Capítulo Sete
— Girl meets the devil —

Senti meu corpo ser arremessado no chão enchendo cada osso do meu esqueleto com uma dor assustadora.

Abri meus olhos para me encontrar em uma sala enorme e mal iluminada. Havia alguns objetos antigos e um telão no canto com os dizeres "Estreia: A tecnologia Astecas". Deduzi que estávamos em um dos salões de exposição. As paredes de cor cinza e a decoração da sala deixavam o ambiente ainda mais perturbador.

Havia cerca de dez daquelas criaturas de pele avermelhada. Todas usavam macacões de couro preto e carregavam objetos estranhos parecidos com armas; apesar de ter tamanho consideravelmente maior e serem feitas com um material transparente rodeadas por uma aura vermelha que mais parecia poeira espacial cintilante.

Os monstros continuavam se comunicando em sua língua estranha, apesar de que aquilo estava mais para uma discursão do que uma conversa normal. Observei quieta enquanto o cabeça de fósforo (nome ao qual decidi apelidar aquelas coisas) que me trouxe até aqui amarrava minhas mãos com uma corda. Ao terminar, a criatura virou-se e chamou seus companheiros que até então não pareciam ter me notado. Um deles segurava uma capsula de vidro com um líquido azul-céu que brilhava como se tivesse luz própria, simplesmente hipnotizante.

Enquanto os cabeça de fósforo estavam conversando olhei ao redor procurando possíveis rotas de fuga, quando meu olhar foi direcionado ao objeto enorme atrás de mim. As batidas do meu coração vacilaram por um momento em negação, a cena bizarra me fez colocar todo o meu café da manhã para fora.

O cilindro de vidro de 3 metros era preenchido por uma água cristalina. O corpo de um homem nu parecia estar sendo mantido vivo ali. É isso que os filmes de ficção científica falavam sobre quando o assunto era criogenia, certo?

Você poderia pensar que aquele dentro do cilindro era um humano comum; seu corpo bem definido, sua pele clara e uniforme e cabelos castanho-claro com certeza seduziriam qualquer mulher por aí. Bem, isso se não fosse pelo par de chifres pretos em sua cabeça e as assas de anjo negras em suas costas.

Mas o bizarro mesmo eram as 8 cabeças decapitadas que flutuavam na mesma água. 3 de crianças, 5 de homens e mulheres jovens.

Limpei o canto da boca e olhei para o cilindro novamente. Minha mente se perdeu novamente quando o homem abriu seus olhos e uma imensidão vermelha tomou meu campo de visão. Sua íris era de um tom tão bonito que tive certeza que nenhum outro ser humano jamais teve algo sequer similar. Ele parecia ler minha alma. Bem, se os olhos são mesmo os portões da alma então os meus estavam escancarados para que ele pudesse entrar e levar minha alma consigo.

De repente aquele vermelho se transformou em uma sensação de terror que preencheu cada nervo no meu corpo. Senti como se estivesse sendo coberta com um manto de escuridão e medo. Eu estava tão apavorada que meu corpo paralisou e lágrimas escorreram do meu rosto sem que eu pudesse evitar.

"Ele é o diabo, certeza. Homens vermelhos e agora um anjo com chifres? Eu pequei tanto assim pra estar nessa cilada, Deus?", pensei.

O homem deu um sorriso de lado e eu soube que ele leu minha mente ali mesmo. Seus olhos voltaram a fechar-se como se estivesse a dormir. Agradeci a Deus. Iria ficar louca se ele continuasse me encarando.

Tudo parecia ter durado certa de minutos, mas sabia que não permaneci nem 5 segundos encarando aquele demônio.

Um dos cabeças de fósforo olhou para trás vendo a sujeira que eu havia feito. Não é como se eu achasse que ele ia se preocupar comigo, mas eu realmente não esperava levar um soco no rosto por causa daquilo. A criatura começou a gritar comigo naquela língua estranha quando um barulho alto surgiu da porta por onde entrei desviando a atenção de todos.

Não tive muito tempo de reação, a última coisa que eu vi antes do meu corpo fraco desabar de vez no chão foi o homem aranha lutando contra os cabeça de fósforo e o cilindro com líquido azul escorregando das mãos de uma das criaturas e sendo arremessado na minha cabeça.

Capítulo curtinho, mas prometo caprichar no próximo.
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