CAPÍTULO 09

JUNG HOSEOK

Na manhã cedo acordei com uma disponibilidade inacreditável, finalmente estava começando a me sentir mais leve, a conquistar um dos objetivos que me fez ir para a fazenda nas minhas férias e se conseguisse permanecer naquele progresso eu conseguia ter uma das melhores férias da minha vida. Decidi ir na cidade, me oferecendo para fazer as entregas que meu avô faria, deixando que ele ao menos pudesse descansar mais algumas horas, em seguida encontrei Taehyung no caminho que me convenceu a acompanhar o ensaio deles de manhã cedo. Não tinha nada a perder e então topei e acabei cedendo ao êxtase do momento quando um deles, jungkook, pediu que eu mostrasse o que eu sabia. Não ia mentir, gostava de ser desafiado, principalmente quando se tratava de músicas.

Toquei um som que costumava ouvir para me inspirar, sendo elogiado por eles e convidado para tocarmos um pouco, ali mesmo. Mas nada chegou perto da sensação estranha que foi quando Jade chegou discretamente, sem chamar a atenção dos outros mas chamando completamente a minha. Nos minutos que passei na taverna, em nenhum momento chegamos a falar um com o outro, apenas nos cumprimentar com um aceno simples e educado de cabeça; ela estava do outro lado, sentada, concentrada em algo que eu não fazia ideia e eu estava apenas tentando me manter atento no que os demais conversavam.  Após, retornei para casa, sendo empurrado para o quarto pela minha avó que pediu para que eu adiantasse e me juntasse a ela e ao meu avô para almoçarmos.

Precisei sair do banheiro praticamente molhado, atendendo o telefone e ouvindo a voz da minha mãe que falava como estava com saudades de mim e principalmente, como estava as coisas ali. Contei o bastante para ela ficar aliviada, sabendo que não precisava manter sua frequência ligando todos os dias, que eu estava verdadeiramente bem e que meus avós estavam cuidando de mim. Aproveitei para perguntar sobre meu genitor e cutucar no assunto dele e do meu avô, sabia que minha mãe também ficava incomodada com tudo isso, com essa falta de conversa e tentativa de resolver qualquer impasse. Amava meu pai e meu avô e não queria que esse silêncio entre eles ficasse por anos, mesmo sabendo que tudo isso estava ligado diretamente ao orgulho inabalável do meu pai.

— Que bom que você está se enturmando com os garotos bibi — comentou minha avó. Fui até ela, ajudando-a a montar a mesa. — O que achou deles?

— Eles são legais vovó.

— Aproveite para sair mais vezes com eles, quem sabe você gosta de alguém? — A voz do mais velho chegou aos meus ouvidos, me fazendo rir. Sentia que o fato de nunca ter namorado ninguém, só conhecido garotas aleatórias que assim como eu, estavam ocupadas com suas responsabilidades, nada além disso, era estranho para minha família. — Quem sabe você e a Jade se conhecem mais, eu vi que vocês ficaram muito desconfortáveis na minha frente naquele dia — olhei para ele. Se soubesse que o desconfortável era porque não tínhamos nos dado bem, acho que ele nunca cogitaria aquela ideia.

— Espero que o senhor não esteja dando um de cupido amoroso vovô, sabe que não precisa disso — falei. — Jade e eu somos pessoas muito diferentes, não daria certo.

— Não pense desse jeito hoseok — minha vó repreendeu. — Vocês têm muitas coisas em comum, são jovens, estão na flor da cidade.

— Tudo bem, tudo bem. Mas o que acham de mudarmos esse assunto, huh? — me sentia incomodado, algo em mim não conseguia prolongar com aquela conversa. Mesmo com as boas intenções dos mais velhos, verdadeiramente eu e a motoqueira éramos pessoas muito diferentes, pelo menos a primeira impressão era isso que eu achava. Só não conseguia negar que Jade tinha algo, talvez seu modo sorrateira que atraia meus olhos diretamente para ela.

Nos segundos que passaram, almocei com meus avós e ouvi falarem sobre um evento que iria acontecer daqui a alguns dias na cidade. Era um festival onde cada morador levaria algo e em troca teria uma noite emocionante, com direito a fogos e competições. Parecia algo que facilmente me atrairia somente pela curiosidade.

— Vamos lá — sussurrei para mim mesmo abrindo o estojo do violão, observando todas as papeladas de antes, tirando e organizando. De tempos em tempos eu tinha o impiedoso vilão de todos que tentavam ser artistas: o bloqueio criativo. E sempre que isso me alcançava, tentava me afastar de tudo e buscar mais inspirações assim como a última vez que dei uma caminhada por onde moro na cidade grande, observando as pessoas, os animais e as luzes que rodeavam o ambiente, me afundando em um sentimento de solidão juntamente com motivação e felicidade mas acreditava ser mais sobre a solitude e como eu aprendi a viver comigo mesmo, dentro da minha mente, curtindo minha própria companhia.

Ainda me sentia assim, bem comigo mesmo, inspirado com minha presença, assim como gostava de companhia ou sair para um passeio qualquer. No entanto, a rotina repetitiva começou a transformar isso em um incômodo, o estresse e o barulho fazia com que eu vivesse tudo, menos minha própria solitude, minha inspiração, meu sossego e minha verdadeira paz. Saber que eu me sentia melhor, mesmo em poucos dias e além de tudo o que eu estava sentindo, ainda podia conhecer novas pessoas e viver aquilo mesmo que seja por algumas semanas, já fazia a diferença. Só precisava sair da rotina, ver novas possibilidades, arriscar territórios nunca antes habitados.

Se eu contasse a alguém que até mesmo o atrito com a Jade tinha despertado uma sensação em mim, uma experiência nunca antes vista por mim provavelmente diriam que eu estava ficando louco. Não era sobre o fato dela quase me atropelar, mas como éramos no mesmo ambiente e estávamos lidando com aquilo, ou simplesmente não lidando. Ela é confiante em cada palavra que falava, mesmo rebatendo minhas falas, ela não perdia a voz, o controle, Jade sabia o que queria, o que era e isso estranhamente me deixava intrigado.

Me esforcei para tirar a motoqueira dos meus pensamentos ou ao menos me esforcei para isso. Entre a tarde e o início da noite, sair da residência caminhando pela vasta localidade, me distanciando da casa, encontrando um lugar onde eu tinha uma vista do céu por inteiro, sem os efeitos das luzes de prédios ou de outras construções, apenas a mais pura beleza da noite cobrindo o céu gradativamente, mostrando a verdadeira face do universo além do que tínhamos na terra e se revelando ainda mais fascinante do que qualquer outra coisa.

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