- Você está com uma cara horrível, irmão. Ficou trabalhando até tarde de novo?

- Se eu tivesse feito isso estaria muito melhor. 

Mokuba não insistiu na conversa com o irmão, pois sabia que o humor do mesmo não estava nem perto de sua neutralidade habitual. No entanto, ao ver o Bastão do Milênio, não conseguiu se conter.

- Seto, desde quando você tem essa coisa aí? 

- Alguém deixou na minha varanda ontem à noite e pretendo devolvê-lo o quanto antes.

- Como assim? E você sabe quem é?

- Minhas suspeitas são grandes. Cuide das coisas na empresa por mim, Mokuba. Assim que eu resolver esse problema vou para lá.

- Tudo bem... Eu acho.

Seto saiu de moto, pois não queria motorista nenhum tagarelando em seu ouvido. Desta forma, poderia encontrar aquela garota mais depressa. Percorreu os arredores da empresa, mas não a encontrou. Decidiu então saber do paradeiro dela com as pessoas que certamente conheciam-na. 

No caminho até a loja de jogos de Solomon Muto, tal qual não foi sua surpresa ao encontrar justamente o "Esquadrão Nerd" que procurava, juntamente com a tal garota de cabelos brancos que carregava o Anel do Milênio.

- O que foi, Kaiba? Aconteceu alguma coisa? - Yugi perguntou, observando o jovem empresário se aproximando do grupo com o Bastão do Milênio.

- Na próxima vez que você entrar na minha casa para deixar uma velharia dessas vou tomar minhas providências, entendeu bem?

- E pelo quão nervoso você está imagino que alguma coisa aconteceu. - Azeneth respondeu, pegando o objeto de volta.

- Se seu plano era me deixar sem dormir, então meus parabéns, foi um sucesso.

- Você se lembrou de alguma coisa, afinal. Que memórias você teve?

- Não lhe devo satisfações de nada. Passar bem.

Ela não poderia deixar Seto sair sem dizer mais nada. Antes que ele pudesse dar a partida na moto, a garota entra na frente do veículo.

- Eu não vou deixar você sair daqui enquanto não me contar o que sonhou.

- E por que isso te interessa tanto?

- Porque nós dois temos uma ligação forte do passado. - suas mãos começam a tremer sobre o painel da moto - E você me deve respostas pelo que fez.

- Eu nunca te fiz nada. E mesmo que essa coisa de vidas passadas exista, meu foco é no futuro. Sugiro que faça o mesmo, do contrário você irá parar em um hospício.

- Você me enganou e me matou! - Azeneth não queria chorar, mas a frustração e a raiva não lhe deixavam escolha - Eu te admirava e te adorava, Seto. E você teve coragem de usar isso a seu favor para dar um fim em mim de repente. Tudo por causa dela... Aquela tal de Kisara... Sim, foi por isso, não é mesmo? Eu não iria ficar no seu caminho! Não precisava ter feito nada daquilo!

Ele simplesmente poderia tirá-la de perto da moto e ir embora, mas Kaiba não conseguia deixá-la falando sozinha. Era como se uma segunda consciência estivesse nascendo e fosse forte o bastante para controlá-lo tanto fisica quanto psicologicamente. 

- Az, não é nada disso.

Por que estava falando daquele jeito? Seto não fazia ideia. Na verdade, ele sequer tinha pensado em dizer alguma coisa para a garota, que levantou a cabeça para encará-lo, com os olhos levemente arregalados de surpresa.

- Sacerdote Seto?

- Pare com isso. O que eu fiz não tem nada a ver com a Kisara. A alma dela nem pode mais reencarnar.

- Se não foi por causa dela, então o que é? Desde aquele dia que você a salvou e lembraram um do outro nós dois começamos a ficar mais distantes. Era como se você estivesse me evitando e me rejeitando... Na verdade, era isso mesmo que estava acontecendo, não é?

- Eu queria que você fosse feliz, Az. 

- Mas é claro... E me golpeando com uma adaga sem motivo aparente é uma ótima ideia. Obrigada, Sacerdote Seto. Obrigada por me usar como uma marionete e depois me descartar sem mais nem menos.

Kaiba voltou a si e viu Azeneth correr para longe enquanto ignorava o chamado de Yugi e seus amigos.

- O que aconteceu, Kaiba? - Yugi perguntou, estudando a expressão do outro - Essas respostas... Não pareciam suas.

- E não eram. - Seto colocou o capacete, indo embora o mais depressa possível.