Carlisle me aceita na família
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Jacob se feriu para proteger Leah naquele maldito combate. Eu estava abraçada a Seth enquanto Bella andava de um lado para o outro na nossa frente. Tinha uma comoção na frente da casa dos Black, todos da alcateia estavam ouvindo os gritos de dor do garoto que era examinado por Carlisle Cullen. Nenhum outro Cullen pôde vir para cá, então me restava ficar preocupada com Jake pendurada em Seth. Está escuro, eu devia estar em casa fingindo que nada aconteceu, mas simplesmente não pudemos deixar a reserva uma vez que chegamos montadas nas costas dos lobos.
Estou completamente dividida entre ficar nervosa aqui ou em casa com Jasper, sei que não posso fazer nada e isso me deixa louca. Eu podia ter perdido Jake hoje, mas disseram que Sabine chegou até ele a tempo de impedir o pior.
A culpa em meu peito é avassaladora. A ideia disso foi minha, eu não devia...
Interrompo meus pensamentos quando Seth encosta o queixo no topo da minha cabeça e suspira. Ele está exausto e eu, novamente, estou sendo tremendamente egoísta com meu melhor amigo. Não posso prendê-lo aqui sempre.
— Tudo bem, você deve ir para casa— determinei, afastando o garoto de mim. Seth cambaleava de novo, ele bocejou e balançou a cabeça em negativa.
— Não, tenho que ficar com o Jake— ele disse, a cara da derrota. Eu sorri e segurei seu rosto.
— Ele vai ficar bem, Carlisle está cuidando dele, você precisa ir descansar agora— eu procurei por Leah com o olhar para pedir por socorro.
A garota estava mais emburrada do que de costume á nossa direita, aparentemente se culpava por Jake ter se ferido e se mantinha mais afastada possível do resto dos garotos. Não estou pronta para dizer o contrário, além de ter se arriscado sem necessidade e por pura teimosia, poderia ter deixado Seth sem uma irmã. Ele praticamente acabou de perder o pai, ela não pensa nele não? Legal, ela está com raiva dela mesma e eu também, mas pelo menos evito demonstrar. Depois de ficar a encarando, Leah demora a voltar os olhos para mim, os lábios comprimidos e uma careta de desgosto. Apontei o queixo para Seth e ela respirou fundo, se contendo.
— Vão para casa.— dispensei os Clearwater e, depois do primeiro puxão no braço, Seth se deixou ser levado pela irmã sem resistir. Quando perdi o garoto de vista na estrada, agarrei o braço de Bella e a puxei para um abraço. Ela está extremamente inquieta.
— Isso é tudo culpa minha— ela resmunga, tentando me afastar.
O plano idiota foi meu, a atitude estúpida foi da Leah.
— Você não tem nada a ver com isso, Bella— eu a aperto e ela vai parando de lutar. Bella me abraça de volta com força e eu desconfio que ela chora baixinho por conta dos olhares que recebemos dos rapazes sem camisa na nossa frente. Gesticulo para que eles metam o pé e eles olham para Sam. O alfa assente e os rapazes se afastam de nós. Sei que Jacob também é seu irmão, ainda mais do que meu e de Bella, mas precisei ser egoísta para que Bella sofresse sem público. Não tínhamos o que fazer se não esperar.
— Você disse para eu não ir naquele maldito dia— ela disse, sofrega. Franzi a testa sem entender o que ela poderia querer dizer com aquilo, mas então percebo que Bella foi ainda mais afundo na culpa, voltando para o dia que seu caminho se cruzou com James e Victoria.
Sim, eu a avisei, mas não é como se ela tivesse programado passar por tudo isso. Foi só uma decisão precipitada, não quero que Bella se ache um monstro por causa de algo tão simples.
— Ei— chamei, peguei seu rosto e a obriguei a se afastar para me encarar. Minha dedução estava certa, ela está mesmo chorando— Bella, não é sua culpa.
— Pode dizer que é? Você sabe que é. Você sempre esteve certa e eu podia ter perdido o Jake porque não lhe dei ouvidos!— ela diz, agoniada. Eu a encaro com severidade e a mando calar a boca silenciosamente. Bella pisca rapidamente e mais algumas lágrimas deslizam por suas bochechas, ela não mantém o contato visual comigo.
— Não perdeu, ok? Não perdemos ninguém hoje. A gente venceu— eu tentei convencê-la, Bella fez cara de choro e fechou os olhos balançando a cabeça— Isabella, está tudo bem! Acredita em mim.
— Tá. Tá.— ela ofegou e lutou para secar o rosto, coloquei seus fios loiros atrás das orelhas e fingi que não estava vendo que ela não estava conseguindo parar de chorar. Os gritos de Jacob se tornaram mais fracos e a porta da casa se abriu, mostrando-nos Carlisle com sua maleta de médico. Bella o olhou com ansiedade e segurou meus braços para que eu a soltasse.
Carlisle estava relutante.
— Ele quer te ver.— ele disse a ela. Bella sacudiu a cabeça e não demorou em correr para dentro. Eu e Carlisle nos encaramos.
— Como ele está?
— Dopado— Carlisle começou a caminhar em direção ao seu carro luxuoso e eu o segui— Terei que voltar em breve para ter certeza que os seus ossos não estão tortos— ele disse. Franzi a testa e assenti.
— Hã.... Posso ir para sua casa com você? Eu preciso falar com...
— Jasper. Claro.— ele assentiu e até correu para abrir a porta para mim, sorri em agradecimento. Esperei ele entrar no carro e coloquei o cinto de segurança para ele não pensar que eu sou uma completa irresponsável— Fiquei sabendo que você e Bella estão decididas a mudar.— ele puxou assunto e ligou o carro que nem fez barulho, ah, como é prazeroso.
— Pois é— eu sorrio, um pouco tímida.— Sei que pode parecer precipitado, até porque vocês não escolheram essa vida...
— Fico feliz que tenha escolhido mudar— ele me interrompeu antes que eu me enrolasse. Nós nos encaramos e Carlisle sorriu docemente— Além de fazerem a alegria dos meus filhos, aposto que serão vampiras excepcionais. Como Alice disse.
— Ah— levantei as sobrancelhas, tocada com suas palavras e perdendo todas as minhas.
— Você sabe que a transição não é fácil, não é?— Carlisle tomou um ar sério e eu fiquei cautelosa.
— Não... não sei.
Carlisle encara a estrada com mais atenção e o silêncio se estica.
— Não é um processo nada fácil, Caterine— ele admite— Você tem certeza?
— Sim, eu tenho.— digo e ele assente apenas.
— Talvez tenha uma forma de fazer com que seja menos doloroso. Nós vamos tentar ajudar as duas o máximo.
— Muito obrigada, Carlisle, por tudo.
— Não precisa agradecer por nada, Caterine, você e Bella também são minha família agora.
Nós sorrimos e ficamos quietos por um momento, olhando a paisagem iluminada pelos faróis. Chegando na terra asfaltada, Carlisle começa a dirigir um pouco mais rápido.
— Sabe, talvez eu tenha que agradecer por algo— ele comenta. Fico curiosa e o miro com a testa franzida.
— Tipo o que?
— Por Jasper.— Carlisle balança a cabeça em aprovação.
— Mas eu não fiz nada, Carlisle.
— Ah, fez. Você fez com que ele vivesse e eu... não tenho palavras para descrever o quanto eu sou grato. Jasper sempre teve alguma dificuldade em se conectar, em conversar com os outros de fora. Não por timidez, mas porque ele era muito introvertido. Ele era... indiferente a muitas coisas, mas quando você apareceu, foi como— ele pareceu procurar pela palavra certa— se tirasse uma venda dos olhos dele. Foi difícil no começo— nós rimos um pouco— mas.... você fez com que Jasper brilhasse.
Eu baixei o olhar e encarei as minhas mãos em meu colo. Meu coração bateu com mais força e eu me senti honrada.
— Ele era quieto e costumava se isolar de tempos em tempos. Mas depois de você, Jasper ficou tão mais falante!— Carlisle falava com carinho e empolgação e era bom ouvir a forma como ele realmente considerava Jazz seu filho— Ele até fala palavrão!
Eu ri.
— Me desculpa por isso, jamais quis ser uma má influência.
— Má influência? Caterine, você é brilhante. Uma boa garota, vejo como você pensa e age, é simples e direta. É perfeita para Jasper.— ele falava e eu queria explodir porque fiquei terrivelmente tímida— Eu não me importo com palavrões, eu mesmo falo, de vez em quando.
— Ah, eu pagaria para ver isso.
— Aposto que você e Emmett se tornarão inseparáveis em um momento futuro— ele arregalou os olhos com um sorriso bem humorado.
— Ele me copia tão descaradamente— eu dramatizo. Carlisle ri e balança a cabeça. Ele relaxa no banco encarando a estrada e exala serenidade.
— Foi um dia longo...
— Bem longo.— concordo. Não fiz nada, mas me acho no direito de estar com um desgaste emocional.
— Mas acabou.
É. Acabou.
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