Feliz aniversário, Vanellope

Soprem as velinhas após fazerem seus desejos. Hoje é meu aniversário e eu só não estou soltando purpurina para todos os lados porque não ganhei nenhuma fortuna.

O sol não está brilhando e os pássaros não estão cantando. Chega a ser broxante não ser um dia diferente dos outros. Mas claro que a mãe natureza não ia mudar toda sua forma ao redor de Forks só para agradar uma adolescente.

Quando o despertador tocou indicando que era hora de me preparar para a escola, eu apenas o desliguei e rolei para o outro lado. Eu não posso me dar uma folga do meu trabalho, mas eu não vou para a escola nem fodendo. Nem que tivesse que entregar um trabalho que valesse a nota do semestre todinho só neste dia, eu não iria. Meu dia, minhas regras.

Pelo menos até a hora de ir trabalhar.

Deito de bruços e abraço meu travesseiro sob mim, sentindo o cheiro de Jasper nele. Já está impregnado. Dou um sorrisinho e inspiro fundo. Sei que ele vai embora pouco tempo depois de me colocar para dormir porque toda minha cama está quente. Jasper é muito cismado com essa coisa de temperatura mesmo que eu deixe mais que evidente que eu não me importo.

Só de reparar que ele é a primeira coisa que eu penso assim que abro os olhos, tenho vontade de gritar contra o travesseiro. Porque eu estou muito apaixonada por esse projeto de Drácula e quero que ele saiba. Quero que ele me namore. A vontade está na ponta da língua, mas um bolo sempre se forma na garganta e eu mudo de assunto. Eu estou tão fodida.

Ninguém me perturba e eu durmo até tarde com o maior prazer. A próxima coisa que eu capto após um momento de completo breu, é meu pai. O homem passa a mão na minha cabeça e sorri quando eu desperto de vez.

— Feliz aniversário, Caterine— ele se ajoelhou do lado da minha cama— Por favor, não faça com que eu tenha que te prender qualquer dia desses.

Eu sorri e soltei um bocejo ao me espreguiçar.

— Você não me alcançaria viva— debocho. Charlie revira os olhos e ergue a mão com a palma voltada para cima, exibindo uma caixa quadrada com um embrulho amarelo e faixa preta.

— Meu Deus, será que você teve que vender algum rim para dar um presente para suas filhas!?— dramatizo ao me sentar.

— Abre logo isso, Caterine.

— Essa embalagem é da lufa lufa, pai. Você sabe que eu sou da Corvinal, eu não fiz você ler os livros atoa!

— Quer que eu dê esse para Bella também?

— Você presenteou ela primeiro!?— levo a mão ao peito, chateada. Para meu susto, Bella aparece e se escora na minha porta. Ela está chupando um pirulito e sorri para mim.

— Eu acordei primeiro, Bela Adormecida.— ela diz. Os cabelos castanhos estão presos num rabo de cavalo e ela parece uma caipira com essa blusa amarela xadrez.

— Eu nasci primeiro, fazendeira!— reclamo.

— Pelo menos eu não estou criando um ninho na minha cabeça.— ela rebate e eu penteio meus cabelos embaraçados com os dedos.

— Pai, eu vou bater nela.— bufo, voltando o olhar para meu velho.

— Depois de abrir seu presente— ele sorriu. Seus olhos brilhavam enquanto ele os passava de uma filha para a outra. Ah, eu gosto desse clima de família. Finalmente tiro o laço de meu presente e rasgo a embalagem. Os desenhos na tampa da caixa branca são familiares, mas não ligo a nenhum nome. Abro a caixa me deparando com um colar de prata e um pingente de...

— Lua nova?— sorri e tirei o colar da caixa, colocando-o sozinha sem problemas.

— O meu é o sol— Bella se aproximou e se sentou na minha cama logo do meu lado. Tirou o colar de dentro de sua roupa e exibiu um pingente.— Eles se completam. Olha— ela pegou meu pingente e nós tivemos que nos aproximar como se fôssemos nos abraçar. Os pingentes se colaram como ímãs.

— Ah, isso é tão.... gay— sorri, meu pai me beliscou em censura e Bella riu. Puxei meu velho para um abraço em grupo. Foi desconfortável e completamente desajeitado.— Obrigada, pai— sussurrei.

— Parabéns, gêmea— Bella deu um jeito de encontrar minha mão e nós as entrelaçamos.

— Parabéns, cópia mal feita.

Eu amo tanto vocês.

Como é bom ser a filha de um amado xerife da cidade! Papai fez uma ligação e agora — Charlie salve a América — estou de folga do trabalho. Com o dia todo de folga, decidimos nos acomodar no sofá e assistir TV comendo um bolo que Sue Clearwater fez para nós no dia anterior e o espertinho do meu pai fez questão de esperar a gente ir dormir para ir buscar. Chocolate com morango, eu quase tive um orgasmo gastronômico.

Quando a campainha toca, não estamos esperando visita. E como eu sou preguiçosa demais e meu pai vai botar a culpa na sua idade, nós olhamos para Bella com expectativa.

— Tá— ela resmungou rolando os olhos e tirou o cobertor de seu colo para se levantar. A segui com o olhar conforme o rádio de meu pai começara a dar sinais de vida. Meu pai choramingou um pouco, mas não pôde ignorar o chamado, pegando o walkie-talkie na mesa de cabeceira e indo para a cozinha. Não fiquei um segundo sozinha, quando Bella retornou, estava de mãos dadas com Edward.

— Senhor Cullen!— cumprimentei com falsa alegria.— O que te faz interromper nosso momento família, sem amigos?

O moreno sorri de canto e olha para cima.

— Tinha uma leve esperança de não acabar te encontrando, Catnip.

— Você não fez isso— ralho.

— Ah, eu fiz.— ele mexe no bolso traseiro de seu jeans e tira de lá um envelope, passando-me o mesmo.— Bella não aceita nenhum presente meu, acredito que você não vá recusar.

— Oh, que fofo, é o seu testamento?— me abano como se estivesse tentando segurar lágrimas de alegria.

— Pena que eu não vou morrer tão cedo, para sua infelicidade— ele rebateu. Soprei um riso e encarei o selo no envelope. Parecia antigo.

— Que chique.— comento, rompendo o lacre.

— O que é?— Bella quis saber assim que eu comecei a ler.

— É um rap que ele escreveu pra mim— eu brinco, mas minha voz não saiu muito alta. Volto meus olhos para Edward— Você sabe que eu não posso aceitar isso.

— Não pode aceitar o que?— a voz de meu pai chegou até a sala antes do próprio. Nós nos voltamos para o mais velho e ele olhou para o cheque em minha mão. Estava colocando o cinto. Virei o cheque para baixo e me levantei.

— O que você está fazendo?— perguntei. Charlie bufou tomando uma expressão de preocupação.

— Alguns adolescentes da reserva sofreram acidente de moto. Alguns estavam alcoolizados e começaram a brigar— ele balançou a cabeça e olhou para Bella e para mim com pesar— Tenho que ir verificar. Desculpem.

— Mas pai...— eu franzi a testa e não soube como falar. Queria dizer que não precisavam dele, mas tenho certeza que ele não me ouviria.

— Hã, para não ficarem sozinhas, vocês podem vir até minha casa— o Cullen se pronuncia atraindo toda a atenção para si. Ele abre um sorriso gentil.— Eu meio que já vim até aqui para chamá-las. Alice quer muito que vocês venham.

— Ótimo, seria bom...— Charlie concorda, para minha surpresa. O lanço um olhar ultrajado e ele comprime os lábios.— Pode ser melhor do que ficar comigo assistindo TV e comendo bolo.

Eu me senti... traída (?). Pensei em rebater, mas se meu pai não cogita que o que eu quero é ficar com ele no sofá assistindo qualquer merda na TV e comendo qualquer porcaria que o faria passar mal depois, quem sou eu para contestar? Ele quer ir trabalhar.

Porra. É meu aniversário.

Dou um sorriso e assinto. Meu pai beija minha testa, a de Bella, se despede de Edward e some. Nós ficamos em silêncio por uns minutos longos, até Bella soltar um gemido sofrego e se voltar para Edward.

— Eu não falei que não queria uma festa?

— Não é uma festa.— ele respondeu a dirigindo um olhar afetuoso. Suspirei alto e o casal olhou para mim.

— Me deixa só tomar um banho.— peço dando as costas para eles e já indo para as escadas. Ainda bem que eu queria ver Jasper mesmo.

Começou a escurecer quando nós deixamos minha casa completamente vazia e fomos para o carro de Edward.

A viagem toda fiquei em silêncio no banco de trás enquanto Edward e Bella trocavam provocações toleráveis na frente. Imersa em mim mesma, sem pensar em nada além da paisagem familiar passando rápido pela janela e a ligeira alegria de saber que encontraria Jasper em pouco tempo. Quando o carro de Edward adentrou a floresta, eu mordi o lábio inferior e, instintivamente, comecei a procurar por ele, porque sei que ele sabia que eu viria.

Jasper esperava por mim do lado de fora da casa, as mãos para trás, posando como um militar quando a luz dos faróis refletiu em sua pele. Ele sorriu quando eu sorri, num piscar de olhos, minha porta estava sendo aberta por ele e eu tirei o cinto depressa para pular em seus braços.

— Feliz aniversário, Vanellope— ele disse em voz baixa, dando um beijo no meu ombro logo em seguida. Me arrepiei e sorri ainda mais.

— Muito obrigada, projeto de Drácula.— dei um beijo na sua bochecha e ele deu uma risadinha gostosa. Jasper desmanchou o abraço e deu um passo para trás para me medir. Encolhi os ombros, timida. Meus vestidos não são minhas peças prediletas em meu guarda-roupa, mas me senti tentada a usar meu vestido branco tubinho por baixo de um sobretudo preto para não morrer de frio.

— Você poderia não ter roubado toda a beleza do mundo?— ele pergunta com um sorrisinho. Eu dou risada e reviro os olhos.

— Idiota— resmungo e me surpreendo quando Jasper toma meus lábios. Sinto um choque percorrer todo meu corpo e não resisti ao contato. Puta merda.

Puta merda. Eu estou muito apaixonada por esse idiota. Poderia até dizer que o amo nesse-

— Vem, tenho que te dar meu presente, antes que Alice tome posse de você— ele se afastou com seu cheiro gostoso e eu relutei em abrir os olhos. Eu congelei de dentro pra fora. Que porra que eu pensei? Meu Deus— Vanellope?— Jasper me chama e eu o encaro sem ter a mínima ideia do que eu estou sentindo. Eu... eu não...— Tudo bem, querida?— Jasper segurou meu rosto e eu despertei com suas mãos geladas em meu rosto.

— Tudo, sim— sorrio, transtornada, talvez esbaforida. Ele cerra os olhos, desconfiado. É como se meu estômago estivesse dentro de um liquidificador.

Eu o amo? Como? Por que? Eu amo Jasper? Puta merda. Eu o amo.

Cacete, isso está mesmo acontecendo, e ele só veio me cumprimentar. Meu sorriso vai crescendo aos poucos.

— Está tudo ótimo— garanto baixinho. Jasper me observa com curiosidade, mas não me pressiona, apesar de seu olhar parecer tentar enxergar até minha alma. Ele dá um passo para trás e pega minha mão.

— Tudo bem então, vem cá— ele me puxa para sua mansão, a qual eu nem estava prestando muita atenção na última vez que vim. Bem, sequer tive tempo.

Linda como sempre, no meio da noite chegava a ser meio assustador ter tantas paredes de vidro. Nenhuma mobília luxuosa chamou minha atenção em especial, o foco da decoradora eram as cores frias, tendo um vermelho aqui ou ali, se destacando em meio ao cinza ou o azul.

Colei meu ombro ao de Jasper e nós fomos recebidos por sua família. Todos perfeitamente impecáveis com suas roupas saídas de uma revista da moda, a sala havia sido arrumada para uma festa pequena, um monte de presentes embrulhados sobre uma mesa de toalha branca me fez arregalar os olhos.

— Mas o que...

— Feliz aniversário, Caterine!— os Cullen me disseram, em coro. Olhei ao redor, nem sinal de minha irmã.

— Ah, muito obrigada!— eu sorrio tímida. Primeiro o cheque de Edward, agora presentes de cada um deles? Me senti mal— Vocês não precisavam fazer isso— apontei para a mesa de presentes. Esme deu um passo a frente e veio pegar minha mão livre.

— Não é todo dia que uma garota faz dezoito anos.— ela me diz com um sorriso afetuoso— Esperamos que vocês gostem de cada um.

— Tenho certeza que vou amar— respondo.

— Droga, ela não está mentindo!— Sabine disse, chamando a atenção. Olhei a loira e balancei a cabeça sem conseguir conter o sorriso.

— Você é péssima— lhe digo e ela levanta a sobrancelha, desacreditada.

Isso é uma mentira. Das cabeludas.

— Fez dezoito, já pode trazer netinhos, né Jazz?— Emmett provocou e eu encolhi os ombros quando os outros riram, olhei meu loiro e o vi revirar os olhos.

— Vem, ignora eles como eu ignoro.— o loiro me puxou para as escadas e eu o acompanhei sem hesitar.

— Nossa, já vão para o quarto?— Emmett alfinetou mais um pouco. Eu ri e reparei que Jasper estava mesmo me levando para seu quarto. Meu coração errou as batidas e o loiro abriu a porta para que eu entrasse na frente.

Estava da mesma forma que eu me lembrava. O quadro, o teclado. Os livros. Ah, eu poderia ter um quarto desses. Jasper soltou minha mão e correu pelo quarto como um vulto. Sinto meu corpo ser carregado para que eu me sentasse na cama e eu deixei escapar uma risadinha.

— Claro, eu não podia fazer isso sozinha— resmungo. Jasper se senta do meu lado.

— Não, nem precisava— ele diz e ergue a mão diante dos meus olhos antes que eu rebatesse. Meus olhos se focam em uma fina pulseira de prata, pendurada entre seus dedos. Sorri e tombei a cabeça de lado, curiosa com as curvas que ela fazia. Peguei a pulseira e tentei adivinhar que palavra era aquela, mas sequer podia sonhar.

— O que está escrito?— perguntei-lhe, sentia o rosto de Jasper do lado do meu e resisti a vontadade de me encostar nele.

Aşkım¹— ele leu.

— E que língua é essa?— sorrio, unindo as sobrancelhas e brincando com a pulseira entre os dedos.

— Turco— Jasper sussurra voltando o rosto para mim, senti meu peito aquecer e meu corpo todo se arrepiou.— Mas eu não vou falar o significado.

— Por que não?— faço um beiço e me volto para ele, nossos narizes quase se encostam.

— Porque acho que você já sabe— ele sorri, tão doce. Ele pode ser meu. Eu sei que ele também quer. Sorrio e lhe dou um beijo no canto do lábio, no seu sorrisinho de Monalisa.

Abro a boca para falar aquilo que vem me atormentando, quero lhe dizer que o amo e que isso me assusta pra caralho, mas que estou muito disposta a correr o risco com ele, mas me calo quando Alice aparece na porta batendo palminhas interrompendo todo o clima que pairava sobre nós dois.

— Deixem isso para depois! Hora de abrir todos os presentes, pombinhos!— ela diz, sorridente e ansiosa. E eu teria outra escolha se não atender o chamado de Alice Cullen?

1- Tradução: meu amor.

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