Helena sobe as imponentes escadas da Mansão de sua avó, sentindo o peso de sua tristeza e incerteza pesarem em seus ombros a cada passo. Os degraus de mármore branco reluzem sob o brilho suave dos lustres de cristal, iluminando o caminho sombrio e solene diante dela.

     Enquanto caminha, os pensamentos sobre sua tentativa falha de salvar Isabella invadem sua mente. A tristeza a consume, cada lembrança do rosto da jovem e das circunstâncias de sua morte ecoam em sua mente, fazendo-a questionar todas as suas ações. Ela se pergunta se havia alguma informação que pudesse ter mudado o destino da moça, se ela podia ter feito algo diferente.

     Ao chegar à suíte, o ambiente acolhedor e luxuoso contrasta fortemente com a turbulência que Helena sente em seu coração. Ela se vê cercada por móveis elegantes e uma decoração opulenta, mas nada disso consegue afastar a tristeza que a consume.

     Começa a se despir e as memórias daquele jovem coreano que inadvertidamente a ajudara, voltaram à tona. Ela se lembra de como ele apareceu do nada. O beijo e como ele intuitivamente a acolheu. A curiosidade toma conta de Helena, deixando-a se perguntando sobre quem ele era.

      Em meio a todos esses pensamentos e emoções conflitantes, Helena se encontra em um momento de profunda reflexão. Ela se senta em uma poltrona próximo à janela, olhando para o horizonte escuro e pensando sobre tudo o que havia acontecido. 

      A noite caí sobre a mansão Maia, e Helena arrasta-se para o banheiro. Precisa afastar tudo isso de sua mente é se preparar para a recepção que deve enfrentar a seguir. E assim, com uma mistura de  sentimentos e a curiosidade fervilhando em seu coração, ela banhou-se.

     Passou as proximas horas se arrumando, cuidando de cada detalhe para deslumbrar os convidados da noite. Aprendeu minuciosamente a arte de seduzir e encantar homens e mulheres.

     Para a ocasião especial, Helena escolhe algo deslumbrante que realça sua beleza natural. O vestido longo era de um tom rubi profundo, com um decote sutilmente ornado em pedrarias douradas que capturam a luz e brilham delicadamente. A saia longa e fluída, adornada com camadas de tecido leve e translúcido, esvoaça elegantemente a cada passo que ela dá. O corte ajustado destaca as curvas suaves de seu corpo, conferindo-lhe uma presença elegante, sofisticada e sexy na medida certa.

     Complementa seu visual deslumbrante com uma maquiagem impecável. Seus olhos brilham com uma sombra dourada cintilante, destacando a intensidade de seu olhar. Um delineador elegante ressalta a forma dos seus olhos, enquanto rímel acentua seus cílios longos e sedutores. Os lábios foram pintados de um vermelho profundo e elegante, combinando perfeitamente com o vestido escolhido. Sua pele está  preparada e iluminada, com um suave blush rosado realçando as maçãs do rosto e dando um toque de frescor.

     Para as joias, Helena opta por peças que chamam a atenção e complementam seu visual sofisticado. Ela usa um deslumbrante colar de diamantes que emoldura graciosamente seu pescoço. Os brincos são gotas brilhantes de esmeraldas, que cintilam em harmonia com os detalhes dourados de seu vestido. Em seu pulso, um delicado bracelete de ouro cravejado com pequenas pérolas acrescentam um toque de elegância.

     A mulher para diante do imenso espelho e encara seu reflexo a procura de alguma falha, tanto em seu visual, quanto em sua máscara, perfeitamente ostentada neste momento. Suspirou, calçou os sapatos pretos e saiu.

     Ao descer as escadas, Helena fica impressionada com a elegância de sua avó. O lugar ja está movimentado e a presença dela é  motivo para falatório imediato. O amplo salão está exuberantemente decorado, com candelabros reluzentes e lustres que iluminam cada canto. Garçons elegantemente vestidos circulam, oferecendo taças de champanhe aos convidados, enquanto as acompanhantes de luxo, perfeitamente vestidas, se posicionam estrategicamente para entreter os convidados.

     Toma uma taça entre os dedos e beberica do liquido translúcido. Este desce suave demais para seu gosto. Observa os rostos e sorrisos que passam com atenção.  Aprendeu a ler as pessoas e cada mínimo gesto pode significar um texto inteiro. E neste mundo ao qual pertence, isso faz toda a diferença.

— Vermelho sempre lhe caiu bem meu anjo. - Não precisa se virar para ver sua avó em um péssimo preto perfeitamente acomodado em seu corpo. Mesmo contando com seus 80 anos, Olivia ainda possuía curvas e cuidava muito bem delas.

— É  só mais um vestido entre tantos vovó. Teria usado o prateado curto, mas  aí...

— Seria apenas mais uma entre tantas aqui neste salão. - Helena engole em seco. — Admita, você gosta da atenção. Gosta da vida que leva. Vai se sentir melhor quando aceitar esse mero detalhe.

     Odiava ter que concordar com a avó. Realmente aproveitava bem a vida que o dinheiro e a influência de Olivia, e a sua própria, lhe proporcionavam.

— O que temos aqui! Olivia minha pessoa favorita. - A interrupção veio a calhar.

— Deixe disso Jonas! Todos nós sabemos que você prefere as mais novinhas. - Olivia responde irreverente, deixando que o homem lhe beijasse a mão.  — Me deem licença. Estão precisando da minha atenção. - Diz apontando para duas mocinhas recém-chegadas.

— Helena! - O olhar sobre seu corpo, causa um asco na mulher. —  Magnifica! Espero que hoje você possa me dar a atenção que necessito.

     Helena olha para o deputado Jonas Marques com um sorriso educado, mas nítido desconforto em seus olhos.

— Deputado Marques, é sempre um prazer vê-lo. Como posso ajudá-lo hoje? - Ela responde, mantendo-se calma e firme.

      Por sorte ou não, Cristine  passa por ali naquele exato momento e Helena vê nela a oportunidade de se livrar do homem. Um gesto sutil, só precisou disso.

— Desculpe-me pela interrupção, Helena. Algum problema aqui? - Cristine pergunta, olhando de forma curiosa para o deputado e Helena.

     Helena sorri graciosamente para Cristine, aliviada por ter uma distração daquele desconforto momentâneo.

— Obrigada, Cristine. Aparentemente, o deputado Marques está apenas apreciando a paisagem - Rsponde de maneira sedutora, evitando qualquer confronto direto.

— Bem, Helena... Eu apenas pensei que poderíamos ter um momento a sós, mas parece que você tem suas prioridades - Diz o deputado, tentando manter um ar de superioridade.

     Ainda mantendo sua postura elegante, ela responde com gentileza, mas com um toque de sarcasmo.

— Deputado Marques, eu aprecio o interesse, mas acredito que agora não seja o momento adequado para isso. Talvez numa próxima ocasião, possamos conversar melhor. Tenho certeza que Cristine pode lhe oferecer uma noite encantadora. Ah! Seja generoso com ela e quem sabe te dou uma chance. ‐ Passa a mão no ombro do homem e pisca para a jovem que fica satisfeita com a oportunidade. —  Agora, se me der licença... - Helena diz, indicando que sua interação com o deputado havia chegado ao fim.

     O deputado, um tanto contrariado, olha para Cristine por um momento, como se estivesse considerando outras possibilidades. Em seguida lhe oferece o braço e ambos se retiram para uma das famigeradas salas privadas de Olivia.

     Enquanto Helena se retira para o escritório, numa tentativa de se recompor, James e Jonathan  chegam à festa. Jonathan parece preocupado e desapontado com a situação em Nova York, enquanto James tenta manter um clima mais descontraído.

— James, eu não entendo como as coisas podem ter dado tão errado em Nova York. Espero que suas conexões possam nos ajudar desta vez.

— Ah, Jon, você sempre tão sério. Não se preocupe. Tenho certeza de que essa noite será um sucesso. Afinal, ja que estamos aqui, vamos pelo menos nos divertir no processo. E não foi culpa minha se o cara era um fracassado que preferiu pular do prédio ao invés  de responde duas simples perguntas.

—  Espero que você esteja certo.  Precisamos muito de informações. Não posso perder Nova York. Especialmente para alguém como aquele italiano fedorento.

— Você e sua implicância com cheiro. Relaxa que está tudo sob  controle. - James responde animado. — Fique aqui. Já volto. - Diz assim que  avisa sua velha amiga, Olivia.  — Ela é  a sua melhor chance. Estão, use todo esse charme que eu sei que esta escondido ai dentro em algum canto e seja educado com ela. - Ele sorri para Jonathan e aponta para Olivia.
—  Vou deixá-lo à vontade para explorar a festa. Tenho certeza de que você encontrará alguém interessante para conversar. Não vá espantar ninguém importante com essa cara azeda.

— Só... Sai logo daqui. - Jonathan  revira os olhos.

     James segue em direção a Olivia, deixando o amigo sozinho no salão. Jonathan opta por caminhar pela festa, observando os convidados e bebendo calmamente. O jovem herdeiro não está acostumado com festas, então o ambiente a sua volta rapidamente o deixa mal humorado.

—  Olá. Está sozinho? ‐ Jennifer, uma das novatas, fazendo uso de todo o inglês que conseguiu aprender, se aproxima.

—Sim, estou. O que você quer? - Questiona, secamente.

—  Não costumamos ter homens tão... exóticos por aqui. Posso te fazer companhia, te oferecer momentos inesquecíveis, querido.

— Não estou interessado. Obrigado pelo convite, mas não preciso de seus serviços.

—  Tem certeza? Garanto que podemos nos divertir muito juntos.

— Absoluta certeza. Agora, por favor, me deixe em paz.

      Neste momento, Jonathan avista Helena adentrando a sala. A lembrança do beijo que trocaram em Nova York, mesmo sem saber o nome dela, invade sua mente. Ele imediatamente dispensa a garota ao seu lado e se dirige até Helena.

— Jeongmal jag-eun sesang. - Diz com um sorriso no canto dos lábios. (Que mundo pequeno!)

— Aí... Isso é  sério? - Diz em português, perdendo a pompa por alguns segundos. — Hogsi dangsin-eun naleul ttalaogo issseubnikka? ( Está me seguindo?).

— Geugeos-e daehae gyesog kkumkkusibsio. - Responde ele, sarcástico. (Nos seus sonhos).

— Mueos? (O que?) - Questiona, irritada.

— Helena, meu amor! Está maravilhosa como sempre. - James os interrompe. — E você... Estava te procurando.

— É  claro que você também estaria aqui. - Helena diz, sem paciência.

— Por acaso... - James aponta de um para o outro. — Já se conhecem?

— Nós  não, Só  as nossas línguas. - Jonathan  responde sorrindo.

Amores! O que estão achando dos capítulos?  Nota rápida da autora aqui: esporadicamente vão aparecer algo escrito em outra língua e na sequência  sua devida tradução entre parênteses. Se apareceram termos diferentes, estes estarão sinalizados com um * e seu significado estará aqui embaixo.

Espero que esteja sendo uma boa experiência pra vocês 🥰