CAPÍTULO 15
JUNG HOSEOK
Jade estacionou a moto ao lado das demais e logo pude ver a entrada do espaço onde aconteceria o festival. Tudo estava bem alinhado e organizado, pessoas nas barracas aguardando os moradores ou apenas apreciadores daquele evento anual. Meus avós já estavam ali, em uma barraquinha mais centralizada nas laterais, a frente, no centro entre as elevações, um pequeno palco iluminado nos esperava no momento certo.
— Por enquanto vamos focar aqui, prestando atenção em quem entra e sai — Inquiriu a motoqueira, com firmeza e confiança. — A prefeita pediu para que ficássemos atentos também com coisa afiada ou letal, então, atenção nisso também — Sorriu. Encostado no cercado alto de madeira, com os braços cruzados, observava silenciosamente, analisando de cima a baixo. — Por fim, se divirtam também, nós merecemos — finalizou e todo mundo se separou, seguindo em direções distintas. — O que foi? — perguntou, virando para mim, enfiando as mãos dentro da jaqueta e se aproximando.
— Nada, por que? — arqueei o cenho. — Na verdade, só estava observando como é interessante o fato de você liderar com tanta confiança.
— Apenas faço o necessário — respondeu.
— O suficiente para eles confiarem no que você sugere — complementei minha fala anterior, me afastando do cercado.
— Eles confiam em mim e eu confio neles, mas sempre conversamos para ver se estamos de acordo com tudo — balancei a cabeça, fazendo uma careta e posteriormente me movendo. — E você Hoseok, desde que soube que tocava e vi que você tinha talento, me perguntei: “ por que um garoto bonito da cidade não é um cantor de sucesso já que lá tem mais oportunidades do que aqui. ”
— Ah. — puxei os bolsos da calça. — Que inocência a sua Jade, a cidade tem oportunidades, porém a exigência é o dobro, aliás... gostei do “ garoto bonito ”, isso quer dizer que você me acha bonito? — me direcionei para ela, percebendo seu olhar sobre mim.
— Eu não disse isso — franziu o cenho, sorri de canto, confirmando com a cabeça. — Eu vou fazer outra coisa que é bem melhor — disparou na frente, mas antes de ir muito longe, corri até ela, segurando sua mão.
— É… — soltei sua mão, notando o que automaticamente eu tinha feito. — O que acha se me mostrar o lugar? Eu sou um visitante, não é? Acho que devo merecer um tour por aqui. — ela balançou a cabeça negativamente, mordendo o canto da boca. Sentia que ela estava me ofendendo de todas as maneiras internamente e quis sorrir por conta daquilo, mas me contive.
— Tá bom, mas será rápido — continuou a andar e concordei, sentindo que daquela vez eu tinha vencido.
Seguimos adiante, olhando as barracas, cumprimentando as pessoas e me apresentando a algumas delas. Em uma delas que era para acertar uma bolinha no alvo, se eu conseguisse, ganharia um ursinho.
— É sério que você vai me fazer esperar aqui, pra ganhar um urso? — Perguntou ela, me aguardando para que continuássemos o passeio. Segurei uma das três bolinhas, focado no que eu tinha à minha frente.
— Paciência Jade, paciência — sussurrei, vendo pelo canto dos olhos, ela bufar. Continuei, gostando de como ela precisaria ficar ali.
Aceitei uma.
Duas e na terceira, por pouco não aceitei, mas consegui. Ao menos minha mira estava em dia com aquilo. Acabei ganhando um ursinho no formato de aranha, o que me fez lembrar a tatuagem que vi na mão de alguns dos amigos de Jade e também em sua jaqueta, capacete e na moto. Olhei para o bichinho palpável.
— Combina mais com você — estiquei a pelúcia para ela, observando seu olhar brilhante como as estrelas em meio a uma confusão profunda devido a minha atitude. — Aranha, vocês, bem… parece algo que faz sentido, não é?
— É, verdade — curvou suavemente o canto dos lábios, segurando a pequena aranha. — Valeu.
— Não precisa agradecer — balancei a cabeça, engolindo a seco, sentindo minha respiração mais pesada. Olhei para trás, vendo a barraca dos meus avós. — acho que não vou mais atrapalhar você, vou ficar e ajudar meus avós, quando for a hora de ir para o palco, eu sigo.
— Ah, sim, claro. Vou fazer o que tenho que fazer — Ela concordou e fiz o mesmo. Nos afastamos ainda um o olhar um no outro e sem drama, nos viramos, seguindo caminhos diferentes.
Me juntei aos mais velhos, ouvindo-os falar um pouco mais sobre o festival. Minha avó estava animada, vestia a roupinha que havia presentado, meu avô também, ambos orgulhosos daquele momento. Fiquei por alguns momentos, sentindo que realmente aquele era um ambiente onde facilmente me encantaria e moraria ali. Talvez não fosse tão ruim quando eu envelhecesse fosse morar em uma fazenda como meus avós.
Algumas horas depois, o lugar já estava cheio de pessoas que circulavam entre as barracas, comentando sobre os detalhes e principalmente, a apresentação.
— Hey, hoseok… — Escutei o Min me chamar. — É agora, vamos. — expandir os olhos.
— Vá lá querido, estaremos aqui olhando e gravando tudo — sentir o tapinha carinhoso da minha avó em minhas bochechas e suas mãos macias arrumando os fios que caiam sobre minha testa.
— Vamos gravar tudo — meu avô mostrou o celular, sorrindo para mim. Sorri em seguida, me despedindo deles e me juntando ao outro garoto, seguindo-os até os fundos da construção, adentrando e caminhando mais um pouco, entrando em uma pequena sala onde todos já se encontravam. Helena arrumava a luva que cobria suas mãos, Jungkook limpava as baquetas e Yoongi passou por mim, pegando a guitarra que eu usaria e me entregando.
Busquei Jade, vendo-a caminhar com o pensamento distante, falando consigo mesma, presa em sua própria mente.
— Ela tá um muito nervosa — Disse um deles ao perceber que eu me perdia na motoqueira. Passei o apoio instrumento, deixando em meus ombros, checando tudo antes de ter certeza,
um pouco indo mais para frente, onde pude ficar próximo a ela.
— Tudo bem? — questionei sem qualquer tipo de intenção, olhando para a guitarra como uma desculpa para não ficar focado nela.
— Tudo bem… — inquiriu, baixo. — só fiquei um pouco ansiosa, nervosa, tudo junto. — olhei para ela.
— Bem, não sei muito o que falar a não ser: você não está sozinha — suas bochechas inflaram. — estamos aqui — apontei para os outros. — e mesmo não sendo muito, tô aqui também.
— Obrigada hoseok, até que você não é tão bronco como eu achava.
— Você tem um achismo muito interessante sobre mim Jade, primeiro bronco, depois bonito — enfatizei um sorriso, apenas para aliviar a tensão do ar e pareceu funcionar.
Nos preparamos, ficando em nossos lugares de sempre. Antes de começarmos, uma moça entrou e finalmente conheci a prefeita, que me cumprimentou, seguindo para fora, para acompanhar o show assim como os outros. Esperamos as cortinas se abrirem, as luzes se acenderem; dedilhei os dedos contra os fios e o Jeon me deu apoio, com o microfone diante de mim, sendo eu a dar início. Respirei fortemente antes de dar início, fechando com olhos, me guiando na intensidade da canção. Escolhemos Meant to be, bebe Rexha feat. Florida Georgia Line.
Seguido de mim, Jade se uniu. Sua voz forte dava ainda mais impacto a canção e podia ver a expressão das pessoas que apenas prestigiaram o tom dela. Mas nada me fez sentir tão levado por aquilo que vivia, em certo momento ela mirou em mim, em meus olhos antes de se virar novamente para frente. Quando juntamos nossas vozes, senti um arrepio percorrer todo o meu corpo, como se tudo tivesse fazendo sentido ou apenas que estávamos nos acostumando com os olhares.
“ [...] Se está destinado a acontecer, acontecerá, acontecerá. Amor, apenas deixe acontecer, se está destinado a acontecer, acontecerá, acontecerá. [...] ”
Voltamos a nos encontrar com o olhar. O brilho da nossa íris em conjunto, vivendo uma emoção nova — mesmo que já estivéssemos treinado algumas vezes antes — ali, eu me sentia exposto a cada palavra dita, a cada acorde dado por mim em conjunto com todos os outros, hipnotizado pela voz de Jade em minha cabeça, embebedando todo o meu corpo, inclusive meu coração. No final da música o jeon puxou, dando prosseguimento cantando watermelon sugar com animação, sem se desconcentrar do ritmo que suas mãos e pés faziam.
Cantamos mais algumas músicas já planejadas, as pessoas pareciam gostar do show, visto que cantavam e nos seguiam. Quando finalizamos a última canção, nos despedimos, recebendo algumas palmas.
— Caramba, isso foi… — Yoongi se expressava, esfregando as mãos.
— Foi melhor do que imaginávamos — Jungkook completou.
— Precisamos repetir mais vezes — Helena falou. A adrenalina estava no topo.
— Vamos fazer isso muitas vezes — Jade completou, cumprimentando os amigos e os abraçando. Nos abraçamos também, de maneira que pude sentir seus braços me apertarem na mesma proporção que eu envolvi minhas mãos ao redor do seu corpo, notando em conjunto a euforia dentro de nós, compartilhando um olhar tímido e sem jeito. — Acho que… — quebrou o silêncio que tinha construído. Os outros não pareciam se importar com aquela animação expondo nossas ações. — Devemos nos juntar aos outros, não é? Daqui a pouco os fogos vão começar.
— Verdade, melhor a gente ir — aconselhou um deles. Tentei apenas conter toda a animação que vivi, lembrando e gostando dos momentos no palco, e curtindo o abraço que recebi segundos atrás.
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