CHAPTER ONE

Capítulo Um
New York —

Mudar de casa sempre parece ser algo emocionante, novas aventuras, novas pessoas, novo colégio, uma nova oportunidade de começar a vida.
Claro que eu senti isso da primeira vez. As borboletas no estômago ficavam gritando "Hey, vamos-lá, garota! Essa é a hora de mostrar para essa cidade a melhor versão de Amberly Grays!".

O fato é que depois da oitava mudança em menos de dois anos elas pararam de gritar isso. Agora elas tentam sair do meu estômago e me levar de volta pra casa. Se é que eu realmente sei o que isso significa.

Após a morte da minha mãe, meu pai enlouqueceu. Cheguei a perder as contas de quantas noites ele chegou em casa bêbado ou então passou a noite no trabalho evitando me ver.

Eu era uma adolescente normal naquela época, amava séries e sair com minhas amigas. Infelizmente tive que me contentar em passar noites chorando em meu quarto e aprender a lidar com isso sozinha, já que meu pai estava ocupado demais ignorando a minha existência.
Acho que por conta disso eu amadureci mais rápido que as outras garotas de minha idade. Eu aprendi a lidar com meus problemas sozinhas enquanto outras pessoas da minha classe diziam morrer por causa de um fora.

— Você vai amar Nova Iorque! — Meu pai disse me despertando dos meus desvaneios. Estava tão focada na música que tocava nos meus fones que mal percebi quando adrentramos a enorme cidade.

— O senhor sabe que eu odeio cidade grande. Esses prédios me deixam sufocada.

— Por isso que vamos para um bairro mais calmo.

— Existe um bairro "mais calmo" em New York? — Perguntei fazendo aspas com as mãos.

— Claro que existe! Você mal vai perceber que estamos em uma das cidades mais populosa do mundo!

— Eu só queria ficar em mesmo lugar por mais de dois meses. Sem mais mudanças, sabe?

— O que disse? — Perguntou meu pai, o qual não estava nem aí pro que eu falava.

— Melhor o senhor se concentrar na estrada. Não quero morrer hoje.

O engraçado de toda essa confusão de se mudar de quatro em quatro meses começou depois que meu pai meu pai frequentou um grupo de ajuda para pessoas que perderam parentes muito próximos.

O que era pra ser uma ajuda acabou se tornando o "empata foda" da minha vida.

A desculpa do pai sempre é a mesma: Nós precisamos de novos ares para a energia negativa não nos tomar.
Ele virou um hippie, certeza.

Com o tanto de dinheiro que já gastamos nessas mudanças acho que só não estamos morando na rua porque meu pai tem uma empresa bem grande em Los Angeles e ele pode administra-la pelo computador.

Alterno as músicas da minha playlist, mas nada me agrada. Procuro algo novo no spotify e escolho aleatoriamente uma chamada Fell Good, dos Gorrilaz.

Eu já tinha ouvido falar nessa banda, meu amigo era louco por eles. Ele mencionou uma vez que eles não apareciam nos vídeos do youtube deles. Era tudo em animação.

Em cerca de vinte minutos nosso carro já está estacionado em frente a uma casa, não muito grande, mas nada pequena.

— Como você conseguiu uma casa nessa cidade?! Isso é uma relíquia no meio desses prédios. — Perguntei incrédula.

— Bem, digamos que eu tive que mexer alguns pauzinhos.

— Obrigada pai. Não sei o que seria da minha sanidade se tivesse que morar mais algum dia dentro de um apartamento, já basta aquela temporada em São Francisco. - Arregalei os olhos abservando o nada, lembrando dos momentos assustadores que fiquei em um apartamento minúsculo porque meu pai fez a reserva no hotel errado.

— Eu vou entrar, preciso dormir. Você vem? — Meu pai perguntou entrando dentro da casa. Olhei para o homem com a intenção de responde-lo, mas a minha atenção foi desviada quando escutei um barulho estranho vindo do final da rua.

— Eu vou daqui a pouquinho. — Disse cerrando os olhos procurando o que é que fosse que havia feito barulho segundos atrás.

Andei cautelosamente vendo uma figura humana vestida em vermelha e azul em cima de um poste.

A última parte me deixou bem confusa.

Estava muito escuro, eu mal enxergava algo a dois palmos de mim. Não pude entender se o que eu tinha visto era real, pois no momento que pesquei novamente não havia nada mais ali ou em qualquer outro lugar. Apenas o vazio da noite gelada de Nova Iorque.

Entrei dentro de casa procurando meu quarto. Após achá-lo, pus minha mochila em cima da cama e retirei o meu notebook de dentro da mesma.

Meu telefone tocou antes mesmo de eu colocar minha série preferida da netflix.

Bufei retirando-o do meu bolso e atendendo a ligação.

— Alô?

— Amber? POR QUE VOCÊ NÃO RESPONDE MINHAS MENSAGENS, CACHORRA? — Gritou Megan, minha melhor amiga.

— Acho que deixei meu celular no silencioso, foi mal... — Respondi mordendo o lábio inferior.

— Eu preciso que você olhe o site do New York Times, AGORA!

— Calma, já to indo.

Digitei o site no meu notebook e a manchete em destaque me assustou. Acho que foi um misto de medo e curiosidade.

Li o título da notícia mais cinco vezes, mal acreditando no que via.

— Estão oferecendo oitocentos dólares por qualquer informação e eu soube que você é uma ótima jornalista.

Megan... Você não poderia ter me dado notícia melhor.

Sorri pegando meu bloquinho de notas e escrendo em letras maiúsculas "SPIDER-MAN".

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