A mão dentro do carro
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— Onde é que você estava, Caterine!?— é como meu pai me recebe assim que eu passo pela porta da frente. Que maravilha, eu estou bamba e com um sorriso largo no rosto, não consigo pensar em nenhuma desculpa, minha mente está não muito longe daqui.— Por que está toda molhada?— ele me mede de cima a baixo, confuso.
— Eu tomei um banho de chuva— eu me encosto na parede e cubro a boca para segurar o riso porque a cara do meu pai simplesmente está hilária e eu acabei de ter o primeiro orgasmo da minha vida com um cara que eu não devia estar nem falando direito. Enfim.
— Você está bêbada!?— Charlie me encarou com raiva. Sempre odiou ver Bella ou eu dessa forma. Não dá para julgar, a gente normalmente não se orgulha muito mais do que ele.
Ouço passos na escada atrás dele e Bella aparece, secando os cabelos loiros com uma toalha branca. Ela franze a testa, me medindo com curiosidade.
— Onde você esteve?— perguntou, indo para a cozinha e pegando uma latinha de refrigerante na porta da geladeira. Vestia um conjunto de moletom cinza e eu invejei imensamente suas roupas secas.
— Não, eu não bebi e acho que vocês não vão querer falar disso— eu falei balançando a cabeça, precisava de um banho e roupas quentes.— Ei, tem comida?— perguntei para minha sósia, porra, eu estou faminta.
— Estava com alguém?— Charlie indagou, eu bati na minha própria testa e nós nos jogamos de cabeça em um silêncio constrangedor. Foi uma queda bem alta e fatal.
— Pai, eu não quero falar disso com o senhor.— arregalei os olhos. Só de imaginar, fico traumatizada. Ele fez uma careta, desgostoso.
— Eu não preciso te falar de cuidados que vocês tem que tomar com relação a isso, não é?
— Não, definitivamente não precisa! A mamãe já fez esse trabalho sujo quando a gente tinha onze anos— aleguei e rapidamente subi as escadas, praticamente corri para fugir daquela situação.
— Sabe com quem ela está saindo?— ouço papai perguntar para Bella. Entro no banheiro e bato a porta antes de ouvir a resposta.
É satisfatório vestir roupas secas e me empanturrar depois de um dia repleto de emoções. Normalmente, eu evitaria meu pai até que ele parasse de me julgar com o olhar por ter tido qualquer tipo de relação sexual com quem ele não conhece, mas eu não estou com cabeça para dar a mínima para isso enquanto jantamos em silêncio á mesa.
Eles não perguntam, eu não falo, poderia ser mais perfeito?
Certamente tem algo novo em mim e eu estou satisfeita de um jeito que eu não lembrava de como era estar. Só consigo ficar em uma parte boa da minha mente, onde Jasper fala que me ama e depois me faz gozar. Ah, ele parece um sonho, mas nós não voltamos, eu tenho que ter isso em mente.
Ele não é meu namorado, foi um... pequeno deslize o que cometemos e não deve vir a se repetir. O que não significa essencialmente que não vai acontecer de novo, mas enfim.
Eu não devia ter dado tanta bola, mas aconteceu mesmo assim, quem poderia me crucificar?
Aquele idiota me ama e ele admitiu primeiro. Hmm.
Não sei se o frango empanado está tão bom assim ou eu só estou com muita fome mesmo, mas parece o melhor que Bella já fez. Eu só olho para meu prato e sei que minha família me observa com atenção, mas sobre isso eu não vou falar nada. Charlie não pode nem sonhar.
Ele meio que começou a odiar os Cullen "mais novos" uma vez que ambos nos abandonaram meses atrás. Charlie é um homem orgulhoso com as coisas certas e eu aprecio que ele queira ser protetor com relação os rapazes que já partiram nossos corações, mas meio que a gente vai precisar mesmo conviver de novo com eles. Até resolvermos o problema com Victoria, os Cullen não podem sair da cidade e se até lá Bella e eu ainda quisermos os rapazes, aí que eles ficam. Pelo menos até as pessoas começarem a reparar que eles não envelhecem e eles partem de novo. A gente tem o que, mais uns cinco/seis anos de paz? Acho que só preciso de mais alguns dias até ter certeza se quero que Jasper fique. As estatísticas estão em seu favor até então.
Certo, certo, não posso me perder nesses pensamentos agora. Precisamos focar na missão de Victoria. Como pará-la?
Penso no risco que meu pai corre por andar no escuro e de maneira imprevisível. Eu ergo os olhos para encarar meu velho e penso seriamente em contar a verdade para ele mais uma vez. Seria bom ter meu pai alerta, incluí-lo nas conversas para variar. Pelo menos estas sobre vampiros e lobisomens. Praticamente todos mais próximos dele sabem a verdade, por que ele não pode? Tenho que falar disso com Carlisle, já que ele é de longe o mais velho dentre nós e o mais responsável. Primeiro Carlisle, depois Sam.
Certo que Bella e eu não tivemos que pedir permissão para nos infiltramos nisso tudo, mas quero fazer certo para proteger a sanidade do meu pai.
Até cogitaria falar com minha mãe também, mas minha proximidade fraca com ela e sua falta de responsabilidade não a favorecem, não que seja meu direito julgar minha mãe dessa forma, mas até eu sou mais madura que ela. O problema é que ela está longe e sozinha e eu não sei se Victoria pode gostar de seguir os passos de seu ex amor, James. Aposto que não teria um segundo blefe. Eu tenho medo que minha mãe esteja muito vulnerável, mas, e se eu conseguir trazê-la para perto e acabar a colocando na mira de Victoria? E se algo acontecer com ela mesmo assim e for minha culpa por nem tentar?
Uou. A mudança de foco foi brusca e eu não quero ter que passar por isso. Lidar com a culpa de maneira adiantada e desnecessária vai me travar. Mordo o lábio e acabo minha janta, levando o prato para a pia. Volto ao pensamento de contar para meu pai o que está pegando. Ele é o xerife, pode guiar vários policiais do jeito que desejar. Eu não acho que ele recuaria em caso de uma briga, mas se eu puder.... dar um jeito...
Ah! Meus neurônios estão torrando, preciso de ajuda. Lembro-me da conversa que tive com Bella outro dia, de dividir a liderança. A opinião dela é igualmente importante nesse caso, temos os mesmos pais.
Preciso dar um jeito de chamar ela para o quarto para que possamos discutir, e para meu alívio, papai é quem se oferece para lavar a louça. Eles se levantam da mesa e, antes que Bella insistisse em fazer o trabalho, eu dou um puxão no seu braço.
— Ai, ei!— ela me olha torto e eu arregalo os olhos para que ela se cale. Bella não demora a entender e nosso pai nos olha desconfiado por cima do ombro.
— Você tem que me ajudar em uma tarefa de biologia, eu não estou conseguindo avançar— minto e rapidamente a puxo para as escadas, Bella cambaleia pouco atrás de mim e eu não a dou muito tempo de se equilibrar.
Invadimos seu quarto e ela se senta na cama, confusa.
— Tá, o que foi agora?
— Hã, eu quero falar pro papai o que os rapazes são.— eu explico, cruzando os braços.
Bella leva um minuto para processar.
— Você tá louca?— ela responde, por fim.
— Por que?— franzo a testa, minimamente ofendida.
— Sem contar que Charlie tentaria nos afastar dos rapazes para o resto de nossas vidas, imagine o perigo que estaríamos o expondo caso os Volturi descubram que ele sabe.
Tinha me esquecido dos Volturi.
— Eles nunca deram a mínima para nós. E nós sabemos dos vampiros há quase dois anos!— pontuo, Bella faz uma careta de desagrado e desvia o rosto, relutante. Eu não menti e ela sabe.
— Não sei não... como acha que o Charlie reagiria?
— Eu me fazia muito essa pergunta antigamente, mas qual a melhor maneira de descobrir senão mostrando para ele?
— É, mas os outros teriam que aceitar ou vamos apenas pagar de idiotas!— ela arregalou os olhos castanhos. Eu sorri.
— Eu vou fazer com que eles aceitem. Vamos programar para que tudo seja correto, provavelmente só depois desse conflito com Victoria passar porque com certeza o xerife não vai apoiar o plano suicida das duas filhas.
— Bem, o plano é seu.
— Ah, querida, não fala assim, ele é nosso— corrijo debochada e me jogo na cama do seu lado. Encaro o teto branco e Bella se deita comigo um tanto mais relaxada que esse meu plano seja apenas mais para frente.
— Onde você esteve, Cat?— ela puxou assunto— Seth disse que você saiu enquanto ele dormia.
Mordi o lábio inferior com força e encolhi os ombros.
— Ah... eu fui mostrar o Kol Clifford para Jasper.
— Oh, e como ele reagiu?
— Então, ele disse que vai investigar mais afundo. Descobrir por conta, mas isso não vai mudar a vida do Kol.
— O que... por que você está assim?
— Assim como?
— Sei lá. Você está estranha, o que houve?
— É que eu— segurei o riso— fiquei com o Jasper.
— Que?! Como isso aconteceu?— Bella se virou para mim e apoiou-se no próprio punho, o cotovelo afundado na cama. Fiz careta, hesitante.
— A gente brigou, aí ele disse que me ama, aí eu fiquei puta, aí eu beijei ele e começou a chover, aí meio que a gente... ele...
— Vocês fizeram sexo? Na chuva!?— ela arregalou os olhos, chocada.
— Não, tipo, ele só. É. Usou a mão. Dentro do carro.— eu comecei a rir, não me aguentei. Bella deu um tapa no meu ombro.
— Sua safada! Vocês voltaram então?
— Não. A gente concordou que não devia ter acontecido, a gente não está pronto para isso.— sacudi a mão em um sinal de mais ou menos— É complicado.— Bella franziu a testa, me encarou como se estivesse tentando descobrir algo— O que?— perguntei, intimidada com sua encarada.
— Vai acontecer de novo, não vai?
Um sorriso perverso cresceu em meus lábios e eu levantei a sobrancelha.
— Quem sabe?
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