Dia de folga

Estava feito. Os conselhos não foram dissolvidos, apenas desprovidos de seu poder de voto. Podiam ainda discutir os assuntos e apresentar sugestões ao General Comandante de Kamanesh. Kandel assumira a regência e comando político no lugar do príncipe Edwain, e foi anunciado que o jovem assumiria o trono mais cedo, quando completasse dezesseis anos.

Kandel convenceu a Princesa Kátia a deixar Edwain prosseguir com seus estudos junto a Lorcas, pois o velho já dava sinais de fraqueza, assim adquirir conhecimentos com ele seria um prioridade.

O Príncipe Kain e a maioria dos lacoreses se retiraram. O regente de Lacoresh considerou sábia a decisão tomada por Edwain, mas ficou em dúvida se a ideia teria partido mesmo do jovem. Prevendo um período turbulento na transição do modo de governo, cedeu, por um prazo de dois meses, alguns de seus homens para ficarem em Kamanesh e apoiarem Kandel no estabelecimento do novo governo. Como não havia nenhum templo da Real Santa Igreja em Kamanesh, ficaram também, junto à comitiva, uma dupla de capelães e uns poucos clérigos sob as ordens do experiente Ékzor DeGrossi. Eles estariam encarregados de promover os cultos aos soldados de demais membros da comitiva lacoresa enquanto estivessem na cidade amiga.

No fim das contas, Eduard só perdeu dois dias de aulas. Uma carta enviada por Lorcas, com atestado falso de um dos médicos da corte, informava sobre o adoecimento do rapaz o que o impediu de comparecer à Academia.

Edwain estava liberado para voltar à sua velha rotina no dia seguinte, pois estavam no nono dia, no qual dezoitonalmente havia folga das aulas na Academia. Pretendia passar o dia no palácio, mas logo cedo recebeu um bilhete vindo da casa de Lorcas.

"Caro Príncipe,

Peço que venha para buscar o livro. Finalmente o localizei e sei que vai querer lê-lo o quanto antes.

Seu servo, Lorcas".

"Livro? Mas que livro?" indagou-se Edwain sem encontrar respostas. Logo chegou à conclusão que havia um outro motivo para ser chamado assim, com urgência. Um motivo que não podia ser mencionado por escrito. Então, Edwain foi buscar sua escolta e foi até a casa de Lorcas.

— Jovem príncipe — veio a voz rouca do velho exibindo um sorriso desdentado. Ele estava com os olhos cansados e respirava com dificuldades. Usava uma touca, tampando seu tufo de cabelo ralo e muito branco.

— O senhor está bem?

O velho fez um gesto impaciente. — É claro...

— Por que me chamou?

— Seus amigos estiveram aqui, mais cedo. Custamos a colocá-los para fora. Dissemos que ainda estava dormindo, mas já estava se recuperando.

— Amigos?

— Sim, um rapazinho feio e uma menina moça. Eles voltarão, sei disso. Então, é preciso que você tome a forma do nortenho.

Arifa e Tíghas, Edwain imaginou. Ele foi até os fundos e tomou uma dose da poção metamórfica. Não usaria uniforme naquele dia, mas Lorcas arranjou uma das melhores roupas dos criados. Um calção cinza e uma blusa branca. Não ficaram muito bem ajustados, mas seriam suficientes, como calçado, Eduard usou as botas de cano curto que faziam parte do uniforme.

Eduard e Lorcas conversaram um pouco sobre as mudanças no governo e sobre certos cuidados que teriam que tomar do lado das leis. Mas a conversa não foi muito longe. Logo o sino da campainha foi acionado.

— É melhor ir pessoalmente, Alteza — a voz rouca do velho indicou.

Eduard franziu o cenho. Estranhou ser tratado por alteza estando na forma do rapaz nortenho. Concordou com um aceno e desceu as escadas.

— Ed! Como cê tá, ãh meu chapa? — Tíghas deu-lhe um caloroso aperto de mãos.

— Já estou melhor. Amanhã voltarei às aulas. — Ed olhou rapidamente para Arifa, e acenou encabulado. Ela respondeu com um sorriso e outro aceno.

— Como souberam onde eu morava?

— Não foi difícil. — disse Arifa.

Ed logo se lembrou das ameaças de Tarpin. Ele não deveria se aproximar dela. Pretendia fazê-lo. Mas, era Uraphendis, o dia de folga na cultura lacoresa. E ela que o havia procurado. Então, ele deu com os ombros.

— Querem entrar?

— Na verdade — começou Tíghas — Távamos pensano, que se tivesse melhor, íamos convidar ocê prá ir fazê uma visita ao Mark.

Edward se animou com a perspectiva. Nunca teve antes a oportunidade de andar pela cidade como um plebeu. Todas suas experiências na pele de Eduard foram dentro da Academia, ou nos caminhos de ida e vinda.

— Vou consultar meu senhorio, esperem aqui.

O velho Lorcas apenas sorriu quanto a ser questionado.

— Ora Alteza, sois um príncipe sábio, estou certo que podes decidir isto por si só.

Eduard desceu animado e com um sorriso nos lábios.

— Ele concordou. — fechou a porta atrás de si e seguiu-os pelas ruas de Kamanesh, pouco movimentadas naquele dia de folga.

Seguiram a rua adjacente à muralha do palácio por um tempo. Tíghas olhava impressionado.

— Como será que é lá dentro? — ele perguntou só por perguntar.

Tanto Arifa como Eduard conheciam o interior, mas ambos tinham seus motivos para nada dizer.

— Ouvi dizer que é limpo. — Eduard respondeu apenas por educação.

— Um dia, quando me formar, sei que vou lá, ver como é. — disse o rapaz com um olhar sonhador.

— Talvez não tenha nada demais para ser visto. — arriscou Arifa.

— Venham, por aqui. — Tíghas virou um beco e seguiram até a região do porto antigo, onde ficava a Praça da Meia-lua.

— Nós vamos na Teona. — disse Tíghas quando chegaram à grande praça semicircular.

— Sério? — Arifa enrijeceu pensando em que seu pai diria se soubesse. Aquele estabelecimento havia sido no passado a mais famosa e estalagem de Kamanesh. A Taverna da Lua ainda tinha na fachada o velho disco de madeira esculpido, mas desbotado, imitando a forma da maior das luas, Teona.

— Ouvi dizer que o lugar não é muito bem frequentado — concordou Eduard.

— Relaxem, certo? Cês estão comigo.

Ed e Arifa trocaram olhares e um esboço de sorriso sarcástico. O que aquilo significava?

— Ah cês deixem disso, eu venho aqui o tempo todo. É só má fama. Além disso, eles não tem preconceito.

— Preconceito, como assim?

— É... Qualquer um é servido se tiver moedas para pagar.

Arifa compreendeu, mas Eduard não.

Só de olhar para a cara de Ed, Tíghas zombou — Você não é só de outra cidade, né Ed? Fala a verdade, você foi adotado por um bando de bestiais.

Eduard corou. Arifa tocou-o no ombro. — Não liga para isso, Ed. Logo você vai entender.

Antes que ele pudesse retrucar, entraram no estabelecimento. O interior era amplo e estava cheio demais para um início de tarde. Veio um forte cheiro de carne cozida misturado com outros odores que mudavam de acordo com o avanço do trio. Muitos estavam ali para almoçar, jogar cartas, dados ou apenas beber e jogar conversa fora.

Ed reconheceu em uma mesa alguns cavaleiros, estavam sem os uniformes. O cavaleiro Zéfiro, irmão de Mark, estava entre estes. Isto o fez relaxar um pouco, afinal, o local não era tão mal frequentado assim. Arifa, por sua vez, ficou tensa e jogou os cabelos sobre a face. Olhou para o outro lado enquanto passavam por ali.

Eduard ficou atento para a conversa entre os cavaleiros.

— ... ordens do general. — dizia um deles.

— Sim, mas e quanto os homens de Whiteleaf? Isso pode não fazer diferença.

— Talvez precisem de uma lição — rugiu um dos mais velhos, com uma grande cicatriz no rosto.

— Melhor isso que servir de babá para o príncipe! — um quarto zombou dando risadas.

Eduard ficou envergonhado e suas orelhas ficaram vermelhas. Ele desacelerou, pois queria ouvir mais, mas foi puxado para mais além por Tíghas.

Finalmente Ed viu Mark, duas mesas adiante, sentado sozinho. Parecia entediado e triste remexendo um prato de sopa com uma colher de pau.

— Eduard? Arifa? — Mark ergueu as sobrancelhas, surpreso. Não esperava ver nenhum dos dois ali. O encontro com Tíghas já era habitual, mas...

— Mark! — Eduard foi lhe dar um cumprimento caloroso — Que bom lhe ver!

Arifa também o cumprimentou, com um gesto. Sentaram-se à mesa e depois de um silêncio constrangedor Mark disse.

— Não precisam olhar para mim com essa cara. Eu só saí da Academia... Não morri.

Arifa sorriu aliviada.

Ele completou, de modo sombrio — E é melhor ficarem preparados. Vocês sabem que menos da metade de uma turma conclui o treinamento.

Tíghas colocou os dedos na boca e assobiou imitando um pássaro. E logo veio um rapaz para anotar o pedido.

— Quatro cervejas!

Arifa ia protestar, mas desistiu. Mark contou um pouco sobre o que andava fazendo. Havia sido aceito como pajem na Guarda da Muralha e treinava para ser um patrulheiro. E isto ainda lhe dava esperança de tornar-se um cavaleiro da segunda ordem.

Neste meio tempo chegaram as cervejas. Arifa provou, fez uma careta e colocou a bebida de lado. Tíghas e Mark entornaram, como o de costume. Eduard tomou dois goles deixando um bigode de espuma acima dos lábios.

— Limpa isso aí... — indicou Arifa incomodada.

Ele lambeu os lábios. Eduard pensou duas vezes se deveria beber mais ou não. Mas aqueles dois goles o relaxaram. De repente, sentiu uma liberdade que nunca havia sentido antes. Estava ali com amigos, bebendo, sem ninguém para vigiá-lo, ou proibí-lo. Podia ouvir sua mãe dizendo que deixar um bigode não era apropriado para um príncipe, ou melhor, beber cerveja numa taverna não era...

— Eu estou ajudando a investigar os assassinatos — revelou Arifa. Isto tirou Eduard de suas divagações. Ela parecia nervosa, havia se sentado de costas para a mesa onde estavam os cavaleiros e de vez em quando dava umas olhadinhas na direção deles.

Ed já sabia daquilo, mas Tíghas e Mark não.

— Como é? — Tíghas olhou-a interessado.

— É... Há quem suspeite que os assassinatos tenham sido praticados por um demônio.

Mark riu, a ideia parecia absurda. — Um demônio infiltrado no palácio, essa é boa!

— Não é qualquer demônio. — ela explicou. — Mas sim um que consegue ficar oculto ao possuir o corpo de outras pessoas.

— Mas com tantos cavaleiros farejadores no palácio... Isto seria muito improvável. — ponderou Tíghas.

— Além do mais — Ed completou — Prenderam o conselheiro Yourdon. Ele estava por trás dos assassinatos.

— Dá onde você tirou isso, Ed? — indagou Tíghas com suspeitas no olhar.

Eduard percebeu que havia falado demais. Aquela informação estava restrita a um pequeno grupo de pessoas. Ele pensou rápido. Estava ficando bom naquilo.

— Ouvi uns cavaleiros conversando na casa do velho Lorcas.

— Cavaleiros?

— É... Faziam escolta ao príncipe.

— Escolta? — Arifa estava surpresa.

— É, ele está estudando alguma coisa com o velho.

— E você o conheceu? Como ele é? — a moça perguntou interessada.

— Eu bem... — era estranho falar de si mesmo e ainda mais mentindo a respeito. — Sei lá... Muito sério, eu acho. Não cheguei a conversar com ele, nem nada.

ia adorar conhecer o príncipe, né Arifa? — Tíghas zombou.

— Olha, vocês são todos uns idiotas! — ela explodiu, levantou-se e saiu de lá.

Eduard ergueu a mão, mas se engasgou, sem saber o que dizer. Mark chutou Tíghas por baixo da mesa.

— Au!

— Para que colocar o dedo na ferida, hein baixinho?

— Não coloquei dedo algum.

Mark gritou para o rapaz — Mais três cervejas!

Eduard deu um soco no ombro de Tíghas.

— Você tinha que fazê-la ir embora!

— Au! Não fiz isso sozinho, certo? Ou vocês não perceberam que ela estava querendo atenção quanto àquela estória maluca de demônio assassino?

Os três continuaram bebendo e Tíghas revelou a Mark a respeito das ameaças de Tarpin. Mark topou ajudá-los, assim que tivessem um plano. Embalado pela embriaguez e pressionado por Tíghas Ed finalmente confessou que estava apaixonado por Arifa. Na verdade, aquela confissão foi algo inesperado para ele próprio, mas quando as palavras saíram de sua boca, não havia mais como negar que possuía aqueles sentimentos.

— Ela é bonita — admitiu Mark — mas duvido que ficaria com um cara como você.

— Como assim?

— Ela tem sangue nobre, então, teria de se casar com alguém de sua classe.

— Mas eu sou o pri... — Eduard quase deixou escapar, devido à embriaguês.

— Primogênito? Há há... Você é apenas o bisneto de um cavaleiro de não sabe-se onde.

— Arifa tem sangue de nobre? De onde você tirou isso?

— Ela nunca contou a vocês sobre a família dela?

Os dois apenas se olharam.

— Então, não vou ser eu que vou contar. E eu que achei que ela os considerava amigos.

— Ah, corta essa Mark, conta! — pediu Tíghas.

— Eu conto... — imaginou algo impossível — digamos por dez moedas de ouro.

— Idiota! — Tíghas tentou chutá-lo de volta, mas Mark encolheu as pernas adivinhando o movimento.

Enquanto brigavam, Ed colocou a sua bolsa sobre a mesa futucou o interior e sacou dez moedas colocando-as na frente de Mark.

Os dois arregalaram os olhos.

— De onde tirou esse dinheiro, Ed? — Tíghas indagou.

— Eu... são economias, mas eu não gasto com nada mesmo...

— Pegue o dinheiro de volta. Eu só disse algo absurdo... Eu não ia...

— O cara tá apaixonado, Mark. Tenha dó dele e conte. Que mal vai fazer?

Mark encarou as moedas e coçou os dedos. Estava precisando de dinheiro para ter um equipamento decente. Aquele dinheiro poderia até lhe comprar uma boa espada.

— Pode aceitar, não vai me fazer falta. — Ed insistiu.

— Tudo bem. Eu vou contar, mas nenhuma palavra para ela a este respeito, certo?

Os dois acenaram.

— Na verdade, eu e Arifa nos conhecemos desde muito tempo. Meu irmão... — Mark apontou para Zéfiro na outra mesa. — Ele e o pai de Arifa se conhecem de longa data. Ela é filha de um cavaleiro, um dos blackwings.

— Ela é filha de um cavaleiro? Mas por quê nunca falou disso?

— Não tenho certeza, mas tenho um palpite. Acho que ela pensa que se todos souberem que vem de uma família nobre isso poderia ser motivo para ser favorecida na academia.

— É claro que sim. — concordou Tíghas — Todos sabem que nobres endinheirados tem entrada e permanência facilitada na academia.

A expressão de Eduard se fechou.

— Sem ofensas, né Ed? — o baixinho cutucou no ombro.

— Um cara como você deveria pensar diferente, Tíghas. — acusou Mark.

— Que nada! Só porque eles tem uma regra que permite que os pobres entrem na academia, não quer dizer que os ricos não possam ser favorecidos.

— Mas ela é nobre de que casa? — quis saber Eduard.

— Desbrin.

— Ela é filha de Galdrik Desbrin?

— Isso mesmo, já o viu?

— Ah, não, só ouvi o nome dele. Está envolvido na investigação dos assassinatos.

Tíghas observava Ed com desconfiança. Estava bem informado demais para seu gosto.

— Outro dia, Arifa me mostrou um livro sobre demônios. Imagino que estava reunindo informações para passar para o pai dela. Pensando melhor no assunto, o que impediria um demônio de se esconder no palácio? Afinal, é um lugar enorme e cheio de gente...

— Você devia ter dito isso logo enquanto ela ainda estava aqui.

Ed suspirou, lamentando não tê-lo feito.

— Por que você não vai atrás dela, Ed? O Mark deve saber onde ela mora — instigou Tíghas.

— De jeito algum!

— Tá com medo duma garota, Redwall? — Tíghas provocou.

— Não seu besta! E o que eu ia dizer a ela? Ah, o Mark me contou sobre sua família e me disse onde você morava.

— Ei, mais três cervejas — Tíghas aproveitou que o servente passava por ali.

— Você mora no Espadas, não é Mark?

O rapaz fez que sim. — Eu, meu irmão e meu tio, num sobrado.

— E ela?

Mark deixou um sorriso escapar.

— Fui com meu irmão e meu tio, algumas vezes na casa dela, ela mora numa mansão no Alto Barões. A família dela era do Baronato de Lersh, e foi acolhida pelo velho duque. Pelo visto, conseguiram trazer um bom tesouro. A maioria dos nobres acolhidos não teve a mesma sorte e restando apenas o valor do sangue e a prerrogativa de formar cavaleiros na família. O caso do meu irmão é exceção. Meu avô era tecelão, mas se orgulharia de saber que ao menos um neto conseguiu ser ordenado cavaleiro.

— De onde veio a proximidade entre vocês? — Eduard estava curioso.

— Galdrik foi instrutor de meu irmão. Suponho que tenha se tornado um aluno favorito. Com isso, meu tio conseguiu um contrato de serviço para a casa Desbrin. Eu mesmo ia entregar algumas encomendas junto com meu irmão. Os nobres sempre compram tecidos da tinturaria mais cara e rara, sabe como é...

Eduard achava tudo sobre Arifa fascinante. A conversa ainda foi longe, regada a cerveja e petiscos até que a luz do sol começou a baixar. Eduard ficou embriagado e por duas vezes Tíghas quase conseguiu extrair alguma informação dele.

— Meus'amigs, ten'que ir! O veio Lorc's vai ficar u'a fera...

— Vai Ed — respondeu Tíghas, incrivelmente sóbrio — e lembre-se de descansar para amanhã.

Ed levantou-se com alguma dificuldade e deu um abraço em Mark.

— Um praze'te'vê, amigão!

— Tíghas — Mark deu umas boas gargalhadas, o rosto todo vermelho — Melhor você ajudar o Edinho, senão ele não encontra o caminho de casa.

— Djente! Djente! Tô tranquil's...

— Vai Tíghas, se não quiser tomar umas bolachas — ameaçou o mais forte dos três.

— Tá bem, tá bem! Vou ser a babá do príncipe Ed.

Eduard olhou-o muito sério. Ele teria descoberto seu segredo? Então a expressão de Tíghas se contorceu e ambos caíram na gargalhada. Eduard gargalhou aliviado, era apenas uma piada.

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