Epílogo
Depois de tantos anos, tantas dificuldades, estavam finalmente em paz. Não poderia dizer que não surgia alguns problemas, porque não existia nada perfeito. No entanto, existia um quase perfeito.
Aquele palácio em Salzburgo, longe de Viena, qualquer intriga da Corte, era maravilhoso. Criar seus filhos naquela paz era incrível. Helene levou muito tempo para descobrir e saber o que era viver plenamente. Não reclamava de mais nada, apenas agradecia a Deus por estar tão bem.
Com o passar dos anos, graças ao nascimento de Laura, Rudolph e Lydia, seu relacionamento com seus pais havia melhorado consideravelmente. Ainda não era a típica família feliz, mas estavam conseguindo lidar com os erros do passado que muito refletiam no presente. Até mesmo o imperador estava tentando quebrar os muros que existiam entre ele e o filho mais novo. Estava sendo difícil, Karl ainda tinha muitas amarras pesadas no coração.
Mas ele estava tentando, assim como ela.
— Não deveria ficar com esses braços descobertos, Laura. — ouviu a voz da sua mãe reclamando com a neta. E se não estivesse enganada, era terceira vez só naquele dia. — Pode muito bem ficar resfriada. O tempo está completamente instável.
— Sinto calor, vovó! — protestou a menina.
— Não é possível! Estamos no outono, tudo está mais frio.
— Mãe, deixe Laura com esse vestido. Dentro do palácio está aquecido, tenho certeza de que ela não pegará um resfriado. Caso ela queira brincar do lado de fora, pode vestir ela com todos os casacos possíveis.
— Helene, mesmo que ela esteja aqui dentro, corre riscos de ficar resfriada.
— Laura está correndo por aí com Lydia, não seria muito apropriado enchê-la de roupas pesadas.
— Quero conversar com você sobre isso.
Helene olhou desconfiada para a mãe. Sabia que ela desaprovava a educação livre que era proporcionada para as meninas, e não duvidava que falaria sobre isso.
— Sobre a educação das meninas...
Revirou os olhos.
— Uma arquiduquesa não deve revirar os olhos.
— Não estou em Viena, pode ficar tranquila.
— Pode esquecer isso quando estiver por lá.
— Garanto a senhora que sei me comportar diante de qualquer pessoa. Tenho noção do que quer me falar sobre a educação das meninas, e não acho adequado, pelo menos não por agora, submetê-las ao cansaço de aulas insuportáveis de etiqueta e outras coisas. — quando sua mãe ia abrir a boca para falar, Helene foi mais rápida. — Eu sei o que nós somos agora, o que seremos futuramente. Laura tem apenas seis anos, Lydia quatro, acho suficiente apenas aprenderem a ler e escrever por enquanto.
A baronesa deu um suspiro dramático.
— Bem, não falarei mais sobre esse assunto.
— Seria bom para nós duas. — deu um pequeno sorriso.
— Claro. — resmungou. — Não posso interferir na educação dos meus netos.
Helene sabia que aquela frase também estava se referindo aos filhos de Adam e Anne.
— Drama não é uma característica sua, mãe.
Laura passou correndo por elas sorrindo, logo depois Lydia veio correndo com o rosto completamente vermelho.
— Meninas!
Imediatamente elas pararam.
— Mamãe. — Lydia segurou na saia do seu vestido.
— Não seria melhor pedir para a Srta. Stockmann levá-las para se prepararem para o jantar?
— Ainda não terminamos de brincar! — Laura surgiu na sala com os braços cruzados, fazendo beicinho. Helene conhecia aquele truque da filha, não cairia novamente. — É injusto.
— Injusto é vocês brincarem a tarde inteira, e quando eu peço para fazerem o que estou pedindo, não me obedecem. Mãe, poderia levá-las? Tenho um passeio com Karl em poucos minutos.
— Podemos ir mamãe? — Lydia perguntou com entusiasmo, com os mesmos olhos de Karl; era a mais parecida com ele.
— Não, é algo entre seu pai e eu.
— Vamos meninas. — a baronesa pegou as mãos das netas e saiu da sala.
Assim que elas saíram da sala, Helene começou a rir. Não gostava de ser tão dura com as filhas, mas era completamente necessário muitas vezes. Laura poderia convencer qualquer um a fazer o que ela queria, com os olhos castanhos, rosto e voz fofa. Sua personalidade era muito diferente, não parecia nem com ela, muito menos com o pai. Quando Helene comentou isso com seu sogro, ele deu uma risada e disse que Laura tinha herdado o temperamento de Seraphine quando era jovem.
Lydia seguia a irmã mais velha, mas não tanto. Às vezes ficava sozinha em seu quarto brincando de boneca, ou pedia para caminhar com algum adulto para fazer diversas perguntas. Adorava pegar a pequena mão dela e responder todas suas perguntas.
Ainda não podia dizer nada sobre Rudolph, apenas tinha um ano de idade. Era gorducho, com suas bochechas rosadas, olhos azuis tão lindos. Ele era tão adorável, menos de madrugada, porque adorava chorar nos momentos mais inconvenientes.
Começou a colocar sua luva para poder caminhar com Karl. Ambos adoravam admirar a natureza, para refletir um pouco sobre tudo.
— Oh Deus, ainda fico admirado cada vez que olho para você.
Sentiu seu rosto ficar quente com aquele elogio.
Sem ficava sem jeito.
— Meu bem, você chegou. — deu um sorriso. — Estou terminando de colocar minha luva para podermos ir.
Ele envolveu sua cintura e deu um beijo em sua bochecha.
— Tudo bem por aqui?
— Sim, acredito que sim.
— Seu irmão chegou.
— Sério?
— Sim, virá amanhã para o jantar. Pretende viajar novamente com Anne.
— Sinto tanta falta dela como minha dama de companhia. — envolveu os braços no pescoço dele. — Ninguém se compara a ela.
— Claro, acobertava tudo o que a senhora fazia.
Helene deu uma pequena gargalhada.
— Certamente.
— Vamos? — ofereceu o braço para ela.
— Vamos.
Aceitou o braço dele, caminhando em direção ao lado de fora.
— O dia hoje está lindo. Espero que não chova.
— Bem, é outono, pode acontecer a qualquer momento.
Helene olhou para o céu.
— Acho que não.
— Quero caminhar bastante hoje, até minhas pernas doerem.
— Helene, estou cansado, sem exageros, pelo menos hoje.
— Aconteceu alguma coisa? — encostou a cabeça no ombro dele.
— Apenas umas discussões com o general. Ele quer tratar o assunto com meu pai, coisa que não é possível por enquanto. Meu pai está doente, não pode se aborrecer com qualquer besteira.
— Alguma notícia de Viena?
— Apenas aquela mensagem de ontem. — respirou fundo. — Tenho medo do que possa vir a acontecer. Não quero que meu pai morra, ainda não estou pronto para assumir o fardo dele.
Passou apenas alguns minutos para eles ouvirem um homem chamando por Karl.
Viraram-se para saber de quem se tratava.
Helene estreitou os olhos para tentar reconhecer o homem, mas não o reconheceu. Porém, reconheceu a farda dele.
Era da Guarda Imperial.
Aquilo não era bom.
— Vossa Alteza, trago uma mensagem de Sua Majestade, a imperatriz.
Karl olhou para Helene temeroso, ela conhecia muito bem aquele olhar.
O clima ficou estranho, o medo estava presente.
— Diga-me, por favor, meu pai morreu?
O guarda abaixou a cabeça e ajoelhou-se.
— Sim, Majestade. Sua Majestade, o imperador, faleceu nessa madrugada. Seu coração não aguentou por muito tempo. Vim de Viena o mais rápido possível para lhe comunicar. A imperatriz implora para que Vossas Majestades partam imediatamente para Viena.
— Por favor... — a voz de Karl falhou.
— Poderia nos deixar sozinhos?
— Sim, Majestade. — o homem fez uma reverência e voltou em direção ao palácio.
— Isso não pode estar acontecendo. Bastou eu fechar minha boca, esse guarda surgiu simplesmente dizendo que meu pai morreu. Helene, não pode ser verdade. Diga-me que é uma piada ruim.
— Não, meu amor, não é. — o abraçou com força. — Infelizmente não é.
Não tinha muito o que falar naquele momento. Ambos sabiam que aquele dia chegaria. Apenas não imaginava que fosse ser de maneira tão repentina. Porque na última visita em Viena, ele estava distribuindo saúde.
— O que faremos? — Karl perguntou com a voz embargada. — O que faremos?
Helene se desvencilhou e pegou o rosto dele com as duas mãos.
— Faremos o melhor. Podemos errar, somos apenas seres humanos prestes a ganhar coroas na cabeça. — o encarou nos olhos. — Meu amor, estamos firmes e fortes, nada pode nos abalar. Temos nossa família, e acima de tudo temos amor.
— Sinto que ao seu lado serei capaz de qualquer coisa. Sempre me fortalecendo quando mais eu preciso.
— Não é para isso que existe o casamento?
— Creio que sim.
Helene beijou Karl docemente, limpando suas lágrimas logo em seguida.
— Não temas, temos um ao outro.
— Sou tão afortunado em tê-la como minha esposa e mãe dos meus filhos.
— Digo o mesmo. — aproximou seu rosto do dele.
— Eu a amo tanto, Helene.
— Eu também o amo, Karl.
Beijaram-se mais uma vez.
— Agora, acredito um pouco mais em mim. — Karl olhou para ela.
— Não importa o que aconteça, estarei ao seu lado. Sempre.
Deram as mãos e começaram a caminhar em direção ao palácio.
Uma nova vida começaria para eles, e Helene faria de tudo para ser tão feliz quanto era ali em Salzburgo.
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