Capítulo Quatorze
— Come on, Peter! —
Voltei para casa naquela tarde quase desmaiando de fome. Passei o intervalo procurando Chris para pegar seu endereço e marcar o dia de nos encontrarmos para começar o projeto de biologia. Achei ele faltando cinco minutos para o sinal tocar e tive que comer uma barra de cereais no banheiro o mais rápido possível para sobreviver ao resto das aulas.
Acho incrível quem consegue passar a manhã sem comer nada, se eu não tomar café e lanchar as dez horas, meu estômago suga todas as minhas energias.
Meu pai não estava em casa. Ainda não havia me acostumado com o fato dele estar realmente saindo de casa para trabalhar, por isso sempre me assusto ao perceber que ele não responde de volta quando eu grito seu nome.
Esquentei uma lasanha de ontem a noite e almocei sozinha, depois corri para o notebook e mandei uma mensagem pelo twitter para Megan perguntando se ela estava livre para ir na delegacia comigo.
Após uma hora de espera, aceitei que ela provavelmente estava trabalhando ou desmaiado completamente. Peguei minhas chaves e saí de casa apenas mudando de roupa antes.
Não sabia onde a delegacia ficava e sem o gps no meu celular minha única alternativa era pedir a Peter para me mostrar o caminho. Bufei ao perceber que teria que o encarar novamente em tão pouco tempo. Digamos que no nosso último "encontro" eu não estava muito paciente.
Apertei o botão do elevador para o andar do apartamento de May ajeitando minha saia de pregas que, parando pra pensar, estavam mais curtas que o normal. Meu pai com certeza misturou as roupas na máquina de lavar de novo. Me repreendi mentalmente por não me olhar no espelho antes de sair de casa, esse meu velho hábito um dia vai me fazer passar mal bocados.
Assim que as portas de ferro se abrem os meus olhos encontram os de Parker. Eu esperava ter mais tempo pra bolar um pedido de ajuda.
—Indo a algum lugar, Peter? — Perguntei dando espaço para ele entrar no elevador. O garoto me olhou de cima a baixo entrado sem me responder. — Como pode ver... — Comecei. — Eu meio que preciso da sua ajuda.
— Gostaria que tivesse pedido minha ajuda antes de entrar em uma briga com a droga do Travis! — Ele se exalta. — Ou talvez você deva pedir ajuda ao Chris.
— Ei, ei, calma. Se o que está te preocupando é Travis tentar uma vingança, não precisa disso tudo. Eu achei um vídeo no youtube pra praticar meu soco de direita. — Disse gesticulando um soco no ar enquanto imaginava os dentes de Travis quebrando.
— Você precisa levar as coisas mais a sério, Amberly. Bryce pode ser o cérebro de uma minhoca, mas ele sabe como se vingar de alguém, e acredite em mim, ele vai usar meios mais eficazes do que força física.
O que Peter falou fez um calafrio passar pela minha espinha. Eu posso ser impulsiva e fingir que não me importo com nada, mas a pixação hoje cedo me fez perceber que eu ainda tenho medo do julgamento alheio. Eu só espero não terminar como Carrie, banhada em sangue de porco no baile.
— Ha, ha, não faça esse alarme todo. Eu tenho Ellie do meu lado e ela senta com os populares no intervalo. Travis não ousaria fazer algo contra mim sabendo que sou amiga dela.
— Travis senta na mesma mesa que Ellie, não acho que ele se incomodaria muito em desocupar um lugar para colocar uma de suas "diversões", se é que me entende. — Parker diz e o elevador abre as portas mostrando o hall de entrada hotel.
Acompanho os passos rápidos de Peter com facilidade enquanto saímos para a rua.
— De qualquer forma eu não me importo. — Menti. — Eu vim aqui pra saber se você pode me levar até a delegacia, eu não sei o caminho. — Peter para bruscamente me fazendo chocar contra suas costas. O moreno vira rapidamente segurando meu pulso.
— Delegacia?! Em que problema você se meteu agora? — Perguntou apreensivo.
— Você precisa relaxar, Parker. — Disse puxando meu braço de volta. — Aconteceu alguma coisa?
— Eu perguntei primeiro.
— Não, não me meti em encrenca. — Disse batendo o pé no chão, já cansada dessas acusações. — Preciso pegar meu celular que foi levado como evidência do atentado no museu.
— Ah, era isso? — Ele diz voltando a andar para onde quer que esteja indo. Eu o sigo. — Pensei que a Megan ia com você.
— Eu mandei mensagem pra ela pelo twitter, mas ela não respondeu, deve estar ocupada. — Falei caminhando mais rápido e ficando ao lado de Parker. — Vamos lá, sabe o quão difícil é pra uma adolescente ficar sem o celular? Quero dizer, você parece ter a alma de um idoso então talvez não me entenda.
— Você tem um jeito incrível de convencer alguém a te ajudar. — Peter diz fazendo uma careta engraçada. Me pus na frente dele impedindo-o de andar.
— Tá, o que você quer em troca? — Perguntei.
— Eu não acho que você tem muito para oferecer.
Abri minha boca em um "0". Não que ele estivesse mentindo, mas ainda dói ouvir isso.
— Okay, eu te ajudo. — Parker cedeu por fim. Sorri e lhe dei um abraço com a imagem do meu celular nas minhas mãos novamente. Ele, por outro lado não pareceu gostar muito do abraço já que ficou todo desconcertado.
— Por falar nisso, onde você estava indo? — Perguntei olhando a mochila nas mãos do garoto.
— Nenhum lugar importante, posso deixar isso pra mais tarde. — Disse passando as alças da mochila verde musgo pelos ombros.
Seguimos até a delegacias de Nova Iorque mais próxima ao Museu. Passar por aquela construção branca e marrom me despertou memórias ruins, as quais precisei fazer esforço para afastar.
— Boa tarde, no que posso ajudar? — A oficial atrás do balcão perguntou assim que nos aproximamos.
— Eu vim buscar meu celular, ele foi levado como evidência do Museu da Cidade de Nova Iorque, na última semana. — Respondi.
— Vou precisar dos seus seus documentos. — Levantei a camiseta branca tirando um porta documentos preto da barra da minha saia. Entreguei-os para a mulher que consultou algo no computador antes de nos indicar uma sala.
A sala tinha várias cadeiras e um balcão longo na frente. Peter e eu ficamos sentados ali esperando por alguns minutos.
O espaço era bem iluminado e com paredes brancas e cinzas, havia também uma outra porta na esquerda da qual um policial saiu carregando um saquinho transparente contendo meu celular.
— Amberly Grays? — Perguntou. Assenti com a cabeça me aproximando. — Assine aqui por favor. — Ele entregou um documento e uma caneta e após assinar a papelada finalmente pus as mãos no meu celular. Suspirei aliviada.
Peter me deixou de volta em casa quando o sol estava quase de pondo.
— Obrigada de verdade. — Agradeci. — Me diga se precisar de algo, eu te devo uma.
— Não se preocupe com isso. Bem, eu vou indo. Até mais.
— Até. — Acenei observando enquanto peter virava a esquina e sumia da minha visão. Me pergunto o que ele tinha para fazer essa hora.
Entrei em casa vendo que o carro de meu pai ja estava do lado de fora. O encontrei cozinhando alguma coisa que cheirava muito bem.
— Onde você estava, mocinha? — Perguntou pondo o pano de prato no ombro. Mesmo vendo ele de avental todo dia, a cena ainda era engraçada.
— Fui pegar meu celular na delegacia. — Disse agitando o saco transparente. — Vou tomar um banho. — Disse indo em direção as escadas.
— Precisa de um banho mesmo, você está começando a feder. — Meu pai brincou, fazendo uma careta.
— Ha, ha, ha. Muito engraçado senhor Grays. Me avisa quando o jantar estiver pronto.
— Vai demorar um pouco, eu acabei de começar.
— Okay, não estou com tanta fome mesmo.
Pus meu celular pra carregar tomei um banho demorado. Vesti um short confortável e uma blusa de alcinhas rosa.
Ver meu telefone ligar fez meu coração se acalmar, pelo menos ele não havia quebrado ou algo do tipo.
Mas a tranquilidade passou quando abri a galeria e vi a foto daquela coisa vermelha.
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