Eles voltaram
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O que ela quer que eu faça?
Bella está zangada comigo por eu tentar tomar partido mais uma vez e tirar ela da história para que ela não acabe se machucando. Que caralho ela esperava que eu fizesse? Ficasse parada e deixasse os outros darem um jeito na nossa vida? Eu não sou assim, ela tem que entender.
Enquanto Sam Uley não aceita a minha ideia de braços abertos, os lobos mantém sua rotina, agora, entorno das Swan. Esperam Victoria chegar perto e correm atrás dela enquanto os humanos correm atrás deles, um ciclo de caçada sem fim, que ninguém conquista nada. Mal se passou uma semana e Bella se recusa a falar comigo. Se ela acha que ficar emburrada fará com que eu mude de ideia, está completamente enganada. Só espero que ela supere logo essa birra. Mais do que o comum, corremos o risco de sermos mortas antes de concluir o ensino médio, ficarmos brigadas não é uma boa ideia.
Estou imersa em meus pensamentos ao caminhar ao lado dela para a segunda aula em plena sexta-feira quando Angela chega em mim, agarrando meu braço e me sacudindo no meio do corredor. Olho para a garota, confusa e surpresa. Ela não faz o tipo que tem um ataque assim do nada, ainda mais em público.
— Vocês viram?!— ela perguntou, afobada, os olhos arregalados atrás dos óculos de armação quadrada. Alguém passou por mim quase esmurrando meu ombro e eu só tive tempo de identificar o brinco de Mason Crowley. Reviro os olhos para sua atitude tosca, ele anda fazendo muito isso quando eu não estou prestando atenção.
— Babaca— resmungo, ajeitando a mochila em meu ombro. Angela pega o braço de Bella e nos arrasta na direção contrária a que deveríamos ir.
— Vimos o que?— Bella pergunta, igualmente curiosa com a atitude da Weber.
— Angela, a gente tem que ir para a sala de química!— eu tento resistir, mas nem tanto assim. Nosso trenzinho está irritando outros alunos apressados e eu também odeio que me segurem, então é melhor que essa garota tenha um ótimo motivo!
— Esperem, prometam que não vão surtar!— ela nos soltou diante da sala de artes e se voltou para nós. Essa é uma das únicas salas que tem uma pequena janela quadriculada que dá para ver as pessoas dentro. Da posição que estávamos só podiamos ver o topo das cabeças dos alunos que estavam em pé.
— Do que é que você está falando?— eu pergunto, irritando-me com o suspense.
— Eles voltaram.— Angela disse rapidamente, observou-nos com cautela no instante seguinte e juntou as mãos diante do peito com ansiedade.
Isso não pode ter muitos significados. Ninguém mais foi para poder voltar.
As coisas ficaram bambas por uns segundos. E meus ouvidos ficaram estranhos como se eu estivesse passando por um túnel e a pressão no ar fizesse com que eu ficasse meio surda.
— Meninas?— Angela chamou, preocupada. Bella havia congelado que nem eu, talvez processando da mesma forma.
— O... o que...?— Bella arfou, subitamente séria.
— Você não pode estar falando sério.— eu bufo, voltando a terra. Balanço a cabeça e cruzo os braços.— Tá falando dos Cullen?— só para ter certeza, completei.
— De quem mais seria, Caterine?— Angela responde com uma pergunta retórica. Odeio quando ela faz isso. Odeio agora de maneira especial.— Eu juro que vi o Cullen nessa sala ainda agora!
— Não— eu recuo um passo, Bella avança um para espiar pela janela na porta. Agarro o pulso de minha gêmea e a puxo de volta para meu lado, bruscamente.— Não é da nossa conta!
— Eu só vou ver— Bella diz, mansa. É a primeira vez que se dirige a mim em dias. Meu coração está acelerado. Eu estou sonhando? Juro que vou ficar muito puta se estiver sonhando.
— Bella, a gente tem aula agora!— vocifero, o corredor já está vazio, a gente tem mesmo que ir se não quisermos levar uma bronca.
— Me deixa, eu só vou ver!— Bella se solta de mim e eu a lanço um olhar raivoso. Ficamos uns segundos esticados paradas e nos encarando como em um jogo de quem pisca primeiro. Eu desisti primeiro. Maldita teimosa.
— Que se foda. Faz o que você quiser— reviro os olhos e acelero o passo para me afastar dessas lunáticas o mais rápido possível. Eu não me importo, eu não me importo, eu não me importo. Eu não me importo!
Ainda assim... por que? Angela jamais brincaria com isso, ela sabe como esse tópico é sensível para minha irmã e para mim. Ela não é esse tipo de garota. Olho para cima e rezo para que isso não passe de uma confusão. Não faz sentido eles irem embora, destruírem nossos corações só para voltar depois como se nada tivesse acontecido. Sinto um aperto na garganta só de pensar que ele pode ter voltado. Ele não vai estar na escola, ao menos esse consolo eu tenho. Fazia tanto tempo que eu evitava olhar para as vagas que sua família costumava ocupar que nem me dei conta se seus carros estavam lá ou não. Merda....
— Ah, Deus, Bella!— o grito de Angela fez com que eu parasse de andar e empurrasse meus devaneios para o fundo da minha mente imediatamente. Olhei por cima do ombro e vi as duas no chão. Fala sério.
— Inferno!— resmungo e corro de volta para as duas. Bella está apagada nos braços de Angela por causa de seja lá o que ou quem ela viu dentro daquela sala. Não. Não.
É muita coisa para processar em muito pouco tempo. Tá, eu quero acordar desse pesadelo. Meu Deus, será que Jasper...? Foco, Caterine.
— Me ajuda a tirar ela daqui— eu peço para Angela, apressada. Se os Cullen tiverem mesmo voltado e alguém ver Bella desmaiada no corredor por causa disso vai ser humilhante para um caralho. Infelizmente, meu primeiro reflexo ainda é proteger Bella, ainda que ela não tenha me dado ouvidos por vontade própria.
— Tá— Angela arfa e cada uma pega um braço de Bella para colocar sobre os ombros.
— Pronta?— olho para nossa amiga e ela tem uma careta de culpada, conhecendo-a bem, ela se sente mal por isso ter acontecido embora acho que ela só queria ter nos mostrado a novidade discretamente.
— Pronta— ela assentiu e nós lutamos para erguer o corpo mole de Bella. Eu juro que vou mandar essa garota fazer uma dieta. Se eu não estivesse carregando tantos sacos de lixo enormes no meu trabalho nesses últimos meses, eu não duvido que seria bem mais difícil ficar com ela mole desse jeito. Angela, por outro lado, fica bem trêmula e se ela cair vai ser bem pior para mim.
— Nem fodendo— eu resmungo e tampo o nariz de Bella, deixando-a sem fôlego por uns segundos até vê-la arregalar os olhos e despertar novamente. Ela bate na minha mão e eu me seguro para não lhe dar um murro no estômago. Bella fica ofegante e foca os olhos castanhos em mim, parece em pânico. Comprimo os lábios, relutante e ela assente, como que confirmando meus pensamentos, a pergunta que eu não estava tendo coragem de repetir.
— Eu quero ir embora— Bella sussurra para mim e, infelizmente ou felizmente, eu a entendo. Ir embora porque o ex voltou para a mesma que escola que ela não diminui a vergonha, mas será melhor se ninguém mais nos ver. Balanço a cabeça em confirmação e Bella tira o braço do ombro de Angela, que nos olha confusa.
— Ela está passando mal— digo para Angela que não demora a entender— Pode avisar os professores?
— Claro, tudo bem— Angela faz careta e coça a nuca, nervosa.— Desculpa, acho que não pensei direito.
— Não, relaxa. Até mais, Angie— lhe ofereço um sorriso amarelo e puxo Bella para a saída.
É. Isso muda as coisas. De novo.
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