Surpresa?!

"Eu vou a casa da Marta, até logo!".

"Diverte-te!".

*thud*

(25/10)

Assim que a pequena Mariana saiu alegremente do apartamento, Freddy e Chica decidiram encaminhar-se à sala de estar na sua esquerda, para aproveitarem do longo dia que eles e o resto dos seus amigos teriam para passar.

"Mais um dia que ela se vai encontrar com a amiga dela...", Chica suspirou, pensativa. Freddy notara que, desde o evento que ocorrera antes, a sua amiga amarela tem ficado mais ansiosa, provavelmente preocupada com as possíveis consequências que aquilo havia trazido. "Desculpa Freddy, mas não consigo confiar numa criança de 12 anos para manter um segredo tão importante. Se a Mariana tinha que o manter e ainda assim contou à amiga, nem quero imaginar como será nas mãos de duas crianças.", disse a galinha dias após o que se passou, e o seu amigo, mesmo não querendo dizer, concordava, porém não tinha intenções de contar à menina por quem olhava, temia a reação.

"Vá lá, não podes dizer isso cada vez que ela vai ter com a sua amiga...", Freddy tentou chamá-la à razão.

"Mas Freddy..-".

O seu amigo interrompeu. "Elas não vão andar por aí a contar aquele segredo como se fosse algo mundano, não é por terem a idade que têm que não vão ter noção da importância que tal coisa contém.".

"Achas mesmo? A Mariana não parece ter noção.", ripostou.

Freddy respondeu apenas com uma expressão de derrota, ficando calado.

"Foi o que pensei.", argumentou interiormente, olhando intensamente para o robô.

"Mas já estão a discutir de manhã?", entrou Foxy, incomodado com a habitual rotina que os seus amigos começaram a ter após o tal dia. "Parem lá com isso, cada vez incomoda mais.".

Ambos suspiraram.

-mais tarde-

A porta de casa abriu-se, revelando a pequena Mariana que havia acabado de chegar, animada. "Cheguei!", chamou.

"Mariana! Já chegaste!", apontou Foxy. Por ter de tomar conta da menina, a raposa acabou por desenvolver um pouco de carinho por ela, deixando um pouco a sua faceta rude e crude de lado.

"Olá Foxy! Tive saudades tuas", a jovem abraçou o seu amigo robô, fazendo-o soltar uma leve gargalhada. "Diverti-me muito hoje!".

"Oh, aposto!".

"Mariana!", Chica surgiu, "Então, como foi o teu dia?".

"Adorei! Queria repetir, foi tão divertido!".

"Comeste alguma coisa durante o dia? Deves estar com fome", comentou preocupada.

"Não, ainda não comi nada!", olhou-lhe com um ar abstraído. Com isto, a sua preocupada amiga levou-a para a cozinha, rapidamente sentando-a e dando-lhe algo para comer. "Queres saber como foi o meu dia?".

"Sim, querida", encostou-se à bancada de granito na cozinha.

"Estive em casa da Marta,", com isto, Chica fez logo uma expressão de amargura, "estivemos a jogar nas consolas dela, e a brincar com os brinquedos dela também! Íamos desenhar também mas a mãe dela disse que tinha que voltar para casa antes que ficasse tarde.".

"Que bom que gostaste.", tentou soar o mais contente possível, apertando partes do seu tecido amarelo com as suas garras robotizadas.

De repente ouviu-se algo a tocar. "Que estranho, quem será?", Chica olhou para a ombreira da divisão logo após o ruído surgir. 

"O que é aquilo?", Mariana questionou, ligeiramente assustada.

"É uma espécie de comunicador interuniversal, usam-no para falarem com alguém que esteja em qualquer sítio no universo", informou, ignorando o barulho que tal coisa soava. "Está no quarto, então o mais provável é alguém atender primeiro".

"Oh! Os astronautas usam isso?".

"Não, aquilo foi feito em Panjoyous", riu.

A menina olhou para o seu telemóvel, pensativa. "Oh... ninguém me tinha falado disso antes...".

A sua amiga encolheu os seus ombros mecânicos como resposta, "Talvez não tenhas precisado de um, tu és de uma família real, também".

"Pois...", olhou para o chão, submersa nos seus pensamentos.

"Mas nunca viste alguém utilizar algo assim?", suspeitou.

A menina abanou a cabeça. Entretanto o som parou, e Chica foi puxando um pouco mais de conversa com a sua companheira, fazendo-a por de parte o assunto anterior. Eventualmente o diálogo foi interrompido com Mangle, que entrou na cozinha de rompante.

"ELE VEM, FINALMENTE", anunciou em alto e bom som. Apesar de deixar a tão adorada menina que cuidava confusa, a galinha amarelada sabia perfeitamente a quem a sua amiga de longa data se referia, deixando-a surpreendida.

"A sério?!", questionou ela.

"Sim! Ele ligou-nos pelo comunicador,", esclareceu a raposa pálida, "só não disse quando. Eventualmente saberemos.".

"Não te preocupes muito com isso agora, o que mais importa é que ele vem".

A Mariana apenas olhava de um lado para o outro, alternando os movimentos de acordo com a conversa. "Herm... quem é "ele"?", perguntou hesitante, olhando para ambas, perdida na conversa.

"Oh, é um amigo nosso, provavelmente já o conheces", respondeu Chica. "Definitivamente conhece", adicionou Mangle, olhando para ela. "Sim.", concluiu a galinha.

A sua expressão não mudara, "Mas quem?".

Os robôs trocaram olhares, trocando mensagens entre eles. Suspiraram, olharam em sincronia para a menina, e sorriram. "Mariana, porque é que não contas à Mangle sobre o teu dia? Aposto que ela está mortinha para saber!", pediu com um tom de excitação.

Mariana olhou para as duas como se fossem loucas.

"Sim! Mal posso esperar para ouvir todas as coisas que fizeste hoje!", o seu entusiasmo fora do normal era claramente falso. Apesar de ser um animatrónico para festas, Mangle nunca foi muito de atuar emoções e disfarçar as suas palavras.

O olhar da pequena apenas se manteve, intensificando-se cada vez mais. "Vocês não me vão contar quem é "ele"?!".

"Sabias que a Mariana foi a casa da sua amiga Marta passar lá o dia?", interrompeu Chica, continuando a ignorar questões daquele tipo.

"Wow! A sério?!", a falta de esforço no tom de voz da raposa era cada vez mais clara, "E foi divertido?".

"Sim! Ela adorou!". 

A conversa retórica continuou, porém foi rapidamente interrompida pela jovem Mariana. "PAREM COM ISSO!", com toda a confusão e ignorância pela parte das suas cuidadoras acabou por ficar stressada. "FOGO, QUAL É O PROBLEMA PARA NÃO ME CONTAREM QUEM É? TÊM MEDO DE ALGUMA COISA, É?".

Ambas "engoliram" em seco, entrecalando olhares com ambas e a menina. "Mariana...", começou o robô amarelo, porém foi logo interrompido com um berro da mais pequena.

"O QUÊ".

Com toda esta confusão, os outros ficaram alarmados, indo espreitar o que estava a decorrer, no entanto decidiram não se meter a meio.

"Acalma-te, por favor.", pediu Mangle, a sua voz trémula pelo receio que sentia. Eles estavam lá para tomar conta dela por ordem da sua irmã mais velha, deixando bem claro que não a poderiam descontentar, caso contrário não teriam um bom desfecho. Apesar de não ter deixado claro o que seria, a pobre robô esbranquiçada temia o que viria por aí.

 "COMO É QUE QUERES QUE EU ME ACALME QUANDO VOCÊS ESTÃO AÍ A IGNORAR-ME E NÃO ME LIGAM NENHUMA?!", levantando mais a voz, fez com que os Freddy's "recuassem" um pouco. "EU SÓ FIZ UMA PERGUNTA, É ASSIM TÃO DIFÍCIL RESPONDEREM-ME? AINDA POR CIMA FICASTE A FALAR DO MEU DIA COMO SE EU NÃO ESTIVESSE AQUI, CHICA.", protestou mais um pouco, apontando para Chica.

Foxy decidiu intrometer-se, numa tentativa de salvar as suas amigas, "É-É surpresa! Elas não te contaram porque é uma surpresa.". As duas apenas abanaram a cabeça em concordância.

A expressão da pequena menina alterou-se, ficando neutra por uns momentos, "Oooh! Faz sentido, porque é que não disseram logo?", perguntou sorridente.

Os três riram, nervosos. Mangle chegou-se ao seu amigo avermelhado e sussurrou entre risos "Devo-te uma.".

Agora que estava tudo resolvido, todos estavam mais calmos, mas claro, agora ao saber que teria uma surpresa, iria ficar curiosa por uns dias, no mínimo.

(29/10)

"Quem é?".

"Não te posso dizer, Mariana.".

"Opá, Foxy! Por favor!".

"Desculpa, miúda, mas não.". 

"Huff!", suspirou a pequena.

"Olha lá, que dia é depois de amanhã?", questionou para desviar o assunto.

"...Dia 31 de outubro?".

"Sim, mas que dia é?", fez um movimento circular com a sua mão robótica perante a pequena.

"Hmm... Oh, já sei! É Halloween!", ficara entusiasmada automaticamente.

"Exato! Já sabes do que te vais disfarçar?".

"Não...", refletiu por uns momentos, olhando para o nada. "Já sei! Podia ir de Marionette! Ele é o meu favorito".

A raposa caolha foi apanhada de surpresa, não sabendo propriamente o que dizer.

"O que é que achas Foxy? Achas que eu ficava bem?", interrogou, num tom doce.

"...Temos de ver, m-mas sim! Acho que te ficava bem... Sim.", refutou, nervoso. "Porque é que não vais ter com a Chica para falar sobre isso, huh? Aposto que ela te consegue ajudar nisso.".

"Sim! Eu já volto!", correu pela casa inteira a chamar pela sua amiga. Eventualmente, após todos terem sido apanhados despercebidos, e risos estranhos vindo da Mangle, a pequena lá conseguiu o que tinha em mente. Com pinturas faciais, roupa preta e uma máscara pintada, a nossa querida Mariana estaria pronta para mostrar o seu simples porém venusto disfarce aos seus amigos na escola.

(31/10)

Com muito entusiasmo, Mariana preparou-se para ir para a escola com a ajuda de Chica. A cara pintada totalmente de branco, bochechas vermelhas, duas grossas linhas roxas a escorrerem desde os seus olhos até à boca e lábios e unhas pintados de preto. Concluindo com a sua escura roupa, lá foi para a escola, alegre. Ao chegar à escola deparou-se com dois dos seus amigos, ambos disfarçados.

"Afonso!", Mariana saudou alegremente, não notando propriamente do que o seu amigo estava disfarçado.

"Olá.", respondeu simplesmente. "Que giro, és o Puppet de F.N.A.F.".

"Sim! E tu és...", divagou, olhando-o de cima a baixo.

"O Mario! Do jogo do Super Mario.", exibiu, puxando ligeiramente o seu macacão vermelho e azul. Com isso, o seu chapéu felpudo quase cai da sua cabeça, porém conseguiu apanhá-lo a tempo.

A cara da pequena contorceu-se numa subtil mistura de nojo e horror, "Oh... Okay.".

O seu amigo soltou uma gargalhada pela reação, "Ainda não gostas do Mario, huh?".

"Não sei o que é que há para gostar nele", cruzou os braços e suspirou dramaticamente, ao que os seus amigos riram.

"Eu gosto da tua máscara, Mariana!", opinou Ariana, saudando-a com um sorriso. Estava com um disfarce de fada, a pintura facial esverdeada a contrastar o seu tom de pele escuro, acentando-lhe perfeitamente e combinando com o seu laço para o cabelo com folhos.

"Obrigada!", agradeceu docemente, curvando-se perante a sua amiga, "Também gosto muito do teu, Ariana!".

Afonso olhou para o relógio que tinha no pulso, "Ainda é um pouco cedo, será que os outros demoram?".

"Não muito, eu acho.".

De seguida, surgiu uma mulher alta, com uma farda emblemática da escola que frequentavam, com uma folha na mão. "Olá meninos, já tiveram conhecimento das atividades que vão decorrer hoje?", questionou-os com um sorriso agradável.

"Não...?", respondeu o rapaz, pensativo.

"Ora bem... Vamos ter uma festa com várias atividades diversas, com comida e bebidas. Um concurso de máscaras e uma banquinha com rifas.", enumerou.

"Um concurso de máscaras?! Eu quero participar!", Mariana ficou entusiasmada com a ideia, sentindo-se confiante.

"Vai decorrer esta manhã, às 10:00. Os vossos professores levar-vos-ão, provavelmente.".

"Tinha falado de uma banca de rifas, tínhamos que trazer dinheiro de casa?", questionou Afonso.

"Não, não! Lembram-se daquelas estrelinhas que vos deram durante as aulas?".

"Não-".

"Estas?", questionaram as duas meninas em coro, exibindo meia dúzia de estrelas douradas feitas de papel nas suas mãos.

"Essas mesmo!", respondeu a senhora. "Vão poder usá-las como moeda para troca nessa tal banca que irá haver.".

"Então é por isso que nos deram tantas!", Mariana observou entusiasticamente.

"Como assim tantas? Eu não recebi nenhuma.", protestou o seu amigo, confuso.

"Vocês recebiam isso no final de cada aula que se portassem bem.", explicitou a funcionária.

"Oh.", disseram os três. "Acho que faz sentido", Afonso encolheu os ombros, as outras duas riram.

Eventualmente chegaram mais estudantes, alguns sendo amigos do grupo que os três formavam, outros não. Tal como eles, haviam miúdos que estavam mascarados, porém não todos, por exemplo, a sua amiga Áurea não estava. Bem, após todo o ritual de saudações entre o grupo e elogios variados aos disfarces que alguns traziam, ficaram a conversar sobre qualquer tipo de assunto enquanto esperavam pelas atividades começarem. Primeiro vinha o concurso de disfarces, que incluiria todos os alunos a partir do 1º ano. Apesar da maioria não mostrar gosto pela festividade, os alunos do 9º ano acabaram por ir, mesmo que quase ninguém estivesse lá por pura diversão, mas sim para não terem de assistir às entediantes aulas. Infelizmente nem a Mariana nem nenhum dos seus amigos ganhou, mas sim uma menina do 6º ano, com uma bela e muito trabalhada caracterização de noiva cadáver, com uma maquiagem hiper-realista e um vestido de noiva esfarrapado, como se tivesse deteriorado ao longo dos anos. Mesmo não vencendo, a pequena Mariana ficou feliz por ter participado e visto outros disfarces tão incríveis.

"Vocês podem ir, não se preocupem! Eu já vos apanho", avisou. Dirigiu-se à vencedora, que ainda lá estava, e elogiou-a dos pés à cabeça, porém a única resposta que obteve após tal ato foi um olhar tímido e fixo, como se a menina tivesse medo dela, coisa que esta notou pouco tempo depois. "Desculpa... Não te queria incomodar.", desculpou-se nervosamente pelo que acontecera agora mesmo e saiu do enorme e escuro edifício, rapidamente encaminhando-se para os seus amigos de volta.

"Então?", perguntou-lhe Laura, notando o ar cabisbaixo da amiga.

"Acho que assustei a menina...".

Afonso tossiu pelo choque, "O que é que fizeste?".

"Nada! Só fui ter com ela para dizer que tinha gostado muito do fato dela...", sentiu-se insegura pelo que fizera. "Mas ainda temos um grande dia pela frente! Vamos!".

E era verdade, tinham todos um grande e divertido dia pela frente. Logo após o almoço, voltaram para o interior da escola e continuaram a participar no resto das atividades, e eventualmente trocaram as suas estrelas douradas por presentes como peluches, doces ou até livros. À exceção do Afonso, o Afonso não se porta bem.

Mas bem, o dia eventualmente chegou ao fim e todos tiveram que ir para casa. "Nós estávamos a pensar ir pedir doces mais tarde, não queres vir?", perguntou Afonso, acompanhando Mariana à sua casa.

"Não.", respondeu simplesmente.

"Okay...", suspirou.

Continuaram a caminhar, a pequena focada somente nos seus pensamentos. Até que eventualmente chegaram à sua rua, rapidamente despediu-se e correu para a porta do seu prédio de braços esticados. Abriu a porta com a sua chave, subiu as escadas abruptamente, tentando não escorregar, e abrindo outra porta, esta dando para o seu apartamento. Ofegante, chamou pelos seus amigos, ouvindo-os da sala de estar, caminhou até lá e deparou-se com um animatrónico delgado, maioritariamente preto com detalhes brancos, como linhas e botões, uma máscara branca na sua cabeça. Que coincidência, a pessoa é parecida com o...

Oh.

Bem, isto é constrangedor

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