizarro. Foxy tentou responder com gritos, porém Mangle dirigiu-se de certa forma mais calma aos seus amigos, tentando desviar a sua atenção e fazê-los voltar ao que os ocupavam antes.

"PARA FOXY, PARA", Chica tentou puxá-lo para trás sem sucesso, "ESTÁS A PIORAR AS COISAS, PARA COM ISSO".  "DEIXA-ME FAZER ISTO, SE ELA NÃO SAI EU FAÇO-A SAIR", infelizmente o seu amigo estava demasiado focado em sequer pensar na sua suplica.

Estava tudo um caos, todos juntos num grupo a tentar ajudar, de alguma forma, a situação, à exceção de Marionette, que estava confuso e apenas a espectar tudo em silêncio, paralisado.

No meio de tudo, Mangle parou, agarrou nas pernas de Foxy puxou-as, fazendo sinal para o resto a imitar. Segurando-se uns aos outros e puxando. Não só conseguiram arrancar o animatrónico irritado, como também a porta, revelando Mariana, sentada em cima de um monte de vidro estilhaçado e encolhida. Com esta visão, ficaram todos em choque, até Marionette decidiu espreitar, meio preocupado, meio curioso.

"Mariana! Tu estás bem?", Chica correu para a menina, que tremia bastante. Como estava com a cabeça escondida entre as suas pernas, a sua resposta saiu abafada. "O quê?", perguntou a galinha num tom mais suave.

"Porque é que vocês não me ouviram? Eu só queria estar sozinha", respondeu a pequena entre soluços. Um sentimento de culpa começou a surgir dentro de cada uma das máquinas. Chica levantou-se e dirigiu-se a Foxy, desatando a berrar com ele. Aos olhos da menina estava tudo muito distante e abafado.

Diante da contínua confusão, Mangle foi a única que foi ao encontro da criança, verificou se estava bem e levantou-a daquela desordem do chuveiro. "Parem com isso, ajudem o Foxy e deixem-me lidar com o resto", ordenou num tom certeiro.

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"Agora que estás bem precisamos de falar", Chica declarou, num tom sério.

"Sim...", Mariana assentiu levemente com a sua cabeça.

"O que aconteceu com a porta vai-se resolver, porém não podes agir da forma como agiste na casa de banho, nós estávamos preocupados contigo e queríamos ajudar-te, por mais que quisesses estar sozinha tínhamos que intervir, fomos mandados para cuidar de ti e temos de o cumprir, mesmo que isso implique entrar um pouco no teu espaço pessoal.".

"Eu sei, peço desculpa.".

"Esperemos que não volte a acontecer.", acrescentou Foxy.

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