11 | problemas

Ele não cansava de se machucar. A primeira semana passou, e nem sinal daqueles que feriram Alex. Tate ainda tinha tanta raiva deles que precisava deixar suas feridas abertas como um lembrete de que aquilo não estava acabado.

Rancor devia ser seu segundo nome.

A raiva sempre foi um problema constante o atormentando, mas por um lado, tudo ia embora quando ele estava com Alex. Ela era um farol para o de melhor nele, e isso despistava os pensamentos mais obscuros, evitando que Tate se entregasse aos desejos de cometer atrocidades com todos que já lhe fizeram mal.

Ela o amava, e, muitas vezes, aquilo bastava. Mas estava ficando cada vez pior, os demônios da casa pegavam cada vez mais pesado com ele. Tate acordou diversas vezes em situações estranhas, Constance estava em total alerta com medo de que ele acabasse explodindo a casa num episódio de inconsciência. Várias vezes na paralisia do sono, ele estava deitado no porão, com aquele palhaço deformado babando em cima dele, com uma gosma preta como a baba de um animal faminto e com raiva.

A casa estava lhe exigindo algo. Ele só não queria ver o quê.

Estava ficando cada vez mais difícil de relaxar em casa, não que qualquer dia esse lugar lhe tenha sido um abrigo, mas agora ele estava mesmo pedindo um abrigo na casa de suas vizinhas. A senhora Trevor permitiu, pois acreditava que o garoto cuidaria de sua filha quando ela não estivesse disponível e se compadeceu em ver como o mais novo parecia perturbado com a ideia de ficar sob o mesmo teto que sua família. Isso fora a certeza que Alex não conseguiria fazer muito esforço já que ainda reclamava com frequência que sua costela estava a matando.

Isso atrapalhava, sim, mas não impedia completamente eles de se divertirem.

Beijos doces logo iam se tornando picantes, Tate perdia o controle com facilidade pela boca da garota, o gosto dela causava outros tipos de delírio em sua mente problemática. Ele tinha que pensar demais em coisas não sexuais para ver se evitava que o volume em suas calças aumentasse significativamente, nem sempre dava certo e Alex ria da frequência que ele precisava colocar uma almofada sobre o colo em uma tentativa boba de se conter.

Pensando apenas em Tate, uma tarde, Alex puxou a almofada do colo do loiro e foi para cima dele. As posições nunca haviam passado de se sentarem lado a lado, portanto, aquilo era um salto no escuro e Tate estava certo de que enlouqueceria de um jeito maravilhoso.

Alex colocou uma perna de cada lado do quadril do loiro. Ambos estavam muito nervosos com a proximidade, as mãos de Tate tremiam quando ele decidiu enfim as pôr no quadril dela, apesar do receio que estava sentindo de a machucar. Alex sorriu, querendo saber se ao menos ele estava gostando da sua atitude atrevida e ele retribuiu como ela queria.

A garota se aproximou devagar, os dois colaram as testas, mas ela se afastava quando ele tentava lhe roubar um beijo. Tate queria muito beijá-la, mas Alex só queria que ele a olhasse. Deixaria que ele entendesse isso sozinho.

Quando ela lhe escapou pela sexta vez, ele riu, frustrado.

— Você é má — sussurrou. Alex sorriu maliciosa e o empurrou para se encostar no sofá. Se apoiou nos ombros dele e começou a rebolar, devagar e com muita calma. Tate arregalou os olhos e os revirou, jogando a cabeça para trás. — Muito, muito má — ele riu gostosamente, balançando a cabeça. Alex adorava bagunçar os cabelos normalmente desgrenhados dele. Era uma forma de deixá-lo mais sexy.

— Fica quietinho, fica — ela disse, se aproximando, colando seu peito ao dele e lhe beijando o rosto suavemente, querendo sentir seu cheiro e sabor.

— Alex... — ele suspirou. — Não devia me provocar assim — ele censurou. — Está muito delicada para que eu seja justo.

Alex riu baixo, maliciosa.

— Me beija, Tate — ela pediu, segurando o rosto dele com uma mão enquanto a outra descia pelo peitoral do rapaz. Ela encarou admirada aqueles olhos negros que a ficavam com tanto fervor e tesão. Olhos estes que poderiam devorar a sua alma.

— Eu amo quando você é má — ele sorriu, segurando a nuca dela com a mão enfaixada e tomando os lábios da garota de forma possessiva. Abraçou-a fazendo a mesma arfar de dor na costela, mas nenhum dos dois fez questão de parar.

— Eu amo você — ela sussurrou sem fôlego quando ele começou a beijar seu pescoço. Tate agarrou a bunda dela, puxando-a mais para cima de sua ereção para que ela soubesse o que estava fazendo. Os corpos iam ficando quentes, ela queria se livrar das roupas o mais urgentemente que conseguisse sossegar a chama do meio de suas pernas.

Mas para a infelicidade geral, tiveram de parar. Ouviram o barulho das chaves da senhora Trevor, se chocando umas contra as outras e os passos de salto alto de aproximando da porta da frente. Alex se jogou para o lado, saindo depressa do colo do loiro, e contendo com dificuldade o gemido de dor por conta do movimento brusco.

— Corre, Tate! — ela sibilou. Tate lhe roubou mais dois selinhos apressados e correu pela casa, subindo as escadas para o quarto de Alex enquanto a senhora Trevor colocava a chave certa na fechadura da porta, Alex ajeitou o cabelo se deitando direito no sofá com o rosto escondido, sua respiração irregular não facilitava sua necessidade de fingir que estava dormindo.

A senhora Trevor entrou, ignorando por completo a filha no sofá, sem verificar se ela estava mesmo dormindo e foi direto para a cozinha. Dia estressante no consultório, não estava acostumada em ser a novata, assistente de todo mundo. Precisava encher a cara.

Tate correu para sua casa com um sorriso no rosto. O pensamento de foder a garota o deixou alegre pela próxima meia hora, acompanhando-o por um banho longo e com a imaginação bem inspirada. Ele ficou ofegante ao gozar enquanto a água do chuveiro banhava as suas costas. A sensação era viciante.

Afastava os outros pensamentos, e o deixava ainda mais faminto pela garota. Sempre querendo-a por inteiro. Estava virando obsessão, mas nem ele mesmo notava a diferença de atitude.

Se encarou no espelho, tinha uma sombra enorme atrás de si, algo que lhe embrulhava o estômago, mas não necessariamente o assustava graças ao costume indesejavelmente adquirido. Tate não percebeu, que no meio tempo, ele perdeu o controle de novo.

Quando voltou a si, gemeu de dor, olhou para a frente, o espelho estava quebrado e seu punho já ferido tornou a sangrar, ele franziu a testa, sem entender como aquilo aconteceu. Engoliu em seco encarando seu reflexo com diversas rachaduras, do outro lado, sua imagem lhe sorriu, parecendo fascinada.

Traga-a para mim — seu reflexo disse e a raiva aqueceu o corpo do rapaz como se ele estivesse pegando fogo. Ele tremeu, resistindo ao comando.

Sentia uma pressão enorme em seus ombros o colocando para baixo e lhe tirando o ar dos pulmões. Ele pensou que morreria sem entender como eles conseguiam fazer isso.

— Não — disse entredentes, ofegando. — Ela não — repetiu socando mais uma vez o espelho até não restar mais nada no suporte. Cacos se espalharam sobre a pia e pelo chão, cobertos com seu sangue tão intensamente vermelho e brilhante.

Sua visão se tornou embaçada, mas ele estava concentrado. A adrenalina o protegia da dor horrível. Lidaria com os vidros entre os dedos mais tarde.

— Ela é minha e vai ser para sempre só minha — exprimiu, severo. A pressão de repente foi embora e ele olhou ao redor, sentindo-se enfim sozinho no cômodo.

O garoto suspirou alto, exausto desse pé de guerra, quase chorou de tanta angustia e mal-estar. Estava perdendo, só não sabia isso ainda.

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