CAPÍTULO 02

Conversamos bastante sobre tudo um pouco. Minha vó, mesmo com uma idade já avançada, tinha a curiosidade de um jovem para saber tudo e falar muitas coisas que tinham peso e significado. Revelei sobre como estava minha vida morando sozinho, sobre alguns problemas, sem detalhar muito e também sobre as coisas que eu gostava. No começo, pensei em perguntar quem era a pessoa que tinha saído da fazenda daquele jeito e por pouco, me levado junto, mas ignorei, deixando para lá. A mais velha estava tão radiante falando que tinha feito as coisas que eu gostava que não queria cortar aquela sensação maravilhosa, a paz, o sossego, o abraço da minha vó e seu carinho tão especial.

— E como tá o coração hoseok, seja sincero com sua vó. — levei a xícara de café até a boca.

— Ele tá aqui vó, mas sem ninguém a não ser eu mesmo.

— Sem namorada? — olhou diretamente para mim, cortando mais um pedaço de bolo e pondo em meu prato. Neguei com a cabeça, não tinha o porque mentir, na verdade, não tinha nada para mentir ali. Nunca tinha namorado na vida, mesmo tendo vinte e um anos, nunca tive a oportunidade de ingressar em algo que passe de gostar de alguém, sempre fui uma pessoa muito agitada, ocupada, estudos, trabalho e problemas da vida que tomavam mais tempo do que qualquer outra coisa. Eu verdadeiramente poderia dizer que não tinha tempo para namorar. — Namorado? — prosseguiu. — Sabe que estarei aqui para qualquer coisa, amo meu netinho querido e quero vê-lo sempre feliz.

— Não vó, não tenho ninguém e acredite, estou feliz, principalmente agora que estou com a senhora e o vovô. — a leveza no olhar, a pureza que existia nela ao olhar para mim, como se me entendesse melhor do que ninguém.

— Tudo bem querido, fico feliz por você do mesmo jeito — se aproximou, pousando as mãos em minhas bochechas e dando um beijo demorado em minha testa. — Agora termine de comer e vá tomar um banho pra tirar essas roupas, fique a vontade. Você está em casa agora.

— Pode deixar — comi o pedaço de bolo que ela tinha colocado, lembrando da minha infância e como era tudo tão leve, tão bom naquela época. Não existia problemas, estresses ou qualquer outra coisa que não fosse brincar e sorrir.

Tratei de comer tudo e posteriormente fui levado a um quarto que era somente meu. Tudo tinha sido arrumado com amor, sobre algumas algumas prateleiras, fotos minhas, da minha irmã, dos meus pais quando ainda morávamos todos juntos, a foto em específico foi um evento de natal, no qual a foto foi enviada para minha avó como presente e ela adorou. Deixei minhas coisas em cima da cama de casal, caminhando até a janela que entregava para mim uma paisagem digna de filmes. Relaxei meus cotovelos no apoio da janela, oclusando meus olhos, sorrindo para a brisa que beijava minha face e por fim sentindo que teria os melhores dias da minha vida.

Tomei um banho longo de banheira, uma banheira de madeira antiga muito bonita e, posteriormente, sair, enxugando meus cabelos e vestindo uma peça de roupa mais confortável. Ouvi a voz do meu avô e fui até ele, nos abraçamos e o escutei dizer o quão feliz estava de me ter ali. Sentamos na mesa, compartilhando sobre novidades ou assuntos aleatórios. Em certo momento perguntei a ele como estava a fazenda e ele me contou que ia muito bem e que as coisas que conseguiam produzir ali, temperos, verduras, legumes e frutas eram vendidos para a cidade e consequentemente para os moradores locais.

— Aqui todos nós nos ajudamos todos os dias, é como um ciclo que não se acaba, mas que é saudável. — explicou, esfregando a barba por fazer, curvando o canto da boca ao desviar para minha vó e retornando para mim. — somos bem atuais aqui, temos de tudo um pouco, somos como uma cidade grande.

— Espero que sem o barulho — sussurrei e ele riu, concordando da minha fala.

— Somos bem tranquilos aqui hoseok, por isso que eu e sua avó escolhemos esse lugar, queríamos Hopecity, ao mesmo tempo que tem algumas comemorações e eventos na cidade, o que não deixa o ambiente com a aparência de velho, de velho já basta eu — Repousei minha mão em seu ombro.

— O senhor não é velho vô, está em ótimo estado. Se compararmos eu e o senhor, o velho seria eu — Brinquei e ele moveu os lábios, esticando o braço para repousar em meu braço.

— Aliás, você deveria aproveitar para se divertir aqui também, meu neto. Eu e sua avó estamos muito contentes com sua presença, mas quando quiser sair, aproveite o ambiente, vá! Tem muitos jovens da sua idade por aqui, tem algumas festas que pelo o que dizem, são muito interessantes. — proferiu, unindo os lábios no fim. Ouvia tudo com atenção.

— Fique tranquilo vó, eu quero ficar aqui com vocês também, curtir a paz que esse lugar passa, mas pode deixar, antes de ir eu vou conhecer um pouco da cidade — minha fala pareceu alegrá-los um pouco e fiquei mais aliviado. Não tinha tantas intenções de agitar meu corpo ou mente, muito pelo contrário, queria calma e serenidade.

A conversa se prolongou para recordações de família, meus avós tinham uma memória muito boa e lembravam de muitos detalhes da minha infância. Mais tarde, já em meu quarto, liguei para minha mãe, contando que tudo estava bem e que a viagem havia sido tranquila, ouvindo seu pedido para que eu me divertisse bastante. Fui verdadeiro ao dizer que iria me divertir muito e antes de desligar mandei um beijo. Nas próximas horas me sentei na escrivaninha com alguns papéis, folhas, rabiscos, letras incompletas que faziam e não faziam sentido para mim. Tentei novamente, refazendo uma estrofe de uma canção que tinha gostado muito mas que era tão solta quanto minhas ideias.

— Droga! — desferir um soco sobre a mesa, sentindo-me frustrado ao tentar, tentar e tentar e simplesmente não conseguir. De repente uma indagação começou a me atormentar. Será que eu tinha perdido o jeito de compor? Será que minha mente desaprendeu?

Só queria que passasse logo, eu queria escrever mas ao tentar, nada de bom saia, nada que me agradasse. Me afastei da mesa, indo até a cama, pegando o estojo, abrindo e trazendo a guitarra para meu colo, tamborilando os dedos antes de dedilhar sobre as cordas, parando tudo, até mesmo de ouvir o que minha mente gritava para ouvir, o que eu começava a criar do nada.

— Querido? — a porta foi arrastada, do outro lado a mais velha trazia um lanche da noite, caminhando lentamente e pondo sobre a mesinha perto da cama. — Fiz um lanche pra você.

— Não precisava vó — afastei a guitarra, chamando ela para se sentar na cama. — Não quero incomodar.

— Pois, quero que você me incomode muito. Faz tempo que não te vejo, que não preparo as coisas pra você, eu faço com todo o amor — segurei sua mão, dando um beijo em sua palma.

— Obrigado vó.

— De nada — sussurrou. — percebi que você tava chateado fazendo algo na escrivaninha, tá tudo bem? — engolir a seco, sentindo a frustração retornar para o meu peito. — Hoseok, não se martirize, descanse essa sua mente genial — colocou a mão sobre a minha cabeça, arrumando meu cabelos que estavam curtos. — Tire um tempo para você respirar um pouco, não fique se cobrando..

O ar em meu peito ficou estagnado, não consegui por para fora devido a euforia das palavras dentro de mim. Ela estava certa e mesmo que eu tentasse evitar, o que era verídico continuaria sendo. Baguncei meus próprios cabelos, deixando que minha mente fluísse como um rio livre, sem barreiras atrapalhando ou contendo-o.

— A senhora está certa vó — ela oscilou a cabeça, pondo-se de pé e antes de ir, depositando um beijo em minha testa.

— Coma o lanche e vá descansar querido, você merece. Se quiser conhecer um pouco da fazenda, seu avô vai acordar cedo pra assear alguns dos animais, colher algumas coisas que pedi, vá com ele, isso pode te ajudar a relaxar.

— Vou sim — respondi, decidido em ir realmente com o mais velho. Minha vó se retirou do cômodo, oclusando a porta e me adiantei, comendo o que ela havia feito enquanto olhava o céu noturno e belo.

Não lembrei o horário correto que dormir, antes fechei os olhos entre a bagunça de vários papéis sobre a cama, diminuindo minha inquietação e tendo uma ótima, se não foi a melhor noite de sono.

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