CAPÍTULO 36
JUNG HOSEOK
Nos exatos dois dias seguidos, Jimin passou a me informar sobre o que estava acontecendo e como estava a saúde do Kim depois do susto que todo mundo levou. Grande porcentagem das pessoas da cidade ficaram sabendo no mesmo dia, o que não demorou muito para chegar nos meus avós que tiveram a reação congruente ao ocorrido, ficando preocupados com Namjoon e também com a segurança da cidade. Tentei tranquilizá-los, explicando que o tal Rick tinha sido preso e seria enviado para um lugar apropriado para que pudesse pagar por tudo o que cometeu, e ainda assim os mais velhos continuavam preocupados com tudo o que vinha acontecendo. Não tirava a razão deles, meu sentimento era mútuo e intenso.
Poucas vezes nesse meio tempo conversei com Jade, sua total atenção para o caso e para o amigo era prioridade no momento e estava dando meu apoio no que eu podia, confiando que tudo iria melhorar e ela conseguiria seguir em frente. No dia, depois que Namjoon foi levado para o hospital, o problema seguinte foi evitar que tudo aquilo piorasse mais do que já estava, precisei conversar com alguns polícias e dar meu depoimento e com ajuda da prefeita da cidade convenci os homens a devolverem o dinheiro que anteriormente sempre foi da minha namorada e seus amigos, com intuito de entregar nas mãos dos verdadeiros donos quando toda essa bagunça acalmasse.
Os dias estavam passando muito rápido e mesmo que uma parte minha quisesse passar mais um tempo ali, eu precisava voltar para minha antiga vida. E saber desse detalhe me incomodava bastante, queria conversar com Jade mas não sabia como tudo iria funcionar depois e com os últimos acontecimentos teria que ter calma, não pensava em encher ainda mais a mente dela com detalhes que poderiam ser trabalhados depois. Só desejava que ela entendesse e aceitasse manter nosso relacionamento, todo aquele sentimento que estávamos descobrindo um pelo outro sem que nada nos impedissem de descobrir juntos o que de fato éramos um para o outro. Eu não queria perder Jade e detestava o fato de uma hora ou outra ter que enfrentar esse risco, atrasando o inevitável.
Terminei de tomar meu banho depois de passar a manhã com os meus avós conversando sobre maneiras de diminuir a saudade que sentiamos pelo outro mesmo longe. Meus avós ainda mantinham distância de qualquer aparelho tecnológico, o receio de ambos de viciar o cérebro com algo tão pequeno que cabia na palma da mão fazia sentido quando parava para refletir sobre como o mundo estava, ao mesmo tempo, que eu desejava que eles aproveitassem isso para mantermos contato com mais frequência e para sabermos como o outro estava.
— Bibi? — a mais velha bateu a porta, chamando minha atenção e entrando em seguida. A vi passar as mãos no vestido longo e florido que usava, com os fios grisalhos penteados para trás, vindo até mim e se acomodando na cama, ao meu lado. — pensei que fosse visitar os seus amigos, é hoje que o pequeno Namjoon retorna para casa, não é? — assentir, recordando desse detalhe.
— Só falta arrumar os cabelos e já estou indo vó — falei e ela assentiu com a cabeça. Observei as mãos inquietas e o olhar que buscava algum ponto para concentrar sua atenção, se eu não a conhecesse tão bem, diria que era seu habitual comportamento. — A senhora quer falar alguma coisa vovó? Tá sentindo alguma dor? Se quiser, posso chamar o vovô — fiz menção de levantar para procurar pelo mais velho, mas ela me interrompeu, segurando minhas mãos.
— Estou ótima meu neto, não precisa se preocupar — afagou uma das minhas mãos, enquanto a outra levou até meu rosto, dando um leve e carinhoso tapinha e em seguida puxando minhas bochechas. — Só queria conversar com você sobre seus dias aqui, se você gostou, o que verdadeiramente achou daqui.
— Bem… — dei uma pausa, continuando a fala com um sorriso. — Eu amei tudo isso aqui, passar um tempo com a senhora e o vovô foi incrível, quero repetir mais vezes.
— Que maravilha, saiba que sempre terá um cantinho só seu aqui — sorriu com os olhos, deixando as marcas do tempo visíveis nos cantos. — Eu queria todo mundo aqui, sua mãe, seu pai, sua irmã, mas sei que eles são bem ocupados e nunca tem tempo.
— Vou conversar com eles — segurei sua mão. — tenho certeza que na próxima vinda aqui, estaremos todos juntos.
— Sim, sim, é o que eu mais quero, como antigamente. — o brilho ao falar do meu pai era tão visível nos olhos dela que cortava meu coração em dois. Trouxe a mais velha para perto, abraçando-a confortavelmente, embalando sobre mim como ela fazia quando eu era pequeno. — E seus amigos novos, a Jade? Espero que vocês não percam contato meu neto, eles são tão adoráveis.
— Eu também espero isso vovó — deixei um beijo em sua testa, me afastando. — espero que depois que voltar, possamos manter a amizade.
— Você e a Jade, estão juntinhos, não é? — sorriu, agora seus olhos estavam brilhando. — Pode contar pra sua vó, vou manter em segredo se quiser.
— A senhora é muito curiosa — fiz careta e ela correspondeu, ajeitando o corpo para me ouvir. — Sim vovó, estamos juntos, mas eu não sei se vamos manter isso depois que eu for embora.
— Vocês precisam conversar e explicar tudo um para o outro — começou. — Você gosta dela? — Indagou, e era tão óbvio para mim o quão apaixonado eu estava pela motoqueira que não sabia se isso refletia nos meus trejeitos e falas. — Então? Já é um ponto.
— É sim, mas… têm tantas outras coisas que não sei se só isso será o suficiente para ela.
— Olha, hoseok… — segurou minhas mãos. — Quando eu era mais nova e conheci seu avô, antes dele ir para o exército ele perguntou se eu sentia alguma coisa por ele e como eu era jovem e não entendia os meus sentimentos por ele, ele me deu cinco anos, que era o tempo que ele iria para o exército e voltaria. — explicou. — a noite, nesse mesmo dia, eu tive a certeza que amava seu avô como eu nunca amei ninguém e me odiei por não ter dito ele no momento que eu tive oportunidade e precisei esperar cinco anos para dizer que queria viver o resto da minha vida com aquele velho teimoso, mesmo ele sendo um palhaço que amava me fazer ir.
— Você e o vovô nasceram um para o outro — disse e ela sorriu.
— Éramos pessoas tão diferentes um do outro meu neto, quem olhasse para nós dois, dizia que nunca daríamos certo. Ele tinha tudo o que ele queria fazer na vida escrito, enquanto eu almejava viver a vida livre, leve e solta. — mais do que nunca admirava eles dois, a maneira como ambos eram tão incríveis, para mim, meus avós eram os maiores exemplos de amor. — Você precisa dizer, mesmo com todas as dúvidas do mundo, muitas das vezes só matamos a dúvida quando confrontamos ela, é um jeito de tomar suas próprias decisões de uma maneira mais livre.
— Obrigado vovô — agradeci, entendendo suas palavras, sentindo meu coração bater mais rápido para acompanhar meus pensamentos.
A mais velha ficou por alguns minutos, me ajudando a pentear meus cabelos que já estavam grandes, comparado quando eu cheguei aqui. Meu avô fez questão de me levar até a taverna e em seguida retornou para casa.
— Hoseok! — Assim que adentrei o espaço já conhecido, Jimin me avistou, me cumprimentando calorosamente em um abraço. — Que bom que veio, estávamos esperando por você.
— Espero que não tenha chegado atrasado — comentei, caminhando com ele até uma mesa onde alguns deles nos esperavam. O bar estava movimentado, algumas pessoas que já tinha visto estavam ali, alguns me cumprimentaram de longe.
— Chegou antes deles, estamos só esperando — comentou e encontrei jungkook.
— Eles sabem da surpresa? — perguntei e ele negou.
— Nem o Jin, nem a Jade, preferimos manter assim — explicou.
— Fizemos uma faixa de boas vindas — Mollie surgiu próximo ao balcão. — Já concordamos que não vai ser nada tão agitado já que o Namjoon vai precisar descansar.
No momento que fui informado que o mais velho estava bem, a tensão em meus ombros simplesmente desapareceu. Me senti animado e feliz pela recuperação dele, o pessoal ainda mais.
— Queremos manter tudo melhor do que já era — apoiei a mão no ombro do park, concordando com ele.
— Eles chegaram gente — Any apareceu na entrada, avisando ligeiramente todo mundo, até mesmo os clientes. Yoongi que estava próximo ao interruptor das luzes, apagou tudo, pedindo para que fizessem silêncio e assim foi feito.
Todo mundo se calou, o silêncio e a escuridão ampliaram minha audição, ajudando com que eu percebesse os passos pesados.
— O que aconteceu… — A voz de Jin foi interrompido com um grito e as luzes sendo ligadas novamente no mesmo segundo. Todos levantaram, fazendo uma grande bagunça e muito barulho.
— Surpresa! — Entoaram em uníssono, assustando quem estava chegando. Helena e Taehyung jogaram confetes e serpentinas sobre os três que ainda assimilavam a situação, uma faixa gigante desceu, cruzando o teto com a mensagem que mollie havia dito alguns minutos atrás.
Em uma fila, cada um foi cumprimentar eles.
— É meu aniversário e eu não sei? — Namjoon olhou para os lados, abrindo um sorriso agradável de surpresa, mantendo a mão envolta do lado, segurando o braço coberto por uma tala médica que o ajudaria a se recuperar ainda mais rápido.
— Que eu lembro, não querido, mas acredito que na situação temos que comemorar mesmo não sendo — Jin o respondeu, sorrindo para ele.
— Sempre é bom comemorar algo — Jade se pronunciou.
Juntaram várias mesas em único lugar, aproximando as cadeiras e trazendo algumas bebidas. Seokjin ajudou a levar o namorado até onde todo mundo estava, ressaltando que ele precisava descansar e não demoraria muito na comemoração, junto com toda aquela animação me juntei a eles, indo até o mais velho e dando um abraço de lado.
— Que bom que você ficou bem.
— Não gosto da ideia de ter que ficar com esse braço parado sem fazer nada, principalmente ajudar aqui, mas se eu não ficar quieto tem alguém que vai terminar de me lembrar — sussurrou, direcionando os olhos para Jin que notou tudo, fazendo uma careta em resposta. Rimos juntos e apoiei a mão contra o ombro dele. — obrigado por ajudar na hora, depois que fui embora, soube que o jungkook não quis soltar o Rick, que ele se alterou.
Recordei dos instantes daquele dia e como precisou de muito esforço para explicar ao Jeon que tudo seria resolvido da melhor maneira e não batendo em Rick, mesmo que eu achasse que após todo o estresse, ele merecia uma porrada bem dada, o que teria fila caso fosse possível.
— Jk não é um cara ruim, ele só queria proteger todos aqui — Enunciei e ele concordou.
— Ele é bem protetor. — desviou o olhar para uma pessoa específica, me conduzindo até a mulher que ultimamente estava ocupando minha mente, notando suas técnicas avançadas com o preparo de algumas bebidas. — Não tivemos tempo o suficiente para falar sobre ela e bem, eu queria dizer que estou feliz por vocês, sempre quis que ela só vivesse um tempo consigo mesma, sem precisar se preocupar com esse bando de sem cérebro e esse quase velho aqui que só dá trabalho— ele riu e seguir no automático, enquanto de fundo os outros gritavam e bebiam suas cachaças. — e principalmente, conhecesse alguém legal.
— Foi difícil, quase fui atropelado por ela? Sim… — arqueei o cenho. — mas sinto que tudo isso valeu a pena, de algum jeito.
— É assim que sentimentos acontecem, da maneira mais inusitada possível — oscilamos a cabeça e Jin se achegou, acomodando-se entre as pernas do mais velho, acariciando o lado do ombro machucado e em seguida depositando um beijo do namorado.
Deixei o casal ter seu momento e caminhei como quem não queria nada até Jade, que estava cantarolando de costa para toda aquela euforia e diversão, arrumando o balcão. Me aproximei sorrateiramente, envolvendo meus braços envolta do seu corpo, sentindo o cheirinho de canela do seus cabelos adentrarem minhas narinas, apertando meu tronco contra suas costas, deixando um beijo demorado em sua bochecha.
— Por que não está se divertindo com os outros? — Perguntei, ouvindo sorrir.
— Tenho muitas coisas pra fazer, e também, eles sempre se divertem melhor sem mim — fiz uma careta.
— Que nada, com você tudo sempre fica melhor ainda — se virou, contornando meus ombros e pescoço com seus braços, acomodei minhas mãos em sua cintura, observando seu olhar felino em minha direção, causando um sentimento que aquecia todo o meu corpo. — você também precisa se divertir depois de tudo o que aconteceu — fez cara feia, desviando o olhar, e antes que desviasse o rosto também, segurei seu queixo, mantendo os olhos em mim. — Nada daquilo foi culpa sua, tudo bem?
— Eu sei… — sorriu, concordando. — o maior culpado de tudo é aquele desgraçado.
— Exatamente, isso mesmo — pisquei para ela, roubando um riso. — Agora você precisa comemorar com o pessoal. — Fiz um bico, esperando que ela juntasse os lábios contra o meu, mas, de primeira, apenas me analisou com aqueles olhos redondos com um micro sorriso no canto da boca.
Não pude resistir a todo o encanto que vinha de Jade, juntando ainda mais nossos rosto até que conseguir sentir a brisa da sua respiração, seguido dos nossos narizes se tocando e posteriormente do beijo que desfragmentou tudo dentro de mim. Eu queria levá-la para sempre e alimentar aquele sentimento que rondava nós dois, queria permanecer até convencê-la que o que tínhamos e sentíamos um pelo outro valia mais do que a pena.
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