O homem mais feliz do mundo

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Minha cabeça está latejando e eu me sinto horrível dentro dessa beca cor de mostarda. Acabou. É isso que eu penso. Acabou.

Olhando-me no espelho do banheiro, fugindo da cerimônia enquanto meu nome está longe de ser chamado, eu penso em sair correndo, só quero ir para longe e quero ficar sozinha. Minha respiração está acelerada e eu não sei o que vou fazer com minha vida a partir de amanhã.

Acabou. Eu terminei o ensino médio e sinto que sequer pisquei para que o tempo passasse voando assim. Cacete, eu passei e nem consigo acreditar que as provas finais não foram nem de perto minha primeira preocupação nessa última semana.

Tem sido dias repletos de tensão, toda a hora que vejo, me deparo com uma babá me vigiando. Estão todos em cima de mim e eu tenho que reforçar a maquiagem em meu pescoço antes de sair ou meu pai vai ficar me encarando como se estivesse tentando enxergar alguma coisa de novo.

São tantas coisas se desenrolando que eu nem sei por onde começar.

Jasper está possesso e mais do que pronto para começar uma guerra. Minha teoria de que os vampiros de Seattle faziam parte do exército de Victoria foi confirmada quando aquele vampiro sumiu com algumas peças de roupas minhas e de Bella. Eles precisavam do nosso cheiro e logo começariam a caçar.

Eu tenho medo do que vem a seguir.

Como se não bastasse, agora sabemos que eles estão vindo. Com nossas roupas, há a confirmação para Victoria de que eles estão no caminho certo. Aposto que aquele rapaz de cabelos escuros que invadiu meu quarto está se gabando para ela como foi fácil chegar até mim. Eu não consigo dormir bem tem dias, estou agoniada demais e Jasper está se ocupando para que cada um de sua família esteja mais do que preparado para matar dois vampiros por conta própria. Quando ele aparece, a gente não conversa muito porque eu estou cansada e só com ele por perto eu consigo cochilar.

O clima não está estranho entre nós, por incrível que pareça. Jasper está tranquilo e não parece fixado na ideia de que eu confessei que o amo, o que só faz com que eu o admire mais ainda. Ele fez com que eu não me sentisse errada, fez com que as coisas continuassem exatamente como eram antes de meu pai intervir ou de eu ficar bêbada tentando beijá-lo. E eu só o amo mais por causa dessas pequenas coisas, tenho cada vez mais certeza de que o quero. Porque Seth apareceu todo alegre dizendo como Jasper o treinou, Jacob e o resto da matilha também. Jasper está cuidando de mim e daqueles que me importam e eu o amo pra um caralho por isso.

Minhas mãos tremem e eu aperto as bordas da pia querendo que o mundo pare, mas eu tenho que sair do banheiro e ir encarar o fechamento de um ciclo importantíssimo da minha vida.

Respiro fundo, está tudo bem. Vai acabar tudo bem. Nesse final de semana teremos uma batalha e eu posso ter certeza que ela já está ganha.

Quando marcho para fora, poucas pessoas me notam e Bella me recebe do seu lado com um sorriso fraco. Ela agarra minha mão e eu só quero deixar os sentimentos bons dominarem meu corpo. Estou me despedindo de vez da adolescência e irei ser consumida para o mundo real.

Todas as coisas que os outros me disseram não saem da minha cabeça e eu sei que eu posso. Eu posso me transformar. Reparei que é isso que eu quero, porque eu também preciso me sentir segura mesmo quando estiver sozinha e quero esquecer a palavra impotência. Eu quero virar vampira e proteger aquilo que me pertence sem ter que ser nunca mais a princesa em apuros.

Chega de babás, chega de medo. Eu vou me proteger e deixarei de ser um peso para os meus amigos e família. Bella e eu conversamos sobre isso duas noites atrás e concordamos que seria depois da luta contra Victoria. Vamos ter que fazer isso direito, vamos ter que contar para nosso pai o que vai acontecer para que ele não se desespere. Quem sabe, até podemos transformá-lo se ele quiser!

Eu estou desesperada.

Quando meu nome é chamado e eu sou banhada de palmas e flashs, consigo colocar um sorriso no rosto e atuo como se este fosse o melhor dia da minha vida embora esteja um tanto longe de ser verdade. Recebo meu diploma e aperto a mão dos professores até o fim.

Tudo não passa de um borrão e eu só quero chegar logo em casa. Eu só preciso que tudo acabe bem no fim do dia.

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Papai queria nos levar para sair e como sinto firmemente que posso morrer a qualquer momento, apenas aceito. Nós almoçamos hambúrguer e batata frita, a gordura se impregnou em nossos corpos de um jeito delicioso e Bella e eu só nos preocupamos em ouvir como Charlie estava orgulhoso de nós. Até Renée nos ligou e eu não sou muito acostumada a falar com ela então foi estranho, mas era bom ouvir minha mãe. Me senti mal porque faz tempo que não a vejo e tampouco estou fazendo algo de útil para melhorar essa situação. Ela é mulher que me carregou no útero durante meses e eu tenho que dar um jeito de ir até ela antes de acabar com minha vida humana e simplesmente sumir até os Cullen se convencerem de que eu tenho capacidade de ficar perto de humanos novamente.

Foi um dia bom, pra variar, e quando cheguei em casa, só queria dormir até o inverno chegar, mas não podia fazer tamanha desfeita com meu trabalho mais uma vez então fui lavar pratos e levar o lixo para fora até o fim do dia.

Só consigo pensar em como não é essa vida que eu quero. Eu desejo tantas coisas mais e sei onde posso conseguir uma vida extraordinária. E é isso? É assim que eu tomo a maior decisão da minha vida? É o que parece.

Não quero a mediocridade, eu quero muito, muito mais. Não quero sentir esse cansaço no meu corpo até o fim de meus dias, não quero me preocupar com doenças ou com dores. Não quero mais ser a garota vulnerável. Almejo pelo poder uma vez e me encontro sedenta por ele. Quando arrasto meus pés escadas acima, sei quem vou encontrar quando abrir a porta do meu quarto.

Não olho na sua direção, mas sei que ele está sentado na minha janela, esperando. Jogo a mochila no chão e tiro o casaco bagunçando o cabelo.

— A gente precisa conversar— suspiro. Jasper cruza os braços e espera eu focar o olhar em seu rosto.

— Sou todo ouvidos— ele diz, calmamente.

— Eu quero me transformar.— digo, sem mais delongas. Jasper fica completamente imóvel por um instante e eu vou me sentar na cama, cruzando as mãos no colo.

— Perdão?— ele indaga, parecendo em choque. Eu respiro fundo e apenas o encaro, tenho plena certeza de que ele me entendeu bem— Você... você quer virar vampira?— ele se desencostou da janela e, de repente, parecia muito agitado.

— Eu pensei muito nisso esses dias e... é o que eu quero, Jasper— eu balancei a cabeça, olhando ao redor. O meu quarto precisa de uma faxina.

— Caterine, isso é.... é, quer dizer.... eu...— ele gaguejou e eu franzi a testa, curiosa com seu nervosismo.

— O que foi? Não concorda?

— Não! Não, longe disso— ele se ajoelhou aos meus pés e pegou minhas mãos para si— É só que... uau, eu pensei que você nunca iria querer.

— Eu me sinto muito fraca e vulnerável o tempo todo, Jazz, eu não quero que as coisas sejam assim, parece muito pouco— eu olho nos seus olhos, estão mais escuros do que eu estou acostumada a ver mas ainda brilham e ele sacode a cabeça em concordância.

— Eu também acho. Não sei nem se consigo esconder o quanto fiquei feliz agora— ele sussurrou e eu me inclinei na sua direção, querendo entender.

— Como assim?— baixei o tom e Jasper sorriu olhando no fundo dos meus olhos.

— Você está me dando a chance de te ter pra sempre.— ele soltou minhas mãos para segurar meu rosto— Eu sei que não deveria falar isso, mas é o que eu mais quero, Vanellope. Acabou de me fazer o homem mais feliz da terra agora.

Ainda não tinha levado por esse lado embora seja impossível de ignorar o fato. Jasper seria eterno comigo. Ele sempre estaria lá. Meu coração começou a bater mais rápido e eu lhe ofereci um sorriso terno enquanto me perdia naquele rosto esculpido pelo maior artista do universo.

— A gente só precisa fazer direito. Quero falar com Charlie, mas vamos dar um tempo depois que a ameaça de Victoria for eliminada.— falei tentando não me abalar com o seu comentário. Jasper abria um sorriso doce e animado, nem parecia que ultimamente estava com uma carranca de vou-te-matar-se-me-irritar-demais. Este se expandia e eu não pude prever quando ele partiu para me beijar. As coisas estão tão bagunçadas entre nós que eu nem reclamo. Ele teve que passar umas noites comigo e eu parei de lhe atacar verbalmente. A gente só fica de vez em quando e eu o afasto porque temos que arrumar isso também. Jasper nota meu esforço contra seu ombro e recua, alarmado.

— Desculpa, desculpa— ele deixou as mãos caírem no colchão dos lados de minhas coxas e eu segurei a gola de sua camiseta para que ele não se afastasse. Sorri e colei nossas testas fechando os olhos e inspirando seu cheiro. Meu lar é ele. Como posso ter tanta certeza disso?

— Você sabe que é meu, né?— sussurrei. Meu âmago estremeceu de desejo. Teria como ter dúvidas acerca disso a essa altura? Ele é meu e só meu. Não preciso chamá-lo de namorado para que isso se firme, não tenho olhos para mais ninguém e sei que com ele, é a exata mesma coisa. Por que é que nos separamos mesmo? As intrigas parecem ter ocorrido décadas atrás. É como se nunca tivéssemos nos afastado agora.

Jasper soprou uma risada.

— Hoje e sempre, meu amor— disse ele na sua voz terrivelmente sedutora e chantagista.

— Eu odeio você— sussurrei.

— Eu te odeio muito, muito mais— ele disse e nós voltamos a nos beijar. Eu só penso... pra que brigar? Pra que resistir? Eu vou morrer em breve mesmo, preciso que as pessoas ao meu redor saibam como eu as amo. E eu amo Jasper Whitlock pra caralho. Eu o puxo para mim e ele obedece ao comando, enfiando-se entre minhas pernas e me deitando na cama. Ele sobe as mãos pelo meu corpo e ameaça tirar minha blusa, eu me afasto dele apenas para lhe dizer com o olhar que ele pode seguir em frente. Jasper começa a me despir, parece até um gesto simples e casual que estamos acostumados. Seus lábios tocam os meus e ele os desce para o meu pescoço me arrancando um suspiro de conforto e prazer.

— ¿Quieres jugar, mi amor?— eu pergunto, provocativa. (Quer brincar, meu amor?)

Puedo hacer esto el resto de mi vida— ele joga de volta e eu deixo escapar uma risadinha quando suas mãos vão para minha calça. Eu encaro o teto e deixo que ele beije meu corpo enquanto sinto o jeans escorregar pelas minhas pernas até o chão. (Posso fazer isso o resto da minha vida).

Podemos fazer isso pela eternidade, querido. Até penso em corrigir, mas sei que ele sabe. Estou ansiosa, me prometa que nunca irá embora. Nossa diversão pode estar apenas começando.

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RETA FINAL?

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