CHAPTER FOUR

Capítulo quatro
What's the plan now?

O barulho do despertador tocou, me lembrando que estava atrasada para escola mais uma vez na semana. Havia se passado uma semana desde o jantar na casa da May e eu não vejo Peter desde então. Quero dizer, ele claramente vem me evitando desde o incidente sobre o acampamento. Outro dia ele deu a volta no quarteirão só pra não cruzar comigo depois da escola!

— Querida, ainda não está pronta? — Meu pai perguntou assim que entrei na cozinha.

— Óbvio que estou, por que não estaria? — Estranhei a pergunta.

— Você vai usar isso aí? — Respondeu me olhando de cima a baixo.

— Ué, qual o problema? — Perguntei um pouco ofendida. Minha camisa do nivana e minhas calças jeans só estavam um pouco amarrotados.

— Você usou essa mesma roupa como pijama dois dias atrás.

— Eu usei? — Tentei vasculhar na minha memória por algum lapso de lembrança do ocorrido, mas não achei nada. — Bem, eu não estava usando esse magnifico coturno para dormir, então é um look totalmente diferente. — Abri a geladeira tirando o jarro de suco de dentro e me servindo. — O senhor não fez torradas? — Perguntei olhando o balcão em procura de algum sinal dos pães enquanto meu pai mechia em uma pasta procurando o que eu presumi serem documentos.

— Na verdade não. A filial da empresa está com alguns problemas e eu vou ter que passar lá. Na verdade eu já estou dez minutos atrasado. — Comentou dando um suspiro de alívio ao achar os papéis que procurava dentro da pasta mal organizada.

— O senhor trabalhando fora do computador? Acho que os gases poluentes daqui já estão te afetando. Vamos rezar pra radiação não te deixar deformado também. — Brinquei colocando os pães na torradeira.

— Ha, Ha, muito engraçada. Por falar nisso, não poderei te deixar no colégio hoje.

— Ah não! De jeito nenhum! O senhor sabe que eu tenho uma maquete pra entregar hoje. Não dá pra levar ela na mão e o ônibus escolar já saiu faz cinco minutos! — Ele não podia fazer isso. Eu gastei a madrugada toda ligando uma duzia fios de cobre.

— Eu sei, por isso perguntei a May se o Peter podia te dar uma carona.

— Você fez o que? — Meu dia não tinha como piorar. — Pai, eu não posso pegar carona com o Peter. Primeiro que eu mal o conheço, segundo que ele não tem carro. Eu sempre vejo ele voltando da escola a pé.

— A May vai emprestar o carro a ele, já que ele também tem uma dessas maquetes pra entregar. — Bufei.

— E como ela vai para o trabalho?

— Eu vou dar uma carona pra ela.

— Ah, mas pra dar uma carona pra mim que é bom nada.

— Seu colégio fica do outro lado da cidade, o trabalho da May não. Agora tenho que ir. Melhor você comer logo, Peter já deve estar chegando. — Meu pai pegou seu paletó cinza em cima do sofá abrindo a porta da frente e dando, coencidentemente, de cara com Parker prestes a tocar a campanhia. — Ótimo aí está ele. — Disse, mais para mim do que para o garoto parado ali com sua camiseta azul marinho. — Tchau, e dirija com segurança Peter.

— Está pronta? — Perguntou Peter, coçando a nuca enquanto fechava a porta atrás de si.

— Corta o papo furado, Parker. Eu sei que você está odiando essa carona tanto quanto eu.

— C-claro que não. Por que eu estaria? — Perguntou e eu fiquei imaginando se ele se dava conta do quão ruim é em mentir. — Onde está sua maquete? Eu posso ir colocando no carro enquando você termina seu café da manhã.

— Ela tá muito pesada, deixa que eu te ajudo.

— Não precisa! Eu dou conta.

— Okay senhor eu-dou-conta. Mas se você quebrar ela, eu literalmente te mato. — Disse dando ênfase no "literalmente". Se algo acontecesse áquela maquete eu era capaz de cometer um homicídio. Não estou em meu juízo perfeito depois de três madrugadas em claro.

Após alguns minutos Peter desceu com a maquete em mão, o engraçado é que o peso do objeto não parecia incomoda- lo. Imagino que levou um grande esforço fingir essa cara de tranquilidade segurando quase trinta quilos.

Após alguns minutos entramos no carro e passamos o trajeto inteiro em silêncio. Estávamos quase chegando ao colégio, quando ficamos presos em um engarrafamento. Luzes de carros de polícia brilhavam mais a frente.

— O que está havendo? — Perguntei. Peter abaixou o vidro para tentar ter uma visão melhor. O que foi inútil.

— O que está fazendo? — Parker perguntou com a aquela cara de cachorro molhado e eu juro que tive que rir.

— Não tá vendo que eu to ligando a rádio? — Respondi tentando sintonizar em algum canal enquanto mechia nos botões do aparelho do carro.

— Eles não vão estar reportando isso na rádio. — Comentou revirando os olhos.

"E o assalto continua. Os invasores estão mantendo funcionários e visitantes como reféns. Ao que parece, eles liberaram uma das vítimas à poucos minutos. — Disse a voz do radialista. Olhei para Parker com uma sobrancelha erguida e sussurei um "O que você dizia, mesmo?" — E-eles não são humanos! Eles vão matar todos a não ser que tragam o q-que eles querem. — Uma voz assutada feminina soou do aparelho. Parecia o depoimento da refém a qual foi liberada. — O quadrante de forças especiais chegou a alguns minutos ao Museu Nacional. Todo o local está cercado.

— Quando ela disse que eles não eram humanos, ela tava falando no sentindo figurativo, não é? — Perguntou Peter, mas eu não consegui responder. Após o radialista dizer as palavras "museu nacional" meu corpo simplesmente travou.

Megan trabalha lá e justamente hoje ela precisou faltar no colégio para organizar um mostruário de quadros que estavam para chegar ao museu. Holmes devia estar sendo feita de refém também! Eu preciso ajudá-la.

— Nós vamos entrar lá! — Disse saindo do carro.

— O que?! Você tá maluca? — Peter grita travando a porta do carro e tentando acompanhar meus passos. — Isso é um assalto, não uma aventura estúpida, você pode morrer!

— A MEGAN ESTÁ LÁ! — Gritei começando a chorar. — Minha melhor amiga está lá dentro! Eu não dou a mínima se você vai vir comigo ou não. Eu não vou deixar outra pessoa que eu amo morrer. — Recuperei o fôlego e enxuguei as lágrimas com o dorço da mão. Peter me encarou e suspirou.

— Qual é o plano? — Olhei em seus olhos surpresa por ele não ter continuado a tentar me impedir.

— Certo. — Disse abrindo minha mochila e tirando um mapa da cidade. — Essas são as linhas de esgoto que passam por debaixo da cidade. E essa, passa justamente por debaixo do Museu. — Disse apontando para uma linha azul que estava exatamente embaixo de nós. — O que ninguém sabe é que o Museu tem uma ligação no sistema de esgotos. Podemos entrar por lá.

— É um bom plano pra falar a verdade. Mas por que raios você tem um mapa da cidade na sua mochila? — Perguntou.

— Eu peguei o mapa da biblioteca pra poder construir a maquete. Precisávamos fazer uma representação de algum lugar que gostavamos na cidade, lembra? Não vai me dizer que errou o tema do trabalho.

— Claro que não. Mas isso não explica como você sabe sobre o museu e as linhas de esgoto.

—  Eu escolhi essa praça ao lado do museu, é de longe o lugar mais calmo da cidade. Megan estava me ajudando e acabamos chegando no assunto das redes de esgotos, crocodilos e essas coisas. Mas isso não importa agora.

— Deve ter algum bueiro por aqui. — Parker andou em volta procurado uma entrada. — Achei! — Disse retirando uma tampa de ferro sem nenhuma dificuldade. Essd garoto vem malhando? — Damas primeiro.

— Então pode ir logo, não temos o dia todo. — Peter bufou e desceu pelas escadas sendo seguido por mim.

Após alguns poucos minutos encontramos outro bueiro, o qual provavelmente seria o ligado ao museu, já que não estavamos muito longe do prédio.

Peter retirou a tampa e me ajudou a subir pela escada enferrujada que levava á uma sala cheia de objetos empoeirados.

— Esse deve ser o porão. — sussurei para que apenas Peter escutasse.

— Alí. — Parker apontou para uma escada de ferro á nossa frente.

— Espera! Nós não podemos sair assim. Precisamos de um disfarce. — Disse abrindo uma caixa com uniformes de faxineiro. — Veste isso! — Disse jogando um macacão preto para ele.

— Agora?! — Perguntou. Apenas revirei os olhos para aquela pergunta estúpida e tirei minha blusa. Pude ver o olhar Peter congelar, porém não me importei e continuei a retirar minhas calças. — Será que dá pra você parar de encarar e apenas tirar essa roupa logo? — Bufei pondo as mãos na cintura.

— E-e-eu... — Guaguejou. O vermelho em seu rosto o fazia parecer um pimentão.

— Você nunca viu roupa íntima não? Galera de biquíni, talvez? — Comentei.

Catei o meu macacão preto do chão e o vesti. Peter trocou de roupa mais rápido do que eu imaginava.

— Garotos são estranhos... — sussurrei balançando a cabeça negativamente.

— Qual o seu plano agora?

Olhei em volta tentando bolar algo que não saísse estúpido ou arriscando demais. Porém qualquer coisa que fizessemos agora seria exatamente isso.

— Eu não faço ideia. — Confessei.

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