Yuta Okkotsu

Uma One Shot criada no universo de Jujutsu Kaisen,  pertencente ao mangaka Gege Akutami. Yuta Okkotsu é de total autoria dele, enquanto que Izzy é minha oc, criada a base da personalidade de Bluebellky

Um longo suspiro escapou dos lábios da garota, que lia pela terceira vez o mesmo texto refletido na tela de seu notebook, piscando de forma cansada, lutando contra o cansaço e o sono que lhe assolavam nos últimos dias.

Quando havia sido a última vez que ela realmente tinha tido uma boa noite de sono?

Definitivamente a faculdade não era algo feito para ela. — Izzy ponderou sobre isso, desviando os olhos do artigo científico que tinha de aprender até o final da semana, para observar sua xícara de chocolate quente, que, já deveria estar gelado considerando o tempo que ela estava sentada ali. Mas não tinha tido coragem de consumir a bebida, depois de ver o desenho de gatinho no topo da cobertura de chantilly.

Ela desviou o olhar para o prato vazio ao lado, pensando se realmente queria pedir outro cupcake. Ela nem se lembrava de quantos já havia comido, ingerindo açúcar o suficiente, numa tentativa falha de afastar seu sono.

Ergueu o olhar na direção do balcão, pensando em acenar para a atendente simpática de cabelos rosas que atendia as outras pessoas. Mas parou antes de erguer a mão, encarando o rapaz de costas que estava falando com a moça, que sorria pra ele de forma tão radiante, como se ela não tivesse notado nada de errado com ele.

Izzy piscou algumas vezes, ela retirou seus óculos e esfregou as costas das mãos sobre os olhos, voltando a colocar as lentes novamente.

Só poderia ser o sono dominando. Ou então, o conteúdo que ela tentava devorar há horas, finalmente estava fazendo com que ela começasse a delirar.

Será que ninguém além dela estava enxergando a enorme criatura grotesca pendurada nas costas daquele rapaz? Por que não tinha como ignorar algo daquele tamanho e tão aterrorizante.

Ela paralisou, como se seu cérebro tivesse entrado em pane e não conseguisse enviar coordenadas para o restante de seu corpo, de que ela precisava sair correndo o mais rápido possível dali. Mesmo que a cafeteria estivesse cheia e ela tivesse noção de que deveria avisar as outras pessoas sobre o perigo que estavam correndo estando ali com um monstro como aquele presente.

Mas ela definitivamente não conseguia ter reação alguma. Apenas ficou estática.

O medo que tomava conta de seu corpo, fez com que seu cérebro desligasse por longos segundos. E quando finalmente ela conseguiu tomar controle da situação de seu corpo, se assustou com o quão próximo aquele monstro estava perto de si. Isso foi a primeira coisa que ela enxergou, a segunda, foram olhos escuros e cansados, com olheiras profundas que pareciam refletir longos anos de pura exaustão aos quais ela se identificou por um breve segundo. Seu olhar desceu mais um pouco, ela observou o restante do rosto do rapaz, suas feições marcantes, traços delicados e perfeitamente desenhados. Seus lábios finos estavam pressionados em linha reta, enquanto ele estava curvado na direção dela.

Ele era bonito... Muito bonito. — Isso Izzy não conseguiu ignorar.

Mas será que ele também não tinha noção de que acima de sua cabeça, estava apoiada uma cabeça gigante com enormes dentes? Aquela criatura nojenta e horripilante parecia abraçar o corpo do jovem rapaz como um escudo. E por um breve segundo, Izzy até entendeu aquela postura. Ele realmente era bonito demais para não ser protegido do resto do mundo.

— Moça? — A voz dele ressoou por seus ouvidos, como um tranquilizante que fez com que o corpo dela cedesse de forma mais relaxada na cadeira.

— Hum? — A ruiva piscou um tanto atônita, tentando processar o fato de que aquele rapaz bonito estava falando com ela.

— Você está bem? Parece que vai desmaiar a qualquer momento.

O tom preocupado dele em relação a ela, fez com que Izzy sentisse seu coração se aquecer.

Quando foi a última vez que ela tinha conhecido alguém que realmente parecia se importar?

Ela ensaiou diversos diálogos para dar continuidade a conversa, mas não teve controle de suas palavras quando abriu a boca.

— Eu acho que não permitem criaturas neste estabelecimento.

— O que? — Foi a vez dele piscar de forma atônita pra ela. Se sentindo extremamente ofendido com as palavras da garota que ele apenas tentava ajudar.

Izzy sentiu a gafe que tinha acabado de cometer e sua única vontade naquele momento era de cavar um buraco abaixo de seus pés e afundar a cabeça. Mas sua maldita boca não sabia se controlar.

— Isso que está nas suas costas. É seu bichinho de estimação?

— Você consegue ver a Rika? — A expressão dele mudou automaticamente de confusão para surpresa.

Izzy ficou ainda mais perdida do que já estava. Quem era Rika? Aquela criatura nas costas dele tinha um nome próprio? Um nome de uma pessoa?

— Quem é Rika?

— Essa maldição que eu carrego nas costas. — Ele explicou como se fosse a coisa mais simples do mundo.

A ruiva permaneceu atônita, até o rapaz puxar a cadeira de frente para ela e se sentar, pousando sua bandeja com comida. O que a deixou instantaneamente curiosa com o que ele estava fazendo.

— Maldição?

O moreno ergueu o olhar para ela, ambos pareciam estar tendo a conversa mais confusa de suas vidas. Por que quanto mais eles falavam, mais dúvidas surgiam na cabeça de ambos.

— Você não é feiticeira? — Ele perguntou de volta, parecendo ignorar os questionamentos dela.

Foi a vez de Izzy se sentir extremamente ofendida, sentindo como se tivesse acabado de levar um fora daquele belo rapaz.

— Está me chamando de bruxa?

Ele tinha acabado de estender a mão para pegar os talheres e poder cortar uma de suas panquecas decorativas, quando ele a encarou novamente. Primeiro com confusão, em seguida balançando a cabeça de forma agitada.

— Não, não. Sinto muito por isso... Não foi isso que eu quis dizer.

Certo, aquilo não parecia estar tendo sentido nenhum. Já fazia cinco minutos que ele estava ali diante dela e que agora tinha tomado liberdade de se sentar em sua mesa como se fossem velhos amigos, não que ela estivesse incomodada com isso, ele era genuinamente lindo e isso a deixava um pouco desfocada do mundo ao seu redor. Mas não era como se eles realmente estivessem tendo um diálogo frutífero.

— Ah... — Izzy desviou os olhos dele por um instante, observando atentamente aquele enorme monstro sobre as costas dele que ele chamara de Rika e de maldição. — O que necessariamente seriam maldições?

— Você não sabe? — O moreno adquiriu uma expressão perplexa diante da menor, que encolheu os ombros balançando a cabeça. — Qual seu nome?

— Izzy, e o seu? — Ela perguntou com certa empolgação, finalmente entrando em um tópico que lhe interessava de verdade.

— O meu é Yuta, é um prazer. — Ele estendeu a mão por cima da tela do notebook dela que estava aberto. Izzy retribuiu ao gesto, sentindo o quão macios os dedos dele eram, apesar do aperto firme, o que fez seu rosto esquentar antes dela se afastar. — Então, Izzy. Maldições, são basicamente monstros criados a partir das energias negativas dos seres humanos. Eles se alimentam da energia ruim que as pessoas liberam, geralmente são encontrados em hospitais, escolas e qualquer tipo de ambiente onde se concentra diversos tipos de sentimentos.

Enquanto ele explicava pacientemente para ela o que realmente eram aqueles monstros. Izzy começou a se questionar. Quanto de emoções ruins ele poderia ter tido em sua vida para ter um monstro como aquele em suas costas?

Ela queria falar, mas a voz dele era tão angelical que atrapalha-lo parecia até um crime. Por isso, ela se aquietou, ouvindo atentamente Yuta explicar de forma animada e agitando as mãos com gestos no ar, entregando que ele realmente parecia bastante confortável em falar com ela.

Até mesmo um pequeno suspiro escapou de seus lábios em meio ao discurso do rapaz, que parou de falar e a observou atentamente. Ela viu as bochechas dele ganharem uma tonalidade de vermelho, o que o deixou ainda mais atraente do que poderia ser naturalmente.

— Qual o problema? — Ela perguntou ao perceber que ele havia paralisado diante dela.

Yuta balançou a cabeça para os lados de forma automática.

— Por que não está me encarando como se eu fosse um maluco? Eu acabei de lhe dar informações que claramente você desconhece e que nenhum não-feiticeiro deveria saber.

Ela apenas deu de ombro.

— Nenhuma maldição me assusta tanto quanto ter de criar um seminário e apresentar na frente de vários outros alunos da faculdade.

Ele riu com a sinceridade dela, agitando seus ombros de forma mais relaxada. Enquanto a maldição em suas costas parecia abraçá-lo de forma ainda mais protetora e terna. Mesmo sendo uma figura muito feia com dentes e garras gigantes, não parecia que realmente pudesse feri-lo de alguma forma.

— Você realmente não é uma feiticeira?

— Moço, eu sou só uma estudante sendo fodida pela faculdade. Antes de ver isso nas suas costas, eu achava que maldição era meu professor de ética e logística.

As palavras dela arrancaram outra risada sincera de Yuta. O que fez Izzy perceber que gostava bastante de vê-lo rir daquela maneira.

Mas não era como se aquilo fosse se estender mais do que uma simples conversa no café da manhã em uma cafeteria qualquer. O simples fato de pensar que assim que ele terminasse de comer iria embora e eles nunca mais se veriam a deixou triste.

Houve um período de curto silêncio que se estendeu na mesa, Izzy chegou até a desviar os olhos de Yuta para encarar o gatinho em sua xícara. Ela não sabia mais o que dizer, mas também não queria deixar de ouvir a voz dele.

— Por que você não vem pro colégio Jujutsu? — A voz dele retornou com um timbre bem mais confiante.

Izzy o encarou de volta, franzindo as sobrancelhas.

— Colégio Jujutsu?

— Sim, é um colégio criado para pessoas como eu e você que enxergamos as maldições. Lá você pode treinar com ótimos professores e se tornar uma feiticeira.

A ruiva encarou o rosto bonito do rapaz a sua frente, tentando decifrar se aquilo era algum tipo de pegadinha ou não. Mas ele estava sério demais para alguém que deveria estar apenas zoando com a cara dela. E ao se tocar de que o convite era real, a mesma desviou os olhos para a tela de seu notebook, onde o artigo científico que ela deveria estudar, ainda estava a mostra na tela.

— E quanto a minha faculdade?

— Não estou dizendo para largar, a decisão é sua. Você pode aceitar a minha proposta, ou pode simplesmente fingir que essa conversa não aconteceu e que nunca nos vimos. Até porque, eu vou sempre ter essa maldição comigo e não acho que seria bom manter perto de alguém com uma vida comum.

O fato dele mencionar que eles deveriam fingir que nunca se viram, fez com que Izzy sentisse uma breve tristeza iminente. Como ela poderia ignorar o fato de conhecer Yuta? Ele era lindo, simpático e estava sendo tão cordial com ela. Como poderia simplesmente passar o restante dos dias de sua vida, fingindo que não conheceu alguém que estava fazendo as maçãs de seu rosto esquentar só pelo simples fato daquelas íris escuras estarem lhe observando com curiosidade?

Ela olhou para seu notebook novamente, se lembrando dos dois anos de puro sofrimento e desgosto que estava tendo na faculdade. Ela nem ao menos gostava do curso que fazia. Por que deveria continuar com algo que claramente estava esgotando toda sua saúde mental e física?

Aceitar a proposta de um completo estranho também era arriscado.

Mas os olhos de corsa dele a fizeram se derreter. Yuta não parecia ter o típico perfil de psicopata, ele parecia ser gentil demais para esse tipo de coisa.

Num ato impensado, Izzy bateu a tela de seu notebook, um gesto que causou um som alto demais e fez com que o rapaz a sua frente saltasse com o susto.

— Eu aceito. — Ela respondeu sem reconsiderações.

Yuta a observou atentamente, antes que um pequeno sorriso gentil e brilhante emoldurasse seus lábios.

— Fico feliz com isso, tenho certeza de que você vai se dar bem no colégio. Inclusive, eu vou me oferecer diretamente para treinar você.

A expressão confiante de Izzy murchou no mesmo segundo.

Ela mal havia ido para essa tal escola Jujutsu e já tinha total certeza de que reprovaria.

Como ela iria aprender algo com Yuta lhe ensinando? Ele claramente seria o maior empecilho de sua concentração. 

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