CAPÍTULO 10

JADE FERNANDEZ

Sentada no topo da estrutura onde ficava a taverna, comendo fatias de cenoura e olhando para o céu, para o fim do dia e o início da noite. Quando não estava ocupada com a taverna, o bando e outros problemas, eu gostava de ficar ali, olhando a imensidão sobre mim, pensando em absolutamente nada ou deveria ser assim.

— Jade...— Alguém se achegou, abrindo a porta que dava a área externa. — A prefeita tá aí e quer falar com você — disse mollie, fazendo com que eu deixasse o meu momento de admiração para lá e entrasse, caminhando em direção ao meu escritório, onde a mais velha me esperava.

Todos ali, incluindo eu, tínhamos uma boa relação com a prefeita, já que sempre fomos extremamente claros com ela a respeito dos nossos objetivos, ajudando-a a manter Hopecity tranquilamente. Sentia firmeza nela, diferente do antigo prefeito que se aproveitou de todos os moradores e fugiu, levando com ele o que havíamos juntado em um ano. Girei a maçaneta, entrando e me deparando com uma mulher de estatura alta, cabelos escuros e lisos presos em um rabo de cavalo, vestindo uma peça formal, qual não me imaginava, nem morta e reencarnando em seguida, vestindo.

— Senhora Choi? — Se virou para mim, sorrindo amigavelmente.

— Jade, perdão vir aqui a essa hora, mas preciso da ajuda de vocês — enunciou e enruguei o meio da testa tentando adivinhar o que era. Dei a volta, indo até a mesa e me sentando.

— Pode se sentar — apontei para a cadeira. A mais velha assentiu, se acomodando.

— Bem, como você sabe o festival é daqui a alguns dias e todos os envolvidos estão finalizando o que falta para o dia — iniciou. Balancei a cabeça suavemente, ouvindo o que ela dizia. — e todo mundo sabe que temos uma apresentação principal diferente, é o que todos mais esperam já que não temos muito disso por aqui, mas a banda que contratei acabou que tendo um imprevisto e não poderá comparecer, o que é péssimo para nós — pisquei algumas vezes. — sei que pedi pra você o seu bando cuidarem da segurança, monitorar quem tá cumprindo com as leis, mas eu sei que você sabe o quão importante é esse evento para arrecadarmos fundos o suficiente para a reforma, sobretudo das escolas e dos hospitais — vi a dificuldade da mulher em engolir a saliva, olhando-me diretamente. — Fiquei sabendo que de tempos em tempos vocês fazem apresentações aqui e todos gostam e pensei que, bem, vocês poderiam substituir a banda.

— Prefeita...eu — rocei o dedo na ponta do nariz, sentindo como se a poeira tivesse entrado, provocando quase um espirro. Conseguir me segurar, racionando a proposta. Não era uma má ideia e nem era problema para nós, sabia que tanto Helena como Taehyung, Jungkook e Yoongi iam topar essa aventura, seria algo diferente, algo para toda a cidade. — Eu nem sei o que dizer.

— Aceite, por favor e em troca posso ajudar em algo que vocês desejam futuramente.

— É uma proposta muito legal e tenho certeza que o pessoal vai topar, bem. — ela esperava minha resposta. — ok, ok, podemos fazer isso, eu acho.

— Eu tenho certeza! Ouço muitos jovens que frequentam a taverna elogiando o som de vocês, nem fazia ideia que você tinha uma banda também.

— Não tenho, só gostamos de cantar e como todo mundo gosta de ouvir uma boa música, juntamos o útil ao agradável.

— E foi uma ótima ideia. Então eu conto com você? — A senhorita Choi estendeu a mão em minha direção e ainda pensando naquela ideia, fiz o mesmo. — Agradeço a ajuda de vocês — se colocou de pé.

— Como todos devem tá descansando, amanhã eu falo com eles sobre a proposta.

— Manterei vocês informados sobre os detalhes.

— Farei o mesmo. — a mais velha se despediu, saindo do escritório. A acompanhei até o lado de fora, entrando novamente e me direcionando para meu cômodo, deitando com o olhar preso no teto em devaneios tão pesados e profundos que me fizeram dormir minutos depois.

Amanheceu e só percebi quando escutei um estrondo, me fazendo acordar com o susto e consequentemente com dor de cabeça. Olhei ao redor, tentando iniciar meu cérebro que ainda se encontrava dormindo, me pondo de pé e cambaleando para fora, sem tempo para ao menos molhar o rosto, correndo pelo corredor e ouvindo vozes, junto com um gemido abafado. Abrir a porta, notando todos ao redor de Taehyung.

— O que aconteceu? — Indaguei, visando todos, passando por eles e encontrando o Kim no chão, em posição fetal, segurando um dos braços.

— Ele caiu da escada — revelou yoongi, tendo ajuda de Jin para levantar.

— Com.. — não deu tempo de expressar minha confusão mental e escutei Taehyung soltar mais um gemido de dor. — Vou ligar para o médico, Namjoon.. — me virei para ele, observando-o vindo da direção do pequeno cômodo atrás do bar com uma bacia de gelo e um pano. Perfeito, ele tinha lido meus pensamentos — eu ia pedir juntamente isso

— Fui mais rápido — inquiriu, ficando mais perto. — Deitem ele.

— Tá doendo — murmurou e senti meu coração apertar. Não gostava de ver nenhum deles sofrendo.

— Vou chamar o médico, fiquem aí — avisei, agilizando meus passos, pegando o celular e ligando para o doutor que costumava atender os moradores. Jin ajudou o Kim com o que podia ao lado de Namjoon, mesmo não sendo a especialidade dele, Helena por sua vez ficou ao lado de Taehyung, ajudando e acalmando. Eu percebia como a presença dela ali estava ajudando-o a ser mais forte, a aguentar até a ajuda chegar.

Quando a ajuda chegou todos se uniram para levar o Kim pro cômodo onde ficava para que pudesse ser atendido com mais conforto. Os amigos, incluindo eu, estávamos aflitos, com receio que ele pudesse ter tido alguma lesão grave, aguardando com uma tensão gigantesca do lado de fora.

Passos foram dados e logo vimos o médico descer.

— Ele tá bem? — Namjoon perguntou.

— Ele não quebrou nada não, né? — Jungkook perguntou em seguida. — eu falei pra ele não subir nas escadas descalço — murmurou.

— Está tudo bem com o garoto, fiquem tranquilos — respondeu. — Não foi nada grave, mas ele precisará de repouso, a queda acabou dando um mal jeito no braço. Fiz uma lista de coisas pra ajudar com a dor, até melhorar por completo — tirou um pequeno papel da maleta, entregando a Yoongi. — Além do repouso precisará também aplicar gelo na região para aliviar e desinchar e será necessário ele tomar anti-inflamatórios para aliviar a dor da região.

— Faremos isso — afirmei. Seguiria a risco. Busquei Helena, percebendo que ela já tinha se movido para o quarto do Kim, provavelmente preocupada com ele.

Guiamos o médico até a saída, nos despedindo dele e sendo avisados que caso ocorresse qualquer outra coisa, poderia chamá-lo.

— Espero que o tete se recupere bem — disse Jieun, com a feição tensa. — Acho que vou fazer uma sopa para ele, tenho certeza que quando acordar, sentirá fome.

— Se quiser ajuda — Jimin se ofereceu.

— Ele vai ficar bem pessoal, não vamos ficar tristes, isso não ajuda em nada. Agora é nos unirmos para ajudá-lo até ele se recuperar totalmente — Proferiu Jin.

— Ele está certo, podemos fazer um cronograma onde todos nós faremos algo, acho que será mais fácil e ficará menos pesado para uma pessoa só. — Namjoon acrescentou, ganhando um beijo na bochecha do namorado.

— Detesto quando essas coisas acontecem, mas o Jin e o Namjoon estão certos — Jimin sorriu. Ainda tinha que falar com a Mollie sobre o ocorrido quando retornasse, ela sempre saía para comprar algumas coisas que estavam faltando na dispensa.

— É, vamos fazer isso pessoal — me pronunciei, sentando na cadeira ao lado do Min, apoiando minha cabeça em seu ombro e recebendo um carinho em meus cabelos. Eram momentos como aquele que eu tinha certeza que tinha escolhido as melhores pessoas para serem minha família. — Taehyung precisa de nós, cada um de nós, juntos. — afirmei. — E eu preciso ligar para a prefeita para falar sobre a proposta — em certo instante, lembrei desse detalhe. Não poderíamos tocar sem o Taehyung, ele era importante para nós, assim como todos os outros.

— Proposta? — Yoongi me olhou de canto de olho, com uma expressão de confusão.

— É… ontem a noite ela veio aqui fazer uma proposta para nós, para tocarmos no festival da cidade.

— Sério? — Exclamou o Park.

— Isso seria genial para a taverna — jungkook acrescentou.

— É, eu ia falar com vocês agora pela manhã para ver se iriam participar, mas não podemos participar sem o Taehyung.

— Ele detestaria ouvir vocês desistindo só porque ele não pode participar — Ouvimos a voz de lena que se sentou ao lado do Jin, sorrindo de modo acanhado, recebendo um abraço lateral do mais velho. — Convenci ele a dormir um pouco pra descansar, só assim pra ele ficar quieto e manter o repouso que o médico pediu.

— Só você pra ele aceitar manter o repouso — a voz de Jimin ecoou em nossos ouvidos. Todo mundo ali concordava com sua fala e não precisava de palavras. Helena, mesmo sendo mais contida em seus sentimentos, deixava transparecer que gostava do Kim em atitudes pequenas, assim como ele gostava dela e não poderiam viver sem o outro, mesmo que vinte quatro horas do dia fossem os dois jogando indiretas discretas.

— Mas não podemos fazer uma apresentação sem Taehyung, não conhecemos mais ninguém que toque para substituí-lo temporariamente — falei e todos se olharam, uma olhada dramática, como se eu tivesse dito algo errado.

— Conhecemos uma pessoa recentemente que toca, o Hoseok, podemos chamá-lo — franzi a testa, inspirando lentamente, sentindo lembranças dele pesarem sobre minha mente enquanto Jungkook falava. — Podemos tentar convencê-lo a participar e treinarmos juntos.

Sentia o meu amigo me observando, como se estivesse analisando minha reação. Eu teria que transparecer que não me incomodava e de fato não me incomodava, ou apenas tentava acreditar nisso.

— Tá bom — estalei meus dedos, um por um. — mas vocês terão que conversar e ver se ele topa, do contrário, não poderemos participar.

— Vamos ligar para ele — disse o min.

— Eu tenho o número do senhor jung, ligarei para ele — Jimin caminhou em direção ao balcão, se afastando de nós.

— Enquanto isso vou me banhar — me coloquei de pé, andando até a porta e subindo as escadas, subindo para meu quarto. No banho, pensei sobre aquilo, sentindo uma sensação estranha pesar sobre minha mente todas as vezes que lembrava que caso ele aceitasse participar, teríamos ainda mais interação.

Não era como se eu odiasse o hoseok, eu apenas detestei a forma como ele não deu brechas para que eu pudesse deixar claro que não, não tinha tido intenção de atropelá-lo. Mas também, de certo modo não me importava com a opinião dele, eu sabia sobre mim.

— Vai ser moleza, confia — falei para mim mesma depois de hidratar bem minha pele com todos os cremes necessários para mantê-la sempre protegida. Por um segundo, observei minha mão, sentindo-me feliz ao mesmo tempo que triste.

Quando finalmente todos os membros estavam reunidos, fora decidido que como homenagem e forma de eternizar nossa marca ( viúva-negra ) cada um ia fazer uma tatuagem na mão, como símbolo de que a nossa família sempre esteve unida, todavia, devido a minha condições, fui a única que não fez já que eu sempre evitava qualquer atrito com a pele, evitando também machuca-la e a tatuagem era justamente uma das coisas que eu não poderia fazer. Aquilo doía meu coração ao mesmo tempo eu ficava extremamente contente quando via o desenho na mão dos meus amigos.

Terminei o que tinha para fazer e antes de me encontrar com os outros, passei no quarto do Kim, observando-o deitado na cama com o braço enfaixado, fechando a porta e prosseguindo.

— Conseguimos falar com ele — comentou jungkook. — o senhor Jung falou que daria uma desculpa para trazê-lo aqui.

— Quando ele aparecer, falamos sobre esse detalhe — seguir até algumas mesas, ajeitando as cadeiras. — Até lá, vamos abrir o bar. — concordamos. Ajudei Namjoon e Jin com as bebidas, Mollie chegou alguns minutos depois e explicamos tudo a ela. Sua reação foi o que já esperávamos: susto. E coloca susto nisso, ainda conseguia ouvir os batimentos do meu coração intensamente.

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